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OAB PRIMEIRA FASE – IX EXAME DE ORDEM

Direito Ambiental
Frederico Amado

MEIO AMBIENTE Municípios, no exercício da competência


comum a que se refere esta Lei Complementar:
Artigo 3º, I, da Lei 6.938/81, “o conjunto de I - proteger, defender e conservar o meio
condições, leis, influências e interações de ambiente ecologicamente equilibrado,
ordem física, química e biológica, que permite, promovendo gestão descentralizada,
abriga e rege a vida em todas as suas formas”. democrática e eficiente;
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento
MODALIDADES: natural, cultural, artificial e do socioeconômico com a proteção do meio
trabalho. ambiente, observando a dignidade da pessoa
humana, a erradicação da pobreza e a redução
DIREITO AMBIENTAL das desigualdades sociais e regionais;
III - harmonizar as políticas e ações
Ramo do direito composto por princípios e administrativas para evitar a sobreposição de
regras que regulam as condutas humanas que atuação entre os entes federativos, de forma a
afetem, potencial ou efetivamente, direta ou evitar conflitos de atribuições e garantir uma
indiretamente, o meio-ambiente, quer o natural, atuação administrativa eficiente;
o cultural, o do trabalho ou o artificial. IV - garantir a uniformidade da política
ambiental para todo o País, respeitadas as
peculiaridades regionais e locais.
COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS
COMUNS Art. 4o Os entes federativos podem valer-se,
entre outros, dos seguintes instrumentos de
“Art. 23. É competência comum da União, dos cooperação institucional:
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I - consórcios públicos, nos termos da
[...] legislação em vigor;
III – proteger os documentos, as obras e outros II - convênios, acordos de cooperação técnica
bens de valor histórico, artístico e cultural, os e outros instrumentos similares com órgãos e
monumentos, as paisagens naturais notáveis e entidades do Poder Público, respeitado o art.
os sítios arqueológicos; 241 da Constituição Federal (Art. 241. A União,
IV - impedir a evasão, a destruição e a os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
descaracterização de obras de arte e de outros disciplinarão por meio de lei os consórcios
bens de valor histórico, artístico e cultural; públicos e os convênios de cooperação entre
os entes federados, autorizando a gestão
[...] associada de serviços públicos, bem como a
VI – proteger o meio ambiente e combater a transferência total ou parcial de encargos,
poluição em qualquer de suas formas; serviços, pessoal e bens essenciais à
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; continuidade dos serviços transferidos);
[...] III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do
concessões de direitos de pesquisa e Distrito Federal;
exploração de recursos hídricos e minerais em
seus territórios”. § 2o A Comissão Tripartite Nacional será
formada, paritariamente, por representantes
Parágrafo único. Leis complementares fixarão dos Poderes Executivos da União, dos
normas para a cooperação entre a União e os Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental
tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento compartilhada e descentralizada entre os entes
e do bem-estar em âmbito nacional. federativos.
§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão
LEI COMPLEMENTAR 140/2011 formadas, paritariamente, por representantes
dos Poderes Executivos da União, dos Estados
Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

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gestão ambiental compartilhada e monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o


descentralizada entre os entes federativos. enriquecimento e reprocessamento, a
§ 4o A Comissão Bipartite do Distrito Federal industrialização e o comércio de minérios
será formada, paritariamente, por nucleares e seus derivados, atendidos os
representantes dos Poderes Executivos da seguintes princípios e condições:
União e do Distrito Federal, com o objetivo de a) toda atividade nuclear em território nacional
fomentar a gestão ambiental compartilhada e somente será admitida para fins pacíficos e
descentralizada entre esses entes federativos. mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a
IV - fundos públicos e privados e outros comercialização e a utilização de radioisótopos
instrumentos econômicos; para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e
V - delegação de atribuições de um ente industriais;
federativo a outro, respeitados os requisitos c) sob regime de permissão, são autorizadas a
previstos nesta Lei Complementar; produção, comercialização e utilização de
VI - delegação da execução de ações radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a
administrativas de um ente federativo a outro, duas horas;
respeitados os requisitos previstos nesta Lei d) a responsabilidade civil por danos nucleares
Complementar. independe da existência de culpa;”

Art. 5o O ente federativo poderá delegar, COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS


mediante convênio, a execução de ações MUNICÍPIOS
administrativas a ele atribuídas nesta Lei
Complementar, desde que o ente destinatário Art. 30. Compete aos Municípios:
da delegação disponha de órgão ambiental VIII - promover, no que couber, adequado
capacitado a executar as ações administrativas ordenamento territorial, mediante planejamento
a serem delegadas e de conselho de meio e controle do uso, do parcelamento e da
ambiente. ocupação do solo urbano;
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental IX - promover a proteção do patrimônio
capacitado, para os efeitos do disposto no histórico-cultural local, observada a legislação
caput, aquele que possui técnicos próprios ou e a ação fiscalizadora federal e estadual.
em consórcio, devidamente habilitados e em
número compatível com a demanda das ações COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
administrativas a serem delegadas. AMBIENTAIS
CONCORRENTES
COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS
EXCLUSIVAS DA UNIÃO “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente
“Art. 21. Compete à União: sobre:
[...] VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação
IX - elaborar e executar planos nacionais e da natureza, defesa do solo e dos recursos
regionais de ordenação do território e de naturais, proteção do meio ambiente e controle
desenvolvimento econômico e social; da poluição;
[...] VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural,
XIX - instituir sistema nacional de artístico, turístico e paisagístico;
gerenciamento de recursos hídricos e definir VIII – responsabilidade por dano ao meio
critérios de outorga de direitos de seu uso; ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento valor artístico, estético, histórico, turístico e
urbano, inclusive habitação, saneamento paisagístico”.
básico e transportes urbanos;
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a
[...] competência da União limitar-se-á a
XXIII - explorar os serviços e instalações estabelecer normas gerais.
nucleares de qualquer natureza e exercer

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§ 2º - A competência da União para legislar específicas das matérias relacionadas neste


sobre normas gerais não exclui a competência artigo.
suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas 1. PREVENÇÃO;
gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas 2. PRECAUÇÃO;
peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre 3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL;
normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário. 4. POLUIDOR-PAGADOR OU
RESPONSABILIDADE;
Art. 30. Compete aos Municípios:
5. USUÁRIO-PAGADOR;
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a 6. PROTETOR-RECEBEDOR;
estadual no que couber;
7. COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS;
Nesse sentido, o STJ, no REsp 29.299, 1.ª
Turma, de 28.09.1994: 8. SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OU
“Constitucional. Meio ambiente. Legislação EQUIDADE;
municipal supletiva. Possibilidade.
Atribuindo, a Constituição Federal, a 9. NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO
competência comum à União, aos Estados e AMBIENTAL;
aos Municípios para proteger o meio ambiente
e combater a poluição em qualquer de suas 10. PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA OU
formas, cabe, aos Municípios, legislar CIDADÃ;
supletivamente sobre a proteção ambiental, na
esfera do interesse estritamente local. 11. FUNÇÃO SOCIO-AMBIENTAL DA
PROPRIEDADE;
A legislação municipal, contudo, deve se
constringir a atender as características próprias 12. INFORMAÇÃO;
do território em que as questões ambientais,
por suas particularidades, não contêm o 13. LIMITE OU CONTROLE;
disciplinamento consignado na lei federal ou
estadual. A legislação supletiva, como é 14. RESPONSABILIDADE COMUM, MAS
cediço, não pode ineficacizar os efeitos da lei DIFERENCIADA (INTERNACIONAL);
que pretende suplementar”.
15. DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO;
PRIVATIVA DA UNIÃO
Art. 22. Compete privativamente à União 16. DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA;
legislar sobre:
IV - águas, energia, informática, 17. PROIBIÇÃO DO RETROCESSO
telecomunicações e radiodifusão; ECOLÓGICO;

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e 18. MÍNIMO EXISTENCIAL ECOLÓGICO.
metalurgia;
Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos
XXVI - atividades nucleares de qualquer Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
natureza; dos Municípios, bem como as fundações
instituídas pelo Poder Público, responsáveis
Parágrafo único. Lei complementar poderá pela proteção e melhoria da qualidade
autorizar os Estados a legislar sobre questões

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ambiental, constituirão o Sistema Nacional do impacto ambiental, e respectivos relatórios, no


Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: caso de obras ou atividades de significativa
degradação ambiental, especialmente nas
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com áreas consideradas patrimônio nacional.
a função de assessorar o Presidente da III- Revogado (Lei 11941/09);
República na formulação da política nacional e IV - homologar acordos visando à
nas diretrizes governamentais para o meio transformação de penalidades pecuniárias na
ambiente e os recursos ambientais; obrigação de executar medidas de interesse
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho para a proteção ambiental;
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a V - determinar, mediante representação do
finalidade de assessorar, estudar e propor ao IBAMA, a perda ou restrição de benefícios
Conselho de Governo, diretrizes de políticas fiscais concedidos pelo Poder Público, em
governamentais para o meio ambiente e os caráter geral ou condicional, e a perda ou
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua suspensão de participação em linhas de
competência, sobre normas e padrões fiananciamento em estabelecimentos oficiais
compatíveis com o meio ambiente de crédito;
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia VI - estabelecer, privativamente, normas e
qualidade de vida; padrões nacionais de controle da poluição por
III - órgão central: a “Secretaria do Meio veículos automotores, aeronaves e
Ambiente da Presidência da República”, com a embarcações, mediante audiência dos
finalidade de planejar, coordenar, supervisionar Ministérios competentes;
e controlar, como órgão federal, a política VII - estabelecer normas, critérios e padrões
nacional e as diretrizes governamentais fixadas relativos ao controle e à manutenção da
para o meio ambiente; qualidade do meio ambiente com vistas ao uso
IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do racional dos recursos ambientais,
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais principalmente os hídricos.
Renováveis, com a finalidade de executar e
fazer executar, como órgão federal, a política e INSTRUMENTOS - PNMA
diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente; Art 9º - São instrumentos da Política Nacional
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades do Meio Ambiente:
estaduais responsáveis pela execução de I - o estabelecimento de padrões de qualidade
programas, projetos e pelo controle e ambiental;
fiscalização de atividades capazes de provocar
a degradação ambiental; É possível definir os padrões de qualidade
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades ambiental como o reflexo do estado ambiental
municipais, responsáveis pelo controle e de determinado ou determinados recursos
fiscalização dessas atividades, nas suas ambientais, usualmente fixados numericamente
respectivas jurisdições; em normas ambientais lastreadas em
fundamentos técnicos, com o objetivo de
COMPETÊNCIAS DO CONAMA – ART. 8 º manter o equilíbrio ambiental e a saúde
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, humana.
normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente II - o zoneamento ambiental (Decreto
poluídoras, a ser concedido pelos Estados e 4.297/02);
supervisionado pelo IBAMA;
II - determinar, quando julgar necessário, a Artigo 2.º, do Decreto 4.297/2002 - Instrumento
realização de estudos das alternativas e das de organização do território a ser
possíveis conseqüências ambientais de obrigatoriamente seguido na implantação de
projetos públicos ou privados, requisitando aos planos, obras e atividades públicas e privadas,
órgãos federais, estaduais e municipais, bem estabelecendo medidas e padrões de proteção
assim a entidades privadas, as informações ambiental destinados a assegurar a qualidade
indispensáveis para apreciação dos estudos de ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a

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conservação da biodiversidade, garantindo o controle, monitoramento, planejamento


desenvolvimento sustentável e a melhoria das ambiental e econômico e combate ao
condições de vida da população. desmatamento.
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades
De acordo com o artigo 3.º do regulamento, o e Instrumentos de Defesa Ambiental;
ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma
vinculada, as decisões dos agentes públicos e Art. 17. Fica instituído, sob a administração do
privados quanto a planos, programas, projetos Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
e atividades que, direta ou indiretamente, Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:
utilizem recursos naturais, assegurando a
plena manutenção do capital e dos serviços I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e
ambientais dos ecossistemas. Instrumentos de Defesa Ambiental, para
registro obrigatório de pessoas físicas ou
A competência para a promoção do jurídicas que se dedicam a consultoria técnica
zoneamento ambiental foi tratada pela Lei sobre problemas ecológicos e ambientais e à
Complementar 140/2011. Competirá à União, indústria e comércio de equipamentos,
na forma do seu artigo 7º, inciso IX, elaborar o aparelhos e instrumentos destinados ao
zoneamento ambiental de âmbito nacional e controle de atividades efetiva ou
regional. Já aos estados terão a incumbência potencialmente poluidoras;
de elaborar o zoneamento ambiental de âmbito
estadual, em conformidade com os INSTRUMENTOS - PNMA
zoneamentos de âmbito nacional e regional. IX - as penalidades disciplinares ou
compensatórias ao não cumprimento das
Contudo, inexiste previsão expressa na LC medidas necessárias à preservação ou
140/2011 para que os municípios promovam correção da degradação ambiental.
zoneamentos ambientais locais, sendo apenas X - a instituição do Relatório de Qualidade do
elencada a competência de elaborar o Plano Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
Diretor, observando os zoneamentos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
ambientais (artigo 9º, inciso IX) Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações
III - a avaliação de impactos ambientais; relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o
IV - o licenciamento e a revisão de atividades Poder Público a produzi-las, quando
efetiva ou potencialmente poluidoras; inexistentes;
V - os incentivos à produção e instalação de XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades
equipamentos e a criação ou absorção de potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos
tecnologia, voltados para a melhoria da recursos ambientais.
qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais Art. 17. Fica instituído, sob a administração do
especialmente protegidos pelo Poder Público Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
federal, estadual e municipal, tais como áreas Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:
de proteção ambiental, de relevante interesse
ecológico e reservas extrativistas; II - Cadastro Técnico Federal de Atividades
VII - o sistema nacional de informações sobre o Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
meio ambiente; Recursos Ambientais, para registro obrigatório
de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam
NOVO CFLO - Art. 29. É criado o Cadastro a atividades potencialmente poluidoras e/ou à
Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema extração, produção, transporte e
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - comercialização de produtos potencialmente
SINIMA, registro público eletrônico de âmbito perigosos ao meio ambiente, assim como de
nacional, obrigatório para todos os imóveis produtos e subprodutos da fauna e flora.
rurais, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e XIII - instrumentos econômicos, como
posses rurais, compondo base de dados para

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concessão florestal, servidão ambiental, seguro LC 140/2011


ambiental e outros.
Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar,
o
Art. 9 -A. O proprietário ou possuidor de consideram-se:
imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por I - licenciamento ambiental: o procedimento
instrumento público ou particular ou por termo administrativo destinado a licenciar atividades
administrativo firmado perante órgão integrante ou empreendimentos utilizadores de recursos
do Sisnama, limitar o uso de toda a sua ambientais, efetiva ou potencialmente
propriedade ou de parte dela para preservar, poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
conservar ou recuperar os recursos ambientais causar degradação ambiental;
existentes, instituindo servidão ambiental.
(Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012). LICENCIAMENTO E PODER DE POLÍCIA
AMBIENTAL
§ 2o A servidão ambiental não se aplica às
Áreas de Preservação Permanente e à Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo
Reserva Legal mínima exigida. (Redação dada licenciamento ou autorização, conforme o caso,
pela Lei nº 12.651, de 2012). de um empreendimento ou atividade, lavrar
§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da auto de infração ambiental e instaurar processo
vegetação da área sob servidão ambiental administrativo para a apuração de infrações à
deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida legislação ambiental cometidas pelo
para a Reserva Legal. (Redação dada pela Lei empreendimento ou atividade licenciada ou
nº 12.651, de 2012). autorizada.

Art. 9o-B. A servidão ambiental poderá ser § 1o Qualquer pessoa legalmente identificada,
onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua. § ao constatar infração ambiental decorrente de
1o O prazo mínimo da servidão ambiental empreendimento ou atividade utilizadores de
temporária é de 15 (quinze) anos. recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores, pode dirigir representação ao órgão
LICENÇA AMBIENTAL a que se refere o caput, para efeito do
“Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental exercício de seu poder de polícia.
competente estabelece as condições, § 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de
restrições e medidas de controle ambiental que degradação da qualidade ambiental, o ente
deverão ser obedecidas pelo empreendedor, federativo que tiver conhecimento do fato
pessoa física ou jurídica, para localizar, deverá determinar medidas para evitá-la, fazer
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou cessá-la ou mitigá-la, comunicando
atividades utilizadoras dos recursos ambientais imediatamente ao órgão competente para as
consideradas efetiva ou potencialmente providências cabíveis.
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, § 3o O disposto no caput deste artigo não
possam causar degradação ambiental” (artigo impede o exercício pelos entes federativos da
1º, inciso II, da Resolução CONAMA 237/97). atribuição comum de fiscalização da
conformidade de empreendimentos e
LICENCIAMENTO AMBIENTAL atividades efetiva ou potencialmente poluidores
“Procedimento administrativo pelo qual o órgão ou utilizadores de recursos naturais com a
ambiental competente licencia a localização, legislação ambiental em vigor, prevalecendo o
instalação, ampliação e a operação de auto de infração ambiental lavrado por órgão
empreendimentos e atividades utilizadoras de que detenha a atribuição de licenciamento ou
recursos ambientais, consideradas efetiva ou autorização a que se refere o caput.
potencialmente poluidoras ou daquelas que,
sob qualquer forma, possam causar STJ - 3. O pacto federativo atribuiu
degradação ambiental, considerando as competência aos quatro entes da federação
disposições legais e regulamentares e as para proteger o meio ambiente através da
normas técnicas aplicáveis ao caso” (artigo 1º, fiscalização.
inciso I, da Resolução CONAMA 237/97).

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4. A competência constitucional para fiscalizar Lei 6938/81-


é comum aos órgãos do meio ambiente das
diversas esferas da federação, inclusive o Art. 10. A construção, instalação, ampliação e
artigo 76 da Lei Federal n. 9.605/1998 prevê a funcionamento de estabelecimentos e
possibilidade de atuação concomitante dos atividades utilizadores de recursos ambientais,
integrantes do SISNAMA. efetiva ou potencialmente poluidores ou
5. Atividade desenvolvida com risco de dano capazes, sob qualquer forma, de causar
ambiental a bem da União pode ser fiscalizada degradação ambiental dependerão de prévio
pelo IBAMA, ainda que a competência para licenciamento ambiental. (Redação dada pela
licenciar seja de outro ente federado. Agravo Lei Complementar nº 140, de 2011)
regimental provido” (AgRg no REsp
711.405/PR, de 28.04.2009). LC 140/2011

ESPÉCIES DE LICENÇA AMBIENTAL Art. 13. Os empreendimentos e atividades são


licenciados ou autorizados, ambientalmente,
Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua por um único ente federativo, em conformidade
competência de controle, expedirá as seguintes com as atribuições estabelecidas nos termos
licenças: desta Lei Complementar.
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase § 1o Os demais entes federativos interessados
preliminar do planejamento do podem manifestar-se ao órgão responsável
empreendimento ou atividade aprovando sua pela licença ou autorização, de maneira não
localização e concepção, atestando a vinculante, respeitados os prazos e
viabilidade ambiental e estabelecendo os procedimentos do licenciamento ambiental.
requisitos básicos e condicionantes a serem
atendidos nas próximas fases de sua ARTIGO 14, LC 140/2011:
implementação;
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a § 4o A renovação de licenças ambientais deve
instalação do empreendimento ou atividade de ser requerida com antecedência mínima de 120
acordo com as especificações constantes dos (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo
planos, programas e projetos aprovados, de validade, fixado na respectiva licença,
incluindo as medidas de controle ambiental e ficando este automaticamente prorrogado até a
demais condicionantes, da qual constituem manifestação definitiva do órgão ambiental
motivo determinante; competente.
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a
operação da atividade ou empreendimento, Art. 15. Os entes federativos devem atuar em
após a verificação do efetivo cumprimento do caráter supletivo nas ações administrativas de
que consta das licenças anteriores, com as licenciamento e na autorização ambiental, nas
medidas de controle ambiental e seguintes hipóteses:
condicionantes determinados para a operação. I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou
conselho de meio ambiente no Estado ou no
Art. 19 – O órgão ambiental competente, Distrito Federal, a União deve desempenhar as
mediante decisão motivada, poderá modificar ações administrativas estaduais ou distritais até
os condicionantes e as medidas de controle e a sua criação;
adequação, suspender ou cancelar uma II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou
licença expedida, quando ocorrer: conselho de meio ambiente no Município, o
I - Violação ou inadequação de quaisquer Estado deve desempenhar as ações
condicionantes ou normas legais. administrativas municipais até a sua criação; e
II - Omissão ou falsa descrição de informações III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou
relevantes que subsidiaram a expedição da conselho de meio ambiente no Estado e no
licença. Município, a União deve desempenhar as
III - superveniência de graves riscos ambientais ações administrativas até a sua criação em um
e de saúde. daqueles entes federativos.

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Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos XIV – observadas as atribuições dos demais
entes federativos dar-se-á por meio de apoio entes federativos previstas nesta Lei
técnico, científico, administrativo ou financeiro, Complementar, promover o licenciamento
sem prejuízo de outras formas de cooperação. ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser ambiental de âmbito local, conforme tipologia
solicitada pelo ente originariamente detentor da definida pelos respectivos Conselhos Estaduais
atribuição nos termos desta Lei Complementar. de Meio Ambiente, considerados os critérios de
porte, potencial poluidor e natureza da
Competências licenciatórias federais atividade; ou
b) localizados em unidades de conservação
“Art. 7º São ações administrativas da União: instituídas pelo Município, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental – APAs”;
(...)
XIV – promover o licenciamento ambiental de “Art. 8º São ações administrativas dos Estados:
empreendimentos e atividades:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente (...)
no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar XIV – promover o licenciamento ambiental de
territorial, na plataforma continental ou na zona atividades ou empreendimentos utilizadores de
econômica exclusiva; recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
c) localizados ou desenvolvidos em terras poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
indígenas; causar degradação ambiental, ressalvado o
d) localizados ou desenvolvidos em unidades disposto nos arts. 7º e 9º”;
de conservação instituídas pela União, exceto
em Áreas de Proteção Ambiental – APAs; Art. 10. São ações administrativas do Distrito
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou Federal as previstas nos arts. 8o e 9o.
mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do APA‟S - Art. 12. Para fins de licenciamento
licenciamento ambiental, nos termos de ato do ambiental de atividades ou empreendimentos
Poder Executivo, aqueles previstos no preparo utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
e emprego das Forças Armadas, conforme potencialmente poluidores ou capazes, sob
disposto na Lei Complementar nº 97, de 9 de qualquer forma, de causar degradação
junho de 1999; ambiental, e para autorização de supressão e
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, manejo de vegetação, o critério do ente
beneficiar, transportar, armazenar e dispor federativo instituidor da unidade de
material radioativo, em qualquer estágio, ou conservação não será aplicado às Áreas de
que utilizem energia nuclear em qualquer de Proteção Ambiental (APAs).
suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear – Parágrafo único. A definição do ente federativo
CNEN; ou responsável pelo licenciamento e autorização a
h) que atendam tipologia estabelecida por ato que se refere o caput, no caso das APAs,
do Poder Executivo, a partir de proposição da seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”,
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a “b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7o, no
participação de um membro do Conselho inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” do inciso
Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, e XIV do art. 9º.
considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade ou Poder judiciário e mérito do licenciamento
empreendimento”;
5. Se não é possível considerar o projeto como
“Art. 9º São ações administrativas dos inviável do ponto de vista ambiental, ausente
Municípios: nesta fase processual qualquer violação de
norma constitucional ou legal, potente para o

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deferimento da cautela pretendida, a opção por canais para navegação, drenagem e irrigação,
esse projeto escapa inteiramente do âmbito retificação de cursos d‟água, abertura de
desta Suprema Corte. Dizer sim ou não à barras e embocaduras, transposição de bacias,
transposição não compete ao Juiz, que se diques;
limita a examinar os aspectos normativos, no VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo,
caso, para proteger o meio ambiente. 6. xisto, carvão);
Agravos regimentais desprovidos” (ACO-MC- IX – Extração de minério, inclusive os da classe
AgR 876, de 19.12.2007). II, definidas no Código de Mineração;
X – Aterros sanitários, processamento e
ESTUDOS AMBIENTAIS destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
Xl – Usinas de geração de eletricidade,
“São todos e quaisquer estudos relativos aos qualquer que seja a fonte de energia primária,
aspectos ambientais relacionados à acima de 10MW;
localização, instalação, operação e ampliação XII – Complexo e unidades industriais e agro-
de uma atividade ou empreendimento, industriais (petroquímicos, siderúrgicos,
apresentado como subsídio para a análise da cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha,
licença requerida, tais como: relatório extração e cultivo de recursos hídricos);
ambiental, plano e projeto de controle XIII – Distritos industriais e zonas estritamente
ambiental, relatório ambiental preliminar, industriais – ZEI;
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano XIV – Exploração econômica de madeira ou de
de recuperação de área degradada e análise lenha, em áreas acima de 100 hectares ou
preliminar de risco” (artigo 1º, inciso III, da menores, quando atingir áreas significativas
Resolução CONAMA 237/97). em termos percentuais ou de importância do
ponto de vista ambiental;
EIA - Incumbe ao Poder Público “exigir, na XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou
forma da lei, para instalação de obra ou em áreas consideradas de relevante interesse
atividade potencialmente causadora de ambiental a critério da SEMA e dos órgãos
significativa degradação do meio ambiente, municipais e estaduais competentes;
estudo prévio de impacto ambiental, a que se XVI – Qualquer atividade que utilize carvão
dará publicidade” (artigo 225, §1º, IV). vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia;
A publicidade é mitigada pelo sigilo industrial. XVII – Projetos Agropecuários que contemplem
EIA-RIMA precede a LP. áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste
EIA-RIMA (significativo impacto ambiental). caso, quando se tratar de áreas significativas
Hipóteses presumidas. Res. CONAMA 01/86. em termos percentuais ou de importância do
Rol exemplificativo. Artigo 2º: ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas
de proteção ambiental;
“I – Estradas de rodagem com duas ou mais XVIII – Empreendimentos potencialmente
faixas de rolamento; lesivos ao patrimônio espeleológico nacional”.
II – Ferrovias;
III – Portos e terminais de minério, petróleo e Presunção relativa ou absoluta de significativa
produtos químicos; degradação ambiental ?
IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso
1, artigo 48, do Decreto-Lei n.º 32, de 18.11.66; Inexiste discricionariedade administrativa na
V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos, interpretação concreta de impacto ambiental
troncos coletores e emissários de esgotos significativo para fins de o ente ambiental exigir
sanitários; ou não o EIA-RIMA
VI – Linhas de transmissão de energia elétrica,
acima de 230KV; Proponente contrata e paga a equipe técnica
VII – Obras hidráulicas para exploração de multidisciplinar.
recursos hídricos, tais como: barragem para
fins hidrelétricos, acima de 10MW, de
saneamento ou de irrigação, abertura de

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Direito Ambiental
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RIMA é o documento que conterá as


conclusões do EIA, devendo ser apresentado • unidades de conservação;•
em linguagem objetiva e adequada à sua
compreensão pela população, inclusive áreas ambientais municipais;
podendo ter ilustrações, sendo de
acessibilidade pública. áreas de uso restrito.

Conclusões no RIMA. Não vincula o órgão Novo Código Florestal – Lei 12.651/12,
ambiental. publicada em 28/05/2012. Alterações pela MP
571/12.
Equipe técnica poderá ser responsabilidade
ulterior e solidariamente com o empreendedor O artigo 2º, do novo CFlo, reproduziu
nas esferas civil, administrativa e criminal pelas literalmente a redação do artigo 1º, do Código
informações apresentadas, nos termos do revogado, ao prever que “as florestas
artigo 11, parágrafo único, da Resolução existentes no território nacional e as demais
CONAMA 237/1997. formas de vegetação, reconhecidas de
utilidade às terras que revestem, são bens de
Sinteticamente, o conteúdo mínimo do EIA interesse comum a todos os habitantes do
será: 1) o diagnóstico ambiental da área de País, exercendo-se os direitos de propriedade,
influência do projeto; 2) a análise dos impactos com as limitações que a legislação em geral e
ambientais e suas alternativas; 3) a definição especialmente esta Lei estabelecem”, o que
das medidas mitigadoras dos impactos reflete a titularidade difusa do direito
negativos; 4) a elaboração do programa de fundamental ao meio ambiente ecologicamente
acompanhamento; 5) o monitoramento. equilibrado, bem de uso comum do povo
brasileiro.
Dispositivo de constituição estadual que
submeta o RIMA ao crivo da Assembleia Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais
Legislativa viola o Princípio da Separação dos com o fundamento central da proteção e uso
Poderes. STF (ADI 1505). sustentável das florestas e demais formas de
vegetação nativa em harmonia com a
EIA-RIMA: possibilidade de audiência pública, promoção do desenvolvimento econômico,
Resolução 09/87 – CONAMA, sob pena de atendidos os seguintes princípios: (Incluído
NULIDADE. A critério do órgão ambiental, MP, pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
entidade civil ou 50 cidadãos.
I - reconhecimento das florestas existentes no
ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE território nacional e demais formas de
PROTEGIDOS vegetação nativa como bens de interesse
ARTIGO 225, §1º, III, DA CF: comum a todos os habitantes do País;
II - afirmação do compromisso soberano do
III - definir, em todas as unidades da Brasil com a preservação das suas florestas e
Federação, espaços territoriais e seus demais formas de vegetação nativa, da
componentes a serem especialmente biodiversidade, do solo e dos recursos hídricos,
protegidos, sendo a alteração e a supressão e com a integridade do sistema climático, para
permitidas somente através de lei, vedada o bem-estar das gerações presentes e futuras;
qualquer utilização que comprometa a III - reconhecimento da função estratégica da
integridade dos atributos que justifiquem sua produção rural na recuperação e manutenção
proteção das florestas e demais formas de vegetação
nativa, e do papel destas na sustentabilidade
• reserva legal; da produção agropecuária;
IV - consagração do compromisso do País com
• áreas de preservação permanente; o modelo de desenvolvimento ecologicamente
sustentável, que concilie o uso produtivo da
Apicuns e salgados; terra e a contribuição de serviços coletivos das

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florestas e demais formas de vegetação nativa Outra inovação do novo CFlo foi a previsão de
privadas; criação do CAR – Cadastro Ambiental Rural,
V - ação governamental de proteção e uso no âmbito do Sistema Nacional de Informação
sustentável de florestas, coordenada com a sobre Meio Ambiente, registro público
Política Nacional do Meio Ambiente, a Política eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para
Nacional de Recursos Hídricos, a Política todos os imóveis rurais, com a finalidade de
Agrícola, o Sistema Nacional de Unidades de integrar as informações ambientais das
Conservação da Natureza, a Política de Gestão propriedades e posses rurais, compondo base
de Florestas Públicas, a Política Nacional sobre de dados para controle, monitoramento,
Mudança do Clima e a Política Nacional da planejamento ambiental e econômico e
Biodiversidade; combate ao desmatamento, devendo ser feito,
VI - responsabilidade comum de União, preferencialmente, no órgão ambiental
Estados, Distrito Federal e Municípios, em municipal ou estadual. ARTIGO 29
colaboração com a sociedade civil, na criação
de políticas para a preservação e restauração Também foi prevista a instituição, pelas
da vegetação nativa e de suas funções entidades políticas, no prazo de 01 ano após a
ecológicas e sociais nas áreas urbanas e publicação do novo Código Florestal,
rurais; prorrogável uma vez por igual período, dos
VII - fomento à inovação para o uso Programas de Regularização Ambiental –
sustentável, a recuperação e a preservação PRA‟s, que objetivam regularizar os imóveis
das florestas e demais formas de vegetação rurais no que concerne às situações
nativa; e consolidadas até 22 de julho de 2008 nas
VIII - criação e mobilização de incentivos áreas de reserva legal e de preservação
jurídicos e econômicos para fomentar a permanente, cuja assinatura do termo de
preservação e a recuperação da vegetação compromisso repercutirá na esfera
nativa, e para promover o desenvolvimento de administrativa e criminal com a extinção da
atividades produtivas sustentáveis. punibilidade, além da civil. ARTIGO 59

Em muitas passagens o novo CFlo adota dois Outros três programas ambientais ainda foram
regimes jurídicos: um de tolerância para as previstos no novo CFlo:
condutas lesivas ao ambiente perpetradas até
o dia 22 de julho de 2008 e outro rígido para os A) Programa de Apoio e Incentivo à
atos praticados a partir dessa data. Conservação do Meio Ambiente (artigo 41) – a
Isso porque, no dia 23 de julho de 2008, foi ser instituído pelo Poder Executivo federal,
publicado o Decreto 6.514, que dispõe sobre para adoção de tecnologias e boas práticas
as infrações e sanções administrativas ao meio que conciliem a produtividade agropecuária e
ambiente, que instituiu uma série de novos florestal, com redução dos impactos
tipos administrativos para punir os infratores da ambientais, como forma de promoção do
legislação ambiental. desenvolvimento ecologicamente sustentável,
observados sempre os critérios de
De sua vez, insta salientar também que o novo progressividade;
CFlo traz várias disposições mais flexíveis em B) Programa para Conversão da Multa prevista
favor do pequeno proprietário ou possuidor no art. 50 do Decreto no 6.514, de 22 de julho
rural (prédio rústico de até 04 módulos fiscais), de 2008 (artigo 42) - a ser instituído pelo Poder
especialmente no que concerne às áreas de Executivo federal, destinado aos imóveis rurais,
preservação permanente e reserva legal. referente a autuações vinculadas a
Em positivação da jurisprudência consolidada desmatamentos promovidos sem autorização
do STJ, previu o novo CFlo que “as obrigações ou licença, em data anterior a 22 de julho de
previstas nesta Lei têm natureza real e são 2008;
transmitidas ao sucessor, de qualquer C) Programa de Apoio Técnico e Incentivos
natureza, no caso de transferência de domínio Financeiros (artigo 58) – a ser instituído pelo
ou posse do imóvel rural”. ARTIGO 2º, §2º. Poder Público, para atendimento prioritário dos
pequenos proprietários e possuidores rurais,

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podendo incluir medidas indutoras e linhas de regularmente as águas do curso d‟água


financiamento. durante o ano.

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Com a MP 571/2012, foram inseridos os §§ 9º


e 10 ao artigo 4º, impondo-se que os limites
De acordo com o artigo 3.º, II, do novo Código mínimos das matas ciliares deverão ser
Florestal, Área de Preservação Permanente respeitados pelo Plano Diretor e pela Lei de
(APP) é a “área protegida, coberta ou não por Uso do Solo do município.
vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a II) Entorno de lagos e lagoas naturais
estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger O antigo Código Florestal apenas previa o
o solo e assegurar o bem-estar das populações redor dos lagos e lagoas como áreas de
humanas”, definição praticamente idêntica à preservação permanente sem fixar a sua
que constava no artigo 1.º, § 2.º, II, do antigo dimensão, o que foi feito pelo artigo 3º, inciso
Código Florestal. III, da Resolução CONAMA 303/2002.

APP‟S DO ARTIGO 4º - INCIDÊNCIA EX LEGE Atualmente, consideram-se áreas de


preservação permanente as áreas no entorno
APP‟S DO ARTIGO 6º - PRECISAM SER dos lagos e lagoas naturais, em faixa com
DECLARADAS POR ATO DO PODER EX largura mínima de:
PARA EXISTIREMECUTIVO
a) 100 metros, em zonas rurais, exceto para o
HIPÓTESES DO ARTIGO 4º - I) Mata ciliar - corpo d‟água com até 20 hectares de
São consideradas áreas de preservação superfície, cuja faixa marginal será de 50
permanente as faixas marginais de qualquer metros;
curso d‟água natural, desde a borda da calha
do leito regular, em largura mínima de: b) 30 metros, em zonas urbanas.

Por outro lado, nos termos do artigo 4º, §4º, do


novo CFlo, fica dispensado o estabelecimento
das faixas de Área de Preservação
Permanente no entorno das acumulações
naturais ou artificiais de água com superfície
inferior a 01 hectare, vedada nova supressão
de áreas de vegetação nativa.

III) Entorno de reservatórios d‟água artificiais


A sua dimensão formalmente foi mantida pelo
novo CFlo em comparação ao anterior, O antigo Código Florestal previa o redor
inexistindo redução ou majoração da mata reservatórios d'água naturais ou artificiais como
ciliar. Contudo, a sua linha inicial de áreas de preservação permanente, não fixando
demarcação foi alterada, o que, via transversa, a sua dimensão.
acabou diminuindo o seu tamanho.
Entrementes, o tema ganhou novo tratamento
É que o antigo CFlo previa a sua fixação desde com o novo CFlo. E como sempre, houve uma
o seu nível mais alto em faixa marginal (nível redução na proteção florestal. Agora, apenas
alcançado por ocasião da cheia sazonal do existe previsão das áreas no entorno dos
curso d‟água perene ou intermitente), ao passo reservatórios d‟água artificiais como APP‟s, e
que o novo CFlo pontifica que será desde a não mais ao redor dos reservatórios naturais.
borda da calha do leito regular, assim
considerada a calha por onde correm A faixa da APP no entorno do reservatório
d‟água artificial será definida pela licença

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ambiental, razão pela qual o artigo 4º, inciso III, A nascente é o afloramento natural do lençol
do novo CFlo, não possui aplicabilidade freático que apresenta perenidade e dá início a
imediata total, pois depende da licença um curso d‟água, ao passo que o olho d‟água é
ambiental para delimitar a APP. o afloramento natural do lençol freático, mesmo
que intermitente.
Todavia, caso se trate de um reservatório
artificial em áreas rurais com até 20 hectares
de superfície, a área de preservação
permanente terá, no mínimo, 15 metros.

E não é só isso. Nos casos em que os


reservatórios artificiais de água não decorram
de barramento ou represamento de cursos
d‟água não existirá APP no seu entorno, a teor
do artigo 4º, §1º, do novo CFlo.

Outrossim, como ocorre com os lagos e lagoas


naturais, nos termos do artigo 4º, §4º, do novo
CFlo, nas acumulações naturais ou artificiais V) Encostas ou partes destas com declividade
de água com superfície inferior a 1 hectare, fica acima de 45º, equivalente a 100% na linha de
dispensada a reserva da faixa de proteção no maior declive
entorno dos reservatórios d‟água artificiais.
Também neste caso o novo CFlo manteve a
Nos termos do artigo 5º, do novo CFlo, na sistemática anterior. Considera-se APP as
implantação de reservatório d‟água artificial encostas ou partes destas com declividade
destinado a geração de energia ou superior a 45°, equivalente a 100% (cem por
abastecimento público, é obrigatória a cento) na linha de maior declive.
aquisição, desapropriação ou instituição de
servidão administrativa pelo empreendedor das VI) As restingas, como fixadoras de dunas ou
Áreas de Preservação Permanente criadas em estabilizadoras de mangues
seu entorno, conforme estabelecido no
licenciamento ambiental, observando-se a faixa Esta foi outra manutenção literal do texto do
mínima de 30 metros e máxima de 100 metros antigo CFlo. As restingas, como fixadoras de
em área rural, e a faixa mínima de 15 metros e dunas ou estabilizadoras de mangues, são
máxima de 30 metros em área urbana. áreas de preservação permanente.

Deverá ainda o empreendedor, no âmbito do A restinga é o depósito arenoso paralelo à linha


licenciamento ambiental, elaborar Plano da costa, de forma geralmente alongada,
Ambiental de Conservação e Uso do Entorno produzido por processos de sedimentação,
do Reservatório, em conformidade com termo onde se encontram diferentes comunidades
de referência expedido pelo órgão competente que recebem influência marinha, com cobertura
do Sistema Nacional do Meio Ambiente, não vegetal em mosaico, encontrada em praias,
podendo exceder a dez por cento do total da cordões arenosos, dunas e depressões,
Área de Preservação Permanente. apresentando, de acordo com o estágio
sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e
IV) Entorno de nascentes e olhos d‟água arbóreo, este último mais interiorizado.
Nete caso o novo CFlo seguiu a mesma
sistemática do anterior. Considera-se APP as
áreas no entorno das nascentes e dos olhos
d‟água perenes, qualquer que seja a sua
situação topográfica, no raio mínimo de 50
metros.

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IX) Topo de morros, montes, montanhas e


VII) Os manguezais, em toda a sua extensão serras
De acordo com o antigo CFlo, considerava-se
Essa é uma boa inovação do novo CFlo. O APP a vegetação natural situada no topo de
anterior apenas previa as restingas morros, montes, montanhas e serras. Para o
estabilizadoras dos mangues como APP‟s. Os artigo 2º, inciso IV, da Resolução CONAMA
manguezais em toda a sua extensão apenas 303/2002, que não foi recepcionado pelo novo
eram previstos como áreas de preservação CFlo, morro era a elevação do terreno com
permanente pelo artigo 3º, inciso X, da cota do topo em relação a base entre 50 e 300
Resolução CONAMA 303/2002. metros e encostas com declividade superior a
17% (aproximadamente dezessete graus) na
O manguezal é o ecossistema litorâneo que linha de maior declividade.
ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das
marés, formado por vasas lodosas recentes ou Contudo, o novo CFlo reduziu esta hipótese de
arenosas, às quais se associa, APP. Apenas a vegetação natural localizada no
predominantemente, a vegetação natural topo de morros, montes, montanhas e serras,
conhecida como mangue, com influência com altura mínima de 100 metros e inclinação
fluviomarinha, típica de solos limosos de média maior que 25°, as áreas delimitadas a
regiões es-tuarinas e com dispersão partir da curva de nível correspondente a 2/3
descontínua ao longo da costa brasileira, entre da altura mínima da elevação sempre em
os Estados do Amapá e de Santa Catarina. relação à base, sendo esta definida pelo plano
horizontal determinado por planície ou espelho
VIII) Bordas de tabuleiros ou chapadas d‟água adjacente ou, nos relevos ondulados,
pela cota do ponto de sela mais próximo da
Assim como seu verificou na legislação elevação, estará situada em APP.
anterior, o novo CFlo considera como APP as
bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha X) Áreas em altitude acima de 1.800m
de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a
100 metros em projeções horizontais. Neste ponto o novo CFlo reproduziu a
legislação revogada. Consideram-se como
Tabuleiro ou chapada é a paisagem de APP‟s as áreas em altitude superior a 1.800
topografia plana, com declividade média metros, qualquer que seja a vegetação, com o
inferior a dez por cento, aproximadamente seis objetivo principal de preservar essa fauna e
graus e superfície superior a dez hectares, flora tão diferenciada no Brasil por habitar em
terminada de forma abrupta em escarpa, elevadas altitudes.
caracterizando-se a chapada por grandes
superfícies a mais de seiscentos metros de XI) Veredas
altitude.
Essa é uma boa inovação do novo CFlo. O
anterior não previa as veredas como APP‟s,
que apenas eram previstas como áreas de

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preservação permanente pelo artigo 3º, inciso IX – proteger áreas úmidas, especialmente as
IV, da Resolução CONAMA 303/2002. de importância internacional. (Incluído pela
São conhecidas como savanas brasileiras. É a Medida Provisória nº 571, de 2012).
fitofisionomia de savana, encontrada em solos
hidromórficos, usualmente com palmáceas, Seção II
sem formar dossel, em meio a agrupamentos Do Regime de Proteção das Áreas de
de espécies arbustivo-herbáceas. Preservação Permanente

O novo CFlo, por outro lado, não delimitava a Art. 7o A vegetação situada em Área de
dimensão desta APP, o que foi feito pela MP Preservação Permanente deverá ser mantida
571/2012, ao considerar como APP em pelo proprietário da área, possuidor ou
veredas, a faixa marginal, em projeção ocupante a qualquer título, pessoa física ou
horizontal, com largura mínima de 50 metros, a jurídica, de direito público ou privado.
partir do limite do espaço brejoso e
encharcado, seguindo o referido ato do § 1o Tendo ocorrido supressão de vegetação
CONAMA. situada em Área de Preservação Permanente,
o proprietário da área, possuidor ou ocupante a
qualquer título é obrigado a promover a
recomposição da vegetação, ressalvados os
usos autorizados previstos nesta Lei.
§ 2o A obrigação prevista no § 1o tem natureza
real e é transmitida ao sucessor no caso de
transferência de domínio ou posse do imóvel
rural.
§ 3o No caso de supressão não autorizada de
vegetação realizada após 22 de julho de 2008,
é vedada a concessão de novas autorizações
de supressão de vegetação enquanto não
cumpridas as obrigações previstas no § 1o.
APP’S DO ARTIGO 6º, DO NOVO CFLO
Art. 8o A intervenção ou a supressão de
Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação
vegetação nativa em Área de Preservação
permanente, quando declaradas de interesse
Permanente somente ocorrerá nas hipóteses
social por ato do Chefe do Poder Executivo, as
de utilidade pública, de interesse social ou de
áreas cobertas com florestas ou outras formas
baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
de vegetação destinadas a uma ou mais das
§ 1o A supressão de vegetação nativa protetora
seguintes finalidades:
de nascentes, dunas e restingas somente
poderá ser autorizada em caso de utilidade
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de
pública.
enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
§ 2o A intervenção ou a supressão de
II - proteger as restingas ou veredas;
vegetação nativa em Área de Preservação
III - proteger várzeas;
Permanente de que tratam os incisos VI e VII
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora
do caput do art. 4o poderá ser autorizada,
ameaçados de extinção;
excepcionalmente, em locais onde a função
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de
ecológica do manguezal esteja comprometida,
valor científico, cultural ou histórico;
para execução de obras habitacionais e de
VI - formar faixas de proteção ao longo de
urbanização, inseridas em projetos de
rodovias e ferrovias;
regularização fundiária de interesse social, em
VII - assegurar condições de bem-estar
áreas urbanas consolidadas ocupadas por
público;
população de baixa renda.
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a
§ 3o É dispensada a autorização do órgão
critério das autoridades militares.
ambiental competente para a execução, em
caráter de urgência, de atividades de

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segurança nacional e obras de interesse da urbanas e rurais consolidadas, observadas as


defesa civil destinadas à prevenção e condições estabelecidas no CFlo;
mitigação de acidentes em áreas urbanas. d) a regularização fundiária de assentamentos
§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direito humanos ocupados predominantemente por
à regularização de futuras intervenções ou população de baixa renda em áreas urbanas
supressões de vegetação nativa, além das consolidadas, observadas as condições
previstas nesta Lei. estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho
Art. 9o É permitido o acesso de pessoas e de 2009 (Programa Minha Casa, Minha Vida);
animais às Áreas de Preservação Permanente e) implantação de instalações necessárias à
para obtenção de água e para realização de captação e condução de água e de efluentes
atividades de baixo impacto ambiental. tratados para projetos cujos recursos hídricos
são partes integrantes e essenciais da ati-
São hipóteses de utilidade pública: vidade;
a) as atividades de segurança nacional e f) as atividades de pesquisa e extração de
proteção sanitária; areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas
b) as obras de infraestrutura destinadas às pela autoridade competente;
concessões e aos serviços públicos de g) outras atividades similares devidamente
transporte, sistema viário, inclusive aquele caracterizadas e motivadas em procedimento
necessário aos parcelamentos de solo urbano administrativo próprio, quando inexistir
aprovados pelos Municípios, saneamento, alternativa técnica e locacional à atividade
gestão de resíduos, energia, proposta, definidas em ato do Chefe do Poder
telecomunicações, radiodifusão, instalações Executivo federal;
necessárias à realização de competições
esportivas estaduais, nacionais ou Atividades eventuais ou de baixo impacto
internacionais, bem como mineração, exceto, ambiental:
neste último caso, a extração de areia, argila,
saibro e cascalho; a) abertura de pequenas vias de acesso interno
c) atividades e obras de defesa civil; e suas pontes e pontilhões, quando
d) atividades que comprovadamente necessárias à travessia de um curso d‟água, ao
proporcionem melhorias na proteção das acesso de pessoas e animais para a obtenção
funções ambientais nas APP‟s; de água ou à retirada de produtos oriundos das
e) outras atividades similares devidamente atividades de manejo agroflorestal sustentável;
caracterizadas e motivadas em procedimento b) implantação de instalações necessárias à
administrativo próprio, quando inexistir captação e condução de água e efluentes
alternativa técnica e locacional ao empreen- tratados, desde que comprovada a outorga do
dimento proposto, definidas em ato do Chefe direito de uso da água, quando couber;
do Poder Executivo federal. c) implantação de trilhas para o d
d) construção de rampa de lançamento de
São casos de interesse social: barcos e pequeno ancoradouro;
a) as atividades imprescindíveis à proteção da desenvolvimento do ecoturismo;
integridade da vegetação nativa, tais como e) construção de moradia de agricultores
prevenção, combate e controle do fogo, familiares, remanescentes de comunidades
controle da erosão, erradicação de invasoras e quilombolas e outras populações extrativistas e
proteção de plantios com espécies nativas; tradicionais em áreas rurais, onde o
b) a exploração agroflorestal sustentável abastecimento de água se dê pelo esforço
praticada na pequena propriedade ou posse próprio dos moradores;
rural familiar ou por povos e comunidades f) construção e manutenção de cercas na
tradicionais, desde que não descaracterize a propriedade;
cobertura vegetal existente e não prejudique a g) pesquisa científica relativa a recursos
função ambiental da área; ambientais, respeitados outros requisitos
c) a implantação de infraestrutura pública previstos na legislação aplicável;
destinada a esportes, lazer e atividades h) coleta de produtos não madeireiros para fins
educacionais e culturais ao ar livre em áreas de subsistência e produção de mudas, como

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sementes, castanhas e frutos, respeitada a O tema é tratado no Capítulo XIII, Seção II, do
legislação específica de acesso a recursos novo Código Florestal, nos artigos 61-A usque
genéticos; 65, tendo sido tomado como marco legal
i) plantio de espécies nativas produtoras de divisor do regime jurídico o dia 23 de julho de
frutos, sementes, castanhas e outros produtos 2008, quando foi publicado o Decreto 6.514,
vegetais, desde que não implique supressão da que dispõe sobre as infrações e sanções
vegetação existente nem prejudique a função administrativas ao meio ambiente, que instituiu
ambiental da área; uma série de novos tipos administrativos para
j) exploração agroflorestal e manejo florestal punir os infratores da legislação ambiental,
sustentável, comunitário e familiar, incluindo a tendo o artigo 61 sido vetado pela Presidente
extração de produtos florestais não da República.
madeireiros, desde que não descaracteri-zem a
cobertura vegetal nativa existente nem Pontifica o artigo 61-A, do atual Código
prejudiquem a função ambiental da área; Florestal que, “nas áreas de preservação
k) outras ações ou atividades similares, permanente é autorizada, exclusivamente, a
reconhecidas como eventuais e de baixo continuidade das atividades agrossilvipastoris,
impacto ambiental em ato do Conselho de ecoturismo e de turismo rural em áreas
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos rurais consolidadas até 22 de julho de 2008”,
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. devendo ser monitoradas no Cadastro
Ambiental Rural e adotadas medidas de
Ainda é admitido pelo artigo 4º, §5º, do novo mitigação dos impactos ambientais para a
CFlo, nas pequenas propriedades ou posses conservação do solo e das águas pelo
rurais familiares, o plantio de culturas proprietário ou possuidor que deverá adotar
temporárias e sazonais de vazante de ciclo boas práticas agronômicas, sendo vedada a
curto na faixa de terra que fica exposta no conversão de novas áreas para uso alternativo
período de vazante dos rios ou lagos, desde do solo nesses locais.
que não implique supressão de novas áreas de
vegetação nativa, seja conservada a qualidade Assegurou-se que, a partir da data da
da água e do solo e seja protegida a fauna publicação do novo CFlo (28.05.2012) e até o
silvestre. término do prazo de adesão ao Programa de
Regularização Ambiental (um ano após a
Nas matas ciliares e nas APP‟s no entorno de criação do referido cadastro), é autorizada a
lagos e lagoas naturais, o permissivo novo continuidade das referidas atividades
Código Florestal permite o desenvolvimento da desenvolvidas nas APP‟s, as quais deverão ser
aquicultura e infraestrutura física diretamente a informadas no Cadastro Ambiental Rural, para
ela associada nos imóveis com até 15 módulos fins de monitoramento, sendo exigida a adoção
fiscais, desde que: de medidas de conservação do solo e da água.

I – sejam adotadas práticas sustentáveis de Matas ciliares


manejo de solo e água e de recursos hídricos,
garantindo sua qualidade e quantidade, de Os proprietários e possuidores rurais com
acordo com norma dos Conselhos Estaduais áreas consolidadas em APP ao longo dos
de Meio Ambiente; cursos d‟água, deverão recompor as faixas
II – esteja de acordo com os respectivos planos marginais a partir da borda da calha do leito
de bacia ou planos de gestão de recursos regular, variando a dimensão da mata ciliar a
hídricos; ser recomposta de acordo com o tamanho do
III – seja realizado o licenciamento pelo órgão imóvel rural, da seguinte forma:
ambiental competente;
IV – o imóvel esteja inscrito no Cadastro
Ambiental Rural - CAR.

Áreas consolidadas em APP‟s reguladas pelo


novo Código Florestal

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Em todos os casos, a recomposição consistirá


na adoção dos seguintes métodos, isolados ou
cumulativos:

Vale registrar que as referidas recomposições,


no caso de imóveis rurais com até 04 módulos
fiscais, somadas todas as APP‟s, não
ultrapassarão:

Nascentes e olhos d’água perenes

APICUNS E SALGADOS

Os apicuns e salgados, conquanto não


protegidos como APP‟s, passaram a ter um
regime de exploração condicionada aos
ditames do Capítulo III-A, do novo CFlo,
através do artigo 11-A, prevendo-se o seu uso
ecologicamente sustentável.

Consoante já estudado, os salgados ou


Entorno de lagos e lagoas naturais marismas tropicais hipersalinos são áreas
situadas em regiões com frequências de
inundações intermediárias entre marés de
sizígias e de quadratura, com solos cuja
salinidade varia entre 100 e 150 partes por
1.000, onde pode ocorrer a presença de
vegetação herbácea específica.

Já os apicuns são áreas de solos hipersalinos


situadas nas regiões entremarés superiores,
inundadas apenas pelas marés de sizígias, que
apresentam salinidade superior a 150 partes
por 1.000, desprovidas de vegetação vascular.
É uma espécie de brejo de água salgada
próximo ao mar.
Veredas
apicun

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Art. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio II - com área de até 50 (cinquenta) hectares, se
nacional, nos termos do § 4o do art. 225 da potencialmente causadores de significativa
Constituição, devendo sua ocupação e degradação do meio ambiente; ou
exploração se dar de modo ecologicamente III - localizados em região com adensamento
sustentável. de empreendimentos de carcinicultura ou
§ 1o Os apicuns e salgados podem ser salinas cujo impacto afete áreas comuns
utilizados em atividades de carcinicultura e
salinas, desde que observados os seguintes § 4o O órgão licenciador competente, mediante
requisitos: decisão motivada, poderá, sem prejuízo das
sanções administrativas, civis e penais
I - área total ocupada em cada Estado não cabíveis, bem como do dever de recuperar os
superior a 10% (dez por cento) dessa danos ambientais causados, alterar as
modalidade de fitofisionomia no bioma condicionantes e as medidas de controle e
amazônico e a 35% (trinta e cinco por cento) adequação, quando ocorrer:
no restante do País, excluídas as ocupações
consolidadas que atendam ao disposto no § 6o; I - descumprimento ou cumprimento
II - salvaguarda da absoluta integridade dos inadequado das condicionantes ou medidas de
manguezais arbustivos e dos processos controle previstas no licenciamento, ou
ecológicos essenciais a eles associados, bem desobediência às normas aplicáveis;
como da sua produtividade biológica e II - fornecimento de informação falsa, dúbia ou
condição de berçário de recursos pesqueiros; enganosa, inclusive por omissão, em qualquer
III - licenciamento da atividade e das fase do licenciamento ou período de validade
instalações pelo órgão ambiental estadual, da licença; ou III - superveniência de
cientificado o Instituto Brasileiro do Meio informações sobre riscos ao meio ambiente ou
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis à saúde pública.
- Ibama e, no caso de uso de terrenos de
marinha ou outros bens da União, realizada § 5o A ampliação da ocupação de apicuns e
regularização prévia da titulação perante a salgados respeitará o Zoneamento Ecológico-
União; Econômico da Zona Costeira - ZEEZOC, com a
IV - recolhimento, tratamento e disposição individualização das áreas ainda passíveis de
adequados dos efluentes e resíduos; (Incluído uso, em escala mínima de 1:10.000, que
pela Medida Provisória nº 571, de 2012). deverá ser concluído por cada Estado no prazo
V - garantia da manutenção da qualidade da máximo de 1 (um) ano a partir da data de
água e do solo, respeitadas as Áreas de publicação desta Lei.
Preservação Permanente; e (Incluído pela § 6o É assegurada a regularização das
Medida Provisória nº 571, de 2012). atividades e empreendimentos de carcinicultura
V - respeito às atividades tradicionais de e salinas cuja ocupação e implantação tenham
sobrevivência das comunidades locais. ocorrido antes de 22 de julho de 2008, desde
que o empreendedor, pessoa física ou jurídica,
§ 2o A licença ambiental, na hipótese deste comprove sua localização em apicum ou
artigo, será de 5 (cinco) anos, renovável salgado e se obrigue, por termo de
apenas se o empreendedor cumprir as compromisso, a proteger a integridade dos
exigências da legislação ambiental e do próprio manguezais arbustivos adjacentes.
licenciamento, mediante comprovação anual § 7o É vedada a manutenção, licenciamento ou
inclusive por mídia fotográfica. regularização, em qualquer hipótese ou forma,
§ 3o São sujeitos à apresentação de Estudo de ocupação ou exploração irregular em
Prévio de Impacto Ambiental - EPIA e Relatório apicum ou salgado, ressalvadas as exceções
de Impacto Ambiental - RIMA os novos previstas neste artigo
empreendimentos:
ÁREAS DE USO RESTRITO
I - com área superior a 50 (cinquenta) hectares,
vedada a fragmentação do projeto para ocultar Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras
ou camuflar seu porte; é permitida a exploração ecologicamente

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sustentável, devendo-se considerar as I. Sob regime de servidão ambiental, na forma


recomendações técnicas dos órgãos oficiais de do artigo 9º-A, da Lei 6.938/81;
pesquisa, ficando novas supressões de II. Correspondente à área de Reserva Legal
vegetação nativa para uso alternativo do solo instituída voluntariamente sobre a vegetação
condicionadas à autorização do órgão estadual que exceder os percentuais mínimos exigidos;
do meio ambiente, com base nas III. Protegida na forma de Reserva Particular do
recomendações mencionadas neste artigo. Patrimônio Natural (espécie de unidade de
conservação a ser estudada);
Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, IV. Existente em propriedade rural localizada
serão permitidos o manejo florestal sustentável no interior de Unidade de Conservação de
e o exercício de atividades agrossilvipastoris, domínio público que ainda não tenha sido
bem como a manutenção da infraestrutura desapropriada.
física associada ao desenvolvimento das
atividades, observadas boas práticas A pequena propriedade ou posse rural familiar
agronômicas, sendo vedada a conversão de terá um tratamento diferenciado. Isso porque a
novas áreas, excetuadas as hipóteses de CRA poderá ser expedida em razão da
utilidade pública e interesse social. vegetação da reserva legal, mesmo que esta
não supere aos limites mínimos legais.
RESERVA LEGAL
artigo 3.º, inciso III, do novo CFlo (Lei O titular da CRA terá o direito de utilizá-la para
12.651/2012), que o define como a “área compensar Reserva Legal de imóvel rural
localizada no interior de uma propriedade ou situado no mesmo bioma da área à qual o título
posse rural, delimitada nos termos do art. 12, está vinculado, na hipótese de não atingir os
com a função de assegurar o uso econômico percentuais mínimos legais, devendo ser
de modo sustentável dos recursos naturais do averbada na matrícula do imóvel no qual se
imóvel rural, auxiliar a conservação e a situa a área vinculada ao título e na do imóvel
reabilitação dos processos ecológicos e beneficiário da compensação.
promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção de fauna Redução da RL
silvestre e da flora nativa”.
Existem hipóteses excepcionais que o novo
80%, nas áreas de floresta situadas na Código Florestal permite a redução dos
Amazônia Legal; percentuais mínimos de reserva legal (80% na
floresta amazônica – 35% do cerrado na
35%, nas áreas de cerrado situadas na Amazônia Legal – 20% demais coberturas
Amazônia Legal; florestais):

20% nas áreas de floresta ou vegetação nativa - Nos casos de imóveis rurais localizados na
em outras regiões do Brasil. Amazônia Legal, em áreas de floresta, o Poder
Público poderá reduzir a reserva legal de 80%
O proprietário ou possuidor de imóvel com para até 50%, para fins de recomposição,
Reserva Legal conservada e inscrita no quando o Município tiver mais de 50% da área
Cadastro Ambiental Rural, cuja área ultrapasse ocupada por unidades de conservação da
ao mínimo exigido pelo novo CFlo (80%, 35% natureza de domínio público e por terras
ou 20%, a depender), poderá utilizar a área indígenas homologadas
excedente para fins de constituição de servidão
ambiental e Cota de Reserva Ambiental. - Nos casos de imóveis rurais localizados na
Amazônia Legal, em áreas de floresta, o Poder
Com propriedade, a CRA – Cota de Reserva Público estadual poderá reduzir a reserva legal
Ambiental, inovação do novo CFlo, é um título de 80% para até 50%, ouvido o Conselho
nominativo representativo de área com Estadual de Meio Ambiente, quando o Estado
vegetação nativa, existente ou em processo de tiver Zoneamento Ecológico-Econômico
recuperação, nas seguintes hipóteses: aprovado e mais de 65% do seu território

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ocupado por unidades de conservação da V - as áreas de maior fragilidade ambiental.


natureza de domínio público, devidamente
regularizadas, e por terras indígenas Insta registrar que, protocolada a
homologadas; documentação exigida para análise da
localização da área de Reserva Legal, ao
- Nos casos de imóveis rurais localizados na proprietário ou possuidor rural não poderá ser
Amazônia Legal, em áreas de floresta, o Poder imputada sanção administrativa, inclusive
Público federal poderá reduzir a reserva legal restrição a direitos, por qualquer órgão
de 80% para até 50%, quando indicado pelo ambiental competente integrante do SISNAMA,
Zoneamento Ecológico-econômico estadual, em razão da não formalização da área de
exclusivamente para fins de regularização, Reserva Legal.
mediante recomposição, regeneração ou
compensação da Reserva Legal de imóveis Agora, por força do artigo 15, do novo CFlo,
com área rural consolidada, excluídas as áreas será admitido o cômputo das Áreas de
prioritárias para conservação da biodiversidade Preservação Permanente no cálculo do
e dos recursos hídricos. percentual da Reserva Legal do imóvel, desde
que:
Elevação da RL I - o benefício previsto neste artigo não
implique a conversão de novas áreas para o
Excepcionalmente, também será possível a uso alternativo do solo (novos
ampliação dos percentuais mínimos de reserva desmatamentos);
legal em até 50% em qualquer Bioma II - a área a ser computada esteja conservada
brasileiro, a critério do Poder Público federal, ou em processo de recuperação, conforme
quando indicado pelo Zoneamento Ecológico- comprovação do proprietário ao órgão estadual
econômico estadual, para cumprimento de integrante do SISNAMA; e
metas nacionais de proteção à biodiversidade III - o proprietário ou possuidor tenha requerido
ou de redução de emissão de gases de efeito inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental
estufa. Rural.

Localização da RL Dispensa da RL

A reserva legal é criada pelo só efeito do artigo O novo Código Florestal também inovou ao
12 do Código Florestal, tendo existência ex prever expressamente a não exigência da
lege. Contudo, evidentemente a sua reserva legal para determinados
localização deverá ser definida empreendimentos:
casuisticamente, de acordo com o melhor
interesse ambiental, cabendo ao órgão A) empreendimentos de abastecimento público
estadual integrante do SISNAMA ou instituição de água e tratamento de esgoto;
por ele habilitada aprovar a localização da B) áreas adquiridas ou desapropriadas por
Reserva Legal após a inclusão do imóvel no detentor de concessão, permissão ou
Cadastro Ambiental Rural. autorização para exploração de potencial de
energia hidráulica, nas quais funcionem
Deverão ser observados os seguintes critérios empreendimentos de geração de energia
para a sua relimitação: elétrica, subestações ou sejam instaladas
linhas de transmissão e de distribuição de
I - o plano de bacia hidrográfica; energia elétrica;
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico C) áreas adquiridas ou desapropriadas com o
III - a formação de corredores ecológicos com objetivo de implantação e ampliação de
outra Reserva Legal, com Área de Preservação capacidade de rodovias e ferrovias.
Permanente, com Unidade de Conservação ou
com outra área legalmente protegida; Registro imobiliário e inscrição no Cadastro
IV - as áreas de maior importância para a Ambiental Rural
conservação da biodiversidade; e

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O antigo Código Florestal (Lei 4.771/65) previa 2o Para fins de manejo de Reserva Legal na
que a reserva legal deveria ser sempre pequena propriedade ou posse rural familiar,
registrada no Cartório de Imóveis mediante os órgãos integrantes do Sisnama deverão
averbação. Entretanto, essa obrigatoriedade foi estabelecer procedimentos simplificados de
extinta pelo novo Código Florestal. elaboração, análise e aprovação de tais planos
de manejo.
Com propriedade, foi instituído o dever de o 3o É obrigatória a suspensão imediata das
proprietário de registrar a reserva legal no atividades em Área de Reserva Legal
Cadastro Ambiental Rural no órgão ambiental desmatada irregularmente após 22 de julho de
competente, sendo vedada, em regra, a 2008.
alteração de sua destinação, nos casos de § 4o Sem prejuízo das sanções administrativas,
transmissão, a qualquer título, ou de cíveis e penais cabíveis, deverá ser iniciado o
desmembramento, salvo disposição legal em processo de recomposição da Reserva Legal
sentido contrário. em até dois anos contados a partir da data da
Logo, o registro no CAR irá desobrigar o publicação desta Lei, devendo tal processo ser
proprietário de averbar a reserva legal no concluído nos prazos estabelecidos pelo
Cartório de Registro de Imóveis, sendo mais Programa de Regularização Ambiental – PRA,
uma inovação do novo CFlo. de que trata o art. 59

No caso de posse, a área de Reserva Legal é Considera-se manejo sustentável a


assegurada por termo de compromisso firmado administração da vegetação natural para a
pelo possuidor com o órgão competente do obtenção de benefícios econômicos, sociais e
SISNAMA, com força de título executivo ambientais, respeitando-se os mecanismos de
extrajudicial, que explicite, no mínimo, a sustentação do ecossistema objeto do manejo
localização da área de Reserva Legal e as e considerando-se, cumulativa ou
obrigações assumidas pelo possuidor, sendo alternativamente, a utilização de múltiplas
que a transferência da posse implica a sub- espécies madeireiras ou não, de múltiplos
rogação das obrigações assumidas no termo produtos e subprodutos da flora, bem como a
de compromisso. utilização de outros bens e serviços.

Para a pequena propriedade ou posse rural, a No caso da reserva legal na pequena


inscrição da reserva legal no CAR será propriedade ou posse rural, poderão ser
gratuita, devendo apresentar os dados computados os plantios de árvores frutíferas,
identificando a área proposta de reserva legal, ornamentais ou industriais, compostos por
cabendo o órgão ambiental competente, ou espécies exóticas, cultivadas em sistema
instituição por ele habilitada, realizar a intercalar ou em consórcio com espécies
captação das respectivas coordenadas nativas da região em sistemas agroflorestais.
geográficas.
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser
Seção II registrada no órgão ambiental competente por
Do Regime de Proteção da Reserva Legal meio de inscrição no CAR de que trata o art.
29, sendo vedada a alteração de sua
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada destinação, nos casos de transmissão, a
com cobertura de vegetação nativa pelo qualquer título, ou de desmembramento, com
proprietário do imóvel rural, possuidor ou as exceções previstas nesta Lei.
ocupante a qualquer título, pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado. Art. 19. A inserção do imóvel rural em
§ 1o Admite-se a exploração econômica da perímetro urbano definido mediante lei
Reserva Legal mediante manejo sustentável, municipal não desobriga o proprietário ou
previamente aprovado pelo órgão competente posseiro da manutenção da área de Reserva
do Sisnama, de acordo com as modalidades Legal, que só será extinta concomitantemente
previstas no art. 20. ao registro do parcelamento do solo para fins
urbanos aprovado segundo a legislação

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específica e consoante as diretrizes do plano III - compensar a Reserva Legal.


diretor de que trata o § 1o do art. 182 da
Constituição Federal. A recomposição consiste no reflorestamento da
reserva legal degradada, de acordo com os
INDENIZAÇÃO NA DESAPROPROPRIAÇÃO critérios definidos pelo órgão ambiental,
“2. A área de reserva legal de que trata o § 2.º permitindo o novo CFlo que haja o plantio
do artigo 16 do Código Florestal é restrição intercalado de espécies nativas regionais e
imposta à área suscetível de exploração, de exóticas, em sistema agroflorestal, desde que a
modo que não se inclui na área de preservação área recomposta com espécies exóticas não
permanente. Não se permite o corte raso da exceda a 50% da área total a ser recuperada.
cobertura florística nela existente. Assim, essa Outrossim, a recomposição deverá ser
área pode ser indenizável, embora em valor concluída em até 20 anos, abrangendo, a cada
inferior ao da área de utilização irrestrita, desde 2 dois anos, no mínimo 1/10 um décimo da
que exista plano de manejo devidamente área total necessária à sua complementação.
confirmado pela autoridade competente”
(RESP 867.085/2007). Caso as condições naturais sejam permissivas,
é possível que o proprietário ou possuidor nada
Explorações consolidadas na RL faça para regularizar a sua reserva legal,
A disciplina de transição das explorações bastando não impedir a regeneração natural da
consolidadas em área de reserva legal é vegetação, consistindo em uma obrigação de
regulada pelos artigos 66, 67, 68 e 69 do novo não fazer.
Código Florestal, tendo sido tomado como
marco legal divisor do regime jurídico o dia 23 A compensação de reserva legal poderá ser
de julho de 2008, quando foi publicado o efetuada das seguintes formas:
Decreto 6.514, que dispõe sobre as infrações e
sanções administrativas ao meio ambiente, que A) por aquisição de Cota de Reserva
instituiu uma série de novos tipos Ambiental;
administrativos para punir os infratores da B) por arrendamento de área sob regime de
legislação ambiental. servidão ambiental ou reserva legal;
C) por doação ao poder público de área
Sem prejuízo das sanções administrativas, localizada no interior de Unidade de
cíveis e penais cabíveis, deverá ser iniciado o Conservação de domínio público pendente de
processo de recomposição da Reserva Legal regularização fundiária;
em até dois anos contados a partir da data da D) por cadastramento de outra área
publicação do novo CFlo (28.05.2012), equivalente e excedente à reserva legal, em
devendo tal processo ser concluído nos prazos imóvel de mesma titularidade ou adquirida em
estabelecidos pelo Programa de Regularização imóvel de terceiro, com vegetação nativa
Ambiental. estabelecida, em regeneração ou
recomposição, desde que localizada no mesmo
Para os proprietários e possuidores rurais que bioma.
detinham, em 22 de julho de 2008, área de
reserva legal em extensão inferior ao No caso das propriedades rurais com até 04
estabelecido no artigo 12 no novo CFlo (80%, módulos fiscais até 22 de julho de 2008 e que
35% ou 20%, a depender da localização e do possuam um remanescente de vegetação
Bioma), poderão regularizar a sua situação, nativa, existe um tratamento legal favorável,
independentemente da adesão ao Programa pois mesmo não possuindo os percentuais
de Regularização Ambiental, adotando as mínimos de reserva legal, não haverá
seguintes alternativas, isolada ou necessidade da sua recomposição, visto que o
conjuntamente: artigo 67, do novo CFlo, admite que a reserva
legal será constituída com a área ocupada com
I - recompor a Reserva Legal; a vegetação nativa existente em 22 de julho de
II - permitir a regeneração natural da vegetação 2008, vedadas novas conversões para uso
na área de Reserva Legal; alternativo do solo (desmatamentos).

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ÁREAS AMBIENTAIS MUNICIPAIS I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho


Nacional do Meio Ambiente - Conama, com as
São os espaços previstos no artigo 13, I, da Lei atribuições de acompanhar a implementação
6.766/1979 (Lei do Parcelamento do Solo do Sistema;
Urbano), que visam proteger bens ambientais II - Órgão central: o Ministério do Meio
naturais e culturais dos processos de Ambiente, com a finalidade de coordenar o
urbanização, a exemplo das áreas verdes, que Sistema; e
serão criadas por decreto estadual. III - órgãos executores: o Instituto Chico
Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os
As áreas verdes urbanas são definidas no novo órgãos estaduais e municipais, com a função
Código Florestal como os espaços, públicos ou de implementar o SNUC, subsidiar as
privados, com predomínio de vegetação, propostas de criação e administrar as unidades
preferencialmente nativa, natural ou de conservação federais, estaduais e
recuperada, previstos no Plano Diretor, nas municipais, nas respectivas esferas de atuação
Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do
Município, indisponíveis para construção de GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL
moradias, destinados aos propósitos de
recreação, lazer, melhoria da qualidade Estação ecológica – é a UC que se destina a
ambiental urbana, proteção dos recursos preservação da natureza e a realização de
hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, pesquisas científicas, sendo de propriedade
proteção de bens e manifestações culturais. pública, sendo proibida a visitação pública,
exceto para fins educativos.
Deveras, os municípios poderão se valer dos
seguintes instrumentos para a criação de Reserva biológica – é a UC que tem como
novas áreas verdes urbanas: objetivo a preservação integral da biota e
demais atributos naturais existentes, sem a
A) o exercício do direito de preempção para interferência humana direta, sendo de
aquisição de remanescentes florestais propriedade pública, proibida a visitação
relevantes, conforme dispõe o Estatuto da pública, exceto para fins educativos. Poderá
Cidade; haver pesquisa científica se autorizada.
B) a transformação das reservas legais em .
áreas verdes nas expansões urbanas; Parque nacional – é a UC de propriedade
C) o estabelecimento de exigência de áreas pública que tem o fito de preservar
verdes nos loteamentos, empreendimentos ecossistemas naturais de grande relevância
comerciais e na implantação de infraestrutura; ecológica e beleza cênica, podendo haver
D) aplicação em áreas verdes de recursos pesquisas se autorizadas e turismo ecológico.
oriundos da compensação ambiental. Monumento natural – é a UC que busca
preservar sítios naturais raros, singulares ou de
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO grande beleza cênica, admitida a visitação
“é o espaço territorial e seus recursos pública, podendo a área ser pública ou
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, particular, se compatível.
com as características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com Refúgio da vida silvestre – é a UC que tenta
objetivos de conservação e limites definidos, preservar ambientes naturais típicos de
sob regime especial de administração, ao qual reprodução de espécies ou comunidades da
se aplicam garantias adequadas de proteção” flora local e da fauna residente ou migratória,
(artigo 2º, da Lei 9.985/2000). podendo ser constituído por áreas particulares,
SNUC admitida a visitação pública.

Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes GRUPO DE USO SUSTENTÁVEL


órgãos, com as respectivas atribuições:
Área de proteção ambiental – é a UC que pode
ser formada por áreas públicas ou particulares,

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em geral extensas, com certo grau de o inciso III, do §2º, do artigo 21, da Lei 9985/00
ocupação humana, com atributos bióticos, foi vetado pelo Presidente, e previa o
abióticos ou mesmo culturais, visando extrativismo na área.
promover a diversidade e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos. ARTIGO 2º
XVII - plano de manejo: documento técnico
Área de relevante interesse ecológico – é a UC mediante o qual, com fundamento nos
que pode ser formada por áreas públicas ou objetivos gerais de uma unidade de
particulares, em geral de pouca extensão, com conservação, se estabelece o seu zoneamento
pouca ou nenhuma ocupação humana, com e as normas que devem presidir o uso da área
características naturais extraordinárias ou que e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
abriga exemplares raros da biota nacional, implantação das estruturas físicas necessárias
visando manter a manter ecossistemas à gestão da unidade;
naturais de importância regional ou local.
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de
Floresta nacional – é a UC de propriedade uma unidade de conservação, onde as
pública, composta por uma área coberta de atividades humanas estão sujeitas a normas e
vegetação predominantemente nativa, com o restrições específicas, com o propósito de
objetivo de manter o uso sustentável dos minimizar os impactos negativos sobre a
recursos e desenvolver a pesquisa científica, unidade; e
sendo permitida a ocupação por populações
tradicionais. XIX - corredores ecológicos: porções de
ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
Reserva Extrativista – é a UC de propriedade unidades de conservação, que possibilitam
pública utilizada pelas populações extrativistas entre elas o fluxo de genes e o movimento da
tradicionais como condição de sobrevivência, biota, facilitando a dispersão de espécies e a
que têm o uso concedido pelo Poder Público, recolonização de áreas degradadas, bem como
podendo haver agricultura e criação de animais a manutenção de populações que demandam
de pequeno porte, sendo permitida a visitação para sua sobrevivência áreas com extensão
pública e a pesquisa. maior do que aquela das unidades individuais.

Reserva da fauna – é a UC de propriedade As unidades de conservação poderão ser


pública, composta por área natural com criadas por ato do Poder Público (lei ou
animais nativos, adequada ao estudo científico, decreto), mas apenas extintas ou reduzidas por
ligada ao manejo dos recursos faunísticos, lei, nos termos do artigo 225, § 1.º, III, da
permitida a visitação pública e proibida a caça. CRFB.
Outrossim, a desafetação de uma unidade de
Reserva de desenvolvimento sustentável – é a conservação também depende de lei, mesmo
UC de propriedade pública composta por área que ela tenha sido instituída por decreto,
natural e que abriga populações tradicionais, consistindo no ato da Administração Pública
cuja existência baseia-se em sistemas que altera o regime jurídico de um bem público,
sustentáveis de exploração transmitidos por que passará a integrar a classe dominial.
gerações, protegendo a natureza, permitida a
visitação pública e a pesquisa. As unidades de conservação poderão ser
compostas por áreas públicas ou particulares,
Reserva particular do patrimônio natural – é a a depender da modalidade. Caso o Poder
UC de propriedade privada, gravada com Público institua uma UC pública em área
perpetuidade, com o objetivo de conservar a particular, salvo se o particular fizer a doação
diversidade biológica, apenas sendo permitida do espaço, será necessária a sua
a pesquisa e a visitação. Ressalte-se que esta desapropriação, na modalidade utilidade
modalidade, apesar de ser formalmente pública, nos termos do Decreto-lei 3.365/1941
considerada como de USO SUSTENTÁVEL, (artigo 5.º, alínea k), devendo ser indenizadas
tem o regime jurídico de proteção integral, pois em pecúnia a terra nua e a cobertura florística

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explorável, e não em títulos públicos, pois essa técnicos, com prazo de até sete meses,
intervenção estatal supressiva da propriedade improrrogável, a fim de proteger cautelarmente
é não sancionatória. a área, se houver risco de dano grave aos
recursos naturais ali existentes, vedado o corte
Frise-se que o artigo 45, da Lei do SNUC, raso da vegetação nativa, salvo atividades
exclui da indenização as espécies arbóreas agropecuárias, obras públicas ou outras
declaradas imunes ao corte, os lucros atividades econômicas já em desenvolvimento
cessantes, os juros compostos e as áreas que licenciadas.
não tenham prova inequívoca do domínio Vide artigo 22-A da Lei 9.985/2000.
anterior à criação da unidade de conservação.
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
A criação de uma unidade de conservação
deverá ser precedida de estudos técnicos e de Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental
consulta pública que permitam identificar a de empreendimentos de significativo impacto
localização, a dimensão e os limites mais ambiental, assim considerado pelo órgão
adequados para a unidade, sendo dispensável ambiental competente, com fundamento em
este último requisito para as estações estudo de impacto ambiental e respectivo
ecológicas e reservas biológicas, pois foi relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é
presumido legalmente o interesse público. obrigado a apoiar a implantação e manutenção
de unidade de conservação do Grupo de
“Quando da edição do Decreto de 27.02.2001, Proteção Integral, de acordo com o disposto
a Lei 9.985/2000 não havia sido neste artigo e no regulamento desta Lei.
regulamentada. A sua regulamentação só foi
implementada em 22 de agosto de 2002, com a § 1o O montante de recursos a ser destinado
edição do Decreto 4.340/2002. O processo de pelo empreendedor para esta finalidade não
criação e ampliação das unidades de pode ser inferior a meio por cento dos custos
conservação deve ser precedido da totais previstos para a implantação do
regulamentação da lei, de estudos técnicos e empreendimento, sendo o percentual fixado
de consulta pública. O parecer emitido pelo pelo órgão ambiental licenciador, de acordo
Conselho Consultivo do Parque não pode com o grau de impacto ambiental causado pelo
substituir a consulta exigida na lei. O Conselho empreendimento.
não tem poderes para representar a população
local. Concedida a segurança, ressalvada a ADI 3378 – 09.04.2008
possibilidade da edição de novo decreto” (STF, EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
MS 24.184, de 13.08.2003). INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS
§§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE
A ampliação dos limites territoriais de unidade JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE
de conservação também necessita de consulta DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA
pública e estudos técnicos no que concerne ao IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE
acréscimo, conforme ratificado pela Suprema SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL.
Corte: INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO §
1º DO ART. 36.
“Unidade de conservação. Estação ecológica. 1. O compartilhamento-compensação
Ampliação dos limites originais na medida do ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº
acréscimo, mediante decreto do Presidente da 9.985/2000 não ofende o princípio da
República. Inadmissibilidade. Falta de estudos legalidade, dado haver sido a própria lei que
técnicos e de consulta pública. Requisitos previu o modo de financiamento dos gastos
prévios não satisfeitos. Nulidade do ato com as unidades de conservação da natureza.
pronunciada. Ofensa a direito líquido e certo. De igual forma, não há violação ao princípio da
separação dos Poderes, por não se tratar de
Antes da criação de uma UC, será possível a delegação do Poder Legislativo para o
instituição de limitações administrativas Executivo impor deveres aos administrados
provisórias durante o trâmite dos estudos

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Direito Ambiental
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2. Compete ao órgão licenciador fixar o IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de


quantum da compensação, de acordo com a direito público ou privado, responsável, direta
compostura do impacto ambiental a ser ou indiretamente, por atividade causadora de
dimensionado no relatório - EIA/RIMA. 3. O art. degradação ambiental;
36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio II - degradação da qualidade ambiental, a
usuário-pagador, este a significar um alteração adversa das características do meio
mecanismo de assunção partilhada da ambiente;
responsabilidade social pelos custos III - poluição, a degradação da qualidade
ambientais derivados da atividade econômica. ambiental resultante de atividades que direta
4. Inexistente desrespeito ao postulado da ou indiretamente:
razoabilidade. Compensação ambiental que se a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
revela como instrumento adequado à defesa e estar da população;
preservação do meio ambiente para as b) criem condições adversas às atividades
presentes e futuras gerações, não havendo sociais e econômicas;
outro meio eficaz para atingir essa finalidade c) afetem desfavoravelmente a biota;
constitucional. Medida amplamente d) afetem as condições estéticas ou sanitárias
compensada pelos benefícios que sempre do meio ambiente;
resultam de um meio ambiente ecologicamente e) lancem matérias ou energia em desacordo
garantido em sua higidez. com os padrões ambientais estabelecidos;
5. Inconstitucionalidade da expressão "não
pode ser inferior a meio por cento dos custos ARTIGO 14, LEI 6.938/81:
totais previstos para a implantação do § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades
empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
9.985/2000. O valor da compensação- independentemente da existência de culpa, a
compartilhamento é de ser fixado indenizar ou reparar os danos causados ao
proporcionalmente ao impacto ambiental, após meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
estudo em que se assegurem o contraditório e atividade. O Ministério Público da União e dos
a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de Estados terá legitimidade para propor ação de
percentual sobre os custos do responsabilidade civil e criminal, por danos
empreendimento. 6. Ação parcialmente causados ao meio ambiente.
procedente
ARTIGO 225, DA CONSTITUIÇÃO
Com o advento do novo Código Florestal, os § 3º - As condutas e atividades consideradas
proprietários localizados nas zonas de lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
amortecimento de Unidades de Conservação infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
de Proteção Integral são elegíveis para receber sanções penais e administrativas,
apoio técnico-financeiro da compensação independentemente da obrigação de reparar os
ambiental, com a finalidade de recuperação e danos causados.
manutenção de áreas prioritárias para a gestão
da unidade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais
fica obrigado a recuperar o meio ambiente
Poderá ser cobrada taxa de visitação quando degradado, de acordo com solução técnica
se tratar de unidade de conservação de exigida pelo órgão público competente, na
proteção integral, cujos recursos deverão ser forma da lei.
aplicados nas áreas (artigo 35 da Lei do
SNUC). Contudo, não foram definidos ARTIGO 21, INCISO XXIII:
pressupostos básicos para a cobrança de um
tributo pela lei, a exemplo da base de cálculo, d) a responsabilidade civil por danos nucleares
alíquota e sujeitos ativo/passivo. independe da existência de culpa;

RESPONSABILIDADE CIVIL Os últimos precedentes do STJ, inclusive da


ARTIGO 3º, LEI 6.938/81 sua 2.ª Turma, declararam a responsabilidade
objetiva do Estado por danos ambientais,

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mesmo em se tratando de omissão na SC, DJ 22.10.2007. REsp 1.071.741-SP, Rel.


fiscalização ambiental. Nesse sentido, vale Min. Herman Benjamin, julgado em 24/3/2009”.
colacionar passagem do julgamento do REsp
1.071.741, de 24.03.2009: Contudo, apesar de ser solidária, a atual
jurisprudência dominante no STJ (1.ª e 2.ª
“4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do Turma) é no sentido de que a responsabilidade
degradador, público ou privado, no Direito civil do Poder Público é de execução
brasileiro a responsabilidade civil pelo dano subsidiária, na hipótese de omissão de
ambiental é de natureza objetiva, solidária e cumprimento adequado do seu dever de
ilimitada, sendo regida pelos princípios do fiscalizar que foi determinante para a
poluidor-pagador, da reparação in integrum, da concretização ou o agravamento do dano
prioridade da reparação in natura, e do favor causado pelo seu causador direto:
debilis, este último a legitimar uma série de
técnicas de facilitação do acesso à Justiça, 1. A jurisprudência predominante no STJ é no
entre as quais se inclui a inversão do ônus da sentido de que, em matéria de proteção
prova em favor da vítima ambiental. ambiental, há responsabilidade civil do Estado
Precedentes do STJ. quando a omissão de cumprimento adequado
do seu dever de fiscalizar for determinante
5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do para a concretização ou o agravamento do
Estado, por omissão, é subjetiva ou por culpa, dano causado pelo seu causador direto. Trata-
regime comum ou geral esse que, assentado se, todavia, de responsabilidade subsidiária,
no art. 37 da Constituição Federal, enfrenta cuja execução poderá ser promovida caso o
duas exceções principais. Primeiro, quando a degradador direto não cumprir a obrigação,
responsabilização objetiva do ente público
decorrer de expressa previsão legal, em "seja por total ou parcial exaurimento
microssistema especial, como na proteção do patrimonial ou insolvência, seja por
meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3.º, IV, c/c impossibilidade ou incapacidade, por qualquer
o art. 14, § 1.º). razão, inclusive técnica, de cumprimento da
prestação judicialmente imposta, assegurado,
Segundo, quando as circunstâncias indicarem sempre, o direito de regresso (art. 934 do
a presença de um standard ou dever de ação Código Civil), com a desconsideração da
estatal mais rigoroso do que aquele que jorra, personalidade jurídica, conforme preceitua o
consoante a construção doutrinária e art. 50 do Código Civil" (REsp 1.071.741/SP,
jurisprudencial, do texto constitucional”. 2.ª T., Min. Herman Benjamin, DJe de
16.12.2010).
Mesmo que o Estado se enquadre como
poluidor indireto por sua inércia em evitar o LEI 9605/98
dano ambiental, após a reparação deverá
regressar contra o poluidor direto. Nesse Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa
sentido, colaciona-se passagem do Informativo jurídica sempre que sua personalidade for
388 do STJ: obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente.
Assim, sem prejuízo da responsabilidade
solidária, deve o Estado – que não provocou RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE
diretamente o dano nem obteve proveito com POLUIDORES:
sua omissão – buscar o ressarcimento dos
valores despendidos do responsável direto, “Ação civil pública. Dano causado ao meio
evitando, com isso, injusta oneração da ambiente. Legitimidade passiva do ente estatal.
sociedade. Com esses fundamentos, deu-se Responsabilidade objetiva. Responsável direto
provimento ao recurso. Precedentes citados: e indireto. Solidariedade. Litisconsórcio
AgRg no Ag 973.577-SP, DJ 19.12.2008; REsp facultativo. Art. 267, IV, do CPC.
604.725-PR, DJ 22.08.2005; AgRg no Ag Prequestionamento. Ausência. Súmulas 282 e
822.764-MG, DJ 02.08.2007, e REsp 647.493- 356 do STF. [...]

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5. Assim, independentemente da existência de acertada jurisprudência do STJ (REsp 802.832,


culpa, o poluidor, ainda que indireto (Estado- j. 13.04.2011).
recorrente) (art. 3.º da Lei n.º 6.938/1981), é
obrigado a indenizar e reparar o dano causado Novo Código Florestal
ao meio ambiente (responsabilidade objetiva).
6. Fixada a legitimidade passiva do ente § 2o As obrigações previstas nesta Lei têm
recorrente, eis que preenchidos os requisitos natureza real e são transmitidas ao sucessor,
para a configuração da responsabilidade civil de qualquer natureza, no caso de transferência
(ação ou omissão, nexo de causalidade e de domínio ou posse do imóvel rural.
dano), ressalta-se, também, que tal
responsabilidade (objetiva) é solidária, o que “PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO
legitima a inclusão das três esferas de poder CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL –
no pólo passivo na demanda, conforme CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA –
realizado pelo Ministério Público (litisconsórcio RESPONSABILIDADE OBJETIVA E
facultativo)” (RESP 604.725, DJ 22.08.2005). SOLIDÁRIA – ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º,
DA LEI 6.398/1981 – IRRETROATIVIDADE DA
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS LEI – PREQUESTIONAMENTO AUSENTE:
SÚMULA 282/STF – PRESCRIÇÃO –
“2. A Ação Civil Pública deve discutir, DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO:
unicamente, a relação jurídica referente à SÚMULA 284/STF – INADMISSIBILIDADE.
proteção do meio ambiente e das suas
conseqüências pela violação a ele praticada. 1. A responsabilidade por danos ambientais é
[...] objetiva e, como tal, não exige a comprovação
3. Incabível, por essa afirmação, a de culpa, bastando a constatação do dano e do
denunciação da lide. nexo de causalidade.
4. Direito de regresso, se decorrente do 2. Excetuam-se à regra, dispensando a prova
fenômeno de violação ao meio ambiente, deve do nexo de causalidade, a responsabilidade de
ser discutido em ação própria” (REsp 232.187, adquirente de imóvel já danificado porque,
de 23.03.2000). independentemente de ter sido ele ou o dono
anterior o real causador dos estragos, imputa-
Impede salientar que o STJ passou a admitir a se ao novo proprietário a responsabilidade
inversão do ônus da prova nas ações de pelos danos. Precedentes do STJ. (REsp.
reparação dos danos ambientais, com base no 1056540, de 25.08.2009).
interesse público da reparação e no Princípio
da Precaução, sendo uma ótima técnica de Obrigação propter rem - TRADICIONAL
julgamento na hipótese de dúvida probatória
(non liquet), pois poderá ser carreado ao 2. A obrigação de reparação dos danos
suposto poluidor o ônus de comprovar que ambientais é propter rem, por isso que a Lei
inexiste dano ambiental a ser reparado, ou, se 8.171/1991 vigora para todos os proprietários
existente, este não foi de sua autoria. rurais, ainda que não sejam eles os
REsp 972.902, de 25.08.2009; REsp responsáveis por eventuais desmatamentos
1.060.753-SP, de 1º/12/2009. anteriores, máxime porque a referida norma
referendou o próprio Código Florestal (Lei
Vale destacar que a inversão do ônus da prova 4.771/1965) que estabelecia uma limitação
não deverá se proceder apenas por ocasião da administrativa às propriedades rurais,
sentença, e sim anteriormente, obrigando os seus proprietários a instituírem
preferencialmente no despacho saneador, em áreas de reservas legais, de no mínimo 20% de
respeito ao Princípio do Contraditório, para que cada propriedade, em prol do interesse
o réu saiba perfeitamente que terá a missão de coletivo. Precedente do STJ: REsp
desconstituir a presunção de veracidade dos 343.741/PR, Relator Ministro Franciulli Netto,
fatos declinados pelo autor, não sendo DJ de 07.10.2002.
surpreendido apenas na sentença, consoante

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3. Tal obrigação, aliás, independe do fato de ter compensação anteriormente realizada ainda na
sido o proprietário o autor da degradação fase de implantação do projeto.
ambiental, mas decorre de obrigação propter
rem, que adere ao título de domínio ou posse. (REsp 896.863, j. 19.05.2011).
Precedente: (AgRg no REsp 1206484/SP, Rel.
Min. Humberto Martins, 2.ª T. j. 17.03.2011, IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO
DJe 29.03.2011).
Uma questão que merece uma análise 5. Tratando-se de direito difuso, a reparação
diferenciada é o regime jurídico de reparação civil assume grande amplitude, com profundas
do dano ambiental em unidades de implicações na espécie de responsabilidade do
conservação, nos casos em que o degradador que é objetiva, fundada no simples
empreendedor já honrou previamente com o risco ou no simples fato da atividade danosa,
pagamento da compensação ambiental de que independentemente da culpa do agente
trata o artigo 36, da Lei 9.985/2000, nos casos causador do dano.
de atividade apta a gerar significativa 6. O direito ao pedido de reparação de danos
degradação ambiental, consoante previsto no ambientais, dentro da logicidade hermenêutica,
EIA-RIMA. está protegido pelo manto da
Entende-se que a resposta demanda uma imprescritibilidade, por se tratar de direito
análise casuística, sendo necessário se inerente à vida, fundamental e essencial à
verificar se o dano ambiental causado foi afirmação dos povos, independentemente de
previsto ou não no EIA-RIMA. Caso a resposta não estar expresso em texto legal.
seja positiva, fica demonstrado que a 7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir
compensação ambiental paga pelo proponente qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente
do projeto já abarcou o dano ambiental, não privado seguem-se os prazos normais das
sendo possível uma nova responsabilização ações indenizatórias; se o bem jurídico é
civil, sob pena de bis in idem. indisponível, fundamental, antecedendo a
Inclusive, esta também foi a linha de todos os demais direitos, pois sem ele não há
pensamento seguida pelo STJ: vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer ,
3. A compensação tem conteúdo reparatório, considera-se imprescritível o direito à
em que o empreendedor destina parte reparação.
considerável de seus esforços em ações que 8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos
sirvam para contrabalançar o uso de recursos indisponíveis e como tal está dentre os poucos
naturais indispensáveis à realização do acobertados pelo manto da imprescritibilidade
empreendimento previsto no estudo de impacto a ação que visa reparar o dano ambiental.
ambiental e devidamente autorizados pelo
órgão competente. REsp 1.112.117, de 10.11.2009
4. O montante da compensação deve ater-se TEORIA DO RISCO INTEGRAL ?
àqueles danos inevitáveis e imprescindíveis ao “Administrativo. Dano ambiental. Sanção
empreendimento previsto no EIA/RIMA, não se administrativa. Imposição de multa. Execução
incluindo aqueles que possam ser objeto de fiscal.
medidas mitigadoras ou preventivas. 1. Para fins da Lei n.º 6.938, de 31 de agosto
5. A indenização por dano ambiental, por seu de 1981, art. 3.º, entende-se por:
turno, tem assento no artigo 225, § 3.º, da
Carta da República, que cuida de hipótese de I – meio ambiente, o conjunto de condições,
dano já ocorrido em que o autor terá obrigação leis, influências e interações de ordem física,
de repará-lo ou indenizar a coletividade. Não química e biológica, que permite, abriga e rege
há como se incluir nesse contexto aquele que a vida em todas as suas formas;
foi previsto e autorizado pelos órgãos II – degradação da qualidade ambiental, a
ambientais já devidamente COMPENSADO alteração adversa das características do meio
6. Os dois institutos têm natureza distinta, não ambiente;
havendo bis in idem na cobrança de III – poluição, a degradação da qualidade
indenização, desde que nela não se inclua a ambiental resultante de atividades que direta
ou indiretamente:

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a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem- sentido, o entendimento do STJ, divulgado pelo


estar da população; Informativo 427:
b) criem condições adversas às atividades
sociais e econômicas; “MEIO AMBIENTE. REPARAÇÃO.
c) afetem desfavoravelmente a biota; INDENIZAÇÃO.
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias O princípio da reparação in integrum aplica-se
do meio ambiente; ao dano ambiental. Com isso, a obrigação de
e) lancem matérias ou energia em desacordo recuperar o meio ambiente degradado é
com os padrões ambientais estabelecidos; compatível com a indenização pecuniária por
eventuais prejuízos, até sua restauração plena.
2. Destarte, é poluidor a pessoa física ou Contudo, se quem degradou promoveu a
jurídica, de direito público ou privado, restauração imediata e completa do bem
responsável, direta ou indiretamente, por lesado ao status quo ante, em regra, não se
atividade causadora de degradação ambiental; fala em indenização.
3. O poluidor, por seu turno, com base na
mesma legislação, art. 14 – „sem obstar a Já os benefícios econômicos que aquele
aplicação das penalidades administrativas‟ é auferiu com a exploração ilegal do meio
obrigado, „independentemente da existência de ambiente (bem de uso comum do povo,
culpa‟, a indenizar ou reparar os danos conforme o art. 225, caput, da CF/1988) devem
causados ao meio ambiente e a terceiros, reverter à coletividade, tal qual no caso, em
„afetados por sua atividade‟. que se explorou garimpo ilegal de ouro em
4. Depreende-se do texto legal a sua área de preservação permanente sem qualquer
responsabilidade pelo risco integral, por isso licença ambiental de funcionamento ou
que em demanda infensa a administração, autorização para desmatamento.
poderá, inter partes, discutir a culpa e o
regresso pelo evento” (REsp 442.586, de Com esse entendimento, a Turma deu parcial
26.11.2002) provimento ao recurso para reconhecer, em
tese, a possibilidade de cumulação de
No dia 08 de fevereiro de 2012, ao manter indenização pecuniária e obrigações de fazer
condenação de danos patrimoniais e morais voltadas à recomposição in natura do bem
contra a Petrobrás por derramamento de óleo lesado, o que impõe a devolução dos autos ao
que prejudicou um pescador, mais uma vez tribunal de origem para que verifique existir
afirmou o STJ (2ª Seção) que a dano indenizável e seu eventual quantum
responsabilidade civil objetiva ambiental debeatur. Precedente citado: REsp 1.120.117-
fundamenta-se na Teoria do Risco Integral: AC, Dje 19/11/2009. REsp 1.114.893-MG, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 16/3/2010.
A alegação de culpa exclusiva de terceiro pelo
acidente em causa, como excludente de INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
responsabilidade, deve ser afastada, ante a AMBIENTAIS
incidência da teoria do risco integral e da Art. 70. Considera-se infração administrativa
responsabilidade objetiva ínsita ao dano ambiental toda ação ou omissão que viole as
ambiental (art. 225, § 3º, da CF e do art. 14, § regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
1º, da Lei nº 6.938/81), responsabilizando o proteção e recuperação do meio ambiente.
degradador em decorrência do princípio do § 1º São autoridades competentes para lavrar
poluidor-pagador” (REsp 1.114.398). auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo os funcionários de órgãos
COMINAÇÃO DE PEDIDOS ambientais integrantes do Sistema Nacional de
Meio Ambiente - SISNAMA, designados para
É plenamente possível a cominação de as atividades de fiscalização, bem como os
obrigação de reparação com a indenização agentes das Capitanias dos Portos, do
pecuniária cumulativamente, até que haja a Ministério da Marinha.
recuperação total do dano, se possível. Nesse § 2º Qualquer pessoa, constatando infração
ambiental, poderá dirigir representação às

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autoridades relacionadas no parágrafo anterior, cumulativamente, as sanções a elas


para efeito do exercício do seu poder de cominadas.
polícia. § 2º A advertência será aplicada pela
§ 3º A autoridade ambiental que tiver inobservância das disposições desta Lei e da
conhecimento de infração ambiental é obrigada legislação em vigor, ou de preceitos
a promover a sua apuração imediata, mediante regulamentares, sem prejuízo das demais
processo administrativo próprio, sob pena de sanções previstas neste artigo.
co-responsabilidade. § 3º A multa simples será aplicada sempre que
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em o agente, por negligência ou dolo:
processo administrativo próprio, assegurado o I - advertido por irregularidades que tenham
direito de ampla defesa e o contraditório, sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo
observadas as disposições desta Lei. assinalado por órgão competente do SISNAMA
ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da
Art. 71. O processo administrativo para Marinha;
apuração de infração ambiental deve observar II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos
os seguintes prazos máximos: do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou Ministério da Marinha.
impugnação contra o auto de infração,
contados da data da ciência da autuação; § 4° A multa simples pode ser convertida em
II - trinta dias para a autoridade competente serviços de preservação, melhoria e
julgar o auto de infração, contados da data da recuperação da qualidade do meio ambiente.
sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou § 5º A multa diária será aplicada sempre que o
impugnação; cometimento da infração se prolongar no
III - vinte dias para o infrator recorrer da tempo.
decisão condenatória à instância superior do § 6º A apreensão e destruição referidas nos
Sistema Nacional do Meio Ambiente - incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto
SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, no art. 25 desta Lei.
do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX
de autuação; do caput serão aplicadas quando o produto, a
IV – cinco dias para o pagamento de multa, obra, a atividade ou o estabelecimento não
contados da data do recebimento da estiverem obedecendo às prescrições legais ou
notificação. regulamentares.
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
Art. 72. As infrações administrativas são I - suspensão de registro, licença ou
punidas com as seguintes sanções, observado autorização;
o disposto no art. 6º: II - cancelamento de registro, licença ou
autorização;
I – advertência; II - multa simples; III - III - perda ou restrição de incentivos e
multa diária; IV - apreensão dos animais, benefícios fiscais;
produtos e subprodutos da fauna e flora, IV - perda ou suspensão da participação
instrumentos, petrechos, equipamentos ou em linhas de financiamento em
veículos de qualquer natureza utilizados na estabelecimentos oficiais de crédito;
infração; V - destruição ou inutilização do V - proibição de contratar com a
produto; VI - suspensão de venda e Administração Pública, pelo período de até três
fabricação do produto; VII - embargo de anos.
obra ou atividade; VIII - demolição de
obra; IX - suspensão parcial ou total de Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento
atividades; X – (VETADO) XI - de multas por infração ambiental serão
restritiva de direitos. revertidos ao Fundo Nacional do Meio
Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo
duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,
fundos estaduais ou municipais de meio

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ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o fontes da cultura nacional, e apoiará e


órgão arrecadador. incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
Art. 74. A multa terá por base a unidade, § 1º - O Estado protegerá as manifestações
hectare, metro cúbico, quilograma ou outra das culturas populares, indígenas e afro-
medida pertinente, de acordo com o objeto brasileiras, e das de outros grupos
jurídico lesado. participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas
Art. 75. O valor da multa de que trata este comemorativas de alta significação para os
Capítulo será fixado no regulamento desta Lei diferentes segmentos étnicos nacionais.
e corrigido periodicamente, com base nos § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de
índices estabelecidos na legislação pertinente, Cultura, de duração plurianual, visando ao
sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) desenvolvimento cultural do País e à
e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta integração das ações do poder público que
milhões de reais). conduzem à: (Incluído pela Emenda
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Constitucional nº 48, de 2005)
Estados, Municípios, Distrito Federal ou
Territórios substitui a multa federal na mesma I defesa e valorização do patrimônio cultural
hipótese de incidência. brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 48, de 2005)
NOVO CÓDIGO FLORESTAL – ARTIGO 59 II produção, promoção e difusão de bens
culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 4o No período entre a publicação desta Lei e nº 48, de 2005)
a implantação do PRA em cada Estado e no III formação de pessoal qualificado para a
Distrito Federal, bem como após a adesão do gestão da cultura em suas múltiplas
interessado ao PRA e enquanto estiver sendo dimensões; (Incluído pela Emenda
cumprido o termo de compromisso, o Constitucional nº 48, de 2005)
proprietário ou possuidor não poderá ser IV democratização do acesso aos bens de
autuado por infrações cometidas antes de 22 cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional
de julho de 2008, relativas à supressão nº 48, de 2005)
irregular de vegetação em Áreas de V valorização da diversidade étnica e regional
Preservação Permanente, de Reserva Legal e
de uso restrito. Art. 216. Constituem patrimônio cultural
01 ano para adesão ao PRA após a sua brasileiro os bens de natureza material e
criação imaterial, tomados individualmente ou em
§ 5o A partir da assinatura do termo de conjunto, portadores de referência à
compromisso, serão suspensas as sanções identidade, à ação, à memória dos diferentes
decorrentes das infrações mencionadas no § 4o grupos formadores da sociedade brasileira, nos
deste artigo e, cumpridas as obrigações quais se incluem:
estabelecidas no PRA ou no termo de
compromisso para a regularização ambiental I - as formas de expressão;
das exigências desta Lei, nos prazos e II - os modos de criar, fazer e viver;
condições neles estabelecidos, as multas III - as criações científicas, artísticas e
referidas neste artigo serão consideradas como tecnológicas;
convertidas em serviços de preservação, IV - as obras, objetos, documentos, edificações
melhoria e recuperação da qualidade do meio e demais espaços destinados às
ambiente, regularizando o uso de áreas rurais manifestações artístico-culturais;
consolidadas conforme definido no PRA. V - os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO paleontológico, ecológico e científico.

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno § 1º - O Poder Público, com a colaboração da
exercício dos direitos culturais e acesso às comunidade, promoverá e protegerá o

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OAB PRIMEIRA FASE – IX EXAME DE ORDEM
Direito Ambiental
Frederico Amado

patrimônio cultural brasileiro, por meio de VI - promover a educação ambiental em todos


inventários, registros, vigilância, tombamento e os níveis de ensino e a conscientização pública
desapropriação, e de outras formas de para a preservação do meio ambiente;
acautelamento e preservação. VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na
§ 2º - Cabem à administração pública, na forma forma da lei, as práticas que coloquem em
da lei, a gestão da documentação risco sua função ecológica, provoquem a
governamental e as providências para extinção de espécies ou submetam os animais
franquear sua consulta a quantos dela a crueldade. (Regulamento)
necessitem.
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a § 2º - Aquele que explorar recursos minerais
produção e o conhecimento de bens e valores fica obrigado a recuperar o meio ambiente
culturais. degradado, de acordo com solução técnica
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio exigida pelo órgão público competente, na
cultural serão punidos, na forma da lei. forma da lei.
§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e § 3º - As condutas e atividades consideradas
os sítios detentores de reminiscências lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
históricas dos antigos quilombos. infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas,
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente independentemente da obrigação de reparar os
ecologicamente equilibrado, bem de uso danos causados.
comum do povo e essencial à sadia qualidade § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata
de vida, impondo-se ao Poder Público e à Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
lo para as presentes e futuras gerações. nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse lei, dentro de condições que assegurem a
direito, incumbe ao Poder Público: preservação do meio ambiente, inclusive
I - preservar e restaurar os processos quanto ao uso dos recursos naturais.
ecológicos essenciais e prover o manejo § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou
ecológico das espécies e ecossistemas; arrecadadas pelos Estados, por ações
(Regulamento) discriminatórias, necessárias à proteção dos
II - preservar a diversidade e a integridade do ecossistemas naturais.
patrimônio genético do País e fiscalizar as § 6º - As usinas que operem com reator
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação nuclear deverão ter sua localização definida em
de material genético; lei federal, sem o que não poderão ser
III - definir, em todas as unidades da instaladas.
Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção; (Regulamento)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade; (Regulamento)
V - controlar a produção, a comercialização e o
emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente; (Regulamento)

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