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Como se Organiza o Judiciário

A palavra judiciário está ligada à expressão latina juris+dictio, que significa dizer o
direito, ou seja, interpretar as leis para solucionar os casos que lhe são trazidos. Por meio
de seus juízes e tribunais, o judiciário media as disputas entre as pessoas e decide quem
tem ou não direito a alguma coisa, quem deve cumprir uma obrigação ou se uma pessoa
é culpada ou inocente.

A função do Judiciário é, portanto, garantir o direito das pessoas e promover a Justiça,


aplicando as leis nas mais variadas questões.

Para facilitar o trabalho dos juízes e o andamento dos processos, o judiciário tem divisões que
organizam o seu funcionamento:

• Divisão de Competências

• Justiça Estadual (Civil e Penal) [Comum]: busca solucionar conflitos que possam
surgir entre pessoas, empresas, instituições e impõe penas àqueles que cometem algum
crime;
• Justiça Federal [Comum]: julga casos que forem de interesse da União, das
autarquias ou das empresas públicas;
• Justiça do Trabalho [Especializada]: busca resolver conflitos entre trabalhadores e
empregadores;
• Justiça Eleitoral [Especializada]: existe para garantir que o processo eleitoral seja
honesto;
• Justiça Militar [Especializada]: processa e julga os crimes militares.

• Divisão Hierárquica

No Brasil, o Poder Judiciário obedece à uma ordem hierárquica de instâncias em 3


graus, isto significa que um mesmo caso pode ser julgado e passar por 3 degraus do
Poder Judiciário até que uma decisão final, à qual não cabe recurso, seja tomada.

• A primeira instância é aquela que primeiro analisa e julga um caso apresentado


ao Judiciário, geralmente representada pelos Juízes. Quando um Juiz toma uma
decisão a respeito de uma ação, diz-se que existiu uma sentença de 1ª instância,
já que caso uma das partes interessadas do processo (autor ou réu) não
concordem com a decisão pronunciada pelo Juiz, pode apelar para que o caso seja
analisado em 2ª instância, isto é, pode pedir para que a decisão seja reavaliada.

• A segunda instância é representada pelos Tribunais de Justiça, é para lá que vão


os casos que sofrem apelação para que sejam examinadas as decisões tomadas
na primeira instância, tendo os desembargadores dos Tribunais poder para
modificá-las ou mantê-las.

Casos controversos podem ainda ser enviados à uma 3º instância de poder, os


Tribunais Superiores nos quais os Ministros tomam uma decisão final, à qual não cabe
mais recurso. A função dos Tribunais Superiores é garantir que a lei seja interpretada da
mesma forma em todo o país.

O país possui ainda um último Tribunal, considerado a mais alta instância do Judiciário
brasileiro, o Supremo Tribunal Federal - STF. A função deste órgão é proteger nossa
Constituição Federal, garantindo que ela não seja desrespeitada por novas leis nacionais
ou estaduais, além de ser responsável por julgar os políticos de atuação federal, como o
presidente, os senadores e os deputados federais.

Justiça Estadual

A Justiça Estadual reúne a maior parte dos casos que chegam ao judiciário, já que ela é
a responsável pelas questões mais comuns, tanto na área civil (bens e questões de
família), quanto na área criminal. Cada estado tem o poder de organizar da forma que
achar mais conveniente a estrutura de seu poder judiciário.
A Justiça Estadual, integrante da Justiça comum (junto com a Justiça Federal), é
responsável por julgar matérias que não sejam da competência dos demais segmentos do
Judiciário – Federal, do Trabalho, Eleitoral e Militar. Ou seja, sua competência é residual.

Estrutura – Do ponto de vista administrativo, a Justiça Estadual é estruturada em duas


instâncias ou graus de jurisdição: integram o primeiro grau os juízes de Direito, as
varas, os fóruns, o Júri (encarregado de julgar crimes dolosos contra a vida), os
juizados especiais cíveis e criminais e suas turmas recursais.

Os juizados especiais, criados pela Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, são


competentes para procedimentos como conciliação, processamento e julgamento das
causas cíveis de menor complexidade (aquisição de um produto defeituoso, por exemplo)
e das infrações penais de menor potencial ofensivo, como ameaça e lesão corporal
culposa. Por sua vez, as turmas recursais, integradas por juízes, são encarregadas de
julgar recursos apresentados contra decisões dos juizados especiais.

Já o segundo grau da Justiça Estadual é representado pelos Tribunais de Justiça


(TJs). Nele os magistrados são desembargadores, que têm entre as principais
atribuições o julgamento de recursos interpostos contra decisões do primeiro grau.

Os Juizados Especiais Cíveis servem para conciliar, julgar e executar causas de menor
complexidade, que não exceda 40 salários mínimos, tais como: ações de despejo para
uso próprio; possessórias sobre bens imóveis; de arrendamento rural e de parceria
agrícola; de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; de
ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; de ressarcimento por danos
causados em acidentes de veículos, ressalvados os casos de processo de execução; de
cobrança de seguro, relativo aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os
casos de processo de execução; de cobrança de honorários dos profissionais liberais,
salvo o disposto em legislação especial.

• Quem pode entrar com ação nesses juizados?

As pessoas físicas capazes, as microempresas, as pessoas jurídicas qualificadas


como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, as sociedades de crédito ao
microempreendedor. Não podem ser partes em ações nos juizados especiais o incapaz, o
preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa
falida e o insolvente civil.

Justiça Civil
Decide conflitos relacionados a nossos bens (compra e venda de casas, terrenos,
carros, eletrodomésticos; créditos e débitos de transações comerciais e indenizações),
além de questões de família (casamento, divórcio, guarda e adoção de filhos, herança
etc).
Causas cíveis de menor complexidade como, batidas de carro, cobranças, serviços mal
prestados, compra de um produto que não foi entregue, produto com defeito que já foi
pago, entre outros, podem ser encaminhadas aos Juizados Especiais Cíveis. Nos
Juizados Especiais Cíveis o atendimento é mais rápido e os serviços são gratuitos. Mas
atenção: para utilizar o Juizado Especial é preciso que a pessoa seja capaz, maior de 18
anos e o valor do prejuízo não ultrapasse 40 salários mínimos. Empresas não podem
encaminhar casos aos Juizados Especiais.

Casos cíveis de maior complexidade, que envolvem um valor acima de 40 salários


mínimos, empresas ou o poder público devem ser tratada nas Varas Cíveis. Para entrar
com um processo neste tribunal é preciso contar com a representação de um advogado
que, além de auxiliar na condução do processo, também deve orientar o seu cliente sobre
qual a melhor maneira de agir.

Justiça Criminal

Processa e julga as pessoas que cometem crimes. Contudo, para que um ato seja
considerado crime, não basta ser imoral, ilícito ou injusto, é preciso que a lei o caracterize
como crime.

Causas criminais menos graves, que envolvem crimes com penas menores de 1 ano de
prisão, podem ser julgadas pelos Juizados Especiais Criminais (JECrim). Este juizado tem
como característica maior rapidez e processos mais simples e descomplicados, que em
geral têm como objetivo levar à conciliação, reparação dos danos causados ou à
aplicação de penas que não sejam de prisão.

Crimes graves como roubos, agressões físicas e tráfico de drogas são julgados
diretamente pelos juízes das Varas Criminais.

Casos gravíssimos, como os crimes dolosos (intencionais) contra a vida, como, por
exemplo, matar ou tentar matar alguém, são julgados nos Tribunais de Júri. Nestes
Tribunais, o julgamento não é feito somente pelo juiz, mas também por um júri popular. O
júri popular é composto por cidadãos comuns, maiores de 21 anos, sem distinção de
sexo, profissão, renda ou escolaridade e que não tenham pendências com a lei. É o Júri
que decide se uma pessoa que cometeu um crime gravíssimo é culpada ou inocente e,
cabe ao juiz, decidir qual é a pena em caso de culpa.

A Justiça Estadual é dividida em duas instâncias:

1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes ou pelo Júri (nos crimes
intencionais contra a vida) que julgam um caso e tomam uma decisão, chamada de
sentença. Quando uma das partes do processo (acusador ou acusado) não concorda com
a sentença, pode entrar com um recurso para que o caso seja analisado em segunda
instância.

2ª. A segunda instância é representada pelo Tribunal de Justiça - TJ, é lá que atuam
os desembargadores (como são chamados os juízes de segunda instância na Justiça
Estadual). Neste estágio, o caso não é mais analisado por uma só pessoa (o juiz), mas
por um colegiado de pelo menos 3 desembargadores e a decisão, que pode modificar ou
manter a sentença, é chamada de Acórdão (indicando que os desembargadores entram
em um acordo, devem concordar).

Justiça Federal

A Justiça Federal é a responsável pelas ações que envolvem o Estado Brasileiro, seja
diretamente, seja por meio de suas autarquias, fundações e empresas públicas. A Justiça
Federal atua ainda em casos que envolvem estados ou organizações estrangeiras,
estrangeiros em situação irregular no país, desrespeito a tratados internacionais, crimes
contra o sistema financeiro, crimes cometidos a bordo de aeronaves ou navios e disputas
sobre direitos indígenas. Atualmente está em discussão o deslocamento dos crimes
contra os Direitos Humanos para a Justiça Federal.

Organização

Divisão por instâncias

A Justiça Federal é dividida em duas instâncias:

1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes Federais que atuam nas Varas
Federais. Quando uma das partes do processo não concorda com a decisão tomada
nesta instância, entra com um recurso que envia o caso para uma segunda instância.

2ª. A segunda instância é representada pelos Juízes Federais que atuam nos Tribunais
Regionais Federais - TRF.

Quando um caso já passou pelas duas instâncias e uma das partes acredita que a lei foi
interpretada de maneira errada na Justiça Federal, o caso pode ser enviado para análise
pelos Ministros do Superior Tribunal de Justiça - STJ, em Brasília. O STJ tem a função de
fazer com que todos os juízes entendam e apliquem as leis da mesma maneira.

Juizados Especiais Federais:

O Juizado Especial Federal se destina a julgar as infrações consideradas menos


graves, como os crimes federais para os quais a pena máxima não ultrapasse 2 anos.
Assim como na Justiça Estadual, os Juizados Especiais Federais são mais rápidos,
simples e descomplicados, além de buscar, sempre que possível, a conciliação das
partes.

Os Juizados Especiais Federais Cíveis julgam causas de competência da Justiça Federal


até o valor de sessenta salários mínimos.

• Os Juizados Especiais Criminais procuram ser bastante dinâmicos e, em muitos


casos, um simples termo circunstanciado substitui o inquérito policial, de maneira
que as partes têm a chance de falar e serem ouvidas diretamente pelo juiz desde o
início, dispensando o inquérito policial. As penas propostas não envolvem prisão.

• Divisão espacial

A Justiça Federal brasileira está espacialmente dividida em cinco regiões, para as


quais existem:

• Tribunais Regionais Federais: cada região de atuação da Justiça Federal possui


um Tribunal Regional, formado pelas seções judiciárias dos Estados que compões
esta região.
• Seções Judiciárias: instaladas nas capitais, as seções são formadas pelo
conjunto de varas federais daquele estado.

Varas federais: é o local onde atuam os juízes federais titulares e substitutos, as varas
federais podem ficar instaladas em capitais ou no interior.

Justiça Eleitoral

A Justiça Eleitoral é o conjunto de mecanismos constitucionais e executivos que


determinam e guiam o encaminhamento sócio-político em todas as fases que se
relacionam a qualquer tipo de pleito e eleição. A instância máxima desse segmento é o
Tribunal Superior Eleitoral que possui características tanto do Poder Executivo quanto
do Poder Legislativo. Dessa forma, o TSE é o único órgão da justiça brasileira que possui
funções administrativas e normativas que vão além de seu âmbito jurisdicional, sendo um
administrador eleitoral e não apenas um sugestivo de leis.

A Justiça Eleitoral é responsável por todos os processos eleitorais do país, trabalhando


para organizar, fiscalizar e realizar as eleições em nível municipal, estadual e federal. É a
Justiça Eleitoral que organiza o alistamento eleitoral, o registro de candidatos, a cassação
de candidatos (que não cumprem as regras do jogo), o julgamento dos crimes eleitorais, a
fiscalização da propaganda eleitoral, a determinação de datas de eleições, a apuração
das eleições e a diplomação dos eleitos.

A Justiça Eleitoral, prevista nos arts. 118/121, é formada pelo Tribunal Superior
Eleitoral, pelos Tribunais Regionais Federais, pelos juízes eleitorais e pelas juntas
eleitorais.
O Tribunal Superior Eleitoral é composto por no mínimo 07 membros, escolhidos
(mediante eleição secreta) dentre 03 juízes entre os Ministros do Supremo Tribunal
Federal e 02 juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. Os outros dois
membros são escolhidos pelo Presidente da República dentre advogados notável saber
jurídico e idoneidade moral.

Os Tribunais Regionais Eleitorais (há um em cada capital de Estado e no Distrito Federal)


são compostos de 07 juízes, sendo eleitos, por voto secreto, dois juízes entre
Desembargadores de Justiça e 02 juízes entre juízes de direito escolhidos pelo Tribunal
de Justiça; um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou, não
havendo tal tribunal no Estado, um juiz federal escolhido pelo Tribunal Regional Federal
respectivo e dois juízes nomeados pelo Presidente da República dentre advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral.

Organização

• Divisão por instâncias:

1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes Eleitorais que atuam nas
Varas Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais, comissão formada pelo Juiz Eleitoral e
por outros dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade (constituídas em época
de votação para apurar a eleição).
2ª. A segunda instância é formada pelos Tribunais Regionais Eleitorais - TRE,
situados nas capitais dos Estados e no Distrito Federal.

A mais alta instância da Justiça Eleitoral é o Tribunal Superior Eleitoral - TSE, órgão no
qual atuam os Ministros e que é responsável por fazer com que o Código Eleitoral seja
respeitado e executado de maneira adequada.

À Justiça Eleitoral cabe as funções de:

• Regulamentar o processo eleitoral dando instruções na forma de lei;


• Vigiar o cumprimento das regras jurídicas no período eleitoral (inclusive aquelas
criadas pela própria Justiça Eleitoral);
• Fiscalizar as contas das campanhas eleitorais de todos os partidos e seus
respectivos candidatos;
• Administrar o processo eleitoral;
• Punir quem desrespeitar a legislação eleitoral.

A Justiça Eleitoral é formada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelos Tribunais
Regionais Eleitorais (TRE), pelos Juízes Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais.
Juízes Eleitorais
Os Tribunais Regionais Eleitorais são responsáveis por nomear os juízes eleitorais. Eles
são escolhidos dentre juízes de direito vindos da magistratura estadual. Ao serem
nomeados para a jurisdição eleitoral passam a exercer as duas funções. Cada juiz é
responsável por uma zona eleitoral.

Juntas Eleitorais
As Juntas Eleitorais são formadas por um juiz de direito, que é seu presidente, e por dois
ou quatro membros cidadãos de notória idoneidade. Elas servem para apurar as eleições
e diplomar os eleitos.

✓ Importante: A Justiça Eleitoral tem que ser o mais honesta, clara e imparcial
possível. Seus representantes não podem estar compactuados com partidos ou
candidatos.

Juizados Especiais Cíveis

O Juizado Especial Civil (JEC), antes conhecido como Juizado de Pequenas Causas, é
a parte do Poder Judiciário que julga ações em que o valor envolvido deve ser no máximo
de 40 salários mínimos. A principal função dos Juizados Especiais Civis é simplificar o
andamento das causas de menor complexidade e, por isso, costuma ser mais rápido que
a Justiça Comum, além de oferecer os serviços gratuitamente.

Como funciona

Nos Juizados Especiais Civis, após alguém fazer uma reclamação, é marcada uma
audiência de conciliação com um mediador que procura estabelecer um acordo entre os
envolvidos no conflito. Quando isso não acontece, o processo passa para as mãos de um
juiz que ouve as partes e decide quem tem razão. Aquele que perde pode recorrer
ao Tribunal, já que só é possível um único recurso nos Juizados Especiais Civis.

Para causas de até 20 salários mínimos não é necessário advogado. Basta ir ao Juizado
Especial mais próximo e dar entrada na ação, que pode ser feita por escrito ou oralmente.
Você deve ainda anexar ao seu pedido todos os documentos que comprovem sua
reclamação (receitas, exames, prontuário médico, notas fiscais, orçamentos, contratos,
etc) e, se houver testemunhas, é importante apresentar o nome completo e endereço. Se
no dia da audiência com o juiz a pessoa ou estabelecimento contra quem você entrou
com a ação na Justiça estiver acompanhado de um, você terá direito à assistência de um
advogado do Estado (procurador) que atua no próprio Juizado Especial.

Para as ações em que os valores discutidos estiverem entre 20 e 40 salários mínimos,


será necessária a contratação de um advogado. Caso você não tenha condições para
pagar um advogado, procure as instituições que ofereçam gratuitamente esse serviço.

Uma pessoa que se sentiu lesada por alguma razão em casos que envolvam até 20
salários mínimos, pode entrar com uma ação nos Juizados Especiais Cíveis (JEC) sem
precisar de um advogado. Os JECs funcionam da seguinte forma:
O reclamante ou autor da ação, deve juntar todos os documentos que comprovem o que
ocorreu e ir até o Juizado Especial Cível mais próximo, onde fará a reclamação, que
pode ser feita por escrito ou oralmente (neste caso será anotado por um funcionário do
tribunal). Para conseguir prosseguir com a ação, além das suas informações, o
reclamante precisa ter também informações sobre a pessoa ou empresa reclamada
(chamado de réu), como nome e endereço, para que o juizado consiga convoca-lo.

Após o preenchimento do requerimento, a secretaria do juizado marca uma audiência de


conciliação na qual um mediador convoca os envolvidos e tenta fazer com que entrem em
um acordo.

Quando há acordo, cada qual se compromete com a sua parte e o processo é


homologado pelo juiz e tem o mesmo poder de uma sentença.
Quando não há acordo, o caso segue para a decisão de um juiz, por meio de um
julgamento.

No julgamento podem comparecer até 3 testemunhas de cada parte. Elas serão ouvidas
pelo juiz, que também analisará as provas e determinará qual a sentença.

Obs: Se no dia da audiência de conciliação, aquele que entrou com a reclamação não
comparecer, ela será arquivada. Se o reclamado não comparecer na audiência de
conciliação, o juiz julgará o caso sem ouvir o reclamado.
Quando uma das partes não concorda com a decisão do juiz, pode entrar com recurso,
mas para isso é preciso ter um advogado ou procurar a Defensoria Pública.

Atenção:
Ação judicial contra o Poder Público (município, estado e União) não pode ser proposta
neste Juizado.

Quem pode utilizar:

Podem utilizar o Juizado Especial Civil qualquer pessoa capaz, maior de 18 anos e com
ações que não ultrapassem o valor de 40 salários mínimos.
Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho é responsável por resolver problemas relacionados às relações


de trabalho, procurando conciliar e julgar ações entre patrões e trabalhadores. A Justiça
do Trabalho é prevista nos arts. 111/116 da CF/88. É composta pelo Tribunal Superior de
Trabalho (TST), Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) e Juízes do Trabalho.

Tribunal Superior do Trabalho é composto por 27 Ministros, todos escolhidos dentre


brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos. São nomeados pelo Presidente da
República, dependendo de aprovação do Senado Federal.

A composição do TST deve conter um 1/5 de membros entre advogados com mais de
10 anos de efetividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de 10 anos de efetivo exercício. Os demais membros devem ser indicados através
de promoção entre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho oriundos da Magistratura.

Já os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por no mínimo 07 juízes,


recrutados, quando possível, na respectiva região. São nomeados pelo Presidente da
República, dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, sendo 1/5 dentre
advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício e os demais retirados
mediante promoção de juízes do trabalho, seja por merecimento, seja por antiguidade.

Organização

Divisão por instâncias:

A Justiça do Trabalho é dividida em três instâncias:

1ª. A primeira instância é representada pelos Juízes Trabalhistas que atuam nas
Varas do Trabalho. Quando uma das partes do processo não concorda com a decisão
tomada nesta instância, entra com um recurso que envia o caso para uma segunda
instância.
2ª. A segunda instância é representada pelos Desembargadores Federais que atuam
nos Tribunais Regionais do Trabalho.

Quando um caso já passou pelas duas instâncias e uma das partes acredita que a lei foi
interpretada de maneira errada na Justiça do Trabalho, o caso pode ser enviado para
análise pelos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho - TST, em Brasília. O TST tem a
função de fazer com que todos os juízes entendam e apliquem as leis trabalhistas da
mesma maneira.

Justiça Militar

A Justiça Militar é responsável pela aplicação da lei à categoria dos militares federais e
estaduais, de acordo com a legislação específica. A Justiça Militar, prevista na
Constituição Federal nos arts. 122/124, é composta pelo Superior Tribunal Militar, pelos
Tribunais Militares Estaduais e pelos juízes militares.

O Superior Tribunal Militar é composto por 15 membros vitalícios, nomeados pelo


Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal. Na
indicação do Presidente, 03 devem ser oficiais generais da Marinha, 04 do Exército e 03
da Aeronáutica. Já os ministros civis, dentre 35 e 65 anos, devem ser escolhidos dentre
03 advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada (com mais de 10 anos de efetiva
atividade profissional) e dois dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da
Justiça Militar.

Ela se divide em Justiça Militar da União e as Justiças Militares Estaduais:

Justiça Militar da União: é especializada na aplicação da lei aos dos militares federais
como do Exército, da Marinha, e da Aeronáutica, julgando os crimes e infrações militares
definidos em lei.

Justiça Militar Estadual: é especializada na aplicação da lei aos policiais militares e


bombeiros militares nos crimes e infrações previstos em lei.

A principal legislação específica utilizada por esta justiça especializada é o Código


Penal Militar, além das leis, estatutos e regulamentos específicos de cada categoria
militar.
O único crime militar a ser julgado pela Justiça Comum são os crimes dolosos contra a
vida, isto é, quando um policial mata alguém intencionalmente ele será julgado por um júri
composto por civis e não por outros militares.

Organização

• Divisão por instâncias:

1ª. A primeira instância da Justiça Militar (tanto federal quanto estadual – no caso de
São Paulo) denomina-se Conselho de Justiça, atua na Auditoria Militar e é formado por
um juiz auditor (civil) e quatro oficiais militares, sempre com patente superior a aquele que
está em julgamento. Este conselho se divide em Conselho de Justiça Permanente, que
julga os praças e Conselho de Justiça Especial, que julga os oficiais. Apesar de estrutura
similar, os sistemas de justiça estadual e federal são independentes.

2ª. A segunda instância na Justiça Estadual de São Paulo é representada pelo


Tribunal de Justiça Militar, composto por cinco juízes, sendo três militares e dois civis. A 2
ª instância da Justiça Militar Federal é representada pelo Superior Tribunal Militar – STM,
composto por dez militares da ativa e cinco juízes civis.

Supremo Tribunal Federal (STF)


Trata-se do tribunal eminentemente “constitucional” na sistemática jurisdicional pátria,
responsável pelo julgamento dos casos mais notórios de eventuais ofensas à Constituição
Federal.

O STF não é uma Corte só de controle e guarda da Constituição, uma vez que, na
estrutura pátria, também se vê às voltas com o julgamento de recursos extraordinários
(controle constitucional difuso), conflitos de competência entre tribunais, conflito entre
Estado estrangeiro e a União, a revisão criminal de seus julgados, dentre outras matérias
nas quais o foco não é um julgamento apenas de ordem constitucionalista.

Na CF/88, o STF é previsto nos arts. 101/103.


É composto por 11 Ministros, escolhidos entre cidadãos com mais de 35 anos e menos de
65 anos, de notável saber jurídico e conduta ilibada. Os Ministros são nomeados pelo
Presidente da República, mas a escolha passa pela apreciação do Senado Federal.

Superior Tribunal de Justiça (STJ)


Trata-se do tribunal responsável pelo controle da legislação infraconstitucional no
ordenamento pátrio, introduzido pela CF/88, substituindo o já extinto Tribunal Federal de
Recursos.

Previsto na Constituição Federal, nos arts. 104/105, é composto por 33 ministros, também
escolhidos pelo Presidente da República dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65
anos de idade, de notável saber jurídico e conduta ilibada. Assim como o STF, tal
indicação carece de aprovação do Senado Federal.

Os 33 Ministros devem ser escolhidos tendo em mente os seguintes critérios:

✓ 11 devem ser escolhidos entre desembargadores federais dos Tribunais


Regionais Federais;
✓ 11 devem ser escolhidos entre desembargadores dos Tribunais Estaduais;
✓ 11 devem ser escolhidos dentre advogados ou membros do Ministério
Público.

Conselho Nacional de Justiça (CNJ)


Embora não exerça jurisdição propriamente, um estudo completo da estrutura básica do
Poder Judiciário não poderia deixar de abordar este Conselho, instituído no artigo 103-B
da CF/88 pela Emenda Constitucional 45/04.

Tal Conselho, objeto de muita controvérsia e discussões acerca de sua


constitucionalidade, deve ser composto por 15 membros com mais de 35 anos e menos
de sessenta e seis anos, com mandato de dois anos, permitida uma recondução.
Interessante na composição deste Conselho é a inclusão de membros indicados pelo
Ministério Público, pela OAB e dois cidadãos com notório saber jurídico indicados pelo
Poder Legislativo.

O Conselho Nacional de Justiça colima o controle da atuação administrativa e financeira


do Poder Judiciário, bem como zelar pelo cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
Justiça Federal (Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais)
A Justiça Federal é prevista na Constituição Federal nos arts. 106/110. É composta
pelos Tribunais Regionais Federais [5] e os Juízes Federais.

Os Tribunais Regionais Federais são compostos por no mínimo 07 juízes, recrutados,


quando possível, na região do Tribunal. São nomeados pelo Presidente da República
dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, sendo certo que 1/5 dos
nomeados deve ser dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de 10 anos de carreira.
Os outros membros são escolhidos mediante a promoção de juízes federais com mais de
05 anos de exercício, promovidos por antiguidade ou merecimento.

Tribunais e Juízes dos Estados

Previstos nos arts. 125/126 da CF/88, também devem se reportar às Constituições


Estaduais, principalmente no que concerne à fixação de competência.

Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça poderá propor a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias (art. 126 da CF/88).

Assim como na Justiça Federal e na Justiça do Trabalho, também há a possibilidade,


implementada pela Emenda Constitucional 45/04, dos Tribunais de Justiça dinamizarem a
Justiça itinerante.

Advirta-se que a Emenda Constitucional 45 e a inclusão no constitucionalismo pátrio das


famigeradas “súmulas vinculantes” (CF/88, art. 103- A), a serem editadas pelo STF, pode,
na prática, quebrar esta bem construída idéia da não hierarquia entre tribunais.

✓ Os casos de competência do STF estão previstos no artigo 102 da CF/88.


✓ Os casos de competência do STF estão previstos no art. 105 da CF/88.
✓ É preciso advertir que, diferente de leigas acepções, o Ministério Público não
faz parte do Poder Judiciário.
✓ A competência dos Tribunais Regionais Federais é prevista no art. 108 da
CF/88.
✓ A competência dos juízes federais é prevista no art. 109 da CF/88.
✓ Com a Emenda Constitucional 45/04, há a possibilidade da instalação pelos
Tribunais Regionais Federais de justiça itinerante, com a realização de
audiências e demais funções da atividade jurisdicional nos limites territoriais
da respectiva jurisdição.
✓ A competência da Justiça do Trabalho está prevista no art. 114 da CF/88.
✓ Os Tribunais Militares Estaduais podem ser criados por lei estadual,
mediante proposta do Tribunal de Justiça de cada Estado nos Estados nos
quais o efetivo militar seja superior a 20000 integrantes.

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