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A palavra judiciário está ligada à expressão latina juris+dictio, que significa dizer o
direito, ou seja, interpretar as leis para solucionar os casos que lhe são trazidos. Por meio
de seus juízes e tribunais, o judiciário media as disputas entre as pessoas e decide quem
tem ou não direito a alguma coisa, quem deve cumprir uma obrigação ou se uma pessoa
é culpada ou inocente.
Para facilitar o trabalho dos juízes e o andamento dos processos, o judiciário tem divisões que
organizam o seu funcionamento:
• Divisão de Competências
• Justiça Estadual (Civil e Penal) [Comum]: busca solucionar conflitos que possam
surgir entre pessoas, empresas, instituições e impõe penas àqueles que cometem algum
crime;
• Justiça Federal [Comum]: julga casos que forem de interesse da União, das
autarquias ou das empresas públicas;
• Justiça do Trabalho [Especializada]: busca resolver conflitos entre trabalhadores e
empregadores;
• Justiça Eleitoral [Especializada]: existe para garantir que o processo eleitoral seja
honesto;
• Justiça Militar [Especializada]: processa e julga os crimes militares.
• Divisão Hierárquica
O país possui ainda um último Tribunal, considerado a mais alta instância do Judiciário
brasileiro, o Supremo Tribunal Federal - STF. A função deste órgão é proteger nossa
Constituição Federal, garantindo que ela não seja desrespeitada por novas leis nacionais
ou estaduais, além de ser responsável por julgar os políticos de atuação federal, como o
presidente, os senadores e os deputados federais.
Justiça Estadual
A Justiça Estadual reúne a maior parte dos casos que chegam ao judiciário, já que ela é
a responsável pelas questões mais comuns, tanto na área civil (bens e questões de
família), quanto na área criminal. Cada estado tem o poder de organizar da forma que
achar mais conveniente a estrutura de seu poder judiciário.
A Justiça Estadual, integrante da Justiça comum (junto com a Justiça Federal), é
responsável por julgar matérias que não sejam da competência dos demais segmentos do
Judiciário – Federal, do Trabalho, Eleitoral e Militar. Ou seja, sua competência é residual.
Os Juizados Especiais Cíveis servem para conciliar, julgar e executar causas de menor
complexidade, que não exceda 40 salários mínimos, tais como: ações de despejo para
uso próprio; possessórias sobre bens imóveis; de arrendamento rural e de parceria
agrícola; de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; de
ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; de ressarcimento por danos
causados em acidentes de veículos, ressalvados os casos de processo de execução; de
cobrança de seguro, relativo aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os
casos de processo de execução; de cobrança de honorários dos profissionais liberais,
salvo o disposto em legislação especial.
Justiça Civil
Decide conflitos relacionados a nossos bens (compra e venda de casas, terrenos,
carros, eletrodomésticos; créditos e débitos de transações comerciais e indenizações),
além de questões de família (casamento, divórcio, guarda e adoção de filhos, herança
etc).
Causas cíveis de menor complexidade como, batidas de carro, cobranças, serviços mal
prestados, compra de um produto que não foi entregue, produto com defeito que já foi
pago, entre outros, podem ser encaminhadas aos Juizados Especiais Cíveis. Nos
Juizados Especiais Cíveis o atendimento é mais rápido e os serviços são gratuitos. Mas
atenção: para utilizar o Juizado Especial é preciso que a pessoa seja capaz, maior de 18
anos e o valor do prejuízo não ultrapasse 40 salários mínimos. Empresas não podem
encaminhar casos aos Juizados Especiais.
Justiça Criminal
Processa e julga as pessoas que cometem crimes. Contudo, para que um ato seja
considerado crime, não basta ser imoral, ilícito ou injusto, é preciso que a lei o caracterize
como crime.
Causas criminais menos graves, que envolvem crimes com penas menores de 1 ano de
prisão, podem ser julgadas pelos Juizados Especiais Criminais (JECrim). Este juizado tem
como característica maior rapidez e processos mais simples e descomplicados, que em
geral têm como objetivo levar à conciliação, reparação dos danos causados ou à
aplicação de penas que não sejam de prisão.
Crimes graves como roubos, agressões físicas e tráfico de drogas são julgados
diretamente pelos juízes das Varas Criminais.
Casos gravíssimos, como os crimes dolosos (intencionais) contra a vida, como, por
exemplo, matar ou tentar matar alguém, são julgados nos Tribunais de Júri. Nestes
Tribunais, o julgamento não é feito somente pelo juiz, mas também por um júri popular. O
júri popular é composto por cidadãos comuns, maiores de 21 anos, sem distinção de
sexo, profissão, renda ou escolaridade e que não tenham pendências com a lei. É o Júri
que decide se uma pessoa que cometeu um crime gravíssimo é culpada ou inocente e,
cabe ao juiz, decidir qual é a pena em caso de culpa.
1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes ou pelo Júri (nos crimes
intencionais contra a vida) que julgam um caso e tomam uma decisão, chamada de
sentença. Quando uma das partes do processo (acusador ou acusado) não concorda com
a sentença, pode entrar com um recurso para que o caso seja analisado em segunda
instância.
2ª. A segunda instância é representada pelo Tribunal de Justiça - TJ, é lá que atuam
os desembargadores (como são chamados os juízes de segunda instância na Justiça
Estadual). Neste estágio, o caso não é mais analisado por uma só pessoa (o juiz), mas
por um colegiado de pelo menos 3 desembargadores e a decisão, que pode modificar ou
manter a sentença, é chamada de Acórdão (indicando que os desembargadores entram
em um acordo, devem concordar).
Justiça Federal
A Justiça Federal é a responsável pelas ações que envolvem o Estado Brasileiro, seja
diretamente, seja por meio de suas autarquias, fundações e empresas públicas. A Justiça
Federal atua ainda em casos que envolvem estados ou organizações estrangeiras,
estrangeiros em situação irregular no país, desrespeito a tratados internacionais, crimes
contra o sistema financeiro, crimes cometidos a bordo de aeronaves ou navios e disputas
sobre direitos indígenas. Atualmente está em discussão o deslocamento dos crimes
contra os Direitos Humanos para a Justiça Federal.
Organização
1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes Federais que atuam nas Varas
Federais. Quando uma das partes do processo não concorda com a decisão tomada
nesta instância, entra com um recurso que envia o caso para uma segunda instância.
2ª. A segunda instância é representada pelos Juízes Federais que atuam nos Tribunais
Regionais Federais - TRF.
Quando um caso já passou pelas duas instâncias e uma das partes acredita que a lei foi
interpretada de maneira errada na Justiça Federal, o caso pode ser enviado para análise
pelos Ministros do Superior Tribunal de Justiça - STJ, em Brasília. O STJ tem a função de
fazer com que todos os juízes entendam e apliquem as leis da mesma maneira.
• Divisão espacial
Varas federais: é o local onde atuam os juízes federais titulares e substitutos, as varas
federais podem ficar instaladas em capitais ou no interior.
Justiça Eleitoral
A Justiça Eleitoral, prevista nos arts. 118/121, é formada pelo Tribunal Superior
Eleitoral, pelos Tribunais Regionais Federais, pelos juízes eleitorais e pelas juntas
eleitorais.
O Tribunal Superior Eleitoral é composto por no mínimo 07 membros, escolhidos
(mediante eleição secreta) dentre 03 juízes entre os Ministros do Supremo Tribunal
Federal e 02 juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. Os outros dois
membros são escolhidos pelo Presidente da República dentre advogados notável saber
jurídico e idoneidade moral.
Organização
1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes Eleitorais que atuam nas
Varas Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais, comissão formada pelo Juiz Eleitoral e
por outros dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade (constituídas em época
de votação para apurar a eleição).
2ª. A segunda instância é formada pelos Tribunais Regionais Eleitorais - TRE,
situados nas capitais dos Estados e no Distrito Federal.
A mais alta instância da Justiça Eleitoral é o Tribunal Superior Eleitoral - TSE, órgão no
qual atuam os Ministros e que é responsável por fazer com que o Código Eleitoral seja
respeitado e executado de maneira adequada.
A Justiça Eleitoral é formada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelos Tribunais
Regionais Eleitorais (TRE), pelos Juízes Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais.
Juízes Eleitorais
Os Tribunais Regionais Eleitorais são responsáveis por nomear os juízes eleitorais. Eles
são escolhidos dentre juízes de direito vindos da magistratura estadual. Ao serem
nomeados para a jurisdição eleitoral passam a exercer as duas funções. Cada juiz é
responsável por uma zona eleitoral.
Juntas Eleitorais
As Juntas Eleitorais são formadas por um juiz de direito, que é seu presidente, e por dois
ou quatro membros cidadãos de notória idoneidade. Elas servem para apurar as eleições
e diplomar os eleitos.
✓ Importante: A Justiça Eleitoral tem que ser o mais honesta, clara e imparcial
possível. Seus representantes não podem estar compactuados com partidos ou
candidatos.
O Juizado Especial Civil (JEC), antes conhecido como Juizado de Pequenas Causas, é
a parte do Poder Judiciário que julga ações em que o valor envolvido deve ser no máximo
de 40 salários mínimos. A principal função dos Juizados Especiais Civis é simplificar o
andamento das causas de menor complexidade e, por isso, costuma ser mais rápido que
a Justiça Comum, além de oferecer os serviços gratuitamente.
Como funciona
Nos Juizados Especiais Civis, após alguém fazer uma reclamação, é marcada uma
audiência de conciliação com um mediador que procura estabelecer um acordo entre os
envolvidos no conflito. Quando isso não acontece, o processo passa para as mãos de um
juiz que ouve as partes e decide quem tem razão. Aquele que perde pode recorrer
ao Tribunal, já que só é possível um único recurso nos Juizados Especiais Civis.
Para causas de até 20 salários mínimos não é necessário advogado. Basta ir ao Juizado
Especial mais próximo e dar entrada na ação, que pode ser feita por escrito ou oralmente.
Você deve ainda anexar ao seu pedido todos os documentos que comprovem sua
reclamação (receitas, exames, prontuário médico, notas fiscais, orçamentos, contratos,
etc) e, se houver testemunhas, é importante apresentar o nome completo e endereço. Se
no dia da audiência com o juiz a pessoa ou estabelecimento contra quem você entrou
com a ação na Justiça estiver acompanhado de um, você terá direito à assistência de um
advogado do Estado (procurador) que atua no próprio Juizado Especial.
Uma pessoa que se sentiu lesada por alguma razão em casos que envolvam até 20
salários mínimos, pode entrar com uma ação nos Juizados Especiais Cíveis (JEC) sem
precisar de um advogado. Os JECs funcionam da seguinte forma:
O reclamante ou autor da ação, deve juntar todos os documentos que comprovem o que
ocorreu e ir até o Juizado Especial Cível mais próximo, onde fará a reclamação, que
pode ser feita por escrito ou oralmente (neste caso será anotado por um funcionário do
tribunal). Para conseguir prosseguir com a ação, além das suas informações, o
reclamante precisa ter também informações sobre a pessoa ou empresa reclamada
(chamado de réu), como nome e endereço, para que o juizado consiga convoca-lo.
No julgamento podem comparecer até 3 testemunhas de cada parte. Elas serão ouvidas
pelo juiz, que também analisará as provas e determinará qual a sentença.
Obs: Se no dia da audiência de conciliação, aquele que entrou com a reclamação não
comparecer, ela será arquivada. Se o reclamado não comparecer na audiência de
conciliação, o juiz julgará o caso sem ouvir o reclamado.
Quando uma das partes não concorda com a decisão do juiz, pode entrar com recurso,
mas para isso é preciso ter um advogado ou procurar a Defensoria Pública.
Atenção:
Ação judicial contra o Poder Público (município, estado e União) não pode ser proposta
neste Juizado.
Podem utilizar o Juizado Especial Civil qualquer pessoa capaz, maior de 18 anos e com
ações que não ultrapassem o valor de 40 salários mínimos.
Justiça do Trabalho
A composição do TST deve conter um 1/5 de membros entre advogados com mais de
10 anos de efetividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de 10 anos de efetivo exercício. Os demais membros devem ser indicados através
de promoção entre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho oriundos da Magistratura.
Organização
1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes Trabalhistas que atuam nas
Varas do Trabalho. Quando uma das partes do processo não concorda com a decisão
tomada nesta instância, entra com um recurso que envia o caso para uma segunda
instância.
2ª. A segunda instância é representada pelos Desembargadores Federais que atuam
nos Tribunais Regionais do Trabalho.
Quando um caso já passou pelas duas instâncias e uma das partes acredita que a lei foi
interpretada de maneira errada na Justiça do Trabalho, o caso pode ser enviado para
análise pelos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho - TST, em Brasília. O TST tem a
função de fazer com que todos os juízes entendam e apliquem as leis trabalhistas da
mesma maneira.
Justiça Militar
A Justiça Militar é responsável pela aplicação da lei à categoria dos militares federais e
estaduais, de acordo com a legislação específica. A Justiça Militar, prevista na
Constituição Federal nos arts. 122/124, é composta pelo Superior Tribunal Militar, pelos
Tribunais Militares Estaduais e pelos juízes militares.
Justiça Militar da União: é especializada na aplicação da lei aos dos militares federais
como do Exército, da Marinha, e da Aeronáutica, julgando os crimes e infrações militares
definidos em lei.
Organização
1ª. A primeira instância da Justiça Militar (tanto federal quanto estadual – no caso de
São Paulo) denomina-se Conselho de Justiça, atua na Auditoria Militar e é formado por
um juiz auditor (civil) e quatro oficiais militares, sempre com patente superior a aquele que
está em julgamento. Este conselho se divide em Conselho de Justiça Permanente, que
julga os praças e Conselho de Justiça Especial, que julga os oficiais. Apesar de estrutura
similar, os sistemas de justiça estadual e federal são independentes.
O STF não é uma Corte só de controle e guarda da Constituição, uma vez que, na
estrutura pátria, também se vê às voltas com o julgamento de recursos extraordinários
(controle constitucional difuso), conflitos de competência entre tribunais, conflito entre
Estado estrangeiro e a União, a revisão criminal de seus julgados, dentre outras matérias
nas quais o foco não é um julgamento apenas de ordem constitucionalista.
Previsto na Constituição Federal, nos arts. 104/105, é composto por 33 ministros, também
escolhidos pelo Presidente da República dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65
anos de idade, de notável saber jurídico e conduta ilibada. Assim como o STF, tal
indicação carece de aprovação do Senado Federal.
Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça poderá propor a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias (art. 126 da CF/88).