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Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Rachel Herdy


Disciplina: Filosofia Geral
Tópico de Aula: Argumentos Dedutivos

1. O que é um argumento?
Para os estudiosos da Lógica
– o argumento é uma série de razões apresentadas para dar suporte a uma
proposição.
– É uma sequência de duas ou mais proposições, sendo uma delas conclusão
das demais.
Para os estudiosos do Direito
– Argumentar é uma prática de justificação de uma decisão judicial por meio
da apresentação de razões.
– Argumentos podem ser (MacCormick):
• Teóricos – argumentam a favor da verdade/falsidade de uma estado
de coisas (proposição descritiva ou ôntica)
– Premissa fática
• Práticos – argumentam a favor da correção/incorreção de um curso
de ação (proposição normativa ou deôntica)
– Premissa normativa

2. Analisando o argumento
Todo argumento é composto de:
– 2 ou mais Premissas
– 1 Conclusão
– Elemento básico: proposição
– Proposição é uma sentença com valor de verdade.
– A proposição é composta de:
• Palavras específicas quanto ao tópico: Justiça, liberdade, mulher,
brasileiro
• Palavras neutras quanto ao tópico: não, e, ou, se, então, todos,
alguns (constantes lógicas)
Importante!
– Proposições são verdadeiras/falsas.
– Argumentos são válidos/inválidos.

3. Validade
Validade é um termo técnico de lógica dedutiva. O contrário de “válido” é
“inválido”.
Tem a ver com a conexão lógica entre as premissas e a conclusão; não com a
verdade.
Definição de Argumento Válido:
– é logicamente impossível que a conclusão seja falsa quando as premissas
são verdadeiras.

4. Avaliando argumentos…
Há três tipos de avaliação possíveis (em Haack, 2002):
– Lógica: há uma conexão apropriada entre premissa e conclusão?
– Material: as premissas e a conclusão são verdadeiras?
– Retórica: o argumento é persuasivo, atraente, interessante para a audiência?
Para criticar um argumento...
– Desafiando as premissas – mostrar que ao menos uma delas é falsa.
• Tarefa do historiador, sociólogo...
– Desafiando o raciocínio – mostrar que as premissas não são boas razões
para a conclusão.
• Tarefa do lógico.

5. Avaliação lógica
Um argumento pode ser:
– Dedutivamente válido
– Dedutivamente inválido, mas indutivamente forte
– Dedutivamente inválido e indutivamente fraco
Padrões dedutivos são mais exigentes: a conexão entre Ps e C deve ser necessária
Argumentos válidos podem conter:
– (a) premissas verdadeiras e conclusão verdadeira
– (b) premissas falsas e conclusão falsa
– (c) premissas falsas e conclusão verdadeira

6. Argumentos válidos - exemplos


Exemplo (a)
Justiça é imparcialidade.
Imparcialidade é distribuir recompensas de acordo com o mérito e penalidades de
acordo com a culpa.
Justiça é distribuir recompensas de acordo com o mérito e penalidades de acordo
com a culpa.
Exemplo (b)
Justiça é aquilo que os fortes desejam.
Aquilo que os fortes desejam é aquilo que é bom para os fortes.
Justiça é aquilo que é bom para os fortes.
Exemplo (c)
Justiça é aquilo que os fortes desejam.
Aquilo que os fortes desejam é distribuir recompensas….
Justiça é distribuir recompensas de acordo com o mérito e penalidades de acordo
com a culpa.
Argumentos sólidos (sound)
• As premissas são verdadeiras.
• O argumento é válido.
– Logo, validade e verdade são importantes para caracterizar um
argumento como sólido.
Em suma... quando o argumento é válido,
• A conclusão segue da premissa.
• Se as premissas são verdadeiras, a conclusão será verdadeira.
• A conclusão está contida na premissa, são explicativos e não-ampliativos.
• Preserva-se o valor de verdade.
• Não há risco (diferente dos argumentos não-dedutivos)
7. Modos
modus ponens
Se p, então q
p
____
q

Modus tollens
(prova indireta)
Se A, então B.
Não B.
Logo, não A.

Silogismo hipotético
Se A, então B.
Se B, então C.
Logo, se A, então C.

Silogismo disjuntivo
Ou A ou B.
Não A.
Logo, B.

Argumentos inválidos
• A conclusão não segue necessariamente da premissa
• Mesmo assim, o argumento ainda pode ser forte por outros critérios

Exemplo
P1: Se o aluno estivesse colando (antecedente), ele ficaria nervoso com a proximidade da
professora (consequente).
P2: O aluno ficou nervoso com a proximidade da professora.
C: Logo, o aluno estava colando.

Este argumento comete uma falácia: AFIRMAÇÃO DO CONSEQUENTE.

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