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As pesquisas de Aguiar, 2017; Ajagunna, 2016; Alencar, 2012 não tratam como tema

principal de pesquisa o entrincheiramento na carreira, no entanto, o construto é apresentado


como conceito para integrar parte de pesquisa.
Alencar, 2012 trata sobre vínculos com a carreira investigando como sujeitos
comprometidos vocacionalmente constroem suas carreiras atualmente, para tanto, utiliza de
conceito de entrincheiramento em relação ao comprometimento.
Alencar (2012) cita que recentes pesquisas no Brasil tratam de comprometimento e
entrincheiramento como dois construtos relevantes e estudados por Rowe e Bastos (2007,
2008) e Rowe, Bastos e Pinho (2010). Para Rowe e Bastos (2008) o entrincheiramento está
relacionado a algumas avaliações que o individuo faz em relação a seu trabalho/ carreira,
observando dimensões psicológicas, mas também fatores extrínsecos de recompensa social e
econômica no trabalho. Sob o enfoque de Rowe, Bastos e Pinho (2010) são exploradas as
relações entre entrincheiramento e satisfação com a carreira, considerando que o individuo
entrincheirado pode estar satisfeito ou insatisfeito com a carreira.
Aguiar (2017) contextualiza o seu trabalho sob o enfoque de entrincheiramento
organizacional proposto por Rodrigues (2009, 2011) que emerge do conceito no âmbito da
carreira. No entanto, antes realiza uma análise do histórico do conceito de entrincheiramento.
Aguiar (2017) descreve o enfoque de Blau (2001) que sugere a mudança da
dimensionalidade do construto para um modelo bidimensional – com custos emocionais e
investimentos na carreira sendo um mesmo fator. O autor argumenta que o seu modelo
bifatorial teve melhor representação para o entrincheiramento.
Aguiar, 2017; Ajagunna, 2016 tratam da sobreposição de conceitos entre
entrincheiramento, proposta por Blau (2001), e comprometimento de continuação que se
destaca pela base teórica de side bets utilizada de Becker (1960) além da estrutura fatorial do
construto de comprometimento: poucas alternativas de emprego e altos sacrifícios pessoais.
Aguiar (2017) destaca que Scheible, Bastos e Rodrigues (2007) propuseram transportar
a base de comprometimento de continuação para o entrincheiramento, considerando que
esta base já estava sendo questionada por outros autores. Assim, Rodrigues (2009) transporta
o conceito do entrincheiramento da carreira para estudar a relação do individuo com a
organização, o entrincheiramento organizacional.
Desta forma, os autores Aguiar, 2017; Ajagunna, 2016; Alencar, 2012, consideram o
conceito de entrincheiramento tridimensional na carreira de Carson, Carson e Bedeian (1995)
como sendo tendência do individuo de permanecer em sua profissão devido a investimentos
feitos na carreira, aos custos emocionais de mudança e percepção de limitação de alternativas
para mudar. Alencar (2012) cita o estudo de Baiocchi e Magalhães (2004) que também utilizou
a escala de Carson et al. (1995) para aprofundar a relação entre comprometimento de
carreira, entrincheiramento de carreira e motivação vital.
Alencar destaca alguns conceitos de entrincheiramento, conforme quadro xxxx.
Quadro xxx – Conceitos de entrincheiramento na carreira
Entrincheiramento
Consiste na persistência na mesma linha de ação profissional por falta de opções de
carreira, pela sensação de perda dos investimentos já realizados, ou pela percepção de uma
consequência emocional muito alta em caso de mudança de carreira. (ROWE; BASTOS;
PINHO, 2010).

O individuo entrincheirado encontra-se numa postura estática e defensiva, como sugere o


significado da palavra (BAIOCCHI; MAGALHÃ ES, 2004).

Ligação do indivíduo com a carreira, em função dos investimentos já feitos, bem como dos
preços emocionais a serem pagos em caso de mudança, e à falta de caminhos profissionais
alternativos (CARSON, 1995).

O entrincheiramento na carreira como uma imobilidade resultante de substancial


investimento econômico e psicológico em uma carreira, o que torna difícil uma mudança
(CARSON, 1996).

Processo de estagnação da carreira no qual o sujeito não apresenta aspectos de


adaptabilidade ou motivação para encontrar alternativas de desenvolvimento profissional
(CARSON; CARSON; BEDEIAN, 1995).
Fonte: Adaptado de Alencar (2012)

TIPO DE ESTUDO
Aguiar (2017) Para os estudos foram utilizados analises descritivas para caracterização
de clusters. Ajagunna (2016) realizou primeiro estudo (teórico) realizou uma análise sistêmica
para referenciar a produção científica, enquanto os dois últimos estudos utilizaram uma
metodologia qualitativa com abordagem das histórias de vida através da técnica de entrevista
biográfica. Realizada análise de conteúdo com auxilio do software ATLAS.ti.
Alencar utiliza uma abordagem qualitativa e quantitativa dos dados com a aplicação
da escala de comprometimento e entrincheiramento na amostra constituída por 34 sujeitos.
Realização de entrevistas individuais e semi-estruturadas, análise de conteúdo, análise de
estatística descritiva para o construto de comprometimento com a carreira. Estudo em
docentes do ensino superior.
LACUNA
Aguiar (2017) sugere como lacuna de estudos a necessidade de estudos para investigar
antecedentes e consequentes dos comprometimento e entrincheiramento organizacional.
Ajagunna (2016) propõe para futuras pesquisas abordar de forma mais profunda as
diferentes formas de impacto do comprometimento com a carreira visando analisar o conflito
de trabalho criativo e vida pessoal, criação de parcerias e relacionamentos e carreiras além da
organização. Cabe replicar o estudo com carreiras tradicionais para verificar o surgimento de
antecedentes e consequentes do comprometimento. Indica realizar outras pesquisas
qualitativas e outras categorias profissionais.
Alencar (2012) propõe como pesquisa futura a identificação de que se indivíduos
comprometidos por vocação teriam mais investimento em resultados na sua área de atuação
e quais as relações entre comprometimento vocacional com a carreira e desempenho.

CONCLUSÕES
Aguiar (2017) concluiu com seu estudo que variáveis que não estejam ligadas ao
contexto organizacional também impactam na determinação de atitudes e comportamento
no ambiente de trabalho. Evidencia também a importância de estudos de práticas de gestão
que considerem as relações do trabalhador fora da organização.
Ajagunna (2016) apesar de tratar de um ramo especifico de indústria, trata dos
consequentes do comprometimento com a carreira, tratando entre eles o entrincheiramento
da carreira. Apesar de ter encontrado pouca bibliografia referente ao tema, que pode ter
limitado sua pesquisa, entende que foram encontrados consequentes valiosos, sendo na sua
maioria positivos do que negativos.
Alencar (2012) constatou que os sujeitos comprometidos vocacionalmente receberam
referenciais do modelo de carreira através das figuras parentais com as quais se identificaram.
Uma das dimensões mais relevantes encontradas nos sujeitos desta pesquisa refere-se à
gestão da carreira: são autodirigidos e suas decisões são norteadas pelo autoconceito
vocacional, que lhes dá um sentido claro e significativo de orientação para a vida do trabalho.
CONCEITOS:
Para Blau (2003 apud Ajagunna, 2016) estar entrincheirado significa permanecer em
uma mesma carreira por falta de opções concretar ou ideias de mudança, para não por em
risco o que foi conseguido até o momento na sua carreira.
Alencar (2012, p.11) destaca que as “novas profissões, carreiras, relações de trabalho
e dinâmicas socioeconômicas permeiam o mundo do trabalho”. “A diminuição de
oportunidades de emprego, o surgimento de novas profissões e a velocidade das mudanças
sentidas na vida cotidiana intensificaram as preocupações sobre as escolhas e o futuro das
carreiras. “

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