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MARINGÁ - PR
2015
MELISSA FERREIRA DIAS
MARINGÁ - PR
2015
AGRADECIMENTOS
RESUMO
This work is to develop a case study that will examine the process of transition of
different fashion production profiles. On the one hand the product of unique luxury
fashion brand Lethicia Bronstein , and on the other the transformation of this product
on a mass consumer merchandise Riachuelo fast fashion company. To understand
this transformation will require the fetish of conceptual understanding of Marxist
commodity and Benjamin reproducibility, which can contribute to the idea of
understanding the transition and optimization of the relation of production and
creative stylist development, to allocate your product for different classes of
consumption.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 8
REFERÊNCIAS .................................................................................. 52
ANEXOS ............................................................................................. 54
8
1 INTRODUÇÃO
1
Termo apropriado da teoria de Edgar Morin, cujo descreve os olimpianos modernos – astros do
cinema, artistas, realeza, personagens que ocupam relevantes cargos políticos, campeões – como
produtos originais da cultura de massa, no qual destaca que “a imprensa de massa, ao mesmo tempo
que investe os olimpianos de um papel mitológico, mergulha em suas vidas privadas a fim de extrair
delas a substância humana que permite a identificação” (MORIN, 2005, p. 107).
2
Versace é uma renomada e mundialmente conhecida marca italiana de moda feminina e acessórios
de luxo, criada em 1978 por Gianni Versace, em Milão, Itália. Disponível em
<http://www.versace.com/en/history>. Acesso em: 22 out. 2015.
9
3
Termo apropriado da teoria do Fetichismo da mercadoria, proposta por Marx, em O Capital (2009),
para compreender o “caráter misterioso da mercadoria”, e o surgimento de uma cultura de fetiche.
Abordagem apresentada no primeiro capítulo desse trabalho.
4
Walter Benjamin em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica (texto original escrito em
1935) define a aura como “uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a
aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja” (BENJAMIN, 1994, p. 170),
formada pela autenticidade e pela unicidade. Autenticidade que representa o “aqui e agora” da obra,
10
Por fim, a função de lazer que a moda assume é colocada como algo
relacionado ao prazer. O momento de uso ou aquisição de uma mercadoria pode
colaborar para uma ocasião prazerosa.
Assim, outros fatores relevantes na compreensão da moda são as definições
apresentadas diferenciando os segmentos que compõe o universo fashion. Atenho-
me a dois principais, analisados com respaldo principal dos estudos de Lipovetsky,
(2009), sendo a Alta Costura e ao Fast Fashion. Cujas origens representam
períodos e contextos históricos e econômicos distintos, mas que acabaram se
coincidindo na realidade de mercado atual.
Seguindo as abordagens teóricas, faz-se necessário compreender o processo
do capitalismo e o comportamento social atual para destacar a relevância do
direcionamento do desejo pela mercadoria e a compreensão do que está sendo
consumido.
Nesse quesito é imprescindível entender a teoria do fetichismo da mercadoria,
conforme Marx (2009) propõe em O capital, para que se esclareça, o entendimento
sobre as sutilezas da mercadoria, a relação do fetichismo com o processo de
produção, com a possibilidade de enxergar o desejo é algo favorável na construção
de sentido da mercadoria.
Compreender o processo da transição, segundo a lógica capitalista,
possibilitando um entendimento mais aprofundado do que realmente é proposto,
considerando principalmente o contexto histórico em que estamos, e permitindo
enxergar além do produto material, reconhecê-lo em sua essência de mercadoria e
fator de significado e idealizações sociais.
Fechando o desenvolvimento teórico do trabalho de modo complementar aos
pressupostos de Marx (2009) é trazido o posicionamento de Walter Benjamin (1994),
além da teoria da aura já citada, a proposta da necessidade de exposição e
reprodução da mercadoria em que permitiria uma difusão e popularização do
consumo da mesma, sem limitar e restringir a determinadas esferas sociais, mas
tornando-as de certo modo, acessível a novos públicos.
O autor levanta discussões que analisa a ligação entre moda como elemento
artístico, o que permite a emancipação da mesma para se destacar no seu ritual de
desejo e de celebração.
sua existência única no lugar em que se encontra, e unicidade, por sua vez, o caráter único e
tradicional da obra.
11
Logo, a proposta geral das análises contidas nesse trabalho permeiam por
uma compreensão de que mercadoria precisa ser “fetichizada”, pois isso poderá
contribuir com a apreciação social da mesma. Dessa maneira, criam-se vínculos que
permitem avançar fronteiras de classes para que mais indivíduos criem seus
próprios significados e auras sobre determinado produto ou ideia.
A junção das análises teóricas com a transição da Alta Costura para a
produção e comercialização fast fashion, é apresentado em forma prática a partir do
estudo de caso, buscando identificar na parceria comercial e criativa entre as
marcas nacionais Atelier Lethicia Bronstein e Riachuelo esse processo.
Através de uma entrevista com a estilista Lethicia Bronstein, objetivando obter
um conhecimento mais complexo sobre as relações que envolvem esses distintos
segmentos, e compreender sobre a difusão da concepção atual de fetiche de
consumo e produção a partir do processo criativo, pensado para oferecer uma
simbologia, figurada em produto para alcançar e atender as concepções e
expectativas sociais e individuais de um novo público, o do fast fashion (BORGES,
2013; DELGADO, 2008).
Outros trabalhos acadêmicos 5 já apresentaram a relação de marcas fast
fashion no contexto de alcançarem perfil de público mais elitizados através das
parcerias com marcas ou personalidades famosas. Porém, a fundamentação deste
trabalho poderá colaborar com a compreensão social em abranger o caminho
contrário, em que haja a possibilidade de marcas famosas utilizarem de estratégias
do fast fashion para se tornarem acessíveis a outro perfil de público, satisfazendo
seus desejos de consumo, pelo menos no que diz respeito à moda.
5
BORGES, C. . A invasão do fast fashion ao redcarpet do Oscar 2013. In: VI Seminário Nacional de
Pesquisa em Arte e Cultura Visual, 2013, Goiânia. Anais do VI Seminário Nacional de Pesquisa em
Arte e Cultura Visual, 2013.
DELGADO, Daniela. Fastfashion: estratégia para conquista do mercado globalizado. Modapalavra e-
periódico. Ano 1, n. 2, p. 3-10. Agosto a dezembro, 2008.
12
A moda pode ser definida como um fator ou vertente social que representa
costumes, hábitos, regulamentações ou preferências a determinado perfil de
produto, comportamento, atitudes ou cultura, agindo muitas vezes de maneira cíclica
e principalmente transitória e vulnerável a transformações constantes, cujos sujeitos
buscam se apropriar e adequar-se aos modos, formas e sutilezas a fim de sentirem-
se aptos ao pertencimento social.
Nesse trabalho, restrinjo a significação de moda em relação à indumentária
do perfil fast fashion e concepção de consumo, mais especificamente no quesito
ideológico da construção de sentido por meio do fetichismo da mercadoria e forma
de distribuição para um consumo de massa, visando identificar a significação social
dessa transição da alta costura a partir da criação uma mercadoria que ao tornar
produto de massa torna-se repleta de interferências culturais e simbólicas.
De acordo com a análise de Malcolm Barnard (2003), no livro Moda e
Comunicação, a palavra moda, fashion em inglês, é derivada do termo factio do
latim, que etimologicamente remete ao conceito de fazer ou fabricar.
O sentido original de moda estava mais relacionado à ação de produção do
que a conotação que é empregada como algo para ser usado. Ainda em outras
derivações da palavra, Barnard (2003), destaca que o conceito de fashion também
possui relação etimológica com a ideia de objeto de fetiche. Essa compreensão será
crucial para a captação das propostas teóricas que serão desenvolvidas neste
trabalho.
O advento do capitalismo6 foi determinante para a emancipação da moda
como fenômeno cultural. Em cada período histórico, a moda obteve uma função
social. Deixa de exercer sua função básica de proteção e altera a sua natureza
6
O advento do capitalismo é referido aqui como o surgimento de uma economia mercantil, onde as
relações sociais de produção assumem forma de coisas e se expressam através de coisas. A
estrutura da economia mercantil leva as coisas a desempenharem um papel social particular e
importante, e a adquirir propriedades sociais específicas, graças às quais não só oculta as relações
de produção entre as pessoas, como também as organiza, servindo como elo entre as pessoas.
(RUBIN, 1980).
13
favoreceu, de certo modo, a acessibilidade por se tornar mais fácil de ser imitada,
permitindo, mesmo que timidamente, a internacionalização e a democratização da
moda:
Mesmo nessas condições sociais, a Alta Costura não deixou de criar suas
sofisticadas e elaboradas peças de festas, mas surge um estilo mais funcional de
produção:
7
O Sentier é um bairro da capital francesa, na região da Bolsa de Valores de Paris considerado o
maior centro atacadista de roupas da Europa, e um dos maiores do mundo. Segundo estimativas são
aproximadamente 4 mil lojas que compõem o complexo. Embora já existisse desde o contexto da
Idade Média, foi a partir da década de 1960, junto com a industrialização da moda e o pret-à-porter,
que passou a centralizar a distribuição de moda francesa popular. No Brasil, funcionam de maneira
similar, os bairros paulistanos Brás e Bom Retiro.
19
8
Os principais autores que abordam definições sobre Sociedade do Consumo são Baudrillard (1981),
Bauman (1999), Lipovetsky (1989). Em resumo, esses autores são considerados como pessimistas
em suas abordagens. Na sociedade do consumo os sujeitos sociais são vistos como meros
consumidores, em que o exercício do consumo é uma prática padronizada que molda as relações dos
indivíduos. Bauman ainda reforça a relação de ser uma sociedade baseada na lógica do efêmero,
uma vez que a estrutura do consumo é a multiplicidade e a manutenção da rotatividade de produtos,
onde relações pessoais, de produção e ou de consumo, ocorrem de forma superficial e transitória.
20
coleção no segundo semestre de 2015. Devido o quesito Alta Costura só poder ser
apropriado às maisons designadas a isso, o Atelier Lethicia Bronstein Pompeu, é
devidamente identificada como marca de pret-à-porter de luxo.
A estilista, cuja marca leva o seu nome, produz vestidos de noiva “para
mulheres que buscam looks exclusivos, dignos de um RedCarpet 9 ” e roupas de
festa, com materiais e detalhes sofisticados “assim como um vestido dos sonhos
deve ser”, conforme descrição institucional constada no próprio site da marca10.
9
O termo RedCarpet em tradução literal significa tapete vermelho e representa os principais eventos
e premiações internacionais como Oscar, Grammy, entre outros, onde artistas e celebridades
“desfilam” looks de marcas renomadas e produções milionárias. Disponível em
http://www.modadocumenta.com.br/anais/anais/5-Moda-Documenta-2015/03-Sessao-Tematica-
Fotografia-Cultura-Visual-e-Moda/Nayara-Tognere_ModaDocumenta2015_-A-PUBLICIDADE-DE-
MODA-NA-FIGURA-DO-ATOR-DE-CINEMA.pdf. Acesso em: 19 nov. 2015.
10
Disponível em http://www.lethicia.com.br/. Acesso em: 28 mar. 2015.
21
11
Disponível em http://www.riachuelo.com.br/. Acesso em 28 mar. 2015.
22
mercadoria que a princípio figura como algo exclusivo e para poucos e tornar-se
repleto de idealizações e significações sociais para quem a consumir.
Um fato ocorrido em novembro de 2014, permite compreender a gênese da
problemática entre a transição dos universos de produção e consumo analisados.
Durante a edição de Inverno da São Paulo Fashion Week, a marca de fast fashion
Riachuelo programou um desfile de lançamento da coleção exclusiva Versace para
Riachuelo, desenvolvida pela própria estilista italiana Donatella Versace. Embora já
tenha lançado coleções em parcerias com marcas famosas – e caras - pela primeira
vez no Brasil e especificamente nessa rede de venda de varejo, surgia uma coleção
que contava com colaboração de grande reconhecimento internacional.
12
Disponível em http://ego.globo.com/casamento/noticia/2015/02/na-promocao-vestido-de-anitta-no-
casorio-de-fe-souza-e-de-rede-popular.html. Acesso em 20 nov. 2015.
13
Ver em anexo A.
14
Na Mitologia Grega o Monte Olimpo (uma das montanhas mais altas da Grécia), era a morada dos
deuses gregos mais imponentes e intocáveis, conhecidos como Deuses do Olimpo. Disponível em
http://www.historiadomundo.com.br/grega/religiao-grega.html. Acesso em: 3 jun. 2015.
25
identidade de classe, logo, reforça a ideia de que “moda e indumentária não são
simplesmente uma expressão ou um reflexo das condições econômicas.”
(BARNARD, 2003, p.153). Outros pontos sobre o movimento de classes sociais
serão vistas mais detalhadamente nos argumentos sobre o posicionamento de Marx,
mais a frente.
Quanto ao critério de expressão individual, a priori torna-se contraditório
compreender a moda que é um elemento cultural social como um elemento de
caráter individual:
Considerando que a moda seja o signo, haverão dois agentes primordiais que
irão produzir forma e sentido a ele, em primeiro lugar o estilista que tem a
incumbência de transformar uma ideia, o conhecimento do seu contexto histórico
social e experiências para gerar uma mercadoria. E em segundo, a sociedade irá dar
sentidos de uso, cultural e social a tal criação.
O perfil do estilista de criar uma estética própria que interprete tendências e
identifique o estilo de uma determinada marca para um respectivo público, ainda no
período da Alta Costura foi considerado um como um trabalho artístico. Sendo pelo
quesito de desenvolver um trabalho artesanal para desenvolvimento das suntuosas
peças de Alta Costura ou para criar e dar forma a um estilo o antigo costureiro
ganha outro status social, torna-se um gênio artístico Lipovetsky, (2009). Ainda,
segundo o autor os criadores de moda – no contexto dos ateliers franceses de Alta
Costura – se igualam a nobreza artística dos poetas e pintores.
Da mesma forma que o universo artístico é variável de acordo com as
vanguardas, que definem formas, cores, técnicas que identifiquem determinado
estilo de arte, a moda também passa por essas transições.
Barnard, (2003), afirma que não é apenas o estilista durante o seu processo
criativo que propõe significações às suas criações, as relações sociais também o
fazem, contudo, o estilista por ter de exteriorizar sua concepção do pensamento de
que tais formas, cores, padronagens ou modelagens poderiam se tornar em algo
significativo à sociedade em um determinado contexto histórico, o mesmo aparenta
ser o único responsável pelo significado da função da moda e de cada item da
indumentária.
O caráter da moda permite que seja a expressão dos elementos culturais,
econômicos, comportamentais e históricos de uma sociedade, a mesma sociedade
que a cria como produto sensível e como significado. Por sua vez, a moda enquanto
produto artístico, desenvolvido no processo de concepção artística do estilista,
também possui caráter simbólico e deve ser entendida através dele.
Para isso faz-se necessário compreender o contexto teórico que envolve
essas relações de percepção da moda enquanto mercadoria e como produto
artístico a ser interpretado socialmente, conforme abordado a seguir. Pois,
32
16
O Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, dirigido pelos filósofos Max Horkheimer e Theodor
Adorno, foi responsável pelo desenvolvimento da teoria crítica da sociedade, o que fundamentou o
famoso ensaio Teoria Crítica em que apropriam do termo indústria cultural, às industrias com
interesse na produção de massa de bens culturais. (RUDIGER, 1999.)
37
que estará usando um vestido de uma marca conceituada, porém, ela apenas se
apropriou do modelo para criar uma falsificação.
Embasando essa analogia com a teoria de Benjamin, a autenticidade da
peça é quebrada, pois envolve outro estilo de reprodução, que não possui relação
com o produto original, pois foi apenas inspirado em tal para se criar um falso
modelo. Para isso Benjamin descreve que:
mais eficaz nesse sentido, do que manter-se no restrito espaço original, em ateliers
e modelos exclusivos sob medida.
Contudo, para que o processo da do ritual da aura seja “completos”, faz
necessário primeiramente ter a mercadoria acessível ao novo público, dando a
viabilidade de estar em locais e a preços mais acessíveis, e para celebrar o fetiche,
necessariamente existir e alimentar o desejo com relação à mercadoria, para que o
indivíduo se identifique na mercadoria e saiba traduzi-la para sua necessidade.
Se a satisfação do desejo representa o próprio fim, então a lógica da
sociedade do consumo é criar o desejo de continuar desejando 17 . Inventar a
necessidade de criar necessidade e ter ou de consumir: “A promessa de satisfação,
no entanto, só permanecerá sedutora enquanto o desejo continuar irrealizado; (...) A
sociedade do consumo consegue tornar permanente a insatisfação.” (BAUMAN,
2009, p. 105). E faz isso satisfazendo o desejo de forma que inevitavelmente
provoque novos desejos e necessidades.
Ainda de acordo com as abordagens de Bauman, ele ressalta que “Todos os
seres humanos são e sempre foram consumidores” (BAUMAN, 2009, p.108), e como
já pontuado, as relações de consumo estão interligadas com as relações pessoais e
sociais.
Para o sociólogo, o mercado de consumo detém a função de estabelecer e
cortar relações, podendo aproximar ou separar os indivíduos, alterando e influindo
nas relações de todos os âmbitos. Com isso entende-se que o processo de
fetichização das mercadorias e da construção da aura das marcas, existem em
detrimento da sociedade de consumo.
Em referência a um contexto socioeconômico e histórico totalmente
diferente, onde no século XIX a concepção de uma sociedade capitalista industrial
estava em formação, a proximidade com os produtores e comerciantes, grande parte
da população residia nas áreas rurais, os níveis de instrução eram baixos, existia
demanda do trabalho artesanal nos ateliês e o comércio ocorria principalmente em
feiras públicas, e o resultado pode-se destacar abaixo:
17
Citação de Zizek no documentário O guia pervertido da ideologia (2006).
41
18
Disponível em http://www.riachuelo.com.br/blog/lethicia-bronstein/lethicia-na-midia/5731. Acesso
em 22 nov. 2015.
44
Figura 7: Imagens do Desfile Lethicia para Riachuelo no São Paulo Fashion Week 2015.
O que de certo modo interferiu, mas ainda assim a estilista Lethicia pontua
como sendo um aprendizado, foi a novidade de trabalhar em um segmento ainda
desconhecido, pois embora já tenha trabalhado em outras marcas foi a primeira vez
que acompanhou o lançamento completo de uma coleção, o que lhe proporcionou
uma troca de experiências as quais diz serem relevantes até mesmo para serem
aplicadas no Atelier.
Ao ser questionada sobre a repercussão da parceria relacionada ao
reconhecimento da marca, a estilista Lethicia pontuou de forma confiante que “com a
47
coleção Lethicia para Riachuelo com certeza levei meu nome para todas as regiões
do Brasil. E isso proporciona um crescimento muito grande para a minha marca”.
Quanto à percepção dos públicos a estilista pontua que:
Pois para ela o público do fast fashion é o que objetiva estar atualizado nas
tendências de moda, mas se uma forma aquisitiva acessível. Pretendem gastar
menos, na maioria das vezes por não ter condições econômicas, mas que não
abrem mão da possibilidade de se inserir socialmente no universo da moda. E o
objetivo do fast fashion é tornar isso possível através da democratização do
consumo.
Para a designer também existiu a preocupação em oferecer a mesma aura da
exclusividade, cuja clientes do Atelier usufruem ao adquirir uma peça sob medida.
Para isso buscou acompanhar e participar do desenvolvimento da coleção de perto,
tendo controle e prezando pelo resultado final, e também oferecendo um pouco da
exclusividade do Atelier na loja varejista.
No blog da marca Riachuelo20 foi divulgado que no primeiro dia de vendas da
coleção, algumas lojas da rede fast fashion e alguns clientes puderam usufruir de
um pouco mais da exclusividade, pois a estilista juntamente com uma equipe de
modelagem fizeram alguns modelos sob medida da coleção Lethicia para Riachuelo
para as clientes que optaram pagar pela exclusividade. O que custou mais do que as
peças da coleção normal, mas ainda assim valores abaixo dos que são praticados
no Atelier.
Prosseguindo sobre a percepção e recepção do produto de moda, embora a
entrevista seja a partir do processo de produção e não do consumo do produto, mas
observo como relevante complemento abordar, considerando a grande repercussão
obtida com o lançamento da coleção, e a aceitação do consumo inclusive por
olimpianos.
Por ser um assunto muito recente, cujos principais acontecimentos ocorreram
durante o desenvolvimento desse trabalho, a principal e mais acessível ferramenta
de pesquisa foi a internet, por acompanhar e atualizar as informações sobre a
coleção e sobre o lançamento periodicamente.
Através dos comentários e matérias divulgadas sobre a coleção em sites de
notícias, blogs de moda e mídias sociais, após o lançamento, a forma que a coleção
foi recebida pelo público denota uma aceitação positiva com relação a aproximação
principalmente com o conceito da marca e do estilo criativo da Lethicia Bronstein.
Uma vez que o objetivo da coleção e uma das preocupações da estilista era criar
20
Disponível em http://www.riachuelo.com.br/blog/lethicia-bronstein/lethicia-sob-medida/5730. Acesso
23 nov. 2015.
49
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 REFERENCIAS
DURAND, José Carlos. Moda, luxo e economia. São Paulo: Babel Cultural, 1988.
ERNER, Guillaume. Vítimas da moda? Como a criamos, por que a seguimos. São
Paulo: Editora SENAC, São Paulo, 2005.
GIL, Antonio Carlos, 1946. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
LAVER, James, 1899-1975. A roupa e a moda: uma história consisa. James Laver;
tradução Glória Maria de Mello Carvalho. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
MORIN, Edgar. Cultura de massa do século XX: Neurose. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2005.
SILVA, Alexandre Gil. Fetichismo. Cultura Visual II. Lisboa: Faculdade de Belas
Artes da Universidade de Lisboa, 2006.
8 ANEXOS
ANEXO A
56
ANEXO B
PUBLICO
Você acredita que essa parceria com uma empresa fastfashion mudou de
alguma forma a concepção que o seu público atual possui com relação ao seu
estilo criativo e ao valor percebido das criações do Atelier Lethicia Bronstein?
- Acredito que não, pois são 2 públicos bem diferentes. As clientes que vem ao
Atelier buscam algo mais exclusivo em um ambiente mais intimista, com um
atendimento especializado e dedicado. A Coleção Lethicia para Riachuelo foi
desenhada com base no meu DNA, que são as rendas, para um público que admira
o meu trabalho e me acompanha nas redes sociais, mas que não tem poder
aquisitivo para adquirir um modelo exclusivo.
- Com certeza! Sou muito preocupada com as peças que levam meu nome. No
Atelier tudo é feito internamente, desde o corte até o bordado, exatamente para que
eu tenha esse controle total dos meus produtos. Desde as primeiras conversas com
a Riachuelo, eu mostrei essa minha preocupação e eles entenderam. Tanto que
57
Como você imagina que o seu público exclusivo recebeu a coleção Lethicia
para Riachuelo? Acredita que isso poderia de alguma maneira interferir na
relação de reconhecimento da marca?
Como foi para você participar desse processo de criação envolvendo outro
público, outro canal de venda, processo de produção, etc.
- Tudo foi novidade e todo dia eu ficava mais maravilhada com o que eu conhecia.
Trabalhei em outras marcas antes de criar o Atelier Lethicia, mas nunca tinha
acompanhado de perto todos os passos para o lançamento de uma coleção. Trouxe
muita coisa do aprendizado para o meu dia a dia e tenho certeza que hoje
trabalhamos melhor.
- Para a coleção fastfashion eu preferi utilizar o meu DNA, que são as rendas, e é o
que todo mundo espera... Além disso, criei também peças que não fazem parte do
trabalho que faço no Atelier Lethicia, como o jeans, alfaiataria e peças para o dia a
dia.
O lançamento da coleção Lethicia foi feito a partir da criação para a top Carol
Ribeiro no redcarpet do Oscar 2015; De que maneira esse “intercâmbio” de
posições em que o Fast Fashion chega ao redcarpet e a Costura de luxo no
Fast Fashion tornam-se importante para o universo da moda, na sua
concepção?
59
- A minha parceria com a Riachuelo começou há 2 anos atrás e o vestido que a top
Carol Ribeiro usou no Oscar fez parte da imagem que a marca quis comunicar para
suas clientes. Assim, mais uma vez a Riachuelo mostrou que a moda é acessível à
todos. Essa quebra de paradigma é importante tanto para o mercado de luxo, que
tem sua moda reconhecida por todos, como para o fastfashion que entra na moda!
Como foi participar do desfile do SPFW de 2015 com a parceira da Riachuelo?
- Foi uma experiência incrível para os dois lados. Foi o primeiro desfile da Riachuelo
no calendário oficial do Fashion Week e também uma experiência nova para mim.
Então, juntos criamos desde a concepção do desfile, incluindo local, a aprovação
das modelos, os looks de passarela, até a música e o desfile em si!
PRODUTO
- Foram tantas conversas até assinatura do contrato que nem sei quanto tempo
ficamos negociando... Mas acredito que foi em torno de 6 meses de negociação até
a assinatura do contrato.
- Com a coleção Lethicia para Riachuelo com certeza levei meu nome para todas as
regiões do Brasil. E isso me proporciona um crescimento muito grande para a minha
marca.
- Com certeza foram as rendas e o patchwork que faço com elas, mesclando
diversas renda numa só peça.
- De forma alguma! O que a Riachuelo procurava era o estilo Lethicia Bronstein nas
suas peças. Quanto aos produtos, os vestidos clássicos estavam muito presentes,
mas também aproveitei para fazer peças que amo, mas que não fazem parte do
meu trabalho, uma vez que sou dedicada a moda festa.