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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL

UEMS
UNIDADE DE DOURADOS

PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TERRITÓRIO

Dourados – MS
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2010
Ediane Rodrigues
Marla Camila Brugnerotto
Wilker Solidade
Ricardo Michelan

Plano Diretor:

As zonas Especiais de Interesse Difuso (ZEIDs) Urbano e Rural

Trabalho apresentado ao Curso de Pós - Graduação


em Planejamento e Gestão Ambiental com Ênfase
em Avaliação Ambiental Estratégica da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
como requisito para obtenção de nota na disciplina
de Planejamento e Gestão de Território, sob
orientação do Prof. Walter Guedes.

Dourados – MS
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2010
SUMÁRIO

Introdução................................................................................................... 03
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1 Caracterização da Área de Estudo .......................................................
2 Plano Diretor de Dourados – MS........................................................... 7
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3 – ZEIDs – Zonas de Interesse Difuso Urbano e Rural ........................
3.1 ZEII – Zonas Especiais de Interesse Industrial................................. 9

3.2 ZEIT – Zonas Especiais de Interesse Turística................................. 10

3.3 ZEIC – Zonas Especiais de Interesse Cultural.................................. 11

4.0 Conclusão ............................................................................................. 17

5.0 Referências Bibliográficas .................................................................. 19


INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem por objetivo analisar o plano diretor da cidade de Dourados – MS,

buscando caracterizar as zonas especiais de interesse difuso - (ZEID) urbano e rural,

relacionando os objetivos propostos, procurando compreender o que prevê o Plano Diretor e o

que de fato ocorre nas referidas áreas.

O Plano Diretor de Dourados foi criado com o objetivo de organizar a sociedade

buscando o desenvolvimento da cidade de forma sustentável ressaltando dentre outros

objetivos o gerenciamento e a preservação do meio ambiente.

As ZEIDs – Zonas de Interesse Difuso - são instrumentos de planejamento urbano e rural

propostos pelo Plano Diretor e que buscam o melhor ordenamento da cidade destacando as

potencialidades de cada localidade específica.

Os Zoneamentos territoriais definido pelas ZEIDs visam atender interesses específicos como

descrevemos abaixo:

• Zonas Especiais de Interesse Ambiental – ZEIAs

• Zonas Especiais de Interesse Industrial – ZEIIs

• Zonas Especiais de Interesse Turístico – ZEITs

• Zonas Especiais de Interesse Culturais – ZEICs.

As Zonas Especiais de interesse Ambiental ZEIAs, serão demarcadas de acordo com suas

características como:

• Áreas de Proteção aos mananciais

• Áreas degradadas

• Unidades de Conservação.
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Dentro desse contexto procuraremos no transcorrer desse trabalho analisar as políticas

propostas no Plano Diretor de Dourados dando ênfase as ZEIDs – Zonas de Interesses Difusas

Urbano e Rurais, destacando suas diretrizes estratégicas bem como a realidade vivenciada.
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1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Dourados é o segundo maior município do Estado de Mato Grosso do Sul, com uma

população de 189.762 habitantes, segundo dados estimativos do instituto Brasileiro de

Geografia e Estatísticas (IBGE), com uma área de territorial de 4.086,39 Km2 e uma

vegetação mista entre Cerrado e Mata Atlântica, localiza-se na porção sudoeste do Estado,

mas polariza uma enorme região produtora de grãos e a sua proximidade com a fronteira com

o Paraguai, faz de sua região de entorno, passagem natural de cargas de diversos produtos.

O município tem a sua história vinculada à formação de uma Colônia Militar fundada

em 10 de maio de 1.861, sob o comando de Antônio João Ribeiro, quando ocorreu a invasão

paraguaia. O desenvolvimento da região tem relações com a ação e implantação da

Companhia Mate Laranjeira S/A, que deteve o monopólio da exploração dos ervais em toda a

região, entre os anos de 1882 e 1924, destacou-se também o desenvolvimento da cultura

pastoril.

No final do século XIX dirigiram-se para Mato Grosso, algumas famílias originárias

do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e de São Paulo em busca de novas terras para plantio

localizadas no oeste do país.

Marcelino Pires, imigrante colonizador, dedicou-se com maior intensidade à criação

de gado, ocupando vastíssima área de terras, onde se localiza atualmente a cidade de

Dourados. O mesmo doou uma vasta propriedade para instalação da vila e em 20 de dezembro

de 1935, com áreas desmembradas do município de Ponta Porã, através do Decreto nº 30 do

então Governador do Estado, Sr. Mário Corrêa da Costa, criando-se o município de Dourados.

Subseqüente, no governo de Getulio Vargas, programas nacionais selecionam a região

para a criação da colônia agrícola de Dourados, 1943, com uma área de 50.000 hectares, a
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região foi atraída por imensas levas de imigrantes brasileiros e estrangeiros, principalmente

japoneses, que se dedicaram notadamente ao cultivo de café.

Segundo LIMA (2006) a CAND foi criada pelo governo federal com o objetivo de

ocupar o Sul do estado de Mato grosso que até então possuía um grande vazio demográfico, e

consequentemente explorar economicamente os recursos do estado através do processo de

colonização.

Com o desenvolvimento da atividade agrícola, tendo em vista a qualidade de suas

terras, Dourados vai se transformando em pólo regional, exigindo investimentos em infra-

estrutura e nos anos 70, um Programa governamental estadual estruturou urbanisticamente a

cidade com Plano de Jaime Lerner e com ele uma série de normas urbanísticas – Lei de Uso

do Solo, Parcelamento do Solo Urbano, etc-, e diversas obras importantes para a cidade.
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2 PLANO DIRETOR DE DOURADOS – MS

Apesar das normas urbanísticas, Dourados nunca teve um Plano Diretor e somente

veio aprovar em 2003 após a aprovação do Estatuto das Cidades. Com alta taxa de

urbanização, em torno de 90% da população reside na área urbana, é situação controversa

com a base econômica agrícola do município e com PEA de mais de 78 mil pessoas,

conforme tabelas abaixo, Dourados é um pólo regional de Mato Grosso do Sul. A cidade de

Dourados não possuía Plano Diretor antes da elaboração deste.

O Plano Diretor de Dourados é o instrumento básico da política do desenvolvimento e

expansão urbana, sendo criado o Sistema de Planejamento Municipal (SISPLAN) com

finalidade de obter a cooperação conjunta e participativa entre o poder publico e a

comunidade na execução da política de desenvolvimento e da política urbana do município, e

cabendo ao Instituto do Planejamento e Meio Ambiente (IPLAN) coordenar e fazer valer as

diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor.

Para fazer-se cumprir, a política Urbana/Rural do município de Dourados será

implementada mediante a utilização, em todo o território do município, de diversos

instrumentos de execução, e como foco da atual discussão, centraremo-nos nas Zonas

Especiais de Interesse Difuso (ZEID), como instrumento de Planejamento ordenação do

espaço Urbano/Rural, conforme demonstra mapa abaixo:


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Figura 01 – Regiões Urbanas de Dourados – MS Fonte: Plano Diretor, 2003


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3 – ZEIDs – ZONAS DE INTERESSE DIFUSO URBANO E RURAL

As ZEIDs são os zoneamentos do território municipal e que tem por finalidade o

atendimento dos interesses específicos de ordem Ambiental, Industrial, Turístico e Cultural,

cabendo aos Planos Locais do município definir outras áreas do território municipal á serem,

relacionadas como ZEID, em conformidade com o SISPLAN, sob coordenação do IPLAN.

Os critérios e diretrizes a serem seguidos nas ZEIDs serão definidos pela Lei de Uso e

ocupação do Solo. As ZEIDs ambientais denominam-se ZEIA – Zona de interesse ambiental -

serão todas as áreas do território municipal demarcada de acordo com sua característica físico-

biotica, enquadradas como área de proteção, degradas e Unidades de Conservação,

delimitadas em reservas Biológicas, áreas de interesse ecológico, parques e estações

ecológicas municipais, hortos florestais, Área de Proteção Ambiental (APA) e de Interesse

Especial (AIE), alem das reservas extrativistas e monumentos naturais.

De acordo com a Lei complementar 55/2002 do município de Dourados, o Poder

Executivo Municipal deverá adquiirir equipamentos e “softwares” necessários para

formatação de um banco de dados e informações georeferenciadas, que permita de modo

eficiente um controle das atividades exercidas no município, cruzando e sobrepondo

informações técnicas, espaciais e temporais em mapas com escalas adequadas às necessidades

do controle ambiental.

As Zonas de Interesse Industrial, Turístico e Cultural denomina-se respectivamente

ZEII, ZEIT e ZEIC, são áreas cujas características peculiares, a vocação, a adequação e as

potencialidades despertam a necessidade de ações especificas e urbanização e

desenvolvimento municipal, como exposto na figura 02.


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3.1 – ZEII – ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE INDUSTRIAL

A Zonas Especiais de Interesse Industrial, na cidade de Dourados, por vez está sobre

as regências da Lei 055/2002. A Zona Especial de Interesse Industrial se divide na cidade de

Dourados nos seguintes pontos (figura 02);

Prolongamento da BR 163 , zona Leste da Cidade de Dourados (Parque Industrial), até

a junção com a Av. Marcelino Pires no Jardim Caiman. Na extensão da BR 163, sentido

Ponta Porã, até a Rua Profª Maria Aparecida G. Cerqueira, Bairro Parque das Nações II.

Prolongamento da BR 163, entre o Parque dos Jequitibas e o Jardim Colibri, e junção à MS

156. Todo o Distrito Industrial (5 km do entrosamento da BR 163 com a MS 156 ). Extensão

da BR 163 até as instalações da Embrapa. Encontro da MS 463 (Região Sul da Cidade) e MS

270 na Região Oeste.

3.2 – ZEIT – ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE TURISTICO

A Zonas Especiais de Interesse Industrial, na cidade de Dourados, por vez está sobre

as regências da Lei 055/2002, disposta nos Artigos 129 e 130, estabelecendo que o turismo

será incentivado pelo Poder Público Municipal de modo a não prejudicar o meio ambiente, e

fomentará a implantação de equipamentos urbanísticos, para promover o desenvolvimento

turístico e ambienta, assegurando a preservação e valorização do patrimônio cultural e natural,

conservando as características urbanas,históricas e ambientais que tenham justificado a

criação da unidade turística;

A Zona Especial de Interesse Turístico se divide na cidade de Dourados nos seguintes

pontos: Parque Antenor Martins, “Usina Velha” Filinto Muller, Parque Amulpho Fioravanti,

Horto Florestal, Estádio Douradão Fredis Salvidar e Pedreira, como pode ser observado na

figura 02.
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3.3 – ZEIC – ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE CULTURAL

A Zonas Especiais de Interesse Cultural, na cidade de Dourados, se divide nos

seguintes pontos, como pode-se observa na figura 02; Parque dos Ipês, Praça Antonio João,

Busto Presidente Vargas, Praça Paraguaia, Monumento Toshinobu Katayama, Praça Mario

Corrêa, Weimar/Toshinobu, Praça do Cinquentenário, Monumento ao Colono.

No artigo 14 da Lei 55/2002, trata que é de responsabilidade do Poder Público definir

as Unidades de Conservação, em seus inciso VI, destaca a conservação dos valores culturais,

históricos, arqueológicos.
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Fonte: Plano Diretor, 2003

Figura 02 - Zonas Especiais de Interesse Turístico, Cultural e Industrial


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3.4 – ZEIA – ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE AMBIENTAL

As zonas especiais de interesse Ambiental, na cidade de Dourados, é amparada pela

Lei Complementar nº 055, de 19 de dezembro de 2002, essa que dispõe sobre a Política

Municipal de Meio Ambiente do Município de Dourados, seus fins e mecanismos de

formulação e aplicação, instituindo o Sistema Municipal de Meio Ambiente e o Fundo

Municipal de Meio Ambiente.

A Política Municipal de Meio Ambiente de Dourados tem como finalidade,

respeitadas as competências da União e do Estado, mantendo o meio ambiente equilibrado e

buscar orientar o desenvolvimento sócio-econômico em bases sustentáveis.

O Artigo12 da Lei Complementar 055/2002, destina ao Zoneamento Ambiental,

consideradas as características específicas das diferentes áreas do território municipal, o dever

de :

I. indicar formas de ocupação e tipos de uso conforme a legislação, proibindo,

restringindo ou favorecendo determinadas atividades;

II. recomendar áreas destinadas à recuperação, proteção e melhoria da qualidade

ambiental, estabelecendo medidas alternativas de manejo;

III. elaborar propostas de planos de ação para proteger e melhorar a qualidade do meio

ambiente e para o manejo dos espaços territoriais especialmente protegidos;

As regiões abrangidas pelo Plano Diretor como sendo Zona Especial de Interesse

Ambiental dentro da cidade de Dourados são separadas pelas seguintes áreas (figura 03);

Área as margens do Córrego Laranja Doce, Córrego Jaguapiru, Córrego da Lagoa,

Córrego do Engano, Córrego Olho D’água, Córrego Chico Viegas, Córrego Paragem e o

Horto Florestal, Córrego Rego D’água, Córrego Água Boa, Altos do Indaiá (Área verde pré-

definida) e toda a área institucional do loteamento Estrela.


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Na lei 55/2002 do município de Dourados, em seu artigo 13 e 14, estabelece ao Poder

Público Municipal, através do IPLAN, a definição, criação, implantação e controle espaços

territoriais e seus componentes a serem protegidos. Onde o IPLAN deverá identificar áreas

vegetadas que tenham a função de corredores ecológicos, unindo áreas especialmente

protegidas, áreas de preservação permanente, reservas legais das propriedades e outros

remanescentes florestais significativos, propondo ao COMDAM formas de regulamentação

aptas a consolidá-las, bem como estímulos à criação pelos particulares de Reservas

Particulares do Patrimônio Natural - RPPN’s.

E na mesma Lei em seu artigo 43, estabelece que o Poder Executivo Municipal deverá

adquiirir equipamentos e “softwares” necessários para formatação de um banco de dados e

informações georeferenciadas, que permita de modo eficiente um controle das atividades

exercidas no município, cruzando e sobrepondo informações técnicas, espaciais e temporais

em mapas com escalas adequadas às necessidades do controle ambiental.,


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Fonte: Plano Diretor, 2003

Figura 03 – Zonas Especiais de Interesse Ambiental – ZEIA Urbana


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Fonte: Plano Diretor, 2003

Figura 04 – Zonas Especiais de Interesse Ambiental – ZEIA Rural


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CONCLUSÃO

Como pudemos notar no decorrer desse trabalho o Plano Diretor de Dourados se

revelou um bom instrumento de ordenamento da cidade, o que ocorre como observamos em

nossa pesquisa é que os interesses individuais se sobrepõem ao bem coletivo, ou seja, os

interesses capitalistas de uma parcela da população acabam por decidir o ordenamento e o

futuro das cidades em detrimento ao que muitas vezes propõem o Plano Diretor.

Para a concretização do Plano Diretor, para que o mesmo realmente venha solucionar

ou ao menos amenizar os problemas que ocorrem no desenvolvimento das cidades, é

necessário que aqueles que detém o poder estejam realmente defendendo os interesses

coletivos, buscando atender às necessidades de todas as camadas sociais, levando em conta as

questões econômicas e sociais pertinentes à realidade dos indivíduos que hoje habitam as

cidades.

É necessário também que a população procure lutar pelos seus direitos, reivindicando

ao poder público uma cidade digna e justa para todos os habitantes da cidade.

No que diz respeito às questões ambientais pertinentes ao nosso trabalho notamos que

os problemas vividos pela sociedade atual decorrem principalmente da falta de

conscientização e sensibilização dos prejuízos advindos da contínua depredação dos recursos

naturais causada pela ação humana.

A preocupação com a preservação ambiental ainda não é algo compartilhado por

todas as sociedades. No Brasil, a despeito da legislação vigente sobre o tema, grande parte da

população ainda não expressa em seu cotidiano, o valor meio ambiente, protegido pela

Constituição Federal. A compreensão da dicotomia existente entre o que dispõe a legislação

ambiental brasileira e o que a sociedade efetivamente expressa acerca do tema, pode ser feita
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pela história, marcada pelo extrativismo e pelos equívocos decorrentes da idéia de infinitude

dos recursos naturais.

As questões ambientais estão diretamente ligadas aos interesses de toda a

coletividade. Não podem ser analisadas sob o predomínio de individualidades. A correta

utilização dos princípios ambientais constitucionais e dos instrumentos de política ambiental,

como o zoneamento e a avaliação de impacto ambiental, ambos previstos na lei de política

nacional do meio ambiente (Lei no. 6.938/81) podem ajudar na difusão pela sociedade das

questões ambientais.

Entendemos assim que a lógica do modelo capitalista que vivemos nos dias atuais

impulsiona um intenso processo de desenvolvimento que muitas vezes não ocorre de forma

sustentável, acarretando assim grandes impactos sócio-ambientais.

Dentro desse contexto precisamos compreender que as questões ambientais

precisam ser tratadas com seriedade, buscando sempre a melhor solução para a

problemática ambiental, pois como afirma SPÓSITO (2003) à questão ambiental não

pode ser relacionada somente como o natural, pois se ela contempla também as questões

sociais que permeiam toda a nossa vida em sociedade.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Plano Diretor de Dourados, 2003.

LIMA, Pedro Alcântara de. Transformação da paisagem de Fátima do Sul, Glória de

Dourados e Deodápolis: Região Meridional de Mato Grosso do Sul. Rio Claro:

2006. Tese de Doutorado – Universidade Estadual Paulista, instituto de Geociências e

Ciências Exatas.

SPOSITO, Maria Encarnação B. Sobre o debate em torno das questões ambientais e

sociais no urbano. In: Carlos, Ana, F.A, LEMOS, Amália I.G. (org). Dilemas Urbanos:

Novas abordagens sobre a cidade. São Paulo: Contexto, 2003.

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