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Ar go original: Sanders PW, Agarwal A. Acute kidney injury. ACP Medicine. 2010;1-22.
[The original English language work has been published by DECKER INTELLECTUAL PROPERTIES INC.
Hamilton, Ontario, Canada. Copyright © 2011 Decker Intellectual Proper es Inc. All Rights Reserved.]
Agradecimentos: os autores e editores agradecem a Mary Jo Shaver, MD, e Sudhir V. Shah, MD, por
suas contribuições para a edição anterior, que serviu de base para esta versão atualizada.
Tradução: Soraya Imon de Oliveira
Revisão técnica: Dr. Euclides Furtado de Albuquerque Cavalcan
A insuficiência renal aguda (IRA) foi definida como uma síndrome em que a diminuição abrupta
da função renal produz retenção de resíduos nitrogenados. Traduzir esta descrição resumida em uma
definição clinicamente ú l, acurada e de ampla aceitação é uma tarefa desafiadora, devido em grande
parte ao foco na concentração sérica de crea nina, que é de fácil obtenção, mas apresenta a limitação
inerente à má detecção de alterações rápidas ou su s (porém clinicamente importantes) na taxa de
filtração glomerular (TFG). Os critérios clínicos padrão para IRA são um aumento dos níveis séricos de
crea nina de 0,5 mg/dL diante de níveis séricos basais de crea nina normais ou um aumento de 25%
diante de níveis séricos basais anormais. Entretanto, atualmente se reconhece que até mesmo uma
elevação modesta dos níveis séricos de crea nina (da ordem de 0,3 mg/dL) durante a internação está
associada a mortalidade e morbidade aumentadas.1 Consequentemente, nos úl mos anos, o termo lesão
renal aguda (LRA) passou a subs tuir o termo IRA, uma vez que a LRA denota o espectro clínico inteiro,
desde os aumentos leves dos níveis séricos de crea na até a insuficiência renal manifesta. Este campo
também foi obstruído pela falta de uma definição-padrão para IRA, que acabou incitando a organização de
uma conferência internacional na qual foi definido um sistema de estadiamento aceitável denominado
critérios RIFLE (do inglês, Risk[risco]-Injury[lesão]-Failure[insuficiência]-Loss[perda]-ESRD[DRET – doença
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renal em estágio terminal]), com base na concentração sérica de crea nina e no fluxo urinário [Tabela
Versão Original a Acute Kidney Injury Network (AKIN) modificou ainda mais a definição e dividiu a
1].2 Subsequentemente,
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Devido às dificuldades encontradas para a u lização dos níveis séricos de crea nina como
determinante da LRA, vários biomarcadores séricos e urinários da lesão estão sendo intensamente
inves gados. Estes biomarcadores, que incluem a molécula de lesão renal-1 (KIM-1), a lipocalina
associada à gela nase do neutrófilo (NGAL), a cista na C, a N-ace l-beta-D-glicosamidase (NAG), a
proteína ligadora de ácido graxo do po hepá ca (L-FABP) e a interleucina-18 (IL-18), potencialmente
oferecem a oportunidade de fornecer uma detecção mais precoce da LRA e podem proporcionar avaliação
adicional do resultado desta lesão. Entretanto, estes marcadores atualmente são disponibilizados
somente para a realização em análises pré-clínicas. Até que um determinante mais sensível da TFG ou um
novo biomarcador seja clinicamente disponibilizado, a concentração sérica de crea nina con nua sendo o
principal aspecto do diagnós co da LRA.
Epidemiologia
A incidência de LRA varia dependendo do contexto clínico e da definição adotada na análise. A
incidência de LRA adquirida no hospital parece estar aumentando: de 49 internações/1.000 em 19836
para 71 internações/1.000 em 2002.7 Estas taxas correspondem a cerca de 35.000 pacientes afetados no
ano de 1979 e 650.000 pacientes afetados em 2002, representando um aumento anual da taxa de
incidência superior a 13%. A incidência aumentada também foi validada junto a uma população de
pacientes isolada, em que as taxas de incidência de LRA com e sem necessidade de diálise sofreram um
aumento progressivo no período de 1996 a 2003.8 À medida que a complexidade do tratamento médico
aumenta, é provável que a taxa de casos de LRA nosocomial con nue a aumentar.
A incidência de LRA foi citada como sendo de 1% no momento da admissão hospitalar; de 2 a 5%
durante a internação, em até 37% dos pacientes de UTI e em 4 a 15% dos pacientes subme dos à cirurgia
cardiovascular.5,9,10 De uma forma geral, a incidência da LRA foi es mada em 209 pacientes por /milhão
de indivíduos por ano, com 36% dos pacientes com LRA necessitando de terapia de reposição renal.10
Dentre os 600.820 hospitalizados inscritos no banco de dados do Kaiser Permanente Northern California,
1.764 membros (0,29%) desenvolveram LRA nosocomial com necessidade de diálise no período de 1996 a
2003. Embora o diabetes melito, a hipertensão e a proteinúria tenham sido fatores de risco
independentes, a propensão ao desenvolvimento de LRA severa aumentou a cada estágio da doença renal
crônica (DRC) subjacente, conforme determinado pelo uso das concentrações séricas de crea nina
preexistentes. Uma es ma va de TFG inferior a 60 mL/1,73 m2 foi calculada para 74% dos pacientes.11
Embora todos os pacientes internados apresentem risco de desenvolvimento de LRA relacionada a suas
respec vas doenças ou à ocorrência de um evento iatrogênico, no tratamento preven vo, aliado à rápida
correção da hipovolemia, os pacientes que apresentam estes fatores de risco (par cularmente a DRC)11
devem ser considerados como estando em condição de alto risco para o desenvolvimento de LRA
nosocomial. Estes pacientes devem ser tratados e monitorados atentamente ao longo da internação.
As consequências a curto prazo da LRA são surpreendentes. Apesar dos avanços significa vos
ocorridos na diálise e na terapia intensiva, as taxas de mortalidade associadas à LRA severa descritas
nos estudos populacionais con nuam elevadas (35 a 60%).12-14 Em uma ampla população de 19.982
pacientes adultos internados, a LRA estava associada não só a uma mortalidade aumentada como
também a um2013
Copyright período de internação mais longo e despesas gerais maiores. O resultado final estava
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diretamente relacionado à severidade da LRA, caracterizada por uma alteração na concentração sérica de
Versão Original
crea nina, em que aumentos de pelo menos 0,3 mg/dL conferiram maior morbidade e mortalidade a curto
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prazo.1 As consequências a longo prazo da LRA também foram inves gadas. Na população de pacientes
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inscritos no Kaiser Permanente Northern California, os indivíduos que se recuperaram de um ataque de
LRA com necessidade de diálise subsequentemente apresentaram risco 28 vezes maior de
desenvolvimento de DRC de estágios IV e V, bem como um aumento de mais de 2 vezes do risco de morte
posterior à liberação hospitalar, mesmo com es ma vas de TFG superiores a 45 mL/min/1,73 m2 antes
do evento.15 Como até mesmo um declínio mínimo da função renal está associado à obtenção de um
resultado precário pelo paciente, a prevenção [Tabela 2; Tabela 3] e o diagnós co precoce da LRA
cons tuem a base do tratamento.
N-ace lcisteína, 600 mg por via oral, 2 x/dia, no dia anterior e no dia da realização do procedimento
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Síndrome da lise tumoral
Hidratação e diurese forçada
Infundir salina normal para manter um débito urinário de 3 a 5 L/dia
Alcalinização urinária
Infundir 2 a 3 ampolas de bicarbonato de sódio (100 a 150 mEq) em D5W, para manter um pH urinário >
7
Infundir acetazolamina, 1 g/m2
Monitorar o painel metabólico básico e evitar uma alcalose metabólica significa va
Tratamento farmacológico
Alopurinol, 300 a 600 mg/dia, começando 3 dias antes da quimioterapia (ajustar a dose para pacientes
com comprome mento renal); ou rasburicase, 0,2 mg/kg/dia, IV, começando em 4 a 24 horas antes da
quimioterapia; con nuar por até 5 dias
Rabdomiólise
Hidratação
Infundir NaCl a 0,9% para reposição de volume, se o paciente apresentar depleção de volume; em
seguida, administrar 200 a 300 mL/h e acompanhar a condição hemodinâmica; equilibrar o consumo de
líquidos com o débito urinário
Tratamento farmacológico
Adicionar 3 ampolas de bicarbonato de sódio (50 mEq/50 mL) ao D5W; infundir a mistura a uma
velocidade de 250 mL/h e, ao mesmo tempo, monitorar frequentemente a ingesta de líquidos, o débito
urinário e o painel metabólico básico; se o débito urinário es ver adequado, a infusão deve ser
man da até a resolução da mioglobinúria; se o paciente desenvolver oligúria (débito urinário < 400
mL/24 h), suspender os líquidos IV e proceder ao tratamento para LRA
Procedimentos cirúrgicos
Iden ficar os pacientes com condições de alto risco
Doença renal preexistente
Doença hepá ca crônica
Insuficiência cardíaca
Idade avançada
Evitar a depleção de volume
Evitar a hipotensão
Evitar agentes nefrotóxicos
LRA no mieloma múl plo
Determinar o risco por meio da quan ficação dos níveis séricos de CLL; monitorar os níveis durante o
tratamento
Evitar a hipercalcemia, depleção de volume, furosemida, agentes de contraste, fármacos AINH
Manter elevadas as velocidades de fluxo de líquido tubular, com ingesta de água
O papel da plasmaférese na LRA decorrente de nefropa a por cilindros é controverso
AINH = an -inflamatórios não hormonais; CLL = cadeias leves livres; IV = via endovenosa; LRA = lesão
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renal aguda.
Versão Original
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Classificação patofisiológica
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aguda (LRA)
A síndrome de LRA pode ser definida em termos patofisiológicos [Figura 1], dependendo de a
sua origem ser a diminuição do fluxo sanguíneo renal (azotemia pré-renal), doenças parenquimatosas
renais intrínsecas (azotemia renal) ou obstrução do fluxo urinário (azotemia pós-renal).16
A azotemia pré-renal cons tui a causa isolada mais comum de LRA, responsável por 30 a 60% de
todos os casos.17 A LRA pré-renal ocorre a par r da falha da perfusão glomerular, em decorrência de uma
redução absoluta do volume de líquido extracelular ou de uma redução do volume circulante mesmo com
a manutenção da normalidade do volume de líquido extracelular total, que podem ocorrer em condições
como insuficiência ventricular esquerda, cirrose avançada e sepse. O rim possui a capacidade de
autorregular a TFG e o fluxo sanguíneo simultaneamente, durante a hipoperfusão renal, pela regulação
independente do tônus arteriolar aferente e eferente. Enquanto a arteríola aferente dilata em resposta à
hipoperfusão renal, a arteríola eferente sofre constrição e mantém a pressão intracapilar glomerular, que
cons tui a força motriz da filtração glomerular. Desta forma, ao longo da fase inicial das condições pré-
renais de grau leve a moderado, o fluxo sanguíneo renal e a TFG são man dos dentro das faixas normais,
e os níveis de ureia e crea nina permanecem normais. Quando as condições pré-renais se tornam graves
e os mecanismos adapta vos renais não conseguem realizar a devida compensação, a TFG cai, e os
níveis de uréia e crea nina começam a subir. O comprome mento da autorregulação do fluxo sanguíneo
renal, cuja ocorrência foi demonstrada na DRC em ratos,18 pode ser um mecanismo de susce bilidade à
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LRA. Além disso, a autorregulação renal é comprome da19 após um ataque de LRA, e isto potencialmente
Versão Original da lesão até mesmo diante de quedas su s da pressão arterial sistêmica.
resulta na exacerbação
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A hipoperfusão renal, uma elevada proporção (> 40) de ureia em relação à crea nina sérica, e
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um pequeno volume de urina caracterizam a LRA pré-renal. Nesta condição, os níveis de hormônio
an diuré co estão aumentados e, em consequência, intensificam a reabsorção de água e ureia. A
insuficiência pré-renal cons tui uma resposta à depleção de volume severa, insuficiência cardíaca,
síndrome hepatorrenal (SHR) ou sepse. No contexto apropriado, a insuficiência pré-renal
hemodinamicamente mediada também ocorre com o uso de alguns agentes farmacológicos, entre os
quais os inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores de receptor de
angiotensina (BRA) e fármacos an -inflamatórios não hormonais (AINH). A insuficiência pré-renal
também pode ocorrer diante da apresentação de uma ampla carga de soluto ao rim, aliada à es mulação
de perda de volume por diurese osmó ca, como se observa na hiperglicemia.20
As doença renais intrínsecas causadoras de LRA podem envolver os glomérulos, a vasculatura ou
o inters cio tubular. A doença renal intrínseca que mais comumente acarreta LRA é a necrose tubular
aguda (NTA). Quando as causas pré e pós-renais de LRA são excluídas, cerca de 75% dos pacientes com
LRA internados apresentam NTA.17 O reconhecimento clínico baseia-se em grande parte na exclusão de
causas pré e pós-renais de azotemia súbita, seguida da exclusão de outras causas de LRA intrínseca (p.
ex., glomerulonefrite aguda pós-infecciosa, doença renal ateroembólica, nefrite inters cial aguda [NIA]).
Múl plos insultos geralmente estão presentes, contudo a azotemia pré-renal com frequência
atua como fator predisponente. As causas iatrogênicas, incluindo a sepse cateter-associada e a
exposição a nefrotoxinas (p. ex., an bió cos, material de contraste radiográfico), contribuem para uma
parte significa va destes casos. Cerca de 40 a 60% dos casos de NTA ocorrem no contexto pós-operatório
ou traumá co.
Dependendo do contexto clínico, outros possíveis diagnós cos a serem considerados são: NIA (p.
ex., secundária ao uso de an bió cos), glomerulonefrite, êmbolos ateromatosos (associados a uma
cirurgia aór ca previa, aortografia ou an coagulação), obstrução ureteral (associada a uma patologia
pélvica ou abdominal, ou secundária a complicações de uma cirurgia pélvica ou abdominal) ou obstrução
intrarrenal (p. ex., nefropa a aguda por urato ou nefropa a aguda por fosfato).21
No contexto hospitalar, a azotemia pós-renal é responsável por cerca de 10% dos casos de
LRA.17 A LRA associada à azotemia pós-renal deve ser considerada especialmente em casos de pacientes
idosos do sexo masculino, em par cular se estes es verem recebendo medicações capazes de
comprometer a função da bexiga. É possível que exista uma obstrução parcial acompanhando a LRA, bem
como uma poliúria associada, devido ao efeito inibitório das pressões intrarrenais sobre a capacidade de
concentração renal. Além da anúria súbita, a velocidade do fluxo urinário é precária como indicador de
LRA pós-renal.
Para determinar a causa da LRA, o médico deve seguir uma abordagem sistemá ca, a qual deve
começar pela exclusão ou correção da azotemia, tanto pré como pós-renal. Muitas vezes, em casos de
pacientes internados, a dificuldade em chegar ao diagnós co e ológico correto da LRA não reside na
iden ficação de uma possível causa, e sim na seleção da causa verdadeira a par r de diversas escolhas
Copyright
possíveis.
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Revisão do prontuário, história e exame físico
A avaliação do paciente com LRA deve começar pela obtenção de uma história médica completa
e revisão dos registros hospitalares. Alguns dados importantes a serem procurados na revisão de
prontuário são apresentados adiante [Tabela 5, Tabela 6, Figura 2]. É preciso atentar especialmente para
o achado de uma concentração sérica de crea nina determinada recentemente ou outra evidência de
doença renal subjacente anterior à admissão do paciente, evidência da existência de um processo
patológico sistêmico, bem como registro de medicação detalhado. Até mesmo os tratamentos médicos
an gamente considerados inócuos devem ser conhecidos. Exemplificando, a nefropa a aguda por fosfato
pode desenvolver-se após a administração de um purgante intes nal à base de fosfato de sódio durante a
preparação para a colonoscopia (ver adiante). Outro achado histórico su l é o uso anterior de ervas
chinesas, que podem conter uma nefrotoxina conhecida como ácido aristolóquico (ver a descrição
adiante).22
Febre
Culturas sanguíneas
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posi vas
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Hemodinâmica A hipotensão pode causar azotemia pré-renal e NTA isquêmica
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pulmonares ou cardíaca conges va; restringir o volume; adicionar diuré cos; considerar a
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distensão da veia diálise
jugular
PVC, PECP A avaliação destes parâmetros pode ser indicada para a diferenciação entre
sobrecarga de volume e presença de infiltrados pulmonares não
cardiogênicos; uma baixa PECP sugere um edema pulmonar não cardiogênico
Ingesta/débito Em pacientes euvolêmicos, avaliar o volume de débito urinário do dia anterior
(em pacientes estáveis, adicionar 400 mL para as perdas insensíveis); as
perdas insensíveis podem ser maiores em pacientes apresentando
catabolismo mais intenso, febre ou agitação
Ureia Valores desproporcionalmente altos sugerem sangramento GI, uso de
esteroide, condição hipercatabólica ou LRA pré-renal
Crea nina Valores desproporcionalmente altos são suges vos de lesão muscular, como
aquela causada pela rabdomiólise
Eletrólitos [ver Complicações, no texto]
GI = gastrintes nal; LRA = lesão renal aguda; NTA = necrose tubular aguda; PECP = pressão de
encunhamento capilar pulmonar; PVC = pressão venosa central.
Evento
de LRA
Data
Peso
Consumo
Débito
Pressão
arterial
Pulso
Temperatura
URÉIA
Crea nina
Sódio
Potássio
Cloreto
CO2
LEU
Hbg
Hct
Hct
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Plaquetas
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Cirurgia MedicinaNET
Contraste
Medicações
Figura 2. Esta planilha, u lizada na avaliação da lesão renal aguda (LRA) em pacientes internados,
pode ser u lizada para registrar uma linha cronológica de eventos que podem ter contribuído para
o insulto. Ao adotar esta abordagem, é preciso prestar atenção par cularmente aos eventos
ocorridos poucos dias antes da elevação aguda dos níveis séricos de crea nina.
CO2 = dióxido de carbono; Hbg = hemoglobina; Hct = hematócrito; LEU = leucograma.
Um paciente com LRA pode apresentar queixas bastante inespecíficas, como fadiga,
enfraquecimento, agitação, perda do ape te, náusea, vômitos, diminuição do débito urinário, inchaço e
soluços. Quando os níveis de toxinas urêmicas estão acentuadamente elevados, o paciente pode
apresentar alterações da condição mental e convulsões. Uma história de náusea, vômito, diarreia ou
outras perdas de volume sugerem a existência de LRA resultante de uma condição pré-renal.
Trauma smos recentes com consequente lesão muscular sugerem que a causa da LRA é a rabdomiólise.
A condição do líquido extracelular representa uma parte decisiva do exame sico. Redução do
peso corporal, diminuição ortostá ca acentuada da pressão arterial pulso aumentado e ausência de
distensão da veia jugular são todos suges vos da redução do volume de líquido extracelular. Os
pacientes com azotemia pré-renal podem parecer estar sofrendo uma sobrecarga de volume associada à
expansão do volume extracelular (p. ex., insuficiência cardíaca, cirrose, síndrome nefró ca), porém seu
volume sanguíneo efe vo está reduzido e, como consequência, a perfusão renal está comprome da.
Um exame abdominal atento pode revelar uma bexiga sensível e distendida, bem como
obstrução do trato urinário inferior. Em casos de homens com suspeita de que uma obstrução do trato
inferior esteja causando azotemia aguda, devem ser realizados o exame da próstata e a cateterização
estéril da bexiga pós-esvaziamento.
Outros achados de exame adicionais que podem ser úteis incluem febre, erupções cutâneas e
dores ar culares, que levantam a possibilidade de haver uma doença reumá ca, como lúpus eritematoso
sistêmico, vasculite, endocardite ou alergia farmacológica com NIA. Uma história de cateterização aór ca
recente (p. ex., cateterismo cardíaco) e o achado de livedo re cular são indícios diagnós cos de êmbolos
de colesterol ou ateromatosos. Uma anúria abrupta sugere obstrução aguda, glomerulonefrite severa ou
um evento vascular repen no. A hematúria indolor é suges va de glomerulonefrite aguda, enquanto a
hematúria dolorosa é mais consistente com a ocorrência de obstrução.
Pode ser di cil diferenciar a azotemia pré-renal da NTA, tanto em função da dificuldade para
avaliar a condição do volume em pacientes com doenças graves quanto porque a azotemia pré-renal de
causas diversas, quando severa o bastante, pode levar ao desenvolvimento de NTA. A avaliação do
volume de urina e do sedimento urinário, bem como de alguns índices urinários (úteis apenas para
pacientes com oligúria) é par cularmente ú l para estabelecer o diagnós co correto [Tabela 7].
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Exames laboratoriais
Proporção de ureia para creatinina
Os exames laboratoriais iniciais incluem a medida dos níveis séricos de uréia, crea nina, sódio,
cloreto, potássio e bicarbonato. Estes exames são importantes não só para fins diagnós cos, mas
também para a avaliação das complicações da LRA. Nas condições pré-renais resultantes da avidez
aumentada de sal e água, observa-se um aumento desproporcional da proporção uréia:crea nina (> 40:1).
Outras causas de elevação de uréia incluem sangramento gastrintes nal (GI), uso de esteroides
sistêmicos, catabolismo produzido por condições médicas subjacentes ou dieta rica em proteínas. Uma
elevação dos níveis de crea nina que exceda a elevação de uréia sugere a ocorrência de rabdomiólise.
Estes pacientes também apresentarão níveis elevados de crea na quinase (CK) ou mioglobina.
Índices urinários
Os índices urinários são determinantes prá cos da função celular tubular, u lizados com
frequência na diferenciação entre azotemia pré-renal e NTA em condições oligúricas. Entretanto, a
interpretação dos índices urinários de um paciente com DRC muitas vezes é uma tarefa di cil, pois a
perda de sódio subjacente que ocorre no estado basal não pode ser rapidamente corrigida com a
depleção de volume. A lógica para o uso destes índices é a seguinte: como as concentrações de
crea nina aumentam ao longo do néfron, conforme o líquido vai sendo removido pelo processamento
tubular do ultrafiltrado glomerular, a proporção de crea nina na urina e no plasma (U/PCr) fornece um
índice da fração de água filtrada excretada. Se for considerado que toda a crea nina filtrada no glomérulo
é excretada na urina e uma quan dade rela vamente pequena é adicionada por secreção, qualquer
aumento adicional da concentração urinária de crea nina além da concentração plasmá ca deve ser
resultante da remoção de água. Na azotemia pré-renal, devido à diminuição da quan dade de filtrado
glomerular que entra em cada néfron e por causa do aumento da retenção de sal e água, a U/PCr costuma
ser significa vamente maior do que na NTA, enquanto as concentrações urinárias de sódio são
caracteris camente menores [Tabela 7]. Em contraste, na NTA, os néfrons excretam uma ampla fração do
sódio e da água que filtram, resultando em um valor de U/PCr mais baixo e em uma maior fração de
excreção
Copyrightde sódio
2013(FE Na ). Também foi relatado que a fração de excreção de ureia (FEUreia ) é ú l na
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diferenciação entre azotemia pré-renal e azotemia renal [Tabela 7]. O uso da FEUreia pode proporcionar
Versão Original
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uma vantagem diagnós ca sobretudo em relação à FENa , em casos de pacientes que tomam diuré cos.
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Em um estudo, a FENa estava baixa em apenas 48% dos pacientes tratados com diuré co que nham
azotemia pré-renal.24 É preciso ter em mente, contudo, que os valores de FEUreia na DRC ainda não foram
padronizados.
A interpretação dos índices urinários deve ser feita aliada a outras avaliações do paciente, uma
vez que existem importantes exceções a estas generalizações. Exemplificando, os pacientes com certos
pos de NTA, como sepse ou lesão renal induzida por corante radiográfico, podem apresentar todas as
caracterís cas clínicas de NTA e, todavia, taxas de FENa inferiores a 1%.
Exames de imagem
Se o diagnós co de azotemia pré-renal ou NTA for razoavelmente certo e a situação clínica
dispensar a exclusão de outras causas de azotemia aguda, em geral, nenhuma outra avaliação
diagnós ca adicional é necessária. As avaliações diagnós cas adicionais são indicadas nas seguintes
circunstâncias: (1) diagnós co duvidoso, sobretudo se a situação clínica sugerir outras possibilidades (p.
ex., obstrução ou acidente vascular); (2) achados clínicos (p. ex., anúria total) que tornam menos provável
o diagnós co de azotemia pré-renal ou NTA; ou (3) persistência da oligúria por mais de 4 semanas.
A ultrassonografia renal cons tui o procedimento diagnós co inicial de escolha em casos de
insuficiência renal, por ser um método não invasivo e confiável. Um achado de rins de tamanho normal
em um paciente com azotemia em estágio avançado geralmente sugere a ocorrência de LRA, em vez de
DRC. Entretanto, várias causas importantes de DRC, incluindo diabetes melito, infecção pelo HIV, mieloma
múl plo, doença dos rins policís cos e amiloidose, podem estar associadas a um tamanho normal ou
aumentado dos rins. O exame de ultrassonografia renal é ú l para confirmar ou excluir obstruções,
iden ficar a doença renal policís ca, determinar se um ou ambos os rins estão presentes, e localizar o
rim para obtenção de uma biópsia renal. O uso concomitante da análise de fluxo com Doppler também
pode fornecer informação sobre a patência vascular.
Uma tomografia computadorizada de alta resolução sem contraste é considerada o exame de
escolha para casos de suspeita de cálculos no trato urinário. Os métodos que empregam radionuclídeos
são disponibilizados para avaliação do fluxo sanguíneo e da função excretória (secretória) dos rins. Os
exames de fluxo sanguíneo podem ser u lizados para determinar de forma simples se os rins estão sendo
perfundidos e, quando es verem, se o fluxo sanguíneo para os dois rins é simétrico. Estes exames são
menos acurados para a determinação das velocidades de fluxo. A ressonância magné ca sem contraste
atualmente é recomendada para a avaliação de casos de trombose venosa ou arterial renal. As varreduras
com radionuclídeo leucócitos-dirigido têm papel limitado no diagnós co da NTA.
Biópsia renal
O exame de biópsia renal raramente se faz necessário em casos de LRA que se desenvolve no
contexto hospitalar. Em contraste, o exame de biópsia renal é indicado com frequência um pouco maior
para os casos de LRA que ocorrem fora do hospital.
O dano renal tubulointers cial que produz LRA geralmente pode ser dividido em lesão celular
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epitelial tubular direta (NTA), obstrução intratubular e NIA.
A NIA é sugerida por achados laboratoriais indica vos da ocorrência de deterioração abrupta da
função renal, bem como por achados de urinálise e análise do sedimento urinário que mostrem a
presença de sangue, proteína e leucócitos em grumos e em cilindros, na ausência de evidências de
infecção. Clinicamente, a única queixa pode ser uma dor no flanco causada por distensão da cápsula
renal. Também pode haver sinais e sintomas de reação de hipersensibilidade, como erupção, dor ar cular
e febre. Um hematócrito pode revelar a existência de eosinofilia.
O diagnós co defini vo é estabelecido por exame de biópsia renal. As técnicas não invasivas
que fornecem achados suges vos de NIA, tais como um aumento da contagem de eosinófilos urinários
(u lizando coloração de Hansel) e uma varredura com gálio posi va, são inespecíficas. O obje vo do
tratamento consiste essencialmente em iden ficar e remover o agente agressor. A pronta ins tuição de
cor costeroides parece melhorar o resultado em casos de NIA fármaco-induzida comprovada por biópsia,
uma vez que os níveis séricos de crea nina voltam a se aproximar dos valores basais nos indivíduos
tratados, em comparação ao observado nos pacientes não tratados.30
Aminoglicosídeos
A manifestação mais importante da nefrotoxicidade por aminoglicosídeo é a LRA secundária à
NTA, que ocorre em cerca de 10 a 20% dos pacientes tratados com aminoglicosídeos (p. ex., tobramicina,
gentamicina, amicacina).31,32 A manutenção dos níveis sanguíneos dentro da faixa terapêu ca diminui –
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mas não elimina – oMedicinaNET
risco de nefrotoxicidade. A LRA associada aos aminoglicosídeos costuma ser branda
eVersão
não oligúrica, manifestando-se como um aumento dos níveis séricos de crea nina que ocorre cerca de 1
Original
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semana após a ins tuição da terapia. Os pacientes com nefrotoxicidade por aminoglicosídeos podem
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apresentar poliúria e hipomagnesemia. Estas condições resultam da diminuição da capacidade de
concentração urinária e do aumento da perda urinária,, respec vamente.31 Diversos fatores ou condições
clínicas podem potencializar o efeito dos aminoglicosídeos sobre o rim e, desta forma, agravar a
nefrotoxicidade. Entre estes fatores, estão: isquemia renal induzida por hipotensão ou depleção de
volume; o esquema de dosagem e os níveis séricos de aminoglicosídeos; sepse; administração de outras
nefrotoxinas; e doença hepá ca. O esquema de 1 dose/dia de aminoglicosídeos parece ser tão efe vo no
controle das infecções quanto as dosagens mais frequentes; produz um efeito nefrotóxico menor e não
aumenta a incidência de ototoxicidade, em comparação às dosagens mais frequentes.33 Foi demonstrado
que a dosagem farmacociné ca individualizada dos aminoglicosídeos reduz a incidência de
nefrotoxicidade e, ao mesmo tempo, permite a administração de doses mais altas do fármaco.34
Atualmente, o único tratamento para a nefrotoxicidade produzida por aminoglicosídeos consiste
na suspensão da medicação e no fornecimento de suporte ao paciente durante o período de LRA. O
prognós co para a recuperação da função renal após vários dias é excelente, embora alguns pacientes
possam necessitar de diálise antes de se recuperarem totalmente.
Anfotericina B
A anfotericina B é uma causa rela vamente frequente de LRA. A hidratação com salina normal
antes da infusão da anfotericina B diminui a incidência de LRA associada ao uso desta medicação. A
anfotericina B sob a forma de emulsão lipídica pode ser menos nefrotóxica do que as formulações não
lipídicas e é recomendada para pacientes que apresentam alto risco de nefrotoxicidade. A DRC e a DRET
decorrentes da nefrotoxicidade produzida pela anfotericina B ocorrem com pouca frequência.
quando possível. Há relatos de LRA causada por inibidores sele vos de ciclo-oxigenase-2. Assim, os
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mesmos cuidados se aplicam ao uso tanto destes agentes como dos AINH inespecíficos.
Cisplatina
A lesão renal é reconhecidamente uma complicação do uso da cispla na no tratamento de
muitos cânceres em órgãos sólidos. A nefrotoxicidade associada à cispla na afeta um percentual
significa vo dos pacientes com estas condições, dos quais 25 a 35% desenvolvem uma redução leve e
reversível da TFG após tomarem a 1ª dose do medicamento. Com as doses subsequentes, a incidência e a
severidade da insuficiência renal aumentam, até que uma lesão renal irreversível finalmente é produzida.
A hipomagnesemia decorrente de perdas renais de magnésio pode ser severa e afetar até 50% dos
pacientes. Os pacientes precisam receber uma hidratação adequada, com salina normal (200 a 250
mL/h), antes da administração da cispla na. Outras nefrotoxinas conhecidas devem ser evitadas, sempre
que possível.38 A NTA resultante pode ser severa ou irreversível, resultando em DCR ou DRET.
As infecções do trato urinário estão entre as complicações médicas mais comuns da gestação e
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podem evoluir para pielonefrite. Cerca de 25% das gestantes com pielonefrite desenvolvem um declínio
transiente da TFG.82 Estas pacientes devem ser tratadas inicialmente com an bió cos endovenosos,
seguidos de tratamento com an bió cos orais por até 2 semanas.
Durante o 3º trimestre ou no periparto da gestação, as complicações que podem levar ao
desenvolvimento de LRA incluem a pré-eclâmpsia, hemorragia pós-parto, embolia com líquido amnió co,
ruptura de placenta e retenção do feto ou de partes da placenta. Um padrão de insuficiência renal similar
ao da NTA é observado em pacientes com pré-eclâmpsia e hemorragia periparto. A necrose cor cal
bilateral pode suceder qualquer po de lesão renal isquêmica. A incidência desta condição parece ser
desproporcionalmente maior entre gestantes, em comparação com pacientes adultas não gestantes.
Embora a placenta abrupta também possa causar NTA, a necrose cor cal renal cons tui a causa mais
frequente desta condição. A síndrome HELLP (do inglês, hemolysis [hemólise], elevated liver enzymes
[elevação de enzimas hepá cas], low platelets [diminuição de plaquetas]) foi associada à LRA em até
7,7% das pacientes gestantes.
A LRA pós-parto, também conhecida como síndrome hemolí ca-urêmica (SHU) pós-parto, é
caracterizada por hipertensão e anemia hemolí ca microangiopá ca. Pode ocorrer já no 1º dia pós-parto
ou decorridos vários meses do nascimento do bebê, mas o pico da manifestação é entre 2 e 5 semanas
após o parto. As lesões glomerulares são semelhantes àquelas encontradas na SHU adulta e são
caracterizadas pela deposição de fibrina, paredes capilares espessadas e inchaço subendotelial
associado a amplos depósitos subendoteliais granulares. Pode haver envolvimento de fatores gené cos
na e ologia da SHU pós-parto, uma vez que as mulheres que passaram por um episódio da síndrome
apresentam risco aumentado de sofrerem recidivas em gestações subsequentes. Além disso, há relatos
de ocorrência da doença em irmãs. A SHU pós-parto está associada a elevações dos níveis de lactato
desidrogenase. A síndrome HELLP, em contraste, está associada a elevações dos níveis de transaminase.
Esta diferença é ú l para dis nguir as 2 síndromes. A base do tratamento para a SHU pós-parto é a
plasmaférese. Antes do advento da terapia de plasmaférese, havia uma mortalidade de 90%. Atualmente,
as taxas de sobrevida materna são de 70 a 80%.83
Outros distúrbios renais podem causar LRA durante a gestação. Se uma gestante apresentar
sedimento urinário a vo antes da 20ª semana de gestação, pode-se considerar a possibilidade de
glomerulonefrite aguda. A nefrite lúpica pode se desenvolver durante a gestação em pacientes com
história anterior de nefrite lúpica ou de lúpus extrarrenal. Como os níveis de complemento picamente
estão elevados durante a gestação, o achado de baixos níveis de complemento em uma gestante (aliado
a uma sorologia de suporte adicional) é especialmente suges vo de nefrite lúpica. A obtenção de biópsia
renal não é contraindicada durante a gestação. Havendo suspeita da existência de uma lesão
prolifera va, deve ser ob da uma biópsia renal para facilitar a rápida iniciação de uma terapia agressiva.
Quaisquer outras causas pré-renais e nefrotóxicas de LRA podem afetar as pacientes gestantes e devem
ser consideradas. Após a 20ª semana de gestação, a presença de LRA em uma paciente hipertensa é
mais provavelmente resultante de pré-eclâmpsia.
refle da pela elevação da concentração plasmá ca de substâncias específicas, que normalmente são
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eliminadas pelos rins. Os índices mais amplamente monitorados são as concentrações de uréia e
crea nina no soro. Em pacientes que não desenvolvem complicações, o uréia sofre um aumento de 20 a
40 mg/dL/dia, enquanto o bicarbonato diminui até a ngir uma condição de equilíbrio aproximada de 16 a
18 mEq/L. A concentração sérica de potássio não precisa aumentar de modo considerável, a menos que o
paciente apresente uma condição hipercatabólica, sangramento GI ou trauma smo tecidual extensivo.
Prevenção
A LRA representa um ônus importante ao sistema de assistência médica. O custo es mado da
diálise e do tratamento agressivo de pacientes com LRA gravemente enfermos ultrapassa US$ 10 bilhões
por ano, nos Estados Unidos.1,67 Por isso, a prevenção é a base do tratamento dos pacientes.
Cerca de 25% de todos os casos de LRA adquirida no hospital estão relacionados ao uso de um
ou mais agentes nefrotóxicos. Em consequência, a melhor estratégia de prevenção da LRA consiste em
evitar a nefrotoxicidade fármaco-associada, especialmente em situações de alto risco. Os pacientes de
risco são os idosos, indivíduos com doença renal preexistente e aqueles com depleção de volume. Os
níveis séricos de crea nina são fracos como marcadores da função renal real, sobretudo em pacientes
idosos e naqueles com LRA associada à sepse. É necessário es mar a função renal, especialmente no
caso dos pacientes idosos, para possibilitar o tratamento adequado dos níveis farmacológicos de todos
os agentes com potencial nefrotóxico, como também para intensificar a consciência acerca da função
renal diminuída quando os níveis séricos de crea nina a ngem valores dentro da faixa normal. A fórmula
MDRD (Modifica on of Diet in Renal Disease – modificação da dieta na doença renal) fornece uma
es ma va aceitável da TFG. As calculadoras para MDRD para TFG são disponibilizadas na internet
(www.kidney.org/professionals/KDOQI/gfr_calculator.cfm ou
h p://nkdep.nih.gov/professionals/gfr_calculators/index.htm).
A correção das deficiências de líquido e o fornecimento de adequada hidratação, em especial
aos pacientes de risco, antes do uso de exames com radiocontraste, são medidas úteis. A hidratação com
bicarbonato de sódio antes da administração do contraste e a N-ace lcisteína podem ser u lizadas para
minimizar a nefrotoxicidade induzida pelo contraste [ver Nefropa a induzida por contraste (NIC),
anteriormente]. Uma metanálise recente, ao avaliar a eficácia das intervenções preven vas na NIC,
constatou que a administração de N-ace lcisteína foi renoprotetora par cularmente em pacientes de alto
risco e, devido ao baixo custo, à disponibilidade e aos poucos efeitos colaterais, deveria ser u lizada
como agente profilá co.84 Os fármacos nefrotóxicos devem ser u lizados apenas se necessário. Quando
estes fármacos são usados, o paciente deve ser monitorado atentamente. O pré-tratamento com
alopurinol ou rasburicase antes da quimioterapia de tumores maciços resulta na diminuição da excreção
de ácido úrico e, em consequência, diminui o potencial de nefrotoxicidade.
Intervenção emergencial
A hipercalemia é uma complicação prejudicial à vida da LRA, que frequentemente requer
intervenção urgente [ver Hipercalemia, em Tratamento de complicações, adiante]. Os efeitos
eletromecânicos da hipercalemia sobre o coração são potencializados pela hipocalcemia, acidose e
hiponatremia. Assim, o eletrocardiograma (ECG), que mede a soma destes efeitos, é melhor como guia
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terapêu co do que a determinação dos níveis séricos de potássio. É preciso enfa zar que a hipercalemia
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cons tui a anormalidade bioquímica mais frequentemente responsável pela morte de pacientes com LRA.
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Em contraste, a acidose moderada costuma ser bem tolerada e geralmente dispensa o tratamento. Este
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pode ser necessário como terapia auxiliar no controle da hipercalemia ou se os níveis plasmá cos de
bicarbonato caírem para menos de 15 mEq/L.
Terapia de suporte
Os pacientes com LRA internados na UTI geralmente perdem cerca de 227 g/dia. As perdas de
peso adicionais podem ser minimizadas com o fornecimento adequado de calorias (1.800 a 2.500 kcal ou
35 kcal/kg/dia) e de aproximadamente 1 a 1,4 g/kg/dia de proteína. O uso de hiperalimentação com
dextrose a 50% e aminoácidos essenciais produz pouco efeito em termos de redução da mortalidade e
morbidade entre pacientes com LRA, exceto em casos de pacientes que também apresentam
queimaduras significa vas.
Diálise
As indicações para iniciação da diálise são: (1) hipercalemia severa, acidose que não é
facilmente controlada com tratamento médico, ou ambas; (2) sobrecarga de líquidos irresponsiva à
restrição de líquidos, diuré cos, ou ambos; e (3) sinais ou sintomas de uremia (p. ex., atrito por fricção
pericárdica, asterixis, alterações da condição mental não atribuíveis a outros distúrbios, ou convulsões).
Na ausência de qualquer uma destas indicações, a maioria dos nefrologistas defende o uso da diálise
quando os níveis de uréia chegam a 170 a 210 mg/dL, porque a meta da terapia moderna é evitar a
manifestação dos sintomas urêmicos. Sendo assim, o paciente é subme do à diálise com a frequência
necessária para manter os níveis de uréia abaixo de 170 mg/dL. Quando esta abordagem é adotada, a
maioria dos pacientes não desenvolve sintomas urêmicos, a dieta e a ingesta de líquidos podem ser
liberadas e o tratamento geral do paciente é mais simples. É essencial revisar cuidadosamente as
indicações de uso e as doses de todos os fármacos administrados aos pacientes com LRA. O
monitoramento das concentrações sanguíneas dos fármacos é importante como medida auxiliar para um
tratamento efe vo.
Tanto a terapia de reposição renal con nua (TRRC) como o tratamento intermitente podem ser
u lizados, sendo que a escolha final depende da condição hemodinâmica, da experiência do centro e da
presença/ausência de hipertensão intracraniana. Para pacientes com comprome mento hemodinâmico, a
diálise intermitente é inviável, e a hemodiálise ou hemofiltração representa a modalidade preferida. A
TRRC também é preferida para casos de pacientes com hipertensão intracraniana ou para aqueles que
apresentam risco de edema cerebral. A TRRC proporciona diversas vantagens, incluindo maior
estabilidade hemodinâmica, menor incidência de arritmias cardíacas, melhora da oxigenação, melhor
suporte nutricional e controle de líquidos e do metabolismo. Atualmente, não há consenso quanto ao
momento em que a intervenção com diálise deva ser iniciada, e as intervenções iniciais devem ser
baseadas em critérios clínicos e na condição do volume, em vez de apenas em parâmetros bioquímicos. A
diálise profilá ca não tem u lidade. Dois estudos recentes demonstraram que a intensidade ou a dose de
diálise em si não afetam a sobrevida geral nem os resultados alcançados em casos de LRA.85,86 A
maioria das modalidades con nuas usa protocolos de an coagulação regional à base de citrato,87,88
sendo necessário monitorar a toxicidade do citrato nos pacientes com insuficiência hepá ca
concomitante. As membranas de diálise de alto fluxo apresentam taxas de filtração maiores, são mais
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permissivas a “moléculas medianas” e removem melhor as citocinas, em comparação aos dialisadores de
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baixo fluxo.89 Entretanto, ainda é preciso determinar de modo conclusivo se a remoção de citocinas pela
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TRRC é benéfica para a melhora da sobrevida na LRA associada à sepse.
Em um paciente subme do a uma terapia apropriada com diálise precoce, muitas das
manifestações urêmicas associadas à LRA não se desenvolvem ou são mínimas. A infecção con nua
sendo a principal causa de morte, mesmo com a realização de uma diálise vigorosa. Sendo assim, a
manutenção assép ca me culosa dos cateteres e feridas, bem como a evitação do uso de cateteres
urinários internos são ações importantes no tratamento destes pacientes.
Dopamina
Tanto em estudos com animais como envolvendo seres humanos, o uso de baixas doses de
dopamina está associado ao aumento do fluxo sanguíneo renal e à natriurese em um contexto de
euvolemia e função renal normal. Contudo, não existem dados clínicos que sustentem o uso de dopamina
em doses baixas para conferir proteção ou melhorar a função renal de pacientes com LRA. Em vários
estudos amplos que compararam a dopamina a um placebo, constatou-se que ela não melhorou a
sobrevida nem aboliu a necessidade de diálise. Uma metanálise recente concluiu que a dopamina em
dose baixa promoveu aumentos transientes do débito urinário, mas não exerceu efeitos benéficos na
prevenção da LRA nem sobre os resultados alcançados.84
Tratamento de complicações
Sobrecarga de volume
A sobrecarga de volume é uma das primeiras manifestações da LRA causada pela retenção de
sal e água secundária à diminuição da TFG. Além disso, a sobrecarga de volume pode ser exacerbada
pelo fornecimento de líquidos endovenosos durante tenta vas agressivas de ressuscitação ou no
tratamento da oligúria. A sobrecarga de volume pode atrasar o diagnós co de LRA, caso as alterações
ocorridas nos níveis séricos de crea nina sejam u lizadas como principal “biomarcador” da lesão.
Quando não tratada, também exerce efeitos adversos sobre os resultados da LRA.90,91 Em consequência,
a condição do volume precisa ser avaliada diariamente em pacientes com LRA. Esta avaliação inclui a
avaliação do peso e a verificação das pressões centrais (quando possível), pressão arterial e frequência
cardíaca. O exame sico também é importante e deve ser dirigido especificamente para a detecção de
turgor da pele, edema periférico, edema pulmonar e 3º som cardíaco.
Os registros da ingesta diária de líquidos e do débito urinário do paciente devem ser revisados,
porém devem ser consideradas as perdas de líquido insensíveis e também a perda de peso resultante da
condição de catabolismo intenso. Um adulto normal perde cerca de 200 a 300 g/dia de peso corporal em
decorrência da a vidade catabólica. Em média, uma pessoa que pesa 70 kg sofre perdas insensíveis de
cerca de 850 a 1.000 mL/dia. Havendo febre, a perda de água insensível aumenta em aproximadamente
13% para cada grau Celsius acima do normal. A avaliação diária e a modificação da terapia com líquidos
são ações essenciais. A água é con nuamente gerada a par r de fontes endógenas, pela oxidação de
proteínas (41 mL/100 g), gorduras (107 mL/100 g) e carboidratos (55 mL/ 100 g). Os carboidratos
adequados ajudam a diminuir o metabolismo proteico, com uma pequena diminuição da geração de água.
A terapia mais ú l para os casos de sobrecarga de volume é o uso de um diuré co de alça. A
furosemida pode ser administrada por via endovenosa em forma de bolo ou por infusão con nua [Tabela
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9]. Quando ins tuída durante os estágios iniciais da LRA, esta intervenção, aliada à restrição de líquidos,
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pode ser bastante benéfica em termos de prevenção ou minimização da sobrecarga de volume. Os
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Hiponatremia
A hiponatremia é um problema comum entre pacientes com LRA associada a uma diminuição da
TFG e ao comprome mento da função tubular. Geralmente, este po de hiponatremia está associado à
hipervolemia. As fontes de ingesta de água excessiva incluem a administração de soluções hipotônicas,
como D5W, ou a ingesta de água livre por alimentação entérica ou parenteral.
As manifestações clínicas da hiponatremia são de natureza principalmente neurológica. Os
sintomas
Copyrightestão relacionados
2013 ao inchaço celular e podem incluir cefaleia, perturbações do
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comportamento, letargia, ataxia e convulsões. Os sintomas podem evoluir para coma, depressão
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respiratória e morte.
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Hipercalemia
A hipercalemia é comum em paciente com LRA. Entre os fatores causais estão a diminuição da
TFG, a baixa velocidade de fluxo urinário para o ducto coletor, dano tubular distal e condições
contaminantes que contribuam ou estejam associadas à LRA, tais como rabdomiólise, acidose e condição
hipercatabólica. Os IECA, diuré cos poupadores de potássio (p. ex., espironolactona, triamtereno) e AINH
também pode exercer algum papel.
Uma pequena parte do conteúdo corporal total de potássio – 1,5 a 2,5% ou cerca de 60 mEq – é
encontrada junto ao compar mento extracelular. O compar mento intracelular possui uma concentração
de potássio aproximada que é 38 vezes maior do que a concentração de potássio junto ao compar mento
extracelular. Por este mo vo, qualquer processo que leve à destruição celular pode contribuir para o
desenvolvimento de hipercalemia, especialmente em pacientes com LRA.
Os efeitos cardíacos da hipercalemia estão principalmente associados ao enfraquecimento da
magnitude do potencial de ação em resposta a um es mulo despolarizante. As alterações ECG
sequenciais observadas na hipercalemia são ondas T apiculadas, prolongamento do intervalo PR,
ampliação do complexo QRS e padrão de onda em sino [Figura 3; painel da esquerda]. Estes achados
exigem tratamento de emergência. As alterações ECG iniciais com ondas T apiculadas geralmente são
observadas primeiro nas derivações torácicas anteriores (V2-V5) [Figura 3; painel da direita]. Outros
sintomas consistentes com a hipercalemia são as parestesias, o enfraquecimento muscular e os reflexos
tendíneos profundos deprimidos, que podem progredir para paralisia flácida. A hipercalemia severa é
prejudicial à vida e deve ser considerada uma emergência médica.
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Figura 3. A progressão das alterações desde as ondas T apiculadas, intervalo PR prolongado até um
padrão de onda em sino (painel da esquerda). As alterações iniciais de ondas T apiculadas
geralmente são observadas nas derivações torácicas anteriores (painel da direita).
ECG = eletrocardiográficas.
Acidose
O rim exerce papel importante no equilíbrio ácido-base, via excreção de ácidos não voláteis e
pela reabsorção e regeneração de bicarbonato. Um indivíduo adulto produz 1 mEq/kg/dia de íons de
hidrogênio. Esta produção é extensamente influenciada pela ingesta dieté ca. Em pacientes com LRA, os
níveis séricos de bicarbonato diminuem em 1 a 2 mEq/dia e picamente se estabilizam em torno de 16 a
18 mEq/L. Uma queda mais severa pode ser precipitada por uma condição hipercatabólica, infecção,
nutrição inadequada e outras causas de acidose metabólica. Os pacientes com uropa a obstru va
(causas pós-renais) podem manifestar uma acidose tubular renal de po 4, com acidose marcante e
hipercalemia.
As manifestações clínicas da acidose estão parcialmente relacionadas com a rapidez com que a
acidose se desenvolve. Quando a acidose se desenvolve rapidamente, a tenta va do corpo de
compensação por meio da ven lação de dióxido de carbono pode resultar na respiração de Kussmaul, que
é caracterizada por uma inspiração profunda e frequência respiratória normal ou diminuída. Outras
consequências clínicas incluem as arritmias cardíacas, contra lidade miocárdica deprimida,
vasodilatação periférica, dor abdominal, náusea e vômitos, dor de cabeça e letargia, além de taxa
catabólica aumentada.
A acidose metabólica é definida por um pH arterial baixo aliado a níveis séricos de bicarbonato
também reduzidos. A acidose metabólica leve a moderada associada com pH acima de 7,2 pode ser
tratada com administração oral de bicarbonato de sódio. A acidose metabólica severa com pH igual ou
abaixo de 7,1 e associada à LRA deve ser tratada de forma mais agressiva, com administração de
bicarbonato de sódio por via endovenosa, terapia de reposição renal ou ambos. A TRRC é a abordagem
preferida para estes casos. Como a reposição de bicarbonato de sódio por via endovenosa impõe
numerosos riscos, os pacientes gravemente enfermos subme dos a este tratamento precisam ser
monitorados de perto. Caso seja necessário, o bicarbonato de sódio pode ser administrado como solução
isotônica, por meio da adição de 3 ampolas contendo bicarbonato de sódio (50 mEq/mL) a 1 L de D5W.
Esta solução é infundida a uma velocidade variável, porém lenta, dependendo da condição geral e da
condição do volume do paciente. É preciso atentar par cularmente às condições cardíaca, respiratória e
hemodinâmica. Os níveis séricos de eletrólitos, incluindo os níveis séricos de cálcio, devem ser
monitorados e corrigidos conforme a necessidade.
Logo no início da fase de recuperação da LRA, pode haver reduções modestas da TFG e da
capacidade de concentrar e acidificar a urina. Assim, os pacientes podem con nuar precisando de
suporte com líquidos endovenosos e bicarbonato por via oral ou endovenosa.
algum papel. As transfusões de produtos do sangue que foram armazenados em citrato e as infusões de
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bicarbonato de sódio podem contribuir para uma diminuição dos níveis séricos de cálcio. A
suplementação com cálcio deve ser realizada somente quando houver indicação clínica e sempre com
cautela.
A hipercalcemia é rara em pacientes com LRA e pode ser indica va da existência de outras
condições médicas subjacentes. Os distúrbios subjacentes mais frequentes são as malignidades, em
par cular o mieloma múl plo. A hipercalcemia ocorre em cerca de 30% dos pacientes durante a fase de
recuperação da rabdomiólise associada à LRA.
A hiperfosfatemia é comum em pacientes com LRA. A elevação dos níveis de fosfato resulta
principalmente de uma diminuição da excreção renal. A destruição tecidual e os deslocamentos do
espaço intracelular para o espaço extracelular em decorrência da acidose e do catabolismo podem atuar
como fatores contribuidores. Em pacientes que conseguem ingerir alimentos, a hiperfosfatemia deve ser
tratada com ligadores de fosfato. Estes agentes previnem a absorção do fósforo da dieta na circulação
sanguínea. Os ligadores de potássio incluem os sais de cálcio (carbonato de cálcio ou acetato de cálcio),
hidróxido de alumínio (que deve ser evitado), sevelamer (um polímero ca ônico que se liga ao fosfato por
troca iônica) e carbonato de lantânio. Se o produto (cálcio) x (fósforo) resultar alto (isto é, > 70), um
ligador que não seja à base de cálcio (p. ex., sevelamer) deve ser administrado para minimizar a
calcificação metastá ca em partes moles.
Anemia
Uma anemia normocrômica-normocí ca desenvolve-se em 65 a 95% dos pacientes com LRA.
Estes pacientes apresentam níveis séricos normais de ferro e medula óssea normal ou hipercelular. O
aumento da taxa de destruição das hemácias em consequência de uma maior fragilidade eritrocitária
pode exercer algum papel na diminuição inicial dos níveis de hemoglobina dos pacientes com LRA. A
causa mais importante da anemia associada à LRA é a produção inadequada de eritropoe na. Entretanto,
em pacientes gravemente doentes, uma diminuição da responsividade da eritropoe na também exerce
algum papel.
A perda de sangue pode contribuir para o desenvolvimento de anemia em pacientes com LRA.
Estes são mais propensos ao sangramento em decorrência da disfunção plaquetária secundária à uremia.
O estrogênio conjugado e a 1-desamino-8-D-arginina-vasopressina (DDAVP ou desmopressina) podem
ajudar a corrigir esta tendência ao sangramento. A DDAVP é administrada a uma dose de 0,3 mg/kg
infundida por via endovenosa, durante 20 a 30 minutos.
Como a anemia pode produzir complicações significa vas em pacientes gravemente doentes, os
níveis de hemoglobina podem ser man dos acima de 10 g/L. A eritropoe na tem sido cada vez mais
u lizada por estes pacientes na reversão da anemia e para minimizar a necessidade de transfusões de
sangue.
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