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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

DISCIPLINA DE LIBRAS I
Prof: MÁRCIO FRIEDRICH

Nome: Ana Claudia Araujo de Almeida (69123)

Resumo Artigo: “Orgulho de ser surdo”

O artigo refere-se a um relato realizado por Leland Emerson McCleary no


Encontro Paulista entre intérpretes e Surdos, realizado em São Paulo. A explanação de
McCleary tinha como objetivo esclarecer o seguinte tema: "a crença que surdos norte-
americanos têm na sua língua e na sua cultura" ou mais precisamente “por que os
surdos norte-americanos creem na sua língua e na sua cultura, e os brasileiros não? ”
A resposta dessa pergunta não está ligada a questões de superioridade de
língua ou cultura dos surdos norte-americanos frente aos brasileiros, mas sim
relacionado ao orgulho dos mesmos perante a sua condição, isto é, sentem orgulho de
ser surdo. Na comunidade surda não existe diferença entre “ter orgulho da sua língua”
e “ter orgulho de ser surdo”, ou seja, as duas expressões andam juntas. Para alguns
ouvintes, o fato de alguém “ter orgulho de usar a língua de sinais dos surdos” não
significa “ter orgulho de ser surdo”, por acreditarem que ninguém pode ser feliz por viver
com essa “deficiência”.
É por esse motivo que alguém demostrar seu orgulho de ser surdo é um ato
político, pois consegue balançar o mundo do ouvinte e abrir espaços para a mudança.
O orgulho por ser surdo deve ser um ato de afirmação pessoal, um ato de autoestima
para ser capaz de lidar com todo tipo de preconceito proveniente do ouvinte. Além disso,
o orgulho saudável não é aquele vindo de apenas uma única pessoa, pois é um valor
social que deve ser compartilhado com uma comunidade. É um ato realizado por um
grupo de pessoas para mudar suas relações com o mundo em sua volta, redefinindo o
significado de ser surdo.
Em relação ao motivo de alguns surdos brasileiros ainda não apresentarem esse
“orgulho” e os norte-americanos sim, pode-se afirmar que os norte-americanos
aprenderam com outros grupos minoritários e marginalizados que já tinham feito sua
luta política pelo reconhecimento e a autoestima anteriormente. A partir da Segunda
Guerra Mundial ocorreram várias mudanças nos Estados Unidos e permaneceram até
a década de 90. Antes dos surdos, vários outros grupos marginalizados fizeram suas
lutas pela dignidade humana e pela garantia dos seus diretos como cidadãos. Primeiro
foram os negros norte-americanos, depois as mulheres, depois os hispânicos e os gays,
e depois os surdos. Ou seja, os surdos puderam aprender com a história.
Tanto para negros e gays foi necessário alguém tomar um ato de autoestima
para que fossem reconhecidos e que os movimentos “Orgulho Negro” e “Orgulho Gay”
começarem a ser respeitados. Com os surdos norte-americanos o evento que
desencadeou o movimento político foi a luta por um presidente surdo, na Universidade
Gallaudet, que fechou a universidade durante uma semana em 1988.
A luta pelos direitos civis dos surdos, usuários de língua de sinais, ainda está no
começo, mas o importante é que a comunidade surda tem agora uma nova arma: a
autoestima, incentivada pelo conceito do “orgulho de ser surdo”. Ter orgulho de ser
negro” (ou gay ou surdo) não significa excluir quem não é negro ou gay ou surdo, é um
conjunto de estratégias para que mudanças possam acontecer. O objetivo é redefinir o
que significa ser negro, ou gay, ou surdo, para que todos possam ter orgulho de viver
numa sociedade em que todos possam ser o que são e aprender uns com os outros.

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