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O homem procura dominar o mundo em que vive. Uma forma de ele ter esse domínio
é através do conhecimento. Esse é um motivo pelo qual ele tenta explicar tudo o que
existe. A linguagem é uma dessas coisas. Ao procurar explicar a linguagem, o homem
está procurando explicar algo que lhe é próprio e que é parte necessária de seu mundo
e da sua convivência com os outros seres humanos.
A sedução que a linguagem exerce sobre o homem existe desde sempre. A gente pode
observar esse fascínio de inúmeras maneiras: por meio da literatura, da poesia, da
religião, da filosofia etc. Não faltam lendas, teorias, rituais, histórias que revelam a
curiosidade do homem pela linguagem.
Na Hélade
Na Idade Média
Dá-se neste período ênfase aos Modistae (modistas), assim chamados devido ao seu
considerável número de trabalhos intitulados De modis significandi.
Eram em sua natureza filósofos e ancorados na Metafísica de Aristóteles conceberam
aquilo que chamar-se-ia de Gramática Especulativa. Com especular vindo do latino
Speculum(espelho), para eles a linguagem refletiria a realidade subjacente do mundo
físico.
Como assim? Preposições eram conhecidas por serem imagens que “mostravam” a
realidade, enquanto que os verbos expressavam uma ideia de tornar-se. Preocupavam-
se muito com o aspecto metafísico das línguas e de conectar todas por meio deste viés.
Talvez por conta disso e da crescente aproximação europeia para com o método
científico, este baseado em fatos verificáveis e tangíveis, a ideia de que há uma conexão
intrínseca e completa entre palavras e realidade foi rejeitada com o passar do tempo.
Consideremos as palavras “nada” e “branco”. Nada é inexistente no mundo, ainda assim
podemos fazer referência a isso com a língua. Temos uma situação semelhante em “eu
visto branco” ou “sou bonito de branco”. Eu nenhum caso concreto eu posso vestir a cor
branca, porém, metaforicamente, posso dizer que sim.
A linguística, como o seu próprio nome sugere, é o estudo da língua. Mas não de uma
língua particular, e sim da linguagem em geral; busca aquilo que é comum a todas as
línguas e por fim as explica, é de cunho estritamente descritivo. Trata tanto da linguagem
verbal quanto da não-verbal, mas sempre com ênfase na primeira.
Devido à vastidão de seu objeto, não é a toa que, como as demais ciências sociais
(filosofia, antropologia...), a linguística divida seus estudos em diversos ramos, alguns
deles são: fonética, fonologia, semântica, sintaxe, pragmática, lexicografia, linguística
histórica, etimologia.
Século XVII
Gramática Geral é a que “compara o maior número possível de línguas com o fim de
reconhecer todos os fatos linguísticos realizáveis e as condições em que se realizarão”
(Borba, 1971: 81).
A ela associa-se o fato de existir apenas uma única língua humana, considerando que
as semelhanças entre as línguas “são com toda probabilidade decorrentes de traços
característicos da mente humana” (Perini, 1976: 24).
Qual foi a contribuição talvez mais interessante dessas gramáticas gerais para a
linguística? “Foi justamente a de estabelecer princípios que não se prendiam à
descrição de uma língua particular, mas de pensar a linguagem em sua generalidade .”
(Eni Orlandi)
Século XIX
Sem mais delongas, o que é Gramática comparada? É aquela que estuda uma
sequência de fases evolutivas de várias línguas, normalmente buscando encontrar
pontos comuns.
Os estudos comparativistas tiveram seu auge no final do século XIX e início do século
XX e foram os responsáveis pelo estabelecimento das famílias de línguas, estas de vista
até muito distanciadas como o Latim e o Sânscrito.
A figura mais expressiva da época é o alemão Franz Bopp. A sua importância é tal
que se considera que a data de nascimento da linguística histórica é a da sua obra
(1816) sobre o sistema da conjugação da língua sânscrita comparada ao grego, ao latim,
ao persa e ao germânico. Às línguas europeias que relacionavam-se com o Sânscrito,
deu-se a denominação indo-europeia.
“Foi evidenciar que as mudanças são regulares, têm uma direção. Não são tão caóticas
como se pensava.” (Eni Orlandi)
É essa escrita que dá uma contribuição decisiva à edificação da linguística como ciência
porque toda ciência tem de ter uma metalinguagem pela qual estabelece suas
definições, conceitos, objetos e procedimentos de análise. Há dois tipos de
metalinguagem.
A linguística, embora seja uma ciência social, tem valorizado a metalinguagem formal
como sua escrita própria. Isso lhe deu uma posição de destaque entre as ciências de
sua família. Mas essa não é uma questão pacífica para os que refletem sobre a
linguagem. Há os partidários da formalização e os que consideram que ela deixa para
fora os aspectos mais definidores da linguagem.
As duas tendências
Na trama histórica que enreda o pensamento linguístico há duas tendências principais.
Uma atém-se à premissa de que a ordem interna existente da língua é resultante dela
própria, busca o que é universal – único, e se ocupa do percurso psíquico da linguagem,
observando a relação entre linguagem e pensamento. É chamada de
formalismo.(Sendo não mais que o externamento do pensamento humano) A outra é
o sociologismo, que defende a ideia de que essa ordem reflete a relação da língua
com a exterioridade, incluindo suas determinações histórica-sociais. Procura o que é
múltiplo e variado, explorando a relação entre linguagem e sociedade. Embora os
estudos linguísticos se desenvolvam em várias direções, acabam sendo atravessados
e definidos por essas duas tendências conflitantes: a formalista e a sociologista.
As pessoas não se expressam bem porque não pensam com lógica. Como diz
Koch(2001), a palavra era concebida como imitação do pensamento, sendo sua
exteriorização apenas uma tradução deste. A enunciação é um ato individual que não é
afetado pelo outro nem pelas circunstâncias (onde, como, quando) que constituem a
situação social em que a enunciação acontece. Presume-se que há regras a serem
seguidas para a organização lógica do pensamento e são elas que se constituem nas
normas gramaticais do falar e escrever “bem”.
A língua é vista como um conjunto de signos que se combinam segundo regras e que
é capaz de transmitir uma mensagem de um emissor a um receptor. Dessa forma o
sistema linguístico é percebido como um fato objetivo externo à consciência individual
e independente desta. A língua opõe-se ao indivíduo enquanto norma indestrutível,
peremptória, que o indivíduo só pode aceitar como tal. Nesta concepção os
interlocutores e a situação de uso da língua também não são considerados. É só na
terceira e última concepção de linguagem que podemos ver tais fatores na jogada.
Tipos de gramática
Gramática Normativa
É concebida como um manual com regras de bom uso da língua estabelecido pelos
especialistas. A língua é só a variedade dita culta. Para perceber e definir essas regras,
há argumentos de diferentes ordens: elitistas, políticas, comunicacionais, históricas.
A ordem elitista surge quando um certo uso linguístico é recomendado somente porque
ele vem de uma camada social de prestígio.
A política pode ocorrer no interior da elitista ou por si só, quando por exemplo um
governo bane palavras por nacionalismo, tal como Mussolini fez na Itália.
Ex, de início é:
Depois vira:
a – Não se pode iniciar frase com pronome oblíquo átono(o que faz classificar a frase
silabada ou agramatical):
Descritiva
É a que descreve e registra a língua, levando em conta também suas variedades
linguísticas. Informa-nos quantas variedades existem e o tipo de construção que se
encontra em cada uma delas, as condições de uso das mesmas etc. São representantes
das teorias estruturalistas e da gerativo-transformacional.
Gramática reflexiva
É descritiva em sua natureza, mas é um tipo bem especial. Trabalha com várias
variedades linguísticas simultaneamente, mostrando, por meio de reflexões, o porquê
de se preferir um uso ao invés de outro, mas nunca será dito que um certo uso é errado,
caberá ao leitor decidir isso. É a preferida dos professores ginasiais por conta disto.
Dimensão Individual
dimensão: do texto
saber: expressivo ( saber usar o código no dia a dia)
juízo de valor: adequado x inadequado.
Aquisição da linguagem
1. Estágio holofrástico: não existe gramática porque não existe sintaxe; sendo
palavras isoladas, nada indica que a criança diferencie nome e verbo; ela rotula
indistintamente coisas (nomes) e atividades (verbos).
1, A) Tereza, amante de João, que também era amante de Pedro, disse que não sabia
nada. X
B) A amante de João, Tereza, que também era amante de Pedro, disse que não sabia
nada
2, sentido ilógico resultante de uma falta de ligação entre ideias; contraditório; absurdo
3, O indo-europeu não é uma língua da qual se tenham documentos. É uma
reconstrução teórica, um conceito. Mas a vontade de reconstruir a língua-mãe é tal que
chegam mesmo a escrever fábulas nessa "língua".
Palavras-chave são aquelas das quais sem a sua presença o autor não poderia passar
a informação que desejava. Literatura é conhecimento e cultura.
Relatar x Interpretar
Por convenção = Por respeito às regras que regras que, embora invisíveis, regulam
nossos atos. Felicitar alguém pelos seus anos, dizer “santinho” a quem espirra ou dar
os sentimentos a alguém que tenha perdido um ser querido são algumas condutas que
se desenvolvem por convenção Há de não esquecer que, quem quebra ou viola uma
convenção, pode ser condenado a nível social. Tal sucede-se, pois essas regras são
partes da cultura de um povo, cuja mente é a própria cultura.
https://conceito.de/convencao