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João Trindade
Manual Didático de
DIREITO
ADMINISTRATIVO
6a edição • Revista, ampliada e atualizada
2018
ĔİŚĊĘĕėĊđĎĒĎēĆėĊĘ
CAPÍTULO I
NOÇÕES PRELIMINARES
Sumário ͻϭ͘ZĞůĞǀąŶĐŝĂĚŽĞƐƚƵĚŽĚŽŝƌĞŝƚŽĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀŽ͖Ϯ͘ZĂŵŽĚŽĚŝƌĞŝƚŽƉƷďůŝĐŽ;ƚĂdžŝŶŽŵŝĂĚŽŝ-
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como defensores Duguit, Jèze e Bonnard. Segundo essa teoria, qualquer atividade prestada
pelo Estado é serviço público. No entanto, tal teoria perde força, em virtude de que nem
todas as atividades estatais se resumem em serviço público, como, por exemplo, o poder de
polícia. Ademais, é possível, com a ampliação das atividades estatais, o exercício de atividade
econômica, que, para muitos, não se confunde com serviço público.
b) Critério do Poder Executivo. Para essa teoria, o direito administrativo se esgota nos atos
praticados pelo Poder Executivo. Contudo, exclui os atos do Poder Legislativo e do Judiciário
no exercício de atividade administrativa, restringindo, sobremaneira, o direito administrativo
ao âmbito do Poder Executivo. Essa teoria não considera a função política exercida pelo Poder
Executivo, que não se confunde com a função administrativa.
c) Critério teleológico (ou finalístico). Conjunto de normas e princípios que norteiam o
atendimento dos fins do Estado.
d) Critério negativista ou residual. Por exclusão, encontra-se o objeto do direito administra-
tivo: aquilo que não for pertinente às funções legislativa e jurisdicional será objeto do direito
administrativo.
e) Critério da Administração Pública: Conjunto de normas e princípios que regem Admi-
nistração Pública.
f) Critério das atividades jurídicas e sociais do Estado: Direito Administrativo é o con-
junto dos princípios que regulam a atividade jurídica não contenciosa do Estado e a
constituição dos órgãos e meios de sua atuação em geral.
g) Escola da puissance publique ou potestade pública (distinção entre atividades de auto-
ridade e atividades de gestão): Por essa escola há a distinção entre atividades de autori-
dade e atividades de gestão. No primeiro caso, o Estado atua com autoridade sobre os
particulares, com poder de império, por um direito exorbitante do comum; por outro
lado, nas atividades de gestão, o Estado atua em posição de igualdade com os cidadãos,
regendo-se pelo direito privado.
Leon Dugui, adepto da escola do serviço público, era um ‘opositor’ da teoria da potes-
tade pública, pois para a escola do serviço público não havia a distinção entre atos de
império e atos de gestão.
A fim de explicar melhor a teoria da potestade publica, trazemos trechos de artigo escrito
por Cretella Júnior sobre Prerrogativas Públicas:
“Tratando da puissance publique, que é a nossa potestade pública, escreve RIVE-
RO: "A S relações entre particulares são baseadas na igualdade jurídica. Nenhuma
vontade privada é, por natureza, superior a outra, a tal ponto que se imponha a esta
contra sua vontade, o que ocorre porque o ato que caracteriza as relações privadas
é o contrato, ou seja, o acordo de vontades. A Administração, entretanto, que deve
satisfazer ao interesse geral, não poderia atingir tal objetivo se estivesse no mesmo
pé de igualdade com os particulares. ”
Segundo Cretella Junior, em fins do século passado e início deste, o direito administrativo tem
sido considerado como disciplina alicerçada na ideia matriz de potestade pública, empenhando-se
a doutrina em construir a teoria dos atos de império e dos atos de gestão, que tanta polêmica
despertou entre os publicistas. A atividade de potestade pública era paralela à de ato de impé-
rio — de "imperium" —, típica das operações do direito administrativo, quando intervinha o Estado,
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condicionado por um regime especial, derrogatório do direito comum, bastante diferente da atividade
de direito privado, caracterizada por atos de gestão, regulados por u m regime de direito privado.
"A atividade de potestade pública", argumentava-se, "é aquela em que os órgãos
do Estado procedem por meio de ordens, interdições, regulamentações unilaterais,
manifestando, em suma, uma vontade imperante. Os órgãos do Estado executam,
assim, atos de potestade pública" (LAUBADÈRE André, Traité de droit adminis-
tratif, 3ª ed., 1963, vol. I,)
Objeções de toda sorte, feitas por Duguit, no Tratado (DUGUIT Léon, Traité de droit cons-
titutionnel, vol. II, pág. 263), e pelo Comissário Teissier, na clássica e metafísica distinção entre
os atos jus imperii e os atos jus gestionis, não conseguiram abalar a noção de puissance publique,
nem invalidar a série de prerrogativas que dela decorrem.
Empregada com acepção quase impossível de apreender-se, a expressão potestade pública
("puissance publique") é, na realidade, noção concreta e precisa, porque designa a situação toda
especial que cerca a Administração, dotando-a de atributos necessários e suficientes para confe-
rir-lhe uma série de prerrogativas — e também de restrições ou de sujeições —, exorbitantes do
direito comum, inexistentes nas pessoas jurídicas de direito privado
Da potestade pública ou potestas imperii advém a situação privilegiada da Administração,
desnivelando-a diante do particular e tornando-a idônea para impor, em condição bastante van-
tajosa, sua vontade, em nome do interesse público.
A Administração ficaria inerte, paralisada, se cada vez que pretendesse movimentar-se, efeti-
vando os atos administrativos editados, precisasse consultar os interesses privados atingidos. Por
isso, o Estado dotou os órgãos administrativos de um poder ou potestade para vencer a injusti-
ficada resistência do particular recalcitrante. As decisões administrativas, tomadas com vistas ao
interesse público, impõem-se sem prévia consulta ao administrado e, muitas vezes, sem o título
hábil expedido pelo Judiciário, como ocorre no âmbito do processo civil comum.
A potestade pública, o poder de império, revela-se no mundo jurídico de modo eficaz, visto
cercar-se de prerrogativas públicas, benefícios evidentes que reforçam sua atuação coativa no
choque com o particular.
A potestade pública é o regime jurídico que se distingue, ao mesmo tempo, por prerroga-
tivas e por sujeições, por máximos e mínimos, exorbitantes e derrogatórios do direito comum,
reconhecidos e impostos a todos os que operam em nome e no exercício da soberania nacional
(VEDEL Georges, Droit administratif, 4a ed., 1968, pág.)”
Em resumo, a teoria da potestade pública ou puissance publice diz respeito ao conjunto de
prerrogativas que tem a Administração Pública quando atua em face do particular na prática
de atos de império. (palavras chave: atos de império – prerrogativas da Administração Pública).
Em provas de concurso encontramos ocorrência da citada teoria:
TRF 1 – 2017 – Analista Judiciário – Área Judiciária
Segundo a escola da puissance publique, as prerrogativas e os privilégios que o Estado possui
frente ao particular constituem critério definidor do Direito Administrativo.
Certa.
TRF 1 – 2017 – Analista Judiciário – Área Judiciária
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A) Lei
A lei é a fonte primária e principal do direito administrativo. Vai desde a Constituição Fe-
deral (arts. 37 a 41) até os atos administrativos normativos inferiores. Assim, a lei como fonte do
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direito administrativo é a lei em sentido amplo, ou seja, a lei feita pelo Parlamento e também
atos normativos expedidos pela Administração, por exemplo, decretos e resoluções.
Sendo a lei a fonte primária (formal, primordial) do direito administrativo, prevalece sobre
as demais (doutrina, jurisprudência e costumes). Essa será a regra geral. As demais que veremos
a seguir são consideradas fontes secundárias, acessórias ou informais.
B) Doutrina
São teses de doutrinadores que influenciam nas decisões administrativas, como no próprio
direito administrativo. Visa a indicar a melhor interpretação possível da norma administrativa ou
indicar as possíveis soluções para casos concretos.
C) Jurisprudência
É a reiteração de julgamentos no mesmo sentido. São decisões de um Tribunal que vão na
mesma direção. Por exemplo, o Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência de que candi-
dato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital tem direito a nomeação.1 Ou seja,
são diversas decisões desse Tribunal com o mesmo entendimento final.
A jurisprudência não é de seguimento obrigatório. Trata-se apenas de uma orientação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e para a Administração. Porém, com as alterações promovidas
desde a CF/88, esse caráter orientador da jurisprudência vem deixando de ser a regra. Citem-se,
por exemplo, os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal na
ação direta de inconstitucionalidade (ADI), na ação declaratória constitucionalidade (ADC) e na
arguição de descumprimento de preceito fundamental, e, em especial, com as súmulas vinculantes,
a partir da Emenda Constitucional nº 45/04. Nessas hipóteses, as decisões do STF vinculam e
obrigam a Administração Pública direta e indireta dos Poderes da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, conforme prevê o art. 103-A da CF.
A súmula vinculante não é uma lei. A lei tem por finalidade criar regras de comportamento
de maneira geral e abstrata. Já a confecção de súmula vinculante é exercício de atividade juris-
dicional, pois conforme o art. 103-A, da CF, a súmula vinculante terá por objetivo a validade, a
interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre
órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica
e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
Assim, quando o STF edita súmula vinculante está interpretando a Constituição e dando o
exato sentido das normas Constitucionais.
A súmula é uma síntese daquela jurisprudência que está pacificada, e, naquele momento,
não há mais discussão sobre o assunto. Por exemplo:
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D) Costumes
São práticas reiteradas observadas pelos agentes públicos diante de determinada situação.
No direito administrativo o costume pode exercer influência em razão da carência da legislação,
completando o sistema normativo (costume praeter legem) ou nos casos em que seria impossível
legislar sobre todas as situações. Por exemplo, no procedimento do leilão, modalidade de licitação,
em que a lei não o disciplinou detalhadamente assim como fez com a modalidade concorrência.
Ou, por exemplo, quando no município não há imprensa oficial, a divulgação dos atos oficiais
deve ocorrer nos meios de costume que, geralmente, o meio utilizado é a fixação do ato no mural
da prefeitura ou praça.
Lucas Rocha Furtado ressalta que2 “O costume deve ser igualmente visto como fonte secundária
de direito administrativo. Se por costume os administradores adotam determinada interpretação
das normas jurídicas, a fonte primária será aquela de onde surgiu a norma – a lei, o decreto, a
jurisprudência etc. O costume contrário à lei é fonte tão somente de ilegalidade e não pode ser
arguido como pretexto para favorecer servidores públicos ou particulares ou para manter práticas
infelizmente ainda frequentes em nosso Direito”.
Os costumes não podem se opor à lei (contra legem), pois ela é a fonte primordial do direito
administrativo, apenas devem auxiliar a exata compreensão e incidência do sistema normativo.
O costume pode gerar direitos para os administrados, em razão dos princípios da lealdade,
boa-fé, moralidade administrativa, entre outros, uma vez que determinado comportamento rei-
terado da Administração Pública gera uma expectativa em geral de que essa prática seja seguida
nas demais situações semelhantes.
Há certa divergência doutrinária acerca da aceitação dos costumes como fonte do direito
administrativo. Porém, para concursos encontramos mais ocorrências no sentido de que o cos-
tume é fonte do direito administrativo. Contudo, é uma fonte secundária (acessória, indireta
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ou mediata), pois a fonte primária (imediata) é a lei. Foi considerado incorreto o seguinte
item em concurso feito pelo Cespe: “O costume não pode ser considerado fonte do direito admi-
nistrativo, haja vista o princípio da legalidade ser um dos princípios da administração pública”
(Cespe – Capes – 2012).
Veja no final deste capítulo em Tópicos Avançados a diferença entre praxe administrativa e
costumes.
5. SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
É o regime adotado pelo Estado para a correção dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos
praticados pelo Poder Público.
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que, posteriormente, obtenha-se o acesso ao Poder Judiciário, pois nessa hipótese faltaria o
interesse de agir.3
• Com o advento da criação das súmulas vinculantes, ficou estabelecido que o instituto da
reclamação seria o meio adequado para assegurar a autoridade das decisões do STF caso
haja o descumprimento de uma súmula vinculante. Entretanto, a Lei nº 11.417/06, que
regulamenta o art. 103-A da CF, estabeleceu que contra omissão ou ato da administração
pública o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas.
• Destaque-se, também, o mandado de segurança, pois a Lei nº 12.016/09 previu que tal
remédio constitucional não é cabível quando “caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução” (art. 5º, I).
• Recentemente o STF entendeu que a exigibilidade de prévio requerimento administrativo
como condição para o regular exercício do direito de ação, para que se postule judicialmen-
te a concessão de benefício previdenciário, não ofende o art. 5º, XXXV, da CF. Vale dizer
que o STF legitimou a exigência de prévio requerimento administrativo para caracterizar a
presença de interesse em agir como condição de ingresso com ação judicial a fim de requerer
a concessão de benefício previdenciário. Porém, ressalvou o Tribunal que nas hipóteses de
pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente conce-
dido o pedido poderia ser formulado diretamente em juízo, porque nesses casos a conduta do
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS já configuraria o não acolhimento da pretensão.
Informativo nº 757 STF, 2014.
O segurado, contudo, não precisa esgotar todos os recursos disponíveis na via administrativa
para poder ingressar em juízo. Negada a concessão do benefício, já é possível ajuizar ação
judicial.
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A coisa julgada propriamente dita, no sentido de não mais poder ser revista, tornando-se
imutável a decisão, só é formada em âmbito judicial.
É certo, porém, que não pode ser afastada a revisão judicial do ato administrativo, tendo em
vista o art. 5º, XXXV, da CF, que consagra a inafastabilidade do controle judicial. Ressalta-se que
a apreciação do Poder Judiciário será sempre quanto à legalidade, e não quanto à conveniência e
oportunidade da decisão.
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Lei de iniciativa parlamentar não pode criar atribuição para órgãos da Administração Pública
do Poder Executivo, em especial Secretarias de Estado e Ministérios, tendo em vista a indepen-
dência dos Poderes. Por esse fundamento, o STF declarou inconstitucional lei alagoana que criou
o programa de leitura de jornais e periódicos em sala de aula, a ser cumprido pelas escolas da rede
oficial e particular do estado de Alagoas (ADI 2329, julgado em 14.04.2010).
Importante lembrar a inovação trazida com a EC nº 32/2001, que permitiu ao Presidente
da República, mediante decreto, dispor sobre (art. 84, VI, CF):
a) organização e funcionamento da Administração Federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
É possível que medida provisória disponha sobre matéria de direito administrativo, pois
esse ramo do direito é tratado, em regra, por leis ordinárias. A ressalva fica por conta dos assun-
tos a serem disciplinados por lei complementar, por exemplo, áreas de atuação das fundações
(art. 37, XIX, CF) e avaliação periódica de desempenho do servidor, como hipótese de perda
do cargo (art. 41, CF), pois matérias reservadas a lei complementar não podem ser objeto de
medida provisória.
Importante destacar que o STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que vedava a
cobrança de tarifas e taxas de consumo mínimas ou de assinatura básica, impostas por concessio-
nárias prestadoras de serviços de água, luz, gás, TV a cabo e telefonia, sob o fundamento de que é
competência exclusiva da União legislar sobre a matéria, nos termos dos artigos 21, XI; 22, IV; e
175, parágrafo único, III, todos da CF. Ademais, destacou que as regras deveriam ser ditadas pelo
poder concedente do respectivo serviço, ou seja, incumbiria à União estabelecer quais seriam os
preços compatíveis com a manutenção de serviços e com o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato previamente firmado. Informativo nº 648, STF.
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impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços uns dos outros; mecanismo também criado
para garantir a manutenção da Federação.
No sistema federativo há, ainda, uma autonomia administrativa, e essa é a que mais nos
interessa, uma vez que as autonomias política e financeira são objeto de estudo de outros ramos
do Direito. Houve, também, na Constituição, uma divisão de atividades administrativas para
cada pessoa que compõe a Federação. O artigo 21 da CF estabeleceu quais são as atividades ad-
ministrativas que competem à União exercer. Entre essas atividades, estão serviços públicos como:
X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os
serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos
serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos
de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
nacionais, ou que transponham os limites de estado ou território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f ) os portos marítimos, fluviais e lacustres.
Como, no Brasil, a Federação foi instituída por meio do sistema centrífugo (desagregação
ou segregação), em que houve uma distribuição do poder central para outras entidades, temos
sob o domínio da União a maior parte das competências administrativas. Assim, para saber qual
a competência dos estados, DF e municípios em matéria administrativa, é necessário verificar
primeiro quais são de atribuição da União, para depois examinar as atividades que cabem aos
demais entes.
Cabe ressaltar que a União detém a maior competência não só administrativa, mas também
política e financeira. Isso, como dito anteriormente, decorre da forma federativa implementada
no Brasil (sistema centrífugo).
No modelo federativo, a regra será a não intervenção. Somente em situações excepcionais,
nos casos dos artigos 34 e 35 da CF, é que um Ente pode realizar a intervenção em outra pessoa
da Federação.
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A função típica do Poder Judiciário é o exercício da Jurisdição, bem como assegurar a supre-
macia da Constituição. A Jurisdição é o poder do Estado de estabelecer o direito diante de cada
caso concreto. Entretanto, o Poder Judiciário detém atipicamente função legislativa, por exemplo,
a elaboração de regimentos internos pelos tribunais. A função administrativa também é exercida
por esse Poder de forma não predominante. Podem ser citados como exemplos o ato de realizar
concurso público, nomear servidor, conceder licenças etc.
O Poder Legislativo tem por função típica a confecção de leis,5 inovando no mundo jurídico,
de maneira geral e abstrata, na criação de direitos e obrigações, mas também exerce a função admi-
nistrativa de maneira atípica quando, por exemplo, faz nomeação de servidor, realiza contratos etc.
Ao Poder Executivo é que coube, tipicamente, o exercício da função administrativa, mas
como nossa Constituição não adota um modelo rígido de separação das funções de cada Poder,
o Executivo também exerce a função de julgar; por exemplo, nos processos perante o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica – Cade, que tem competência para julgar as infrações con-
tra a ordem econômica, nos termos da Lei nº 12.529/11. E ainda, citando a doutrina de Celso
Antônio Bandeira de Mello, “nos processos de questionamento tributário submetidos aos cha-
mados Conselhos de Contribuintes” (em nível federal, por exemplo, o Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais – CARF).6 O Poder Executivo realiza, também de forma atípica, atividade
legislativa quando o chefe do Executivo, em casos de urgência, edita Medidas Provisórias com
força de lei, nos termos do art. 62 da Constituição.
Dessa forma, os três Poderes têm suas funções típicas e atípicas, e o exercício da atividade
administrativa é por eles desempenhado; entretanto, de forma predominante, pelo Poder Executivo.
7.3. Governo
O governo é exercido por pessoas que desempenham o poder, estabelecendo diretrizes,
objetivos e metas do Estado; bem como a criação e elaboração de políticas públicas. É o núcleo
decisório do Estado. Os atos políticos são aqueles que cuidam da gestão superior da vida estatal.
O sistema de governo trata da relação do Poder Legislativo e do Poder Executivo, no exercício
das funções governamentais.
Existem dois sistemas: o presidencialista e o parlamentarista.
No sistema presidencialista, o Presidente da República exerce a chefia do Poder Executivo.
São atribuídas a ele as funções de chefe de Estado e chefe de Governo, com mandato fixo, para
desempenho de suas atribuições.
No sistema parlamentarista, o Poder Executivo é divido. Existem as funções de chefe de
Estado e chefe de Governo. A função de chefe de Estado é designada ao Presidente da República
ou ao Monarca; a função de chefe de Governo é exercida pelo Primeiro-Ministro ou Conselho de
Ministros (República Parlamentarista ou Monarquia Parlamentarista). No sistema parlamentarista,
a função de chefe de Governo depende de designação do Parlamento.
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Senado Federal, Assembleias Legislativas, fazem parte da Administração Direta de suas respectivas
esferas de governo.
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• Órgãos Públicos
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• Agentes
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PÚBLICA
• Fomento
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• Serviços Públicos
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• Intervenção
Não podemos deixar de destacar, conforme veremos mais adiante, no capítulo de Organização
Administrativa, que as empresas públicas e sociedades de economia mista que exploram atividade
econômica não seguem apenas as regras de direito privado; seu regime é misto (híbrido), ou seja,
sobre essas entidades incidem regras de direito privado e de direito público, como o dever de fazer
licitações, prestar contas ao tribunal de contas competente e realizar concursos públicos. Assim, a
elas não se aplica apenas o regime jurídico administrativo. Vale destacar que nem todos os autores,
porém, apresentam essa forma de intervenção (direta) como atividade do Estado.
É válido frisar que o Estado só pode exercer intervenção direta na atividade econômica em
situação excepcional. Apenas em caso de relevante interesse coletivo ou segurança nacional é que o
Estado está autorizado pela Constituição, art. 173, a criar empresa pública ou de economia mista
para atuar em regime de concorrência com os particulares. Atualmente, o Estado realiza, com
mais frequência, a intervenção indireta (atos de fiscalização e regulação). Em razão do processo de
modernização que o Estado vem percorrendo, no intuito de ter uma Administração mais eficiente,
a intervenção indireta passa a ser prioridade.
Foi implementado no Brasil um processo de modernização. O Estado, que ficou “grande”,
extenso, em virtude de criação de várias empresas públicas e sociedades de economia mista, bem
como de órgãos para a prestação de atividades à sociedade, não se mostrou tão eficiente, apesar
de todo o aparelhamento criado. Devido a isso, o Poder Público pretendeu diminuí-lo, a fim
de apresentar a eficiência esperada, sendo menos burocrático e, ainda, com o objetivo de gastar
menos e diminuir sua estrutura. O processo de modernização consagrou esse objetivo visado. Por
meio da privatização, o Estado transfere a particulares entidades estatais, que passam a ficar no
domínio de pessoas da sociedade; por meio da extinção de órgãos e entidades, o Estado transfere
a particulares, mediante contratos de concessão e permissão, atividades de que antes o Estado
era o prestador. Voltam a ganhar relevância, nesse momento, as empresas concessionárias e per-
missionárias, que passam a prestar serviços com muito mais eficiência em algumas atividades de
que antes o prestador era o Estado, sendo essa atividade regida pela Lei nº 8.987/95.
Dessa forma, o Estado consegue diminuir sua estrutura, gerar menos despesas e, ao mesmo
tempo, ser mais eficiente, e sobretudo agir com mais qualidade, prestando um melhor serviço
público à sociedade.
Nesse período, o Texto Constitucional exige a criação de “órgãos reguladores” para fiscalizar
e editar atos normativos, com o escopo de controlar essas atividades, que antes executadas direta-
mente pelo Estado, e a partir desse momento seriam prestadas por particulares. Por consequência,
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as agências reguladoras ganham maior destaque, uma vez que serão destinatárias do papel de
agente normativo e regulador.
Assim, em decorrência desse processo de modernização que o Estado atravessou, e que ain-
da vem atravessando, ele deixa de ser o “ator”, para, em razão dessa evolução, apenas fiscalizar e
controlar a atividade, a ser exercida por particulares.
Veja no final deste capítulo em Tópicos Avançados corrente doutrinária que entende que
intervenção não é atividade administrativa.
• Órgãos governamentais
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supremos
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ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
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