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Fichamento referente às páginas 5 a 16 do texto “Orientação Vocacional – A estratégia

clínica”, de Bohoslavsky
PUC-SP – Estágio Básico II – Profª Gabriela Gramkow
Viviane Papis
2/2017
Com relação ao primeiro tópico do capítulo, “o que é estratégia clínica”, o autor
distingue algumas perspectivas acerca de uma definição de psicologia clínica, e ao afirmar o
descontento com termos como ramo, campo de trabalho, um método, uma tarefa, enfim, formas
mais comuns de tratar a clínica, e no seu lugar introduz “estratégia”, denotando a riqueza que
o termo proporciona, por abarcar as diversas atividades de um psicólogo, em diversos espaços
e com diversos sujeitos. E ainda, rejeitando a diferenciação entre psicologia clínica e
experimental, afirma que a primeira se utiliza de princípios científicos em sua atuação, também
por se basear em planejamentos de atividade autoconsciente, em referência a critérios racionais.
Na observação, por exemplo, o sujeito estabelece uma relação com seu objeto, e reconhece sua
participação e interação, intervenção no que observa, e que pode se assemelhar à estratégia
experimental pela utilização de métodos científicos “rigorosos”.
No entanto, pode-se diferenciá-lo ao considerar a união entre teoria e prática, em um
movimento unificado no estudo dos fenômenos humanos, algo separado em etapas,
procedimentos, a metodologia experimental. E também considerando o veículo da
comunicação, a estratégia experimental desconsidera a subjetividade do psicólogo, utilizando
este canal para conhecimento, e evitando a modificação de seu objeto, algo que a estratégia
clínica justamente reconhece e abarca como parte de sua prática o estabelecimento de um
vínculo que proporciona essas modificações e aproxima o sujeito de seu estudo.
Uma ideia interessante apresentada por Holt afirma uma complementaridade entre as
estratégias, o que permite diferenciá-las com maior afinco e perceber seus movimentos em
direção ao campo de estudo da psicologia e sua relação com a constituição de conhecimento, a
partir de cada epistemologia envolvida. Apesar de ter certa crítica ao papel de uma “validação
experimental”, como único possível para confirmar hipóteses formuladas pela estratégia
clínica, considero uma interação de diversas possibilidades.
No tópico seguinte, o autor trata de diferenças iniciais, e pouco correspondentes à
realidade, entre a psicologia clínica e a individual, no entanto essa diferença, iniciada pelo
contexto histórico e as bases de surgimento da Psicologia, pode ser interpretada como uma
mera mudança de foco. A estratégia clínica abarca os âmbitos individuais e coletivos, o
indivíduo que na verdade não existe sozinho, e que na própria clínica está em relação.
Já no tópico seguinte, o autor propõe-se a contemplar a psicoprofilaxia, para tratar da
possibilidade de atuação e das relações que podem se estabelecer dentro da estratégia denotada
aqui. Considera como essa prática o desempenho a partir e dentro de métodos e técnicas
psicológicas com a finalidade de desenvolvimento do humano e de suas possibilidades,
integrada a uma perspectiva voltada para a saúde, e não a patologia. Dessa forma, a estratégia
clínica pode ser empregada considerando a multiplicidade de exercícios do psicólogo,
dependendo de um planejamento, de uma finalidade definidos e esclarecidos, construídos
considerando sua aplicação, e voltado para a propagação de saúde.
Visto isso, uma estratégia pensada nesses conformes apresentados depende de
instrumentos específicos ao considerar o contexto e os indivíduos envolvidos em determinada
situação, ou seja, apresenta-se demandas de táticas, entendidas como a delimitação do molde
do contexto e dos aspectos formais que estão envolvidos no planejamento, e técnicas, os
instrumentos e ferramentas práticas, para auxiliar na orientação desse exercício. Pode-se
entender que esse planejamento não ocorre somente na prática psicoprofilática e pode
corresponder às diversas formas de atuação psicológica, tratando da clínica.
Por fim, no último tópico do capítulo, o autor apresenta a incumbência de um psicólogo
clínico, que não se limita a campos voltados para a patologia e seu tratamento, e conclui com
os conceitos discutidos no decorrer do texto que seu ofício está na observação, na investigação
e planejamento e na atuação e intervenção em movimento complementar e indissociável, para
assim poder compreender, explicar e transformar os fenômenos humanos. Há, para isso, os
pressupostos de construção de uma base teórica que possa fundamentar e auxiliar o trabalho a
ser desenvolvido e que deve abranger o seu conhecimento sobre esse campo, de maneira a
integrar o entendimento teórico e a atividade prática, a fim de complementar sua atuação. Esta
baseia-se no que o autor nomeia “atitude psicológica”, que considera a subjetividade do outro,
do próprio psicólogo em relação aos valores e limites de cada, que demanda a capacidade
decisiva e autônoma e ao mesmo tempo adaptativa de investigação dos fenômenos, e acima de
tudo, que abarca a compreensão que instrui e indica a forma de estabelecer o encontro com o
outro.

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