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INTERPRETAÇÃO de ANALISE Do SOLO

1 – C.O = Carbono orgânico do solo

O sistema plantio direto proporciona aumentos significativos nos teores de carbono e


nitrogênio do solo. Apesar de ser um sistema de proteção do solo, reduzindo as perdas
de camadas de terra pela erosão, não é utilizado por muitos agricultores que ainda
preferem o sistema convencional. O sistema convencional, como sabemos, usa o
preparo do solo através de aração e gradagem, revolvendo o solo e incorporando os
resíduos vegetais. Isto faz com que a
camada superficial do solo fique desprotegida, sujeita à erosão provocada pela água das
chuvas e pelo vento. O solo, sem esta proteção na sua superfície, sofre grandes perdas,
não só de terra, também de carbono (C) e nitrogênio (N). O carbono orgânico total
(COT) é a principal fonte de N e serve para determinar a qualidade do solo e tem uma
importancia muito grande na agricultura sustentável. As propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo são estimadas pela fração orgânica, determinada pelo carbono
orgânico total (COT). Em geral, a matéria orgânica do solo contém 58% de carbono (C).
A degradação do solo influi diretamente no teor de N, pois o COT é a principal fonte
deste nutriente. A adoção de práticas conservacionistas, rotação de culturas favorecem o
aumento e a recuperação da matéria orgânica do solo, pois a diminuição do
revolvimento do solo e os resíduos que cobrem a superfície do solo contribuem para
isto.
Lemainski et al estudaram o estoque de COT e nitrogênio total sob diferentes sistemas
de cultivo, em Maximiliano de Almeida/RS: plantio direto, plantio convencional,
cultivo mínimo, pastagem nativa e mata nativa. As áreas onde a cobertura vegetal foi
retirada constantemente, com a superfície do solo desprotegida, o estoque de COT
sofreu uma queda de 36% e o de nitrogênio total 33%, em relação ao estoque na mata.
Quando foi utilizado o sistema de cultivo mínimo, onde o revolvimento do solo é
menor e com o aporte de resíduos, a queda foi de 11% no COT e 14% no N total. No
sistema de plantio direto com rotação de culturas, os estoques de COT e de N total
ficaram próximos àqueles encontrados na mata nativa, com reduções de 7 e 10%,
respectivamente. Os solos da mata nativa tiveram uma redução de 14% no COT e 21%
de N total. Pelo que se observa, o manejo do solo é muito importante para aumentar o
COT e N total. O plantio direto com rotação de culturas, principalmente leguminosas, é
importante para provocar estes aumentos.
Rangel et al (2007) observaram grande aporte de carbono orgânico nas entrelinhas do
cafeeiro, quando foram depositados resíduos vegetais na forma de restos de capina,
restos da cultura e resíduos de recepa, comparado ao obtido na projeção da copa. O
mesmo foi observado em espécies florestais nativas e exóticas em virtude do depósito
natural de resíduos das plantas, ou seja, folhas, galhos, decomposição das raízes e outras
formas de resíduos. As árvores mais velhas, pela maior quantidade de celulose e lignina,
têm maior resistência à decomposição dos resíduos e contribuem para elevar os teores
de carbono orgânico do solo.
Um fator negativo é o revolvimento constante do solo. A matéria orgânica do solo é um
grande reservatório de nitrogênio, os constantes revolvimento e o mal manejo
ocasionam uma queda deste depósito e aumentam as emissões de CO2, causando
impacto no meio ambiente pela liberação de gases de efeito estufa.
Kunde, Roberta Jeskel et al chegaram à conclusão que os sistemas conservacionistas de
manejo do solo, através da adição de resíduos vegetais promovem a manutenção dos
teores de COT, sobretudo na camada superficial do solo.
Leite,L.F.C et al, estudando os estoques totais de carbono orgânico e seus
compartimentos em argissolo sob floresta e sob milho cultivado com adubação mineral
e orgânica (Rev. Bras. Ciência do Solo, vol. 27 nº 5 Viçosa, set/out/2003) chegaram às
seguintes conclusões: os estoques de carbono orgânico e de nitrogênio total diminuíram
após a mudança da Mata Atlântica para agricultura; a presença de adubação orgânica
aumentou os estoques de carbono orgânico e N total, em comparação aos sistemas de
produção com adubação mineral ou sem adubação; os estoques de carbono da fração
leve e do carbono lábil foram reduzidos com maior intensidade do que o COT,
principalmente nos sistemas de produção sem adubação orgânica; os sistemas de
produção com a utilização da adubação orgânica não apresentaram potencial para
sequestro de carbono e foram responsáveis pela maior emissão de CO2 para atmosfera.
Entretanto, a aplicação de composto orgânico constituiu uma forma efetiva de
reciclagem de nutrientes e retorno de carbono ao solo.

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