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Rev7 Art5 Lusofonia PDF
Rev7 Art5 Lusofonia PDF
Lusofon ia
casamentos e cruzamentos com os povos
encontrados foi uma constante da presença p or
tuguesa e salpicou os principais lugares onde
nos estabelecemos de comunidades luso-des
cendentes com expressão actual.
a O riente :
Subsiste hoje a consciência de que esta pre
sença portuguesa no Oriente é um valor a ser
preservado não apenas na estrita perspectiva
dos interesses de Portugal, mas também porque
configurou a identidade dos povos e das terras a
que estivemos ligados.
presente
económica consideram e integram os laços cul
turais enquanto propiciadores de um mútuo
entendimento.
Neste sentido, o ensino da língua e a divul
gação da cultura portuguesa constituem impor
A n a P a u l a L a b o r i n h o tantes veículos de presença e cooperação eco
nómicas pelo que língua, cultura e economia
devem ser considerados em interacção quando
se pretende empreender projectos em qualquer
dessas áreas.
Reconhecemos que o conceito de lusofonia
em estrito senso não é aplicável às presenças
portuguesas na região da Ásia-Pacífico pare
cendo difícil, com excepção de Timor, a sua arti
culação com os objectivos da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) . Porém, é
preciso alargar o entendimento da lusofonia e
considerar que o legado histórico-cultural de
Portugal na região, com marcas bem visíveis de
Goa a Nagasaqui, de Malaca a Macau, de Ceilão
Consulado-Geral de Portugal em Macau e sedes do
IPOR e do ICEP.
à Tailândia, partilham e incluem-se nessa comu na região. A forma como foi possível conduzir o
nidade de entendimentos que tem sobrevivido processo de transição de Macau para a adminis
às vicissitudes do tempo e encontra a sua forma tração chinesa, e a maior consciência da impor
de linguagem em modos tão expressivos como a tância estratégica do ensino da língua e da pre
música, a literatura, a culinária, a arquitectura, e sença cultural, possibilitaram nestes últimos
sobretudo formas de ser e estar em português. anos um crescimento do português em diferen
Não se pretende contudo afirmar este con tes vertentes (língua, cultura, preservação patri
ceito amplo de lusofonia por meio de um dis monial) o que também beneficiou a região.
curso saudosista e imperial, à procura de um Trata-se aliás de retomar o lugar que Macau
tempo perdido que teimosamente se quer recu ocupou desde o estabelecimento dos portugue
perar. É na perspectiva do presente e das opções ses enquanto entreposto comercial, porto
estratégicas de Portugal para o século XXI que de acolhimento e trocas culturais que marcaram
nos parece da maior importância reforçar as os modos de entendimento entre ocidente e
posições portuguesas na região. oriente.
A 19 de Dezembro deste ano, cessou a admi
nistração portuguesa de Macau depois de cerca
No quadro atrás delineado, Macau tem de 450 anos de uma presença caracterizada pela
desempenhado um papel privilegiado no que se tolerância e pelo mútuo respeito. Neste con-
refere à divulgação e preservação do português texto, é lícito perguntar o que restará dessa pre- 40
sença tanto mais que aparentemente pouco
resta se pensarmos no uso do português como
língua de comunicação. Com a assinatura em 1987 da Declaraçüo
É claro que precisamos de entreabrir a his Conj unta Luso- Chinesa foram definidas as
tória de Macau, o seu passado remoto e recente, linhas políticas fundamentais que enquadram
para explicar por que razão não se fala português a futura Região Administrativa Especial de
em Macau. Encontramos razões múltiplas e Macau (RAEM) . Como parte integrante dessa
complexas: derivam antes do mais do modo Declaração, o Governo da República de Portu
como os portugueses se estabeleceram em gal e o Governo da República Popular da China
Macau coexistindo com uma civilização pode acordaram que a língua portuguesa será ofi
rosa e muito culta que não permitiu as formas cial a par da chinesa por mais 50 anos após
tradicionais de imposição de uma língua. Na his 1999.
tória mais recente, as massivas migrações con Tendo em conta a integração de Macau na
tribuíram para a escassez do uso do português: República Popular da China, mas também a
mais de metade da actual população aqui che vontade de preservar a sua multifacetada iden
gou nos últimos 20 anos sendo alheia à identi tidade, foi reconhecida a necessidade de criar
dade de Macau o que não facilitou a comunica uma instituição que preservasse e difundisse a
ção com a cultura portuguesa. língua e a cultura portuguesa em Macau, mas
Contudo, é essencial sublinhar que, apesar também em diferentes pontos do Oriente. Com
de não se falar português, basta atravessar a este objectivo, foi criado em 1989 o Instituto Por
fronteira pedonal que nos separa da contígua tuguês do Oriente (IPOR) congregando nesta
cidade de Zuhai ou mesmo conhecer Hong associação a Fundação Oriente, o Governo de
Kong nos seus edifícios altaneiros e inteligen Macau e o Governo de Portugal.
tes, para percebemos que Macau é outra coisa. Para este Instituto transitaram atribuições
É essa diferença que julgamos possível preser até essa altura da responsabilidade do Instituto
var. Cultural de Macau que abandonou as áreas de
Se o português enquanto língua não pode intervenção no domínio da língua e da cultura
aspirar à comunicação oral no quotidiano de portuguesas como o Centro de Língua PortlU
Macau, mantem-se a sua utilização em contex guesa dedicado ao ensino, a coordenação dos
tos diversos, nomeadamente enquanto língua Leitorados e a própria Livraria Portuguesa.
da administração e língua jurídica, além do Assim, a ideia estratégica que presidiu à cri
acesso que permite a regiões de emergente inte ação do IPOR enquanto instituto privado de
resse (da Europa ao Brasil e à África) . O portu natureza associativa foi encontrar uma estrutura
guês é também a língua de conhecimento de adequada ao período de transição e capaz de
uma cultura que se cruza com a cultura dos pró superar as previsíveis mudanças provocadas
prios aprendentes, beneficiando desse capital pela transferência do exercício da administraçilo
de prestígio. do Território.
São pois razões de passado e razões de pre Além disso, obedeceu a outros dois objecti
sente que levam à aprendizagem do português, vos que de algum modo se completam: por um
em Macau e na região, colocando-se em boa lado, dar corpo a uma instituição capaz de inte
posição como segunda língua estrangeira no grar a experiência de ensino e de acção cultural
41 conjunto das línguas europeias. realizada em Macau, nas últimas décadas, quer
dizer uma instituição em Macau para Macau;
por outro lado, manter para além de 1999 o
apoio aos locais de presença portuguesa, assim
conservando a condição polarizadora e irradia
dora que Macau tem desempenhado na região.
Em 1 999 procedeu-se à reconversão do
IPOR no sentido de reforçar a p osição do
Governo português que passou a deter a maio
ria do capital associativo através do Instituto
Camões. A Fundação Oriente manteve a sua
forte intervenção neste projecto que conheceu e
acarinhou desde início tendo em conta a sua
vocação e experiência do Oriente. Também
neste ano o IPOR passou a contar com a partici
pação de empresas portuguesas com interesses
na região que subscreveram em conjunto uma
pequena mas significativa quota o que demons
tra a compreensão da necessária solidariedade
entre cultura e economia. De forma a corresponder a determinadas Biblioteca do novo Centro Cultural de Macau.
necessidades comunicativas dos aprendentes,
foram criados cursos específicos destinados a
Uma das áreas de privilegiada intervenção diversas áreas profissionais: médicos, turismo,
do IPOR em Macau é o ensino do português área jurídica, gestão, comunicação social. Subli-
como língua estrangeira. Como referimos, o nhe-se os bons resultados destes cursos que per-
Centro de Língua Portuguesa existiu desde a cri mitem aumentar o interesse dos aprendentes
ação, mas o seu crescimento deve-se em grande tendo constituído boa oportunidade para a publi-
parte ao Protocolo estabelecido em 1 993 com a cação de materiais didácticos por especialidade.
Direcção dos Serviços de Educação e Juventude As experiências que acabámos de expor têm
do Governo de Macau que, ao longo de cinco muito de inédito e daí o seu carácter laborato
anos, regulou a transferência para o IPOR do rial, o que tem implicado uma constante inves
ensino não-curricular do português enquanto tigação em torno da didáctica do português lín
língua estrangeira. gua estrangeira que encontra em Macau exce
Estes Cursos Gerais, organizados em doze lentes condições de pesquisa e ensaio.
módulos semestrais, cumprem os programas Saliente-se ainda a aposta que fazemos em
estabelecidos pela legislação do Território sobre cursos de reciclagem dos professores asiáticos
habilitações linguísticas para ingresso e progres de língua e cultura portuguesa, nomeadamente
são na Função Pública, estando o IPOR creden o Curso de Verão para Professores: a proximi
ciado para certificar os cursos. A regularidade dade de Macau não só permite uma deslocação
destes cursos permitiu a elaboração de manuais mais fácil e económica, como torna possível
que respeitam a progressão e dificuldades dos aqui congregar grupos homogéneos pela sua
aprendentes orientais sendo utilizados não só comum origem asiática com vantagens no ren-
em Macau mas em muitos cursos da região. dimento da aprendizagem. 42
A produção de materiais e a experiência dades e escolas superiores com níveis de ensino
didáctica resultante dos diversos cursos per que vão do curso de opção à Licenciatura (7 Uni
mite, como dissemos, o apoio aos cursos de por versidades) , Mestrado e Doutoramento (1 Uni
tuguês e Leitorados da região. Os Leitorados, versidade) . A distribuição por cidades, com
cujos professores são seleccionados e destaca indicação das Universidades e níveis de ensino
dos pelo Instituto Camões, têm como missão mais avançados, é a apresentada no quadro da
não só o ensino mas também a formação dos página seguinte.
professores locais sendo ainda centros de pro Sendo distinta a situação de cada país,
moção da cultura portuguesa. Actualmente, requer do mesmo modo uma intervenção dife
a rede de Leitorados no Oriente está assim renciada. Se na China, Coreia do Sul e Japão
distribuída: encontramos professores locais preparados para
Além dos Leitorados, funcionam cursos de ensinar níveis de licenciatura e até pós-gradua
português noutras Universidades e escolas ção, nos outros países, com excepção do caso
superiores da região sendo a situação muito dis particular de Goa, a oferta limita-se a cursos de
tinta, nos níveis de ensino e formação de pro língua, embora se assista a um crescendo de for
fessores locais, em função do desenvolvimento mação dos professores locais que permitilrá
dos estudos portugueses em cada país: observar resultados dentro de poucos anos.
O caso do Japão deverá ser considerado Estão neste caso Nova Delhi, Kuala-Lumpur e
único neste contexto, visto que o ensino do por Banguecoque, sendo mais incipiente a situação
tuguês se encontra referenciado em 2 6 universi- nas Filipinas e Vietname.
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Cidade Cm'sos de Português Universidade Níveis de Ensino
U . Soph i a Licenciatura
Kagoshima 1
Nagas aki
Nagoya
Dita
Shizuoka
Chiba