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Artigo - Betania de Jesus Rodrigues PDF
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar a eficácia do asilo político e do refúgio
como mecanismos de proteção a qualquer cidadão estrangeiro perseguido no seu
país de origem por causa de crimes políticos, convicções religiosas, situações
raciais, crimes relacionados com a segurança do Estado ou por defenderem
opiniões contrárias as dos governantes e que se encontre perseguido em seu
território. O direito de ‘’buscar asilo e refúgio’’ deve ser visto como institutos de
proteção ao ser humano. A permissão de asilo político a estrangeiro é ato de
soberania estatal no Brasil, o trâmite de tal pedido se inicia com requerimento ao
Departamento de Polícia Federal, que então o encaminha ao Ministério das
Relações Exteriores para manifestação e, posteriormente, é remetido ao Ministro da
Justiça para decisão. o instituto do refúgio e muito utilizado em casos de guerras,
perseguições religiosas e políticas, escassez de água e outros alimentos essenciais
a vida. O estudo do presente trabalho visa compreender e analisar a eficácia e
peculiaridades dos temas já mencionados, demonstrando assim relevância para o
Direito Internacional e para os Direitos Humanos que buscam a promoção da
cidadania, da dignidade e da paz em todas as nações.
ABSTRACT
This work aims to analyze the effectiveness of political asylum and refuge protects
itself by any foreign national persecuted in their home country because of political
crimes, religious beliefs, racial situations, crimes related to state security or defend
opinions against those of the rulers and who is pursued in its territory. The right to
'seek asylum and refuge' 'should be seen as protection institutes to humans. The
asylum permission to foreigners is an act of state sovereignty in Brazil, the
processing of that application starts with application to the Federal Police
Department, which then forwards it to the Ministry of Foreign Affairs for
2 Pós-Doutora em Direito pela Università degli Studi di Messina, Itália (2015). Doutora em Direito pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG (2011). Mestre em Direito pela
Universidade Gama Filho -UGF/RJ (2001). Pós-graduada em Direito Público pela Faculdade de
Direito do Vale do Rio Doce -FADIVALE (1993). Pós-graduada em Direito Civil e Processual Civil pela
FADIVALE (1995). Capacitação em Gestão Universitária pela Universidade do Vale do Rio Doce -
UNIVALE (1997). Graduada em Direito pela FADIVALE (1990). Graduanda em Teologia pela Escola
Superior do Espírito Santo - ESUTES. Membro da Amnesty International. Membro do Conselho
Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos Humanos de Governador Valadares-MG. Membro do
Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFAM. Membro dos Núcleos Docentes Estruturantes
(NDE) da FADIVALE e da DOCTUM. Professora da Pós-graduação e Graduação da FADIVALE e da
DOCTUM. Assessora da Coordenação do Curso de Direito da FADIVALE. Consultora
Jurídicopedagógica. Advogada integrante do Escritório "Silva Vitório Advocacia". Autora de artigos
jurídicos. Autora dos livros: "DANO MORAL: Princípios constitucionais"; "ATIVISMO JUDICIAL: Uma
nova era dos direitos fundamentais"; DIREITO EM PERSPECTIVA"(obra coletiva).
demonstration and later is referred to the Minister of Justice for decision. the refuge
Institute and used in cases of war, religious and political persecution, water shortages
and other essential foods life. The study of this study aims to understand and analyze
the effectiveness and peculiarities of the topics mentioned above, thus demonstrating
relevance for international law and human rights that seek to promote citizenship,
dignity and peace in all nations.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO. 2 O DIREITO DE ASILO COMO EXPRESSÃO DOS DIREITOS
HUMANOS. 2.1 DEPORTAÇÃO, EXPULSÃO E EXTRADIÇÃO. 2.1.1 Deportação.
2.1.2 Expulsão. 2.1.3 Extradição. 3 O INSTITUTO DO ASILO PERANTE OS
TRIBUNAIS PÁTRIOS. 4 MEIOS JURÍDICOS PARA PROTEGER O INDIVÍDUO. 5
ASPECTOS RELEVANTES NOS CASOS EDWARD SNOWDEN, ALFREDO
STRESSNER, RAUL CUBAS E LÚCIO GUTIERREZ. 5.1 CASO EDWARD
SNOWDEN. 5.2 CASO ALFREDO STRESSNER. 5.3 CASO RAUL CUBAS. 5.4
CASO LÚCIO GUTIERREZ. 6 DIFERENÇAS ENTRE OS INSTITUTOS REFÚGIOS
E ASILO. 7 A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS. 7.1
ATUALIDADES E DRAMAS NOTICIADOS. 7.2 AS CLÁUSULAS DE CESSAÇÃO,
EXCLUSÃO E PERDA DO REFÚGIO. 8 O SISTEMA BRASILEIRO DE
CONCESSÃO DE REFÚGIOS. 9 CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS.
1 INTRODUÇÃO
Nascimento e Silva e Accioly (1998 apud NEVES, 2009, p. 107) dizem que o
direito de asilo tem como finalidade amparar o cidadão estrangeiro vítima de
perseguição em seu território por crimes políticos, convicções religiosas ou situações
raciais. Trata-se, nas palavras de Accioly, de uma espécie de proteção dada por um
Estado, em seu território, a uma pessoa cuja vida ou liberdade encontrem-se
ameaçadas pelas autoridades de seu país por estar sendo acusado de haver violado
a sua lei penal, ou, o que é mais frequente, tê-lo deixado para se livrar de
perseguição política.
Godinho (2010, p. 215), esclarece como deve ser feito o pedido de asilo no
Brasil:
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Distinção deve ser feita entre o asilo territorial e o asilo diplomático. O asilo
territorial ocorre no recebimento do estrangeiro no território nacional para evitar
punição ou perseguição baseada em crime de natureza política ou ideológica. Já o
asilo diplomático, consiste quando há concessão dentro do próprio Estado em que o
individuo é perseguido, por um terceiro Estado. A concessão ocorre em um território
que goze de imunidade de jurisdição, tais como embaixadas, representações
diplomáticas, navios de guerra, acampamentos ou aeronaves militares.(GODINHO,
2010, p. 215).
De acordo com Neves (2009, p. 108) “o asilo diplomático não pressupõe
reciprocidade. O rompimento das relações diplomáticas entre os Estados envolvidos
não põe fim a proteção concedida com o asilo”.
É importante ressaltar que direito de asilo ainda é considerado um direito do
Estado e não do indivíduo, sendo assim, o Estado não é obrigado a conceder asilo
político. O reconhecimento da condição de asilado aos estrangeiros perseguidos faz-
se por ato discricionário do Estado asilante, como proclama a Declaração sobre
Asilo Territorial, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas na resolução
nº2.312 (XXII) de 1967, cujo artigo 1º afirma que o Estado concede o asilo “no
exercício de sua soberania”. Portanto, podemos concluir que a outorga do asilo por
parte de Estado é ato pacífico e humanitário, cuja pr ática não pode ser considerada
como hostil, conforme assinalado no preâmbulo da referida Declaração.
O asilo político, no Estatuto do Estrangeiro, por intermédio de seu artigo 28
estabelece que o estrangeiro acolhido no território nacional na condição de asilado
político ficará sujeito, além dos deveres que lhe forem submetidos pelo direito
internacional, irá cumprir as disposições da legislação vigente e as que o governo
brasileiro lhe fixar. Nesse mesmo sentido, temos o artigo 5º da Constituição Federal
de 1988 que garante proteção aos estrangeiros e aquisição ao gozo dos direitos
sociais, direitos individuais e adequada liberdade. Mas há certa limitação para o
exercício dos direitos políticos, pois os estrangeiros não possuem cidadania
brasileira. (GODINHO, 2010, p. 215-216).
É de suma relevância destacarmos o artigo 2º, XIV, da Declaração Universal
dos Direitos humanos1948 “o direito de asilo não pode ser invocado em caso de
perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
contrários aos propósitos ou princípios das Nações Unidas”. (BRASIL, 2014, p. 801).
O artigo 4º, da Constituição Federal determina que o Brasil rege suas
relações internacionais pelos princípios da “prevalência dos direitos humanos e da
concessão do asilo diplomático”, com isso, podemos perceber de forma clara a
preocupação do legislador em amparar o aludido instituto. (GODINHO, 2010, p.
215).
O asilo não é uma questão apenas jurídica. É uma questão ética também. Por
este motivo, percebemos que a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948,
em seu inciso XIV, coloca a salvo o direito da pessoa vítima de perseguição procurar
e gozar asilo em outro país. Nesta mesma linha de raciocínio temos a Convenção
sobre asilo territorial de 1954.
Todos estes institutos jurídicos mencionados têm a finalidade de proteger o
ser humano, tal proteção transcende a cor da pele, sexo, nacionalidade, condições
financeiras, raça etc.
2.1.1 Deportação
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2.1.2 Expulsão
2.1.3 Extradição
Art. 13
1.Toda pessoa tem o direito à liberdade de locomoção e residência dentro
das fronteiras de cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a
ele regressar. (BRASIL, 2014a, p. 801)
aos estrangeiros a aquisição e o gozo dos direitos sociais, direitos individuais e certa
liberdade.
No caput do seu art. 5º, a Constituição Federal de 1988, estabelece o
princípio geral da isonomia, indicando que todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade. De forma não exaustiva, estes direitos são expostos, em
92 incisos que compõem o dispositivo, além de importantes parágrafos, sobretudo
no que concerne aos direitos humanos.
Ainda que não os iguale à condição plena de cidadão brasileiro, deverá lhes
garantir direitos de ordem essencial e básica, concomitantemente, na medida em
que os admite. Porém, o tratamento isonômico entre nacionais e estrangeiros
decorre do conceito de que o Estado não possui o dever de recepcionar estrangeiros
em seu território.
Uma das melhores concepções da situação jurídica do estrangeiro no exterior
das fronteiras de seu estado nacional acorda-se a Hans Kelsen. Primeiramente, o
Estado não tem obrigação de admitir estrangeiros em seu território, contudo, uma
vez admitidos, urge lhes conceder um mínimo de direitos, ao menos no que
concerne à sua segurança enquanto pessoa humana, como por exemplo, uma
posição de igualdade com os nacionais e tutela protetiva a seus bens, sem que isso
signifique a equiparação com os cidadãos nacionais. Entretanto, existe um patamar
mínimo de civilização que deve ser concedido a qualquer pessoa que se encontra
em seu território.
Contida neste dispositivo, a expressão residente no país, retrata a
abrangência da Constituição no território da República Federativa do Brasil, razão
pela qual não se deve excluir, pois, o estrangeiro em trânsito pelo território nacional,
possui igualmente acesso às ações, como mandado de segurança e demais
remédios constitucionais.
Seguindo os passos da Convenção de Havana sobre direitos do estrangeiro,
do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, celebrado em
Nova Iorque, bem como da Declaração Universal dos Direitos do Homem, a
Constituição conferiu aos estrangeiros domiciliados ou de passagem em seu
território o gozo de direitos essenciais.
5 ASPECTOS RELEVANTES NOS CASOS EDWARD SNOWDEN, ALFREDO
STROSSNER, RAUL CUBAS, LUCIO GUTIERREZ
Angelim (2005) diz que o ex-presidente Lúcio Gutierrez foi mais um dos
políticos que fora asilado no Brasil e que chegaram ao poder após uma campanha
eleitoral em que fez promessas mirabolantes. A situação transcorria bem no início do
governo, mas depois as coisas começaram a se desestruturar e setores da
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9 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BALZA, Guilherme. Brasil é o grande alvo dos EUA. Publicado em 04 set. 2013.
Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-
noticias/2013/09/04/brasil-e-o-grande-alvo-dos-eua-diz-jornalista-que-obteve-
documentos-de-snowden.htm>. Acesso em: 30 jun. 2015.
BRASIL. Coletânea de direito internacional. 12. ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais LTDA, 2014a.
______. Lei nº 9.474/97. Estatuto dos Refugiados, de 22 de julho de 1997. 3. ed. rev.
atual. São Paulo: Método, 2015d.
FERREIRA, Siddharta Legale, SOUSA, Adriano Corrêa de. Asilo político: uma
proposta alternativa sob a ótica constitucional. Revista de Direito dos Monitores
da UFF. Ano 1, n. 1. janeiro-abril de 2008. Disponível em:
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Disponível em:<http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/Convencao_Americana.htm>.
.Acesso em: 12 jun. 2015.