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Home > Blog > Jewish Studies > O Capítulo Transitório (2): Recontando a História
Pensem no Apóstolo Paulo, por exemplo. Sabemos que ele estudou a Torá e as
Escrituras durante toda sua vida, mas até que essas escrituras fossem “reveladas”,
ele não tinha visto Jesus nelas. O que aconteceu com Saulo (Paulo) depois de sua
experiência na Estrada de Damasco? Vocês já consideraram o que aconteceu
dentro dele durante esses três dias que ele passou, abalado e cego, em jejum e
oração em Damasco, na Rua Direita, antes de Ananias ter sido enviado a ele? O
que ele pensou durante sua paralisação imposta, ao mesmo tempo em que
repensava —endireitando— sua vida e suas convicções, privado da capacidade de
ler fisicamente e, portanto, folheando mentalmente através das Escrituras onde ele
havia sido alimentado? Ele não recebeu novos textos, nenhum pergaminho caiu do
céu sobre ele, estas eram as mesmas Escrituras que ele havia lido toda a sua vida
—elas simplesmente estavam começando a ser “reveladas”, vistas, entendidas e
lidas sob uma luz completamente nova—. Elas sempre tinham sido sua vida, o
significado e o fundamento de sua existência, mas para sua incrível perplexidade,
o mesmo Jesus, em quem ele era completamente confiante três dias atrás, não
estava lá, simplesmente não poderia estar lá, estava agora aparecendo nessas
páginas —reveladas diante de seu olhar interior—.
Depois que os dois discípulos constrangeram Jesus, “Ele entrou para ficar com
eles”. Então lemos:
“Ora aconteceu que, quando Ele se sentou à mesa com eles, Ele tomou o pão,
deu graças a Deus e o partiu e deu a eles. Então seus olhos foram abertos e
eles O reconheceram”.[1]
Em primeiro lugar, vamos entender como esta refeição parecia do ponto de vista
Judaico tradicional. Compartilhar refeições sempre foi uma parte muito importante
da vida comunitária Judaica. No início da refeição, a benção tradicional é sempre
dita quando o pão é partido; como era a semana da Páscoa, teria sido matzah, não
um pão comum, então a Bênção sobre o Matzah teria sido adicionada: “Bendito és
Tu, Senhor nosso Deus, Rei do Universo que nos torna santos através de Seus
mandamentos e nos ordena comer Matzah”. Aquele que recita a bênção, faz isso
enquanto literalmente parte o pão, exatamente como sabemos que Jesus
fez. Nesse sentido, era uma refeição Judaica tradicional de Chol Ha-
Moed (Semana da Páscoa). Foi?
No Talmud Babilônico lemos: “O anfitrião deve partir o pão” (Berakoth 46 ). Na
tradição Judaica, o hospedeiro —o chefe da família— é aquele que sempre diz a
benção e parte o pão. Os hóspedes esperam as instruções de seu hospedeiro e
calmamente recebem o que é colocado diante deles. No entanto, não é isso que
vemos aqui. É evidente este não era um convidado habitual! Em vez de aguardar a
direção do hospedeiro, vemos esse “estranho” tomando o lugar do hospedeiro: Ele
é quem diz a benção e parte o pão! Podemos imaginar que esse comportamento
deve ter chamado a atenção de todos na casa. De onde veio essa autoridade?
NINGUÉM DEVE ESTENDER SUA MÃO
Mas por que e como eles mesmos saberiam sobre esse entendimento dos
Essênios do privilégio do Messias para partir o pão? Voltemos uma semana atrás
e observemos Jesus e seus discípulos se aproximando da Cidade
Santa. Jerusalém estava repleta de pessoas que vieram para a Páscoa. Cada
casa tinha convidados adicionais, cada quarto estava lotado, mas Jesus parecia
estranhamente despreocupado sobre um lugar para comer a refeição da
Páscoa. Confiantemente Ele disse a seus discípulos: “Ao entrardes na cidade
encontrareis um homem carregando um jarro de água. Segui-o até a casa em que
ele entrar“.[4] Como Jesus sabia que encontrariam um homem com um jarro de
água? Um homem com um jarro de água era uma visão muito incomum, pois este
era normalmente trabalho das mulheres. Por que um homem estaria levando um
jarro de água em Jerusalém?
O único grupo de homens Judeus que tradicionalmente carregava jarros de água
era o dos Essênios. Uma vez que os Essênios eram geralmente celibatários, seus
homens faziam o trabalho das mulheres. Portanto, um homem carregando um jarro
de água só poderia ter sido um Essênio. Os Essênios tinham suas comunidades,
não só em Qumran, mas em várias cidades. Eles também tinham uma comunidade
em Jerusalém. Josefo nos diz que um dos portões de Jerusalém era chamado “a
Porta dos Essênios”. Aparentemente, foi através desta porta que eles entraram em
sua comunidade. Pelas palavras de Jesus, seus discípulos entenderam que tinham
que entrar em Jerusalém pela porta dos Essênios. Além disso, uma vez que os
Essênios utilizavam um calendário diferente, seus quartos de hóspedes ainda
estavam disponíveis. É por isso que o Mestre sabia que um quarto estaria
disponível para a Última Ceia. E é por isso que uma semana mais tarde, os
discípulos reconheceriam Sua autoridade messiânica no partir do pão.
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[1] Lucas 24:30-31
[2] 1Qsa, column 2, lines 18-21.
[3] Marcos 1:22
[4] Lucas 22:10
[5] João 13:7
[6] Marcos 1:22
[7] João 13: