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ROMÉRO, Marcelo de A. ORNSTEIN, Sheila W.

Avaliação Pós-Ocupação: métodos


e técnicas aplicados à habitação social. ANTAC, Porto Alegre: 2003.

Dhow Mark de Melo1

1. CITAÇÕES RESPECTIVAS

“Especificamente, foram considerados nesta pesquisa não somente as unidades


habitacionais e seus edifícios, mas também sua circunvizinhança, a infraestrutura, os
serviços, a escola e as áreas livres do conjunto. ” (pag.13)

Adotaram-se basicamente os seguintes procedimentos: aplicação de


questionários aos usuários dos edifícios estudados, entrevistas com os técnicos
da companhia habitacional, mapas comportamentais (e de atividades)
aplicados às áreas livres, vistorias técnicas, medições in loco e grupos focais
para o caso das crianças da escola. (pag. 14)

Os estudos relativos ao Conforto Ambiental foram subdivididos em cinco


grandes áreas ou disciplinas com especificidades distintas, neste relatório
denominadas de “subáreas”, a saber: Iluminação Natural, Insolação, Conforto
Higrotérmico, Ventilação Natural e Acústica. (pag. 133)

A habitação popular e econômica é um grande desafio tanto para a arquitetura


como para a engenharia de custos. A necessidade de se obter o máximo de
eficiência com o mínimo de investimento de dinheiro, tempo e espaço tem
servido ao longo do tempo como a justificativa mais utilizada para a adoção de
soluções de projeto e construtivas que vão atender apenas minimamente às
necessidades e expectativas de seus moradores. Assim, para o “popular” e
“econômico” se destinam quase que exclusivamente especificações de
espaços, materiais e componentes de mais baixo desempenho, não
considerando nesta análise problemas com o uso, manutenção e substituição
precoce de seus elementos. (pag. 198)

1
Graduando do 4º período do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniAGES.
1. TEXTO CRÍTICO

A avaliação pós-ocupação (APO) é uma ferramenta de diagnóstico e sistema que


permite que os gestores de instalações possam identificar e avaliar aspectos críticos do
desempenho do edifício sistematicamente. Este sistema foi aplicado para identificar áreas
problemáticas em edifícios existentes, para testar novos protótipos de construção e para
desenvolver orientações projeto e os critérios para futuras instalações. São s inúmeros
benefícios da APO, incluindo uma melhor utilização do espaço, bem como as economias
de custo e tempo. Descreve um quadro de técnicas e coleta de dados de avaliação.

Em seu livro Marcelo Roméro e Sheila Ornstein, dizem que a avaliação apresenta
como princípio o fato de que os edifícios e os espaços livres em uso, independentemente
de sua função, devem estar sujeitos a permanente avaliação. Trabalhar essa avaliação pós-
obra é fundamental, quer seja para garantir a melhoria contínua do resultado, quer seja
para atender a normas técnicas.

Quando bem realizada, a APO pode gerar diagnósticos para fundamentar


recomendações e intervenções no edifício, além de fornecer informações importantes
para respaldar projetos similares no futuro. Em países como Estados Unidos, França,
Inglaterra e Japão, esse tipo de avaliação é entendido como instrumento de realimentação
do processo de desenvolvimento de projetos há pelo menos quatro décadas.

Já no Brasil, a APO vem sendo incorporada gradativamente nas práticas de


construtoras, gerentes de facilidades e escritórios de arquitetura, sobretudo após a
promulgação do Código de Defesa do Consumidor no início da década de 1990 e, mais
recentemente, com a entrada em vigor da ABNT NBR 15.575 - Edificações residenciais
– Desempenho.

Para averiguar os problemas existentes nos edifícios, a avaliação pós-ocupação se


apoia em análises técnicas e comportamentais. Qualquer ambiente construído,
independentemente da complexidade ou escala, é passível de avaliação. No entanto, na
maioria das vezes, a APO só é adotada em projetos de média e alta complexidade, como
hospitais, escolas, aeroportos e indústrias, além de conjuntos residenciais com elevado
grau de repetição e também interiores corporativos.
Um instrumento importante em uma análise é o as built. Trata-se de uma
ferramenta de verificação das condições atuais do edifício e sua relação com o projeto
original. O as built serve para detectar possíveis mudanças realizadas durante a execução
da obra ou mesmo pelos próprios usuários e costuma ser aplicado a partir de vistorias
realizadas em todo o edifício, tendo como base plantas e cortes extraídos do projeto
original.

As entrevistas com usuários trazem opiniões a respeito do nível de satisfação com


o projeto arquitetônico, em geral utilizando um questionário com perguntas objetivas,
cujas respostas devem variar entre diferentes níveis qualitativos (por exemplo, ótimo,
bom, regular, péssimo e precário). "Como você avalia o espaço em relação à entrada de
ruídos externos?" ou "Como você avalia o ambiente quanto à iluminação natural?" são
algumas das perguntas indispensáveis nesse tipo de questionário.

Em situações específicas, a avaliação pode exigir adaptar a forma de obter


informações do usuário. Isso acontece muito em hospitais e em escolas de educação
infantil, onde, em vez de utilizar uma escala numérica ou de valores, uma estratégia válida
é solicitar aos entrevistados manifestarem suas opiniões por meio de desenhos.

Em obras de pequeno porte, como residências, as avaliações pós-ocupação podem


ser simplificadas e envolver um questionário simples, realizado com todos os usuários ou
com uma amostragem pré-definida. Já nas de grande porte, com múltiplos usuários, a
APO pode exigir a adoção de metodologias de diagnóstico mais sofisticadas e a
contratação de técnicos especializados (para avaliar a estrutura, por exemplo). O trabalho
normalmente demanda a realização de testes e cálculos com o uso de equipamentos como
luxímetros para medição das condições lumínicas e decibelímetros para medição de
níveis de pressão sonora.

Em geral, a APO é indicada sempre que há uma mudança drástica de uso ou uma
reforma. Fazer a avaliação é benéfico não só para a saúde da obra, mas também ao próprio
projetista, pois ela é a oportunidade para observar como cada material e sistema
especificado se comportou, até mesmo para redefinir seu aproveitamento em outros
projetos.

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