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Mau Desempenho Escolar

Vários estudos mostram que em torno de 15% a 20% das crianças no início da
escolarização apresentam dificuldade em aprender e, logo, mau desempenho escolar.
Essas estimativas podem chegar a 30%, 50%, se forem analisados os primeiros seis anos
de escolaridade.

Aprendizagem
“Processo que ocorre através da integração de diversas funções do sistema nervoso,
promovendo melhor adaptação do indivíduo e o meio através da experiência,
promovendo mudanças”. – Fonseca, 2008.

 O meio fornece as informações que deverão ser processadas pelo indivíduo.

Aquisição e Processamento da Informação


Entrada (input): vias aferentes – visão, audição e somatossensitiva (tato, gustação, olfato).
Percepção sensorial da informação pelo cérebro.

Processamento: áreas corticais perceptivas (gnósicas) e motoras (práxicas).

Processamento: exige integração de áreas corticais e subcorticais, onde a informação é


organizada, integralizada e armazenada.

Processamento e saída (output) ou resposta efetora ocorre pelas vias eferentes motoras.

Motivação
A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, onde
direciona e intensifica os objetivos de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a
motivação é algo interior, ou seja, que está dentro de cada pessoa de forma particular
erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmotiva, pois ninguém é capaz de fazê-lo.
Existem pessoas que pregam a extra motivação, mas tal termo é erroneamente empregado,
já que a motivação é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego desse prefixo deve
ser descartado.

Motivação – Abraham Maslow

Uma interpretação da pirâmide nos proporciona o código de sua teoria. Um ser humano
tende a satisfazer suas necessidades primárias (mais baixas na pirâmide de Maslow), antes
de buscar as do mais alto nível. Uma pessoa não procura ter satisfeitas suas necessidades
de segurança – por exemplo, evitar os perigos do ambiente – se não tem cobertas suas
necessidades fisiológicas, como comida, bebida, ar, etc.

Motivação
Quanto mais interessante e importante é a informação, mais fácil sua retenção e resgate
quando necessário.

 Durante a aprendizagem, o processamento das informações depende da integração


de diversas habilidades, destacando-se as cognitivas atencionais, mnésicas e
linguísticas, além de desenvolvimento emocional e comportamental.
Cognição
 A cognição é um construto de várias habilidades que se integram com o objetivo comum
de “solucionar problemas inéditos” apresentados pelo meio. Muitos a consideram como
principal preditor de capacidade de aprendizagem.

 Os processos cognitivos superiores envolvidos em organizar e monitorar o pensamento


e comportamento são conhecidos como “funções executivas”.

 Há um grande dinamismo e plasticidade na cognição, que deve ser aperfeiçoada


através de treino e mediação adequada – aprendida/ensinada.

Atenção e Memória
Possuem papel essencial na aquisição de novas habilidades (aprendizagem). É através
da atenção que se filtra as informações relevantes no meio (atenção seletiva) e se mantem
sob foco esta informação desejada (atenção sustentada e focalizada).

A memória operacional ou de trabalho ocupa a função de selecionar, analisar, conectar,


sintetizar e resgatar as informações já consolidadas apreendidas (memória de longo
prazo). A memória operacional faz a conexão entre as informações novas e aquelas já
aprendidas.

Psicomotricidade
 A psicomotricidade é uma característica humana que permite a execução
planificada, sequenciada, autorregulada de atos motores complexos, mediada pelo
lobo pré-frontal. As praxias são consideradas por muitos autores como o produto
final da cognição.

Sinaptogênese e mielinização
“A aprendizagem apresenta peculiaridades na infância, relacionadas especificamente à
neuroplasticidade e à maturação neurológica (Sinaptogênese e mielinização). A
neuroplasticidade, que é muito intensa nas crianças, consiste na capacidade do encéfalo
em adaptar-se a modificações, sejam elas, novas funções aprendias ou reações a lesões
encefálicas. À medida que a criança amadurece, áreas e funções perceptivas e motoras se
tornam mais funcionais e capacitadas para execução de habilidades cada vez mais
complexas. Portanto, destaca-se que para aprender é preciso maturação e integração de
diversas áreas cerebrais envolvidas no processo”. – Rebollo, 2007.

Mau Desempenho Escolar


□ Rendimento escolar abaixo do esperado para determinada idade, habilidades
cognitivas e escolaridade.
□ Resulta em problemas emocionais (baixa autoestima, desmotivação) e preocupação
familiar, além de repercussão em diversas esferas: individuais, familiares, escolares
e sociais.
□ Causas são variadas, destacando-se dois grupos: fatores extrínsecos (ambientais)
e fatores intrínsecos (individuais).
□ Distinção entre dificuldade escolar – DE, e transtorno de aprendizagem – TA.

Transtornos da Aprendizagem
Transtorno das Habilidades Escolares

 Diagnosticados quando os achados do indivíduo em testes padronizados e


individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão
substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de
inteligência.

 Diagnosticados quando os problemas de aprendizagem interferem


significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem
habilidades de leitura, matemática ou escrita.

 Os transtornos de aprendizagem podem persistir até a idade adulta.


Características e Transtornos Associados
→ Desmoralização, baixa autoestima e déficits nas habilidades sociais podem estar
associados com os transtornos de aprendizagem.

→ Taxa de evasão escolar para crianças ou adolescentes com transtornos de


aprendizagem é de aproximadamente 40%.

→ Adultos com transtornos de aprendizagem podem ter dificuldades significativas no


emprego ou no ajustamento social.

→ Muitos indivíduos com Transtorno da Conduta, Transtorno Desafiador de Oposição,


TDAH, Transtorno Depressivo Maior ou Transtorno Distímico também têm
transtornos da aprendizagem.

→ Existem evidências de que atrasos no desenvolvimento da linguagem podem ocorrer


em associação com uma taxa superior de transtorno do desenvolvimento da
coordenação.

→ Prejuízos no processamento cognitivo – déficits na percepção visual, processos


linguísticos, atenção e memória – frequentemente precedem ou estão associadas
com os transtornos da aprendizagem.

→ Predisposição genética, lesões perinatais e várias doenças neurológicas ou outras


condições médicas gerais podem estar associadas com o desenvolvimento dos
transtornos da aprendizagem, embora a presença dessas condições não prediz
invariavelmente, e existem muitos indivíduos com transtornos de aprendizagem sem
um histórico desse tipo.

→ Esses transtornos frequentemente são encontrados em associação com uma


variedade de condições médicas gerais como envenenamento por chumbo,
síndrome alcoólica fetal ou síndrome do X frágil.
Características Específicas da Cultura
Deve estar claro para o profissional que os procedimentos de testagem do desempenho do
cliente em leitura, matemática e expressão escrita contemplam adequadamente a bagagem
étnica ou cultural do indivíduo.

→ O teste individual sempre é necessário para fazer o diagnóstico de transtorno de


aprendizagem.

Prevalência
 Identificado em aproximadamente 5% dos estudantes de escolas públicas norte-
americanas.
 Segundo estimativas da Organização Psiquiátrica Americana, a prevalência dos
Transtornos da Aprendizagem, variam entre 2 e 10% na população, dependendo da
natureza da averiguação e das definições aplicadas e estes podem persistir até a
idade adulta.

Diagnóstico Diferencial
→ Transtornos da Aprendizagem devem ser diferenciados das variações normais de
rendimento escolar e das dificuldades devido à falta de oportunidades, ao ensino
deficiente ou a fatores culturais.

→ Um comportamento visual ou auditivo pode afetar a capacidade de aprendizagem e


deve ser investigado, por meio de testes audiométricos ou visuais. Um transtorno da
aprendizagem pode ser diagnosticado na presença desses déficits sensoriais
apenas quando as dificuldades de a aprendizagem excederem as habitualmente
associadas aos mesmos.

→ No retardo mental, as dificuldades de aprendizagem são proporcionais ao prejuízo


geral no funcionamento intelectual. Entretanto, em alguns casos de Retardo Mental
Leve, o nível de realização na leitura, matemática ou expressão escrita está
significativamente abaixo dos níveis esperados, dados o nível de escolaridade e a
gravidade do Retardo Mental no indivíduo. Nesses casos, aplica-se o diagnóstico
adicional de transtorno da aprendizagem.

Um diagnóstico adicional de transtorno da aprendizagem deve ser feito no contexto de um


transtorno global do desenvolvimento apenas quando o comprometimento escolar estiver
significativamente abaixo dos níveis esperados, levando em conta o funcionamento
intelectual e o nível de escolaridade do indivíduo.

Dislexia
Dificuldade da área da leitura, escrita e soletração. A dislexia costuma ser identificada nas
salas de aula durante a alfabetização, sendo comum provocar uma defasagem inicial de
aprendizado.

→ Caracterizada por dificuldade na aprendizagem da decodificação das palavras.

→ Pessoas disléxicas apresentam dificuldade na associação do som à letra.

→ Costumam trocar letras, por exemplo, B com D, ou mesmo escrevê-las na ordem


inversa, por exemplo, “óvov” para “vovó”.

→ É um problema visual, envolvendo o processamento da escrita no cérebro, sendo


comum também confundir a direita com a esquerda no sentido espacial.
Dislexia: Causas Físicas
 Fortes evidências neurológicas.
 Origem genética.
 Exposição do feto a grandes dosagens de testosterona.
 Prevalência: 4 pessoas disléxicas do sexo masculino para 1 do sexo feminino.

Sintomas da Dislexia Relativos À Leitura e Escrita


Erros por confusões na proximidade espacial:

a) Confusão de letras simétricas.


b) Confusão por rotação.
c) Inversão de sílabas.

Confusões por proximidade articulatória e sequelas de distúrbios de fala:

a) Confusões por proximidade articulatória.


b) Omissões de grafemas.
c) Omissões de sílabas.

Características Linguísticas
→ A acumulação e persistência de seus erros de soletração ao ler e de ortografia ao
escrever.
→ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o, c-o,
e-c, f-t, h-n, i-j, m-n, v-u, etc.
→ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente
orientação no espaço: b-d, b-p, d-b, d-p, d-q, n-u, w-m, a-e.
→ Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons
são acusticamente próximos: d-t, j-x, c-g, m-b-p, v-f.
→ Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em, sol-los, som-mos, sal-
las, pai-pia.
Outras Perturbações de Aprendizagem
1. Alterações na memória.
2. Alterações na memória de séries e sequências.
3. Orientação direita-esquerda.
4. Linguagem escrita.
5. Dificuldades em matemática.
6. Confusão com relação às tarefas escolares.
7. Pobreza de vocabulário.
8. Escassez de conhecimento prévios (memória de longo prazo).

Discalculia
 Desordem neurológica especifica que afeta a habilidade de uma pessoa de
compreender e manipular números.

 Para ser classificada como discalculia não pode ser causada por problemas na visão
e/ou audição.

 O termo discalculia é usado frequentemente ao consultar especificamente à


inabilidade de executar operações matemáticas ou aritméticas, mas é definido por
alguns profissionais educacionais como uma inabilidade mais fundamental para
conceitualizar números como um conceito abstrato de quantidades comparadas.

John Bowlby – Teoria do Apego


 Inglaterra: 1907-1990.
 Psicólogo, psiquiatra e psicanalista.

Primeiro psicanalista a propor um modelo de desenvolvimento e de funcionamento da


personalidade – teoria dos instintos – que se distancia da teoria das pulsões de Freud. A
sua obra centra-se essencialmente em duas noções: o comportamento instintivo e a
vinculação.
Conciliação entre psicanálise e etologia – expulso da sociedade de psicanálise –
heterodoxia.

Teoria do Vínculo
Modo de conceituar a propensão dos seres humanos a estabelecerem fortes vínculos
afetivos com alguns outros, e de explicar as múltiplas perturbações da personalidade,
incluindo ansiedade, raiva, depressão e desligamento emocional, a que a separação e
perda involuntária dão origem. Embora incorpore muito do pensamento psicanalítico, a
teoria da ligação difere da psicanálise tradicional ao adotar um certo número de princípios
que derivam de disciplinas relativamente novas como a etologia e teoria do controle,
estabelecendo relações estreitas com a psicologia cognitiva e evolutiva.

Teoria do Apego
→ Bebês nascem programados para formar um estreito vínculo emocional com a mãe ou
com os primeiros adultos que tomam conta deles – em outras palavras, para apegar-
se.

→ A função biológica do sistema de apego, é justamente aumentar as possibilidades de


sobrevivência da criança, oferecendo-lhe proteção e segurança.

→ A qualidade desses primeiros vínculos constitui a base emocional do futuro adulto.


Sentimentos de desamparo e de perda não passam em branco.

“A criança pode crescer segura, com boa autoestima, ou ansiosa e insegura quanto às
suas relações afetivas, ou ainda com extrema dificuldade de se ligar a alguém, a partir
da relação que a mãe estabelece com ela” – John Bowlby

“Não podemos pensar somente na sobrevivência física. O bem-estar emocional garante o


crescimento de um adulto mais autoconfiante e produtivo” – John Bowlby
Influência para a elaboração da Teoria do Apego
□ Etologia: o estudo de Konrad Lorenz (1935) sobre o processo de imprinting –
estampagem.

□ Em zoologia, a Etologia é a disciplina que estudo o comportamento das pessoas e


dos animais em sua origem – do grego ethos: ser profundo e logia: estudo.

□ Está ligada aos nomes de Konrad Lorenz e Niko Tinbergen sob influência da Teoria
da Evolução Darwiniana, tendo como uma de suas preocupações básicas a evolução
do comportamento por meio do processo de seleção natural.

O que é Imprinting?
 É o fenômeno exibido por vários animais jovens, principalmente pássaros, tais como
patinhos e pintinhos. Quando saem dos seus ovos, eles seguirão o primeiro objeto
em movimento que eles encontrarem no ambiente – o qual pode ser a sua mãe pata
ou galinha, mas não necessariamente. Ocorre então uma ligação social entre o
filhote e este objeto ou organismo.

 Em outros experimentos, Lorenz demonstrou que patinhos poderiam receber o


imprinting não somente de seres humanos, mas também de objetos inanimados, tais
como um balão. Ele descobriu também que existe uma “janela”, ou seja, um período
sensível, muito restrito de tempo após o nascimento dos filhotinhos para que o
imprinting se realizasse efetivamente. Por este e outros trabalhos, Lorenz ganhou o
Prêmio Nobel para Medicina e Fisiologia em 1973.

Impulso Primário
→ Bowlby descartou a ideia do impulso primário, que influenciava fortemente o
pensamento científico da época.
→ A ideia do impulso primário associava a alimentação a razão pela qual a criança
desenvolve um forte laço com sua mãe e substituindo-a pelo sentimento de
segurança, atribuindo a ele a noção de função biológica de proteção.

Harry Frederick Harlow


1958: Experimento mãe de arame/mãe felpuda – experimento sobre privação maternal
e social em macacos Rhesus – demonstrou que bebês macacos queriam ficar perto de
suas mães não somente porque elas eram suas fontes de alimento, desmistificando o mito
do amor materno como dispensador de alimento como pensavam os behavioristas da
época.

Conclusões: macacos bebês preferem as “mães” mais confortáveis. Essa preferência era
independente da “mãe” que fornecia alimento. Parecia estar em jogo não só a procura de
conforto, mas estabelecimento de relações que transmitisse segurança – estímulo gerador
de medo.

John Bowlby
Descreve uma série de condutas da criança quando afastada da figura de ligação, tais
como: choros, chamamentos, ataques de fúria, etc. O desenvolvimento do comportamento
de ligação com uma figura preferida ocorre durante os primeiros nove meses de vida,
perdurando até o terceiro ano. Com isso não se pode afirmar que o campo de
relacionamentos do bebê é limitado, mas que existe durante um certo período o desejo
mais intenso de manter contato com uma determinada pessoa, que pode ser a mãe natural
ou outra que a represente.

“Os comportamentos de apego se referem a um conjunto de condutas exibidas pelo bebê,


que promove a manutenção ou o estabelecimento de proximidade com sua principal
figura provedora de cuidados, a mãe, na maioria das vezes. O repertório
comportamental de apego inclui chorar, estabelecer contato visual, agarrar-se,
aconchegar-se e sorrir”. – John Bowlby, 1990.
Maternal Deprivation – privação maternal:
A ausência de contato e de estímulos perturbam os processos de maturação do sistema
nervoso. Se o bebê não é suficientemente acariciado, não há estimulação vestibular
necessária para estimular interconexões neurais e o processo de mielinização. Falta de
afeto e de estímulos produzem desordem da organização cerebral.

Base Segura do Comportamento de Apego


→ Confiança de que o bebê tem numa figura em particular, protetora e de apoio, que
está disponível e é acessível.

→ O comportamento de apego aparecerá quando o bebê estiver assustado, cansado,


com fome ou sob estresse, levando-o a emitir sinais que podem desencadear a
aproximação e a motivação do cuidador para cuidar.

→ O comportamento de apego traz segurança e conforto e possibilita o comportamento


de exploração.

→ Quando a pessoa é apegada ela tem um sentimento especial de segurança e


conforto na presença de um outro e pode usar o outro como uma “base segura” a
partir da qual explora o resto do mundo.

Sistemas Comportamentais Coordenados


Sistema de apego: caracterizado pelo nosso comportamento em situações de separação.
Se não nos sentimos ameaçados por separações imprevistas, construímos uma base
segura.

Sistema de exploração: somente acontece se a criança tem uma base segura para
explorar o mundo. Então buscará, jogará, iniciará contatos sociais, etc.
Comportamento de Apego
“Qualquer forma de comportamento que resulta em uma pessoa alcançar e manter
proximidade com algum outro indivíduo, considerado mais apto para lidar com o mundo”.
– Bowlby, 1989.

Figuras de apego: possíveis cuidadores.

Autismo
No Brasil: dados apontam para uma prevalência de 1:360.

Aumentou porque:

1. Não é vacina contra sarampo.


2. Critério mais amplos para diagnósticos.
3. Melhores meios de descoberta de casos.

Leo Kanner
1943: 11 pacientes jovens que pareciam habitar mundos isolados particulares ignorando
as pessoas à sua volta, mesmo seus próprios pais.
→ Se divertiam por horas batendo as mãos em frente ao rosto.
→ Entravam em pânico por pequenas coisas – troca de lugar do brinquedo preferido
sem seu conhecimento.

1950 – Kanner declarou que havia visto menos de 150 casos reais de “sua síndrome”.

 Não fomentou a ideia de diagnosticar como autistas crianças com epilepsia – comum
no autismo.

 Autismo como psicose infantil causado por pais frios e indiferentes. “Estas crianças
foram mantidas num congelador que não descongela”.

 Crianças com habilidades especiais para certas áreas – música, matemática e


memória.

Autismo: fonte de vergonha e estigma para as famílias – instituições “para seu próprio
bem” – invisíveis para o mundo.

1970: Contestação a Kanner de que o autismo era raro.

Lorna Wing: ideia do “congelador parental”.

→ Estudo sobre a prevalência de autismo na população geral.


→ Modelo limitado de Kanner – realidade do autismo mais colorida e diversificada.

Lorna Wing / Hans Asperger


→ Havia crianças que não falavam nada e outras falavam sobre seu fascínio com a
astrofísica ou dinossauros.

História alternativa do autismo – Hans Asperger (1944) – “Doença poligenética para toda
a vida”.

→ Autismo: diversidade continuada que abrange uma incrível gama de talento e


deficiência.

→ Autismo e características autistas são comuns e sempre foram, “cientistas


desajeitados socialmente”, “artistas no mundo da lua”.

Espectro Autista – anos 80 e 90:


□ Troca de modelo limitado de Kanner pelo modelo amplo e inclusivo de Asperger.
□ “Rain Man” – filme.

Psicólogos, pediatras, professores e pais começaram a observar comportamentos de seus


clientes, alunos e filhos.

 Primeiros testes clínicos simples.

“Tempestade de consciência autista”: ampliação dos critérios, maior visibilidade, testes


clínicos.

 Maior número de diagnósticos – maior apoio e serviços para crianças e pais.

 A “cura” para a maioria dos aspectos disfuncionais do autismo é encontrada em


professores compreensivos, trabalhadores solícitos, comunidades solidárias e pais
que acreditam no potencial de seus filhos.

1 a cada 68 crianças estão dentro do espectro autista, segundo o Centro de Controle e


Prevenção de Doenças dos EUA.

 Maiores grupos minoritários do mundo.


 Repúdio de que são quebra-cabeça a ser solucionado pelo avanço da ciência –
cunharam o termo neurodiversidade – celebrar as variedades da cognição humana.

Neurodiversidade
→ Sistemas operacionais humanos.

“Se um PC não roda Windows, não significa que esteja quebrado”.

Pelos padrões autistas o cérebro humano normal é distraído facilmente, é obsessivamente


social e sofre de déficits de atenção a detalhes.
□ Recebe o nome de espectro – sprectrum – porque envolve situações e
apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais
leve à mais grave. Todas, porem em menor ou maior grau estão relacionadas com
as dificuldades qualitativas de comunicação e relacionamento social.

Transtorno do Espectro Autista


No espectro, o grau de gravidade varia de pessoas que apresentam um quadro leve, e com
total independência e discretas dificuldades de adaptação até aquelas pessoas que serão
dependentes para as atividades de vida diárias (AVDs), ao longo de toda a vida.
Fala 3 Palavras
Ecolalia Não fala
línguas soltas

Sintomas leves Habilidades Sintomas severos Deficiência


de autismo cognitivas de autismo intelectual
preservadas
Dificuldades Problemas sociais Dificuldades
sociais Inteligência média e de interação cognitivas
...
Prejuízos verbais
Adaptabilidade Adaptabilidade
Boas habilidades
minimamente severamente Pobres habilidades
acadêmicas
afetada afetada acadêmicas
Igual aos Outros

Provavelmente mais Provavelmente mais


do que os outros do que os outros

Definitivamente Definitivamente
menos do que os mais do que os
outros outros

Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos sinais e sintomas e leva em conta
os critérios estabelecidos por DSM-V e pela CID-10 (Classificação Internacional de
Doenças da OMS.

□ Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade sendo possível
fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses de idade.

□ Considera o comportamento e o histórico do paciente.

□ Novo nome para a categoria, Transtorno do Espectro Autista (TEA), que inclui
transtorno autístico – autismo, transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da
infância, e transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação.

Pelo menos 8 dos 16 itens especificados devem ser satisfeitos.

A. LESÃO MARCANTE NA INTERAÇÃO SOCIAL RECÍPROCA, MANIFESTADA POR


PELO MENOS TRÊS DOS PRÓXIMOS CINCO ITENS:
1. Dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial, gestos e
postura corporal para lidar com a interação social.
2. Dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo.
3. Raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de tensão ou
ansiedade, e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas que apresentem
ansiedade ou infelicidade.
4. Ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a
felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea em compartilhar suas
próprias satisfações através de envolvimento com outras pessoas.
5. Falta de reciprocidade social e emocional.

B. MARCANTE LESÃO NA COMUNICAÇÃO:


1. Ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes.
2. Diminuição de ações imaginativas e de imitação social.
3. Pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos.
4. Pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade e
imaginação em processos mentais.
5. Ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras pessoas.
6. Pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para refletir a modulação
comunicativa.
7. Ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na comunicação oral.

C. PADRÕES RESTRITOS, REPETITIVOS E ESTEREOTIPADOS DE


COMPORTAMENTO E ATIVIDADES, MANIFESTADOS POR PELO MENOS DOIS
DOS PRÓXIMOS SEIS ITENS:
1. Obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse.
2. Apego específico a objetos incomuns.
3. Fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais específicos.
4. Hábitos motores estereotipados e repetitivos.
5. Obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de
recreação.
6. Ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais do
ambiente.

D. ANORMALIDADES DE DESENVOLVIMENTO DEVEM TER SIDO NOTADAS NOS


PRIMEIROS TRÊS ANOS PARA QUE O DIAGNÓSTICO SEJA FEITO.
Estudos demonstram que a identificação precoce dos sinais e dos sintomas de risco para
o desenvolvimento do TEA é fundamental, pois, quanto antes o tratamento for iniciado,
melhores são os resultados em termos de desenvolvimento cognitivo, linguagem e
habilidades sociais.

Categorias do Desenvolvimento Precoce


 Contato visual direto.
 Expressão facial.
 Posturas corporais.
 Gestos para regular interação.
 Não mostrar.
 Não trazer.
 Não apontar.
 Ausência de reciprocidade social ou emocional.
 Ausência de jogos de imitação.
→ Aproximadamente 60-70% têm algum nível de deficiência intelectual, enquanto que
os indivíduos com autismo leve, apresentam faixa normal de inteligência e cerca de
10% dos indivíduos com autismo têm excelentes habilidades intelectuais para a sua
idade (Bretani, et al. 2013).

Importância da Identificação Precoce


→ Intervenção precoce que visa minimizar ou eliminar efeitos secundários de dano
biológico primário.
→ Entendimento da tríade de prejuízos.
→ Entendimento dos diferentes perfis ou graus de severidade.
→ Entendimento dos diferentes cursos de surgimento.

Preocupações Relatadas Pelos Pais


→ Atraso na fala e desenvolvimento da linguagem.
→ Nível anormal de responsividade social.
→ Regressão em 20-33% dos casos, podendo envolver perda de palavras,
vocalizações, comunicação não-verbal (contato ocular, gestos), interação diádica,
imitação, jogo faz-de-conta.
→ Os relatos pelos pais de regressão não indicam necessariamente um
desenvolvimento anterior normal, nem anormalidades precoces excluem regressão.

Autismo – Possíveis Causas


HISTÓRIA

1956 – Diagnóstico de autismo era desconhecido;

1964 – Busca de tratamentos adequados por Bernard Rimland – publicação do livro –


Autismo Infantil: A síndrome e sua implicação para a teoria neural do comportamento.
Confronto da teoria psicológica sobre a “mãe geladeira” – falta de afeto da mãe. Postula o
autismo como doença biológica de causa ambiental.

1965 – Fundação da Sociedade Americana de Autismo – origens das AMAs;

1967 – Fundação do Autism Research Institute.

1995 – Fundação do movimento DAN – (derrote o autismo agora) – divulgação de novas


abordagens para tratamento.

2012 – Tratamento integral – pais, psicólogos, médicos, nutricionistas, etc.

Autismo – DSM-V
Critério A: déficit persistente de interação social;

Critério B: comportamento repetitivo e interesses restritos;

Critério C: sintomas presentes na primeira infância;

Critério D: sintomas prejudicam o funcionamento diário.


Autismo – Transtorno do Neurodesenvolvimento
→ Crescimento pré-natal no cérebro.
→ Infecção, inflamações, toxicidade.
→ Formação de dendritos e mielinização neuronal se dá com muita velocidade até a
adolescência.
→ Processo de maturação cerebral é de longo prazo.
→ Primeiros 1000 dias determina a vida da pessoa – gestação e primeiros dois anos
da criança.
→ Aumento da incidência de autismo.

Natl Health Stat Report. 2013 Mar 20; (65): 1-11, 1 p following 11. Changes in prevalence
of parente-reported autism spectrum disorder in schol-aged U.S. children: 2007 to
2011-2012. Blumberg SJ, Bramlett MD, Kogan MD, Schieve LA, Jones JR, Lu MC.

→ 1 para cada 50 crianças


→ 1 para cada 31 meninos
→ 1 para cada 143 meninas
→ Transtorno que mais cresce – 72% desde 2007-2012.
→ Diagnóstico e intervenção precoce – custo de tratamento reduzido.

Alterações do
comportamento

Alterações da
biologia
Causas do Espectro Autista
Tipo I

Sindrômico – com atraso do desenvolvimento – meninos e meninas;

→ Doenças genéticas – x frágil, Rett, Down (microdeleções ou duplicações)


→ Desordens metabólicas – distúrbios na expressão de neurotransmissores, doenças
mitocondriais, erros inatos do metabolismo.
→ Encefalopatias congênitas – rubéola, herpes, citomegalovírus, anóxicas tóxicas.

Autismo é genético?
→ Folstein & Rudder, 1985
→ Ritvo et al, 1989
→ Bailey et al, 1995
→ Gêmeos univitelinos ou monozigóticos: índice de concordância alta
→ Hallmayer et al, 2011 – suscetibilidade para o autismo tem forte fator ambiental,
compartilhado entre gêmeos e moderada hereditibilidade genética.

JAMA. 2014 May 7; 311 (17): 1770-7. doi: 10.1001/jama.2014.4144. The familial risk of
autism. Sandin S, Lichtenstein P, Kuja-Halkola R, Larsson H, Hultman CM, Reichenberg A.

Curr Opin Genet Dev. 2012 Jun; 22(3): 229-37 doi: 10.1016/j.gde.2012.03.002. Epub 2012
Mar 29. Genetic architecture in autism spectrum disorder. Devlin B, Scherer SW.

→ Problemas genéticos em apenas 25% dos casos;


→ 10% tinham síndrome genéticas conhecidas.
→ 5% anormalidades cromossômicas;
→ 10% alterações genéticas específicas.

Hibridização Comparativa Genômica em Microarray


 Diagnostica alterações cromossômicas: microdeleções e duplicações.
 Aumenta capacidade diagnóstica genética.
 Gene modificado – polimorfismo de único nucleotídeo.
 Alteração de um único gene altera a síntese de determinadas proteínas que
repercutem clinicamente.
 Estudo nutrigenômico: genes específicos que interferem no metabolismo – metilação
e sulfatação – encontro do genético com o ambiental – não consegue se livrar do
tóxico do ambiente.

Autismo
Tipo II

 Criança que se desenvolve normal até 18 meses – regressão;


 Causas ambientais – encefalopatias tóxicas (fungos, antibióticos, metais pesados,
agrotóxicos), rubéola, herpes, alergias alimentares, neuroinflamação subclínica.
 Inflamação do cérebro: perda da conexão entre neurônios.
 Perda de conexões entre partes do cérebro.

Ressonância por tensor de difusão – observação das conexões de partes do


cérebro entre si

 Autismo é genético e ambiental;


 Associação entre idade dos pais e autismo;
 Fertilização in vitro;
 Toxicidade no cordão umbilical do bebê.

Autismo – Doença Sistêmica:


Não há como separar o cérebro do resto do corpo

 Conjunto entrelaçado de causa e efeito;


 Gene causa problema metabólico que pode afetar o imune que pode afetar o
neurológico;
 O ambiente pode afetar as mitocôndrias que vão gerar estresse oxidativo que vão
afetar o neurológico;
 O gastrointestinal afeta o neurológico que afeta o imunológico.

→ Necessidade de mudança de paradigma para entendimento do autismo.

Deficiência Intelectual – Transtorno do Desenvolvimento Intelectual


Inteligência

“Capacidade mental geral que inclui a habilidade do indivíduo para raciocinar, resolver
problemas, pensar abstratamente, planejar e aprender pela experiência, e reflete uma
capacidade mais ampla para compreender o mundo ao seu redor”. – Associação Americana
de Retardo Mental.

Deficiência Intelectual
→ Não é um traço de personalidade da pessoa.
→ Suporte individualizado na DI – prestação de apoios adaptados.
→ Entendimento e busca de uma identidade que inclui: autoestima, bem-estar, orgulho
próprio, engajamento social e político.
→ Não é doença é deficiência.

Deficiência Intelectual é uma condição que pode ser melhorada com prestação de suporte
e não como uma deficiência estática para o resto da vida.

→ Apoio intermitente.
→ Apoio limitado.
→ Apoio amplo.
→ Apoio permanente.

“Deficiência intelectual é uma incapacidade caracterizada por limitações significativas


tanto no funcionamento intelectual – raciocínio, aprendizado, resolução de problema –
quanto no comportamento adaptativo, que cobra uma gama de habilidades sociais e
práticas do dia a dia. Esta deficiência se origina antes dos 18 anos de idade.” – (Shogren
et. al., 2010)

Dimensões da Deficiência Intelectual


Deficiência intelectual: incapacidade marcada por importantes limitações no
funcionamento intelectual e no comportamento relacionado aos aspectos conceituais,
sociais e práticos.

Dimensões: Habilidade intelectuais: a avaliação do funcionamento intelectual é essencial


para se fazer um diagnóstico de retardo mental.

Dimensões
Comportamento adaptativo, habilidades conceituais, sociais e práticas – o
comportamento adaptativo é a reunião de habilidades que foram aprendidas pelas pessoas
para funcionarem em suas vidas diárias.

Participação, interações e papéis sociais – engajamento ativo do indivíduo no seu


ambiente.
Saúde (física e mental) – efeitos da saúde física e mental sobre o funcionamento variam
desde amplamente facilitadores até amplamente inibidores para pessoas com retardo
mental.

Contexto (ambientais e culturais) – perspectiva ecológica do cotidiano da pessoa.

Critérios Diagnósticos – DSM-V


Critério B: Déficits em funções adaptativas que resultam em fracasso para atingir padrões
de desenvolvimento e socioculturais em relação a independência pessoal e
responsabilidade social.

Sem apoio continuado, os déficits de adaptação limitam o funcionamento em uma ou mais


atividades diárias, como comunicação, participação social e vida independente, e em
múltiplos ambientes, como em casa, na escola, no local de trabalho e na comunidade.

Critério C: Presença de déficits intelectuais e adaptativos durante a infância e


adolescência.

Domínio Conceitual – Acadêmico


Competência em termos de memória, linguagem, leitura, escrita, raciocínio matemático,
aquisição de conhecimentos práticos, solução de problemas e julgamento em situações
novas.

Domínio Prático
Aprendizagem e autogestão em todos os cenários de vida, inclusive cuidados pessoais,
responsabilidades profissionais, controle do dinheiro, recreação, autocontrole
comportamental e organização de tarefas escolares e profissionais, entre outros.
Nível de Gravidade Leve
Domínio Conceitual Domínio Social Domínio Prático
Dificuldade em aprender Mostra-se imaturo nas Pode funcionar de acordo
habilidades acadêmicas relações sociais: com a idade nos cuidados
que envolvam leitura, dificuldades em perceber pessoais, mas necessita de
escrita, matemática, pistas sociais dos pares. apoio em tarefas
tempo ou dinheiro, sendo Comunicação, conversação complexas da vida diária
necessário apoio em uma e linguagem são mais em comparação com os
ou mais áreas para o concretas e imaturas do pares. Vida adulta: apoio
alcance das expectativas que seria esperado para a para compras de casa,
associadas à idade. idade. Compreensão utilização de transporte
Adultos: pensamento limitada de riscos em público, organização do lar
abstrato, funções situações sociais. Corre o e cuidado com filhos,
executivas, memória de risco de ser manipulado preparo de alimentos,
curto prazo, uso funcional pelos outros (credulidade). atividades bancárias e
de habilidades acadêmicas controle de dinheiro. Na
estão prejudicados. Há vida adulta pode conseguir
uma tendência a uma desenvolver emprego em
abordagem concreta para funções que não envolvam
resolução de problemas. habilidades conceituais.

Nível de Gravidade Profundo


Domínio Conceitual Domínio Social Domínio Prático
As habilidades conceituais Compreensão limitada da Depende dos outros para
costumam envolver mais o comunicação simbólica na cuidado físico diária,
mundo físico do que os fala ou nos gestos. Pode saúde e segurança. Alguns
processos simbólicos. A entender algumas sem prejuízo físico podem
pessoa pode usar objetos instruções ou gestos desempenhar tarefas
de maneira direcionada a simples. Há ampla domésticas simples.
metas para o autocuidado, expressão dos próprios Atividades recreativas
o trabalho e a recreação. desejos e emoções pela podem envolver, como
Algumas habilidades comunicação não verbal e escutar música, assistir
visoespaciais como não simbólica. A pessoa filme, sair para passear ou
combinar e classificar, aprecia o relacionamento participar de atividades
baseadas em com membros bem aquáticas, tudo isso com
características físicas conhecidos da família, apoio. Há ocorrência
podem ser adquiridas. Há cuidadores e outras concomitante de prejuízos
ocorrência concomitante pessoas conhecidas, além físicos e sensoriais, é
de prejuízos motores e de iniciar interações sociais barreira frequente à
sensoriais, porém, podem por meio de pistas gestuais participação (além da
impedir o uso funcional dos e emocionais. Há observação) em atividades
objetos. ocorrência concomitante domésticas, recreativas e
de prejuízos sensoriais e profissionais.
físicos, porem impedir
muitas atividades sociais.
→ O diagnóstico de deficiência intelectual baseia-se tanto em avaliação clínica quanto
em testes padronizados das funções adaptativas e intelectual.

Funções cognitivas de memória, velocidade de processamento, compreensão verbal,


organização perceptual, atenção, funções executivas, habilidades motoras, bem como,
nível intelectual.

Instrumentos: Escala Wechsler de Inteligência para Criança – 3ª edição (WISC - III), Teste
Auditivo Verbal de Rey (RAVEN) e Bateria de Testes Neurológicos (BTN).

Domínio Social
Percepção de pensamentos, sentimentos e experiências dos outros, empatia, habilidades
de comunicação interpessoal, habilidades de amizade, julgamento social.

Deficiência Intelectual – DI
Oligofrênia - século XIX
Retardo Mental - 2002
AAIDD - Associação Americana sobre Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento
2010 - Deficiência Intelectual.

→ Construção social da doença e impacto de atitudes sociais sobre as formas como


os indivíduos experenciam os problemas de saúde.

→ Construção ecológica da DI: evolução de uma característica singular para uma


visão mais ampla cuja característica singular para uma visão mais ampla cuja origem
estaria vinculada a fatores orgânicos e sociais.
Deficiência Intelectual – DI
 Deficiência intelectual se refere ao funcionamento intelectual geral abaixo da média
com déficits no comportamento adaptativo e manifestada no período de
desenvolvimento.
 Observação não somente dada por testes de QI mas também pela observação do
comportamento nos vários campos sociais da pessoa.

Funcionamento Adaptativo
Capacidade intelectual, educação, motivação, socialização, aspectos de personalidade,
oportunidades vocacional, experiência cultural e condições médicas gerais e transtornos
mentais coexistentes influenciam o funcionamento adaptativo.

Atenção
“Milhões de itens (...) são apresentados aos meus sentidos e nunca entram propriamente
na minha consciência. Por quê? Porque não tem interesse para mim. Minha experiência é
aquilo que eu concordo prestar atenção (...). Todos sabem o que é a atenção. É a tomada
de posse pela mente, de forma clara e vívida, de um dentre o que parecem ser vários
objetos possíveis simultâneos ou linha de pensamento. A focalização, a concentração da
consciência são sua essência. Esta implica, a abstenção de algumas coisas para poder
lidar eficazmente com outras.” – William James, 1890.

Atenção (Lúria, - 1981)


“Atenção tem caráter direcional e seletivo, o que nos permite manter vigilância em
relação ao que acontece ao nosso redor, responder aos estímulos relevantes e inibir
aqueles que não correspondem aos nossos interesses, intenções ou tarefas imediatas.”
Atenção (Suzana Herculano-Houzel, - 2008)
“Alocar seletivamente nossos recursos cognitivos sobre um único foco, cujo
processamento fica mais rápido e mais preciso, em detrimento dos demais, que se
tornam menos detectáveis ou salientes.”

“Na prática, nosso comportamento é guiado a cada instante por uma coisa só: um alvo
só, sobre o qual os esforços de processamento cognitivo se concentram. Esse alvo da vez é
o foco da atenção, e a atenção é o processo que permite que tudo o que diz respeito a
esse alvo seja detectado e processado mais rapidamente e com mais fidelidade,
às custas do processamento de tudo o que está ao redor. Como resultado, a atenção
facilita o processamento do que está em seu foco, enquanto reduz o processamento
dos distratores (ou seja, de tudo o que não está no foco da atenção.”

Atenção
→ Possibilidade de se exercer um controle voluntário da atenção;
→ Inabilidade em atender diversos estímulos ao mesmo tempo;
→ Capacidade limitada do processamento atencional;
→ Capacidade de o indivíduo responder predominantemente os estímulos que lhe são
significativos em detrimento de outros;
→ Processamento preferencial de determinadas informações sensoriais (Bear,
Connors & Paradiso, 2012).
→ “O ato de prestar atenção (...) aumenta a sensibilidade perceptual para a
discriminação do alvo, além de reduzir a inferência causada por estímulos
distratores” (Pessoa, Kastner & Ungerleider, 2003).

Em que momento os estímulos são selecionados?


 Teoria da seleção inicial: estímulos não precisam ser analisados completamente
para serem selecionados;
 Teoria da seleção tardia: estímulos recebem uma análise prévia de características e
significados e a partir daí são selecionados os estímulos que receberão um
processamento mais aprofundado pelas áreas corticais.
 Eysenck & Keane (1994): atenção auditiva focalizada – seleção e atendimento
apenas aos estímulos que tem interesse, ignorando os demais que não são
processados.
 Broadbent, citado por Gazzaniga et al. (1998): teoria do filtro – estímulos não
atendidos são “rejeitados” nos estágios iniciais de processamento.
 Von Wright (1990): processamento inconsciente de informações não atendidas.
 Treisman (1992): a análise de estímulos não atendidos é atenuada ou reduzida.

“O estabelecimento do foco de atenção possui um valor adaptativo, na medica em que


discriminamos os estímulos que são relevantes dos irrelevantes e os direcionamos
seletivamente aos recursos limitados de processamento das informações de nosso
cérebro.” (Bear et al., 2002)

Gestalt
Percepção: ocorre através da seleção e organização ativa dos elementos que compõem,
p.e., uma imagem ou um som, de modo que a configuração que emerge à consciência é
mais do que mera soma das partes.
O que influencia a atenção?
□ Contexto de inserção do indivíduo;
□ Características dos estímulos;
□ Expectativa;
□ Motivação;
□ Relevância da tarefa desempenhada;
□ Estado emocional;
□ Experiências anteriores.

Del Nero, 1997


“Um determinado nível de alerta é fundamental para que haja condição de se pensar em
atenção. Esse nível, também considerado vigília plena, é o que mantém o cérebro em
constante preparo para desempenhar suas funções, recrutando para seu funcionamento
uma complexa orquestração de subsistemas que vão desde o tronco cerebral até o córtex
(...). O estar desperto depende tanto de um processo de tonificação de diversos
departamentos cerebrais, quanto de um determinado mecanismo cortical responsável
pela seleção de objetos de atenção e interesse. Há, então, dois mecanismos em jogo: o
ascendente, que mantém o sistema apto a oferecer os candidatos à atenção e o cortical,
que os seleciona, tal fosse foco móvel sobre protagonistas no palco.”

Detecção de Estímulos Em Diferentes Modalidades Sensoriais


 Sistema visual: a atenção capacita-nos a nos concentrar em um objeto no meio de
muitos outros presentes em nosso campo visual;
 Sistema auditivo: “coctail party effect”: descreve a maneira pela qual um indivíduo
pode atender apenas uma voz e conversar com um amigo, em meio a uma variedade
de sons e ruídos.

Natureza - Origem da Atenção (Dalgalarrondo, 2002)


Voluntária (controlada): seleção ativa e deliberada do indivíduo, ligada às motivações,
interesses e expectativas. Processamento controlado das informações e efeitos inibidores
de atividades concorrentes.

Involuntária (automática): suscitada pelas características dos estímulos que “chamam”


nossa atenção: intensidade, tamanho, cor, novidade, movimento, incongruência e
repetição.

Operacionalização da Atenção
 Atenção seletiva: privilegiar determinados estímulos em detrimento de outros;
 Atenção sustentada: capacidade de o indivíduo manter o foco atencional em
determinado estímulo durante um período de tempo;
 Atenção alternada: capacidade de alternar o foco atencional, porém, uma das
informações está sendo mediada pelo processamento automático.

Outro Focos de Atenção Além dos Estímulos Sensoriais


 Memórias;
 Pensamentos;
 Recordações;
 Execução de cálculos mentais, etc;
 Percepção seletiva – foco voltado para o ambiente externo;
 Cognição seletiva – foco voltado para o ambiente interno.

Bases Neurais da Atenção


 Formação reticular no tronco cerebral: regulação do estado de alerta (tenacidade).
 Estrutura mediadora entre os estímulos externos e o mundo interno.
 Permite a ativação cortical, a manutenção do alerta e a escolha das respostas
comportamentais.
 Processo mediado neuroquimicamente por neurônios dopaminérgicos.

Córtex Límbico
 Reconhecimento seletivo de um estímulo e inibição de estímulos irrelevantes.

Colículos Superiores
 Usa informação visual e auditiva e é capaz de promover o redirecionamento
automático dos olhos para o objeto externo da vez.

Locus Coeruleus
“Libera noradrenalina sobre várias estruturas do encéfalo quando estamos acordados, e
sobretudo quando eventos importantes acontecem ou são esperados. A noradrenalina
liberada sobre o córtex faz mudar a maneira como a informação é processada,
aumentando a razão sinal/ruído e assim melhorando a capacidade de detecção de
estímulos e a rapidez de resposta.”
Modalidade Visual da Atenção
 Orientação da atenção: desengajamento do foco atual (lobo parietal posterior),
mudança do foco atencional para a localização do estímulo esperado (colículo
superior), localização do alvo e engajamento (tálamo);
 Controle executivo da atenção: detecção da relevância de um estímulo e a inibição
das interferências de outros estímulos concorrentes (esforço do processamento
atencional) – giro cingulado anterior.
 Vigilância: processo de sustentação da atenção (diminuição da taxa dos batimentos
cardíacos e da atividade elétrica cerebral, elevação do fluxo sanguíneo cerebral
maior nas áreas dos lobos frontal e parietal, principalmente do lado direito).

Avaliação da Atenção (Cortese et al., 1999)


Vigilância: capacidade de selecionar e focar os estímulos;

Amplitude: quantidade de estímulos que deverão ser processados na realização do


teste;

Tracking: rastreamento do material em foco envolvendo processos de memória de curto


prazo;

Tempo de reação: tempo necessário para a realização da tarefa;

Alternância: flexibilidade e velocidade no deslocamento da atenção de um foco para


outro.

→ Uma medida de atenção não pode ser obtida em uma situação na qual se exige a
aquisição de uma habilidade e sim na qual se quando o indivíduo deve desempenhar
uma resposta motora simples, como pressionar um botão após o aparecimento de
um estímulo perceptível. Desse modo, a falha na emissão da resposta motora
poderá ser considerada, neste caso, como um indício da falha atencional.
Neuropsicologia
Do ponto de vista neuropsicológico, é fundamental compreender osmecanismo atencionais,
na medida em que representam a base de todos os processos cognitivos e encontram-se
alterados na presença de sintomas clínicos. (Lima, RF, 2005)

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (DSM-V)


Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no
funcionamento e no desenvolvimento.

Desatenção
Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau
que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente
nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:

Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio,
hostilidade, ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais
velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.

a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuidos em


tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (ex.: negligencia ou deixa
passar detalhes, o trabalho é impreciso).
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades
lúdicas (ex.: dificuldade de mante o foco durante aulas, conversas ou leituras
prolongadas).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente
(ex.: parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração
óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos
escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (ex.: começa as tarefas, mas
rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (ex.: dificuldade
em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos
pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do
tempo; dificuldade em cumprir prazos).
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam
esforço mental prolongado (ex.: trabalhos prolongados ou lições de casa; para
adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de
formulários, revisão de trabalhos longos).
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (ex.: materiais
escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos,
celular.)
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (ex.: para
adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados).
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (ex.: realizar tarefas,
obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar
contas, manter horários agendados).

Hiperatividade e Impulsividade
Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau
que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e tem impacto negativo diretamente
nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:

Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio,
hostilidade, ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais
velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.

a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira.


b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça
sentado (ex.: sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de
trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça no mesmo lugar).
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado.
(Nota: em adolescente ou adultos, pode-se limitar as sensações de inquietude.)
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer
calmamente.
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (ex.: não
consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em
restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de
acompanhar).
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido
concluída (ex.: termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar usa vez (ex.: aguardar em uma fila).
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (ex.: mete-se nas conversas, jogos ou
atividades; pode começar a usar coisas de outras pessoas sem pedir ou receber
permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se ou assumir o controle
sobre o que outros estão fazendo).

TDAH
→ Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes
antes dos 12 anos de idade.

→ Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em


dois ou mais ambientes (ex.: em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou
parentes; em outras atividades).

→ Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social,


acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade.

→ Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro


transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (ex.:
transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da
personalidade, intoxicação ou abstinência de substância).

Subtipos
→ Apresentação combinada: preenchimento dos critérios de desatenção e
hiperatividade-impulsividade porem preenchidos nos últimos 6 meses;
→ Apresentação predominantemente desatenta;
→ Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva.

Especificar-se: em remissão parcial – quando todos os critérios foram preenchidos no


passado, nem todos os critérios foram preenchidos nos últimos 6 meses, e os
sintomas ainda resultam em prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou
profissional.

Especificar A Gravidade Atual


Leve: Poucos sintomas, se algum, estão presentes além daqueles necessários para fazer
o diagnóstico, e os sintomas resultam em não mais do que pequenos prejuízos no
funcionamento social ou profissional.

Moderada: Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão presentes.

Grave: Muitos sintomas além daqueles necessários para fazer o diagnóstico estão
presentes ou vários sintomas particularmente graves estão presentes, ou os sintomas
podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional.

Características Diagnósticas
→ O TDAH começa na infância;
→ Manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente;
→ É comum os sintomas variarem conforma o contexto em um determinado ambiente.
→ Sinais do transtorno podem ser mínimos ou ausentes quando o indivíduo está
recebendo recompensas frequentes por comportamento apropriado, está sob
supervisão, está em uma situação nova, está envolvido em atividades especialmente
interessantes, recebe estímulos externos consistentes (ex.: através de telas
eletrônicas) ou está interagindo em situações individualizadas (ex.: em um
consultório).
Características Associadas Que Apoiam O Diagnóstico
→ Atrasos leves no desenvolvimento linguístico, motor ou social não são específicos
do TDAH, embora acostumem ser comórbidos.
→ As características associadas podem incluir baixa tolerância a frustração,
irritabilidade ou labilidade do humor.
→ Mesmo na ausência de um transtorno específico da aprendizagem, o desempenho
acadêmico ou profissional costuma estar prejudicado.
→ No início da vida adulta, o TDAH está associado a risco aumentado de tentativa de
suicídio, principalmente quando em comorbidade com transtornos do humor, da
conduta ou por uso de substância.
→ Não há marcador biológico seja diagnóstico de TDAH.

Prevalência
Levantamentos populacionais sugerem que o TDAH ocorre na maioria das culturas em
cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos.

Desenvolvimento e Curso
Muitos pais observam pela primeira vez uma atividade motora excessiva quando a criança
começa a andar, mas é difícil distinguir os sintomas do comportamento normal, que é
altamente variável, antes dos 4 anos de idade.

→ O TDAH costuma ser identificado com mais frequência durante os anos do ensino
fundamental, com a desatenção ficando mais saliente e prejudicial.

→ O transtorno fica relativamente estável nos anos iniciais da adolescência, mas alguns
indivíduos têm piora no curso, com o desenvolvimento de comportamentos
antissociais.
→ Na maioria das pessoas com TDAH, sintomas de hiperatividade motora ficam menos
claros na adolescência e na vida adulta, embora persistam dificuldades com
planejamento, inquietude, desatenção e impulsividade.

→ Uma proporção substancial de crianças com TDAH permanece relativamente


prejudicada até a vida adulta.

→ Na pré-escola, a principal manifestação é a hiperatividade.

→ A desatenção fica mais proeminente nos anos do ensino fundamental.

→ Na adolescência, sinais de hiperatividade (ex.: correr e subir nas coisas) são menos
comuns, podendo limitar-se a comportamento mais irrequieto ou sensação interna
de nervosismo, inquietude ou impaciência.

→ Na vida adulta, além da desatenção e da inquietude, a impulsividade pode


permanecer problemática, mesmo quando ocorreu redução da hiperatividade.

Fatores de Risco e Prognóstico


Temperamentais: O TDAH está associado a níveis menores de inibição comportamental,
de controle à base de esforço ou de contenção, a afetividade negativa e/ou maior busca
por novidades. Esses traços predispõem algumas crianças ao TDAH, embora não sejam
específicos do transtorno.

Ambientais: Muito baixo peso ao nascer confere um risco 2 a 3 vezes maior para TDAH,
embora a maioria das crianças com baixo peso ao nascer não desenvolva o transtorno.
Embora o TDAH esteja relacionado com tabagismo na gestação, parte dessa associação
reflete um risco genético comum. Uma minoria de casos pode estar relacionada a reações
a aspectos da dieta. Pode haver história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares
adotivos, exposição a neurotoxina, infecções ou exposição ao álcool no útero. Exposições
a toxinas ambientais foi correlacionada com TDAH subsequente, embora não se saiba se
tais associações são causais.
Genéticos e fisiológicos: O TDAH é frequente em parentes biológicos de primeiro grau
com o transtorno. A herdabilidade do TDAH é substancial. Enquanto genes específicos
foram correlacionados com o transtorno, eles não constituem fatores causais necessários
ou suficientes. Deficiências visuais e auditivas, anormalidades metabólicas, transtornos do
sono, deficiências nutricionais e epilepsia devem ser considerados influências possíveis
sobre sintomas de TDAH.

O TDAH não está associado a características físicas especificas, ainda que taxas de
anomalias físicas menores (por ex. hipertireoidismo, palato bastante arqueado, baixa
implantação de orelhas) possam ser relativamente aumentadas. Atrasos motores sutis e
outros sinais neurológicos leves podem ocorrer. Notar que falta de jeito e atrasos motores
comórbidos devem ser codificados em separado (por ex. transtorno do desenvolvimento da
coordenação).

→ Modificadores do curso. Padrões de interação familiar no começo da infância


provavelmente não causam TODA, embora possam influenciar seu curso ou
contribuir para o desenvolvimento secundário de problemas de conduta.

Questões Diagnósticas Referentes à Cultura


Diferenças regionais nas taxas de prevalência de TDAH parecem principalmente atribuíveis
a práticas diagnósticas e metodológicas diferentes. Entretanto, pode haver, ainda,
variações culturais em termos de atitudes ou interpretações acerca do comportamento
infantil. As taxas de identificação clínica nos Estados Unidos para populações afro
americanas e latinas tendem a ser mais baixas do que para populações brancas. As
pontuações de sintomas por informantes podem ser influenciadas pelo grupo cultural da
criança e do informante, sugerindo que práticas culturalmente apropriadas são relevantes
na avaliação do TDAH

Questões Diagnósticas Relativas ao Gênero


O TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino na população em geral,
com uma proporção de 2:1 nas crianças e de 1,6:1 nos adultos. Há maior probabilidade de
pessoas do sexo feminino ser apresentarem primariamente com características de
desatenção na comparação com as do sexo masculino.
Consequências Funcionais do TDAH
 Desempenho escolar e sucesso acadêmico reduzido.
 Rejeição social e, nos adultos, há piores desempenhos, sucesso e assiduidade no
campo profissional e há maior probabilidade de desemprego, além de altos níveis de
conflito interpessoal.

Crianças com TDAH podem desenvolver:

 Transtorno da conduta na adolescência e transtorno da personalidade antissocial na


idade adulta, aumentando, assim, a probabilidade de transtorno por uso de
substância e prisão.

Consequências Funcionais do TDAH


 Indivíduos com TDAH são mais propensos a sofrer lesões do que seus colegas.
 Acidentes e violações de trânsito são mais frequentes em condutores com o
transtorno.
 Pessoas com o transtorno alcançam escolaridade menor, menos sucesso
profissional e escores intelectuais reduzidos na comparação com seus pares,
embora exista grande variabilidade.

Comorbidade
 Transtorno de oposição desafiante.
 Transtorno da conduta.
 Transtorno disrruptivo da desregulação do humor.
 Transtorno especifico da aprendizagem.
 Transtorno de ansiedade e transtorno depressivo maior.
 Transtorno explosivo intermitente.
 Transtornos por abusos de substância.
 Transtorno da personalidade antissocial.
 Transtorno obsessivo compulsivo.
 Transtorno de tique.
 Transtorno de espectro autista.

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