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RESUMO

A disciplina na igreja é um dos principais meios que Deus usa para corrigir e
restaurar seus filhos, quando caem em pecado. É também um modo pelo qual
Ele mantém a unidade, pureza, integridade e boa reputação da igreja.
Todavia, não devemos presumir que toda situação se encaixará
facilmente em uma única categoria.
Freqüentemente questões que requerem o uso da disciplina são uma mistura
de combinações ou variações dessas classes gerais, o que dificulta determinar
o procedimento correto para cada caso. Portanto, a igreja deve ministrar a
disciplina com oração, com a aplicação diligente das Escrituras e na
dependência do Espírito de Deus.
O objetivo deste projeto é apresentar os aconselhamentos, bíblico, cristão e
pastoral. E qual destes podem ser aplicados para membros em disciplina
eclesiástica. Primeiro vamos conceituar a nossa proposta, seguindo com os
tipos de aconselhamento e suas características respectivamente de cada
modelo eclesiástico, o próximo passo, vamos definir o propósito da disciplina
eclesiástica, e finalmente propor uma visão de auxílio aos que estão passando
por este processo de disciplina eclesiástica.
Temos um legalismo frio que supervaloriza a culpa e anula a graça, em vista
disto, temos que procurar qual modelo poderá levar o membro que esteja
passando por uma disciplina na igreja, lembrando que não queremos pontuar
ou expor os motivos que levaram o membro a tal efeito, mas toda via descobrir
qual procedimento poderá auxiliar o irmão nesta faze de sua vida.
É através do aconselhamento que acontece a reconciliação, que cura a
alienação em relação aos ausentes, afastados, fora da igreja. O
aconselhamento permite descobrir novas dimensões do ser humano. Jesus
disse: ...’’Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundancia” (João
10.10b); isso nos deixa claro que nossa missão como igreja que segue os
ensinamentos de Jesus, é libertar, sustentar e potencializar a vida plena ao ser
humano, nas suas relações intimas ou na sociedade em que esta inserido.

Palavras – chave:
Aconselhamentos, disciplina eclesiástica, Reconciliação.
Abstract
The objective of this project is to present the advice, biblical, Christian and
pastoral. And which of these can be applied to members of church discipline.
We have a cold legalism that overestimates the guilt and nullifies the grace, in
view of this, we have to look up which model could lead the member who is in a
church discipline, remembering that we did not score, or state the reasons
which led the State to such effect, but every way to find out which procedure will
help make this the brother of his life. It happens through counseling,
reconciliation, healing the alienation from absent, away, outside the church.
Advice to discover new dimensions of being human. Jesus said ...'' I came that
they may have life and have it abundantly "(John 10.10b), it makes it clear that
our mission as a church that follows the teachings of Jesus, is free, sustain and
enhance life fully to human beings, in their intimate relationships or society in
which it entered.

Keywords:
Reconciliation, church discipline, Counseling.
Sumario
INTRODUÇÃO

Neste trabalho apresentaremos um estudo da disciplina Teologia pratica com


analise do tema: aconselhamento x disciplina uma analise do processo de
aconselhamento em meio à disciplina na igreja. Que visa analisar suas
espécies e estilos de abordagem procurando o melhor modelo como forma de
auxílio ao membro que esteja em processo de disciplina.
Aconselhamento significa prática aplicada em diversos seguimentos da
sociedade, na psicologia, na educação e até mesmo na genética, O termo
disciplina em geral, é empregado em vários sentidos. Podemos usá-lo para
referir-nos a uma área de ensino, ao exercício da ordem, ao exercício da
piedade ou a medidas corretivas no seio da igreja. Disciplina eclesiástica é um
termo em risco de extinção no atual vocabulário cristão. É através do
aconselhamento que acontece a reconciliação, que cura a alienação em
relação aos ausentes, afastados, fora da igreja.
Este projeto tem como objetivo delinear qual o mais eficaz tipo de
aconselhamento que podemos auxiliar ao membro que esteja em disciplina na
igreja, será aconselhamento pastoral, bíblico ou cristão? Uma vez que a igreja
cristã tem sido acusada de ser o único exercito que atira nos seus feridos. O
grau de verdade dessa acusação é, muitas vezes, devido a mal entendidos
com relação à disciplina eclesiástica.
Tais mal-entendidos estão presentes em pelo menos dois grupos: os que
aplicam a disciplina e os que sofrem aplicação da mesma. A pratica de muitos
cristãos gera a ilusão de que a igreja não tem nada a ver com o procedimento
“secular” de seus membros. O medo da impopularidade leva muitos lideres a
cumplicidade e pecados são justificados em nome de uma atitude humana. Por
outro lado, o que dizer daqueles que em nome do zelo pela disciplina,
cometeram injustiças e causaram mais males que bens? Estamos cientes de
que um projeto como este não coloca ponto final no dialogo sobre o tema
proposto.
Porem, o que motiva esta reflexão é a esperança de que a mesma seja útil
para elucidar a muitos quanto ao aspecto bíblico – teológico da disciplina.
A disciplina tem em mira resguardar a igreja e conservá-la dentro da pureza
apostólica. Igreja sem disciplina é igreja relaxada, relapsa, desnorteada, porque
não está cumprindo o que a Bíblia ensina. Ela vai, assim, aos poucos, ficando
corrompida. Igreja que permite a frouxidão em sua disciplina não só terá
resultados espirituais desastrosos, como será um mau exemplo para outras
igrejas e estará incorrendo em erros merecedores da mesma repreensão a que
foi submetida a igreja de Laodicéia, descrita em Apocalipse 3.14-22. Disciplina
é a palavra que tem relação com a palavra ensino. Vem do latim e significa
ação de instruir, educação, ensino. A disciplina tem, pois, em mira trazer
ensinamentos.
É certo que o mundo vê a disciplina como expressão de ira e hostilidade, mas
as Escrituras mostram que a disciplina de Deus é um exercício do seu amor
por seus filhos. Amor e disciplina possuem conexão vital (Ap 3.19). A disciplina
na igreja tem um triplo objetivo: restabelecer o pecador, manter a pureza da
igreja, e dissuadir outros. Geralmente nos casos de disciplina alguns podem
entender como uma ação arbitraria, no entanto, é bom reforçar que a
autoridade na disciplina nunca vem daquele que a aplica, mas daquele que a
ordenou, ou seja, o Cabeça e Senhor da Igreja (Ef 1. 22-23).

Esta pesquisa será realizada com fontes de dados extraídos de investigação


bibliográfica para elucidar os resultados obtidos de acordo com proposta do
tema em questão.
I - CONCEITOS

Nossas igrejas estão sempre tendo problemas relacionados à disciplina de


membros. Se a igreja é fiel e bíblica ao disciplinar, há a necessidade de que
todos os membros compreendam as bases bíblicas para tanto; se a igreja é
falha, é necessário que todos se conscientizem das razões dadas pelas
Escrituras para a aplicação da disciplina e dos perigos e conseqüências de
negligenciá-la. Esse é, portanto, um tema sempre relevante. Não se trata de
um caminho opcional para a administração da igreja, mas de uma trilha
necessária, que deve ser entendida, acatada, apoiada e aplicada, para que
tenhamos saúde espiritual em nosso meio afim de que aquele que estiver
passando pelo processo de disciplina encontre através do aconselhamento um
amparo para voltar a comunhão.
Não podemos esquecer que a palavra disciplina tem a mesma raiz latina da
palavra “discipular.” Na verdade, ambas visam ao ensino e, não à mera
punição. Nas escolas, uma matéria estudada é aplicada também como
disciplina. na Igreja, a disciplina é aplicada como medicamento amargo, mas
que esperamos que seja eficaz para levar ao arrependimento comprovado, a
fim de trazer de volta o irmão(a) afastado ou que esteja passando por
problermas.
No livro “Um Amigo em Necessidade” Selwyn Hughes afirma: “estou
convencido que ajudar as pessoas com os seus problemas não é só trabalho
de pastores e conselheiros treinados, mas é o trabalho de todo cristão, sem ter
em conta o nível de sua vida crista”.1
Obviamente algumas pessoas têm problemas profundos que precisam ser
enviadas a um profissional qualificado como um psicólogo ou ate mesmo um
psiquiatra; entretanto, para grande numero de pessoas ao nosso redor, um
ministério de aconselhamento é uma possibilidade e uma necessidade, e pode
vir a ser uma grande benção, pois o ideal de Jesus é que cada ser humano
possa desfrutar de uma vida abundante (Jo 10.10).

1 HUGHES, Selwym: Um Amigo em Necessidade. São Paulo:Na-lisboa, 1988, p 32.


Segundo a bíblia, foi o próprio Jesus que pela primeira vez mencionou a
palavra Igreja. E conforme afirma Collins, foi a Igreja que deu continuidade ao
ministério de Jesus, de ensino, evangelização, ministração e aconselhamento.
Sendo que tais tarefas eram realizadas por cristãos comuns que
compartilhavam e cuidavam um dos outros.
O livro de Atos bem como as Epistolas ensinam que um dos ministérios da
igreja era também ser uma comunidade terapêutica. “Comunidades
terapêuticas são grupos de pessoas que se caracterizam por um profundo
compromisso entre seus membros e por um interesse comum na cura de males
psicológicos, comportamentais ou espirituais” (Collins p. 21).
É função da igreja, dar apoio aos abatidos, curar doentes, e orientar pessoas
nas difíceis decisões da vida. Segundo ainda o citado autor, os cristãos que se
reúnem como igreja, devem projetar sua atenção em três direções: 1) para o
alto: adoração a Deus; 2) para fora: evangelização; e 3) para dentro: através do
ensino , comunhão e assistência mútua (p. 22). Talvez esse último, tenha sido
o mais negligenciado pela igreja atual, onde se dá tanto valor a adoração, fala-
se tanto em evangelização (essenciais sim), mas por vezes se esquece da
outra importante tarefa que Jesus deixou para a igreja: levar as cargas uns dos
outros, ou seja, o auxilio, o ensino, a comunhão e o aconselhamento para
ajudar as pessoas a enfrentar suas crises e problemas que mais afligem os
cristãos, e impedem que possam adorar evangelizar, e viver plenamente.
Collins ainda afirma que a função da igreja é “cuidar dos necessitados, receber
os recém-chegados, fazer o bem a todos, curar os feridos de alma, perdoar os
arrependidos, consolar os que choram, dar apoio aos fracos e levar a todos as
boas novas de Jesus” (p. 60).
È através da igreja que se tem acesso a família, pois geralmente esta é
composta de famílias. Muitas famílias dentro da igreja estão enfrentando
problemas diversos. Também é para pessoas da igreja que geralmente famílias
se abrem e contam seus problemas, crises e conflitos, e queira ou não os
conflitos enfrentados pela família acabam por afetar toda a igreja.
1.2 o cristianismo e a preocupação com o ser humano
Uma das ênfases do ensino de Jesus dizia respeito ao valor e dignidade da
pessoa humana. Nos evangelhos, o ser humano não é visto como uma coisa,
mas como alguém criado por Deus, dotado de vida corpórea e espiritual, e que
foi criado para viver numa situação de dignidade diante de Deus e do próximo.
A própria noção de dignidade do homem repousa no fato de ter sido ele criado
à imagem e semelhança de Deus. O ser humano tem um imenso valor para
Deus.

No mundo secularizado e materialista em que vivemos, onde as coisas são


amadas e as pessoas são usadas, é necessário ressaltar que a Igreja cristã
pode desempenhar um papel resgatador e construtivo. Como evidenciamos o
ser humano tem o seu valor acima das posses materiais ou das estruturas
religiosas e sociais falando acerca do cuidado de Deus por cada um.
“mas até os cabelos de vossa cabeça estão contados. Não temais, pois mais
valeis vos do que muitos passarinhos(...) Considerai os corvos, que não
semeiam nem ceifam; não tem despensa nem celeiro; contudo, Deus os
alimenta. Quanto mais não valeis vós que as aves!” (Lucas 12. 7-24)
Quando astuciosamente testado pelos fariseus quanto à cura no dia de
sábado, Jesus declarou o valor do ser humano acima das tradições religiosas.
Mesmo aqueles que eram considerados social e moralmente degradados
encontravam nas palavras de Jesus a oportunidade sempre presente de
recuperação de sua dignidade diante de Deus e diante dos homens. Havia em
Jesus uma receptividade que atraia os desfavorecidos dentre a sociedade
judaica.
Ora se nosso Senhor valorizou e importou tanto com ser humano, qual deve
ser o papel da Igreja em geral e da cada cristão em particular com relação à
preocupação com os que sofrem? Obviamente, a única resposta possível é que
a Igreja deve sensibilizar-se com a dor, o sofrimento e a duvida do próximo. A
esse respeito um dos propósitos mais sublimes do corpo de Cristo é ajudar as
pessoas com seus problemas.
Os cristãos são repetidamente instruídos a demonstrar o amor através do seu
comportamento. A Igreja Cristã conhece mais sobre este assunto do que
qualquer outra entidade na sociedade secular dos nossos dias, mas é
lamentável o fracasso, de séculos da religião ao tentar por a doutrina em
pratica. Se o amor de Deus fluísse através de nós como devia e tocasse-nos
outros, então os resultados seriam avassaladores.
Muito se tem falado acerca dos mandamentos da igreja local. Estes
mandamentos aparecem no Novo Testamento como deveres que temos de
uns para com os outros. (Rm 12.5; 12. 10).
Nestas instruções vemos que cada cristão é responsável pelos bem dos
demais e isso significa que precisamos ser ajudadores uns dos outros,
ministrando as pessoas e cuidando de suas necessidades. É igualmente
verdade que certas pessoas tem um dom especial na área do aconselhamento,
mas isso não isenta os demais cristãos de serem ajudadores. Pastores
conselheiros “leigos” e conselheiros profissionais podem ser usados pelo
Espírito Santo para ajudar pessoas a mudarem naquilo que necessitam e a
caminharem na direção de sua saúde espiritual e emocional. Porem, é
extremamente necessário que o conselheiro cristão seja teórica, emocional e
espiritualmente preparado, a fim de poder ter êxito na ajuda às pessoas aflitas
e confusas.
O conselheiro tem os seguintes alvos a serem atingidos pelo seu aconselhando
(1°) que ele possa se auto compreender; 2° que ele seja sincero em relação ao
problema vivenciado; 3° que ele identifique a causa que esta causando o
problema; 4° que ele identifique os caminhos possíveis para a mudança da
situação ou sentimento; 5° que ele acredite no poder de
Deus para sua vitoria; 6° que ele tome os passos necessários para cura do
problema e que 7° ele se sinta apoiado e amado pelo seu conselheiro. Mas,
isso só será possível se o conselheiro for alguém que esteja disponível para
ouvir, que demonstre autentico interesse, que se coloque como um ajudador,
que seja confiável e leal quanto a guardar os segredos que lhe foram ditos, e
que avalie se a pessoa necessita ser encaminhado para alguém melhor
preparado ou ate mesmo a um conselheiro profissional, ou seja, um psicólogo.

1.3 A igreja uma comunidade terapêutica


Uma das funções da Igreja é de ser uma comunidade onde as pessoas sejam
acolhidas, tratadas, curadas e se tornem prontas para ajudarem outras
pessoas feridas. Barnabé é um dos nomes mais expressivos no Novo
Testamento quanto ao compromisso com a missão de encorajamento, consolo
e cura (At 9. 26-27).
Alguém já disse que nós somos o único exercito que abandona os seus feridos.
Talvez isso seja uma verdade vivida por muitos nas igrejas, que neste
momento sentem-se magoados, aflitos, feridos, decepcionados,
incompreendidos, frustrados, confusos, etc. e que não estão encontrando na
sua igreja a dimensão da terapia espiritual e emocional.
A igreja, enquanto comunidade terapêutica, precisa entender que ninguém
esta isento de conflitos ou crises devido a problemas e adversidades. A Igreja
necessita ser à sombra da solidariedade de Jesus, levando ao mundo a Sua
proposta de paz. A igreja precisa despertar para o fato de que muitos de nós
diante de problemas e dificuldades nos esquecemos de que Deus nos ama; Ele
nos ama apesar do que somos. O Senhor pode tomar em suas vidas
derrotadas e arruinadas e com o seu toque restaurador, transformá-las em
vidas que o honrem e que exalem a sua alegria. Quantos em nossas igrejas
estão derrotados, vencidos pelo pecado, fracos e frios.
Talvez alguém de esteja em disciplina poderá pensar que não é digno de
qualquer tipo manifestação do amor de Deus, “no entanto a igreja é uma
sociedade redentora não só para os de fora, mas principalmente os de
dentro”2. O autor de Hebreus lembrou aos seus leitores que a disciplina divina
era resultado do amor paternal de Deus por eles. Lembrou ainda que “toda
disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de
tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela
exercitados, fruto de justiça” (Hb 12:4-11). Eis, portanto, o objetivo da disciplina
– trazer de volta à sensatez os atingidos por ela. Há casos de disciplina
corretiva em que não há retorno. Mas a orientação bíblica é que, a tempo e a
fora de tempo, em lugar de os cristãos serem contenciosos, sua brandura no
trato e aptidão para ensinar e disciplinar os contumazes descanse na
expectativa de que Deus lhes conceda arrependimento e retorno à sensatez

2 BAKER, Don; Alem do Perdão; Editora Betania, Belo Horizonte, 1986. P63.
(2 Tm 2:24-26)

1.4 A autodisciplina e o ensino de Jesus sobre os passos da


disciplina na igreja

Jesus Cristo, em Mateus 18.15-22, nos deu, de uma forma bem detalhada e
inteligível, os passos necessários para o exercício da disciplina corporativa (na
igreja). Entretanto, antes que o pecado se concretize em ações contra alguém
e antes que atinja um caráter público, a Palavra de Deus nos dá admoestações
sobre o exercício da autodisciplina. A palavra grega traduzida como
temperança ou autocontrole (egkratea - um dos aspectos do fruto do Espírito,
em Gl 5.23) significa, apropriadamente, a disciplina exercida pela própria
pessoa, quer pelo estabelecimento de limites próprios, que não devem ser
ultrapassados, quer na avaliação dos próprios pensamentos e atitudes que, se
concretizados, prejudicariam alguém e desagradariam a Deus. O livro de
Provérbios nos fala sobre a importância de controlar nosso próprio espírito
(16.32), nossa língua (17.27 - "reter as palavras") e nossa ira (19.11 - "tardio
em irar-se" na Versão Corrigida). Certamente o exercício coerente da
autodisciplina, na vida dos membros da igreja, reduz a necessidade da
disciplina eclesiástica.
II – TIPOS DE ACONSELHAMENTOS ECLESIASTICO E
SUAS CARACTERÍSTICAS

Esse capítulo visa demonstrar ainda que sucintamente os tipos de


aconselhamentos, e suas utilidades e aplicações.

2.1 ACONSELHAMENTO PASTORAL

O termo “aconselhamento pastoral”, que atualmente já é bastante usado pelas


igrejas protestantes brasileiras, é a tradução de Pastoral Counseling,
expressão usada nos Estados Unidos da América a partir do século XX. Além
de aconselhamento pastoral, outros termos como poimênica, clínica pastoral,
que é o acompanhamento pastoral em hospitais, e psicologia pastoral, que
interpreta a pastoral numa perspectiva psicológica, tem sido usados quando se
refere à relação de ajuda na área da saúde no contexto da Igreja.
(Schneider-Harpprecht,1998)
A definição de aconselhamento pastoral também tem sido diversificada.
Conforme a definição de Clinebell (1976),
“aconselhamento pastoral é uma dimensão da “poimênica” que utiliza uma
variedade de métodos terapêuticos e espirituais de cura para ajudar as
pessoas a lidar com suas crises, conflitos e problemas numa forma que conduz
ao crescimento e a experimentar a cura do seu estado de fraqueza,
abatimento, sem energia.
Para o autor, o aconselhamento pastoral tem uma função reparadora quando o
crescimento das pessoas é prejudicado ou bloqueado devido a crises.”
(Clinebell,1976,p.25)
Poimenica, por sua vez, é entendida por Clinebell (1976) como ministério, um
serviço de ajuda “amplo e inclusivo de cura e crescimento mútuo, no seio da
comunidade em todos os momentos da vida. “(p.25)
Para Schneider-Harpprecht (1998) poimênica provém do termo grego “poimen”
e tem sido entendida como “ciência do agir do pastor”. O autor, porém, define
poimênica como sendo “o ministério de ajuda da comunidade cristã para os
seus membros e para outras pessoas que a procuram na área da saúde”.
O aconselhamento pastoral é visto pelo autor como sendo uma das dimensões
da poimênica “que procura ajudar através da conversação e outras formas de
comunicação metodologicamente refletidas”.(p.82)

Segundo Friesen (2000) aconselhar pode ser definido como “proclamação do


perdão dos pecados” e aconselhamento como a “comunicação da Palavra de
Deus”. Para o autor, no aconselhamento pastoral é estabelecido um diálogo
que tem por objetivo levar “ao rompimento com a vida nas trevas”. Neste
diálogo são “utilizados os princípios bíblicos para a orientação da conduta e
das decisões”. O aconselhamento pastoral é aquele que é realizado em nome
de Jesus Cristo.

Conforme Noé (2008) a definição de aconselhamento pastoral é “a arte de


ajudar a fazer ver as coisas que não podem ser vistas”. (p.2). Conforme o
autor, mesmo quando as pessoas passam por situações de crise que afetam a
sua integridade, elas têm uma relativa consciência do que está acontecendo.
Por isso ele afirma que é, no entanto, no fazer ver as coisas ocultas aos olhos
dos que sofrem que está a arte de ajudar. Ali está o tesouro: não na
incapacidade, na falta, nas poucas possibilidades reais de cura ou salvação. E
sim, na potencialidade conferida a cada um de nós por Deus. Revelá-la é tarefa
de parto e equivale a afirmar o triunfo da vida, em relação aos sinais de morte.
(Noé,2008)
De acordo com Clinebell (1976), o objetivo maior do aconselhamento pastoral
é “libertar”, “potencializar” e “sustentar integralidade centrada no espírito”.
Atribui ao aconselhamento pastoral o objetivo de “facilitar ao máximo o
desenvolvimento de uma pessoa, em cada estágio da vida” afim de que esta
também contribua para o crescimento das pessoas que a cercam. O
aconselhamento pastoral visa contribuir para que o/a aconselhando/a se liberte
de bloqueios e medos, encontre a si mesmo/a fim de que possa viver uma vida
plena de sentido e satisfação e investir as suas energias na transformação do
mundo.
O aconselhamento pastoral visa ajudar as pessoas a achar a sua vocação (sua
causa), na qual possam investir suas vidas com propósito, compromisso e
alegria.
Para Friesen (2000, p.26), o objetivo do aconselhamento pastoral é “tratar das
tensões interiores e dos diferentes complexos que interferem na qualidade de
vida”. Também é objetivo deste aconselhamento pastoral libertar as pessoas
de “atitudes inadequadas e distorções de percepção quanto à realidade”, bem
como “dos medos, culpas e das iras inadequadas”. Para tal, o aconselhamento
pastoral utiliza os “recursos da Palavra de Deus, somando aos recursos que o
conselheiro poderá obter da pedagogia, psicologia e filosofia”. Servindo
“de auxilio instrumental do aconselhamento”pastoral.

Para Schneider-Harpprecht (1998), um dos objetivos da poimênica e do


aconselhamento pastoral é ajudar as pessoas em situações de conflitos, crises
e sofrimentos “para que possam viver a relação com Deus, consigo mesmas e
com o próximo de uma maneira consciente e adulta”, bem como, capacitá-las a
assumirem a sua responsabilidade como cidadãs que se engajam em prol da
“melhora das condições de vida numa sociedade livre, democrática e justa”.
(p.82).

2.2 Aconselhamento Cristão

Aconselhamento, segundo o Dicionário Aurélio, é uma “forma de assistência


psicológica destinada à solução de leves desajustamentos de conduta”. Se
usarmos esta definição para aconselhamento, poderíamos definir
aconselhamento cristão como uma forma de assistência espiritual, física e
psicológica destinada à solução de todos os desajustamentos de conduta
(leia-se,Pecado) e os desajustamentos de motivação.

Wayne Mack afirma que o aconselhamento, para ser chamado cristão, precisa
possuir quatro características: 1. Ser realizado por um cristão; 2. Ser centrado
em Cristo (Cristo não é um adendo ao aconselhamento, mas é a alma e o
coração do aconselhamento, a solução para os problemas. Isto contrata com o
caráter antropocêntrico das psicologias modernas); 3. Ser alicerçado na Igreja
(a Igreja é meio principal pelo qual Deus trás as pessoas ao seu convívio e as
conforma ao caráter de Cristo) ; 4. Ser centrado na Escritura Sagrada (a Bíblia
ajuda a compreender os problemas das pessoas e prover solução para os
mesmos). De fato, estas características englobam conceitos que, se retirados
do aconselhamento cristão, o transformará em mais uma psicoterapia
puramente antropocêntrica e humanista.

O conselheiro cristão deve estar atento a alguns princípios para que o


aconselhamento seja eficaz. Primeiramente, ele precisa levar em conta que,
diante de si, está um ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn
1.26,27) e que mesmo depois da queda, não perdeu esta imagem, ainda que
ela esteja seriamente avariada.
É por causa do pecado que o homem está em profundo conflito. O conflito (ou
conflitos) que o ser humano vive é porque o pecado o separou de Deus
(problema espiritual), também o separou dos seus iguais (problema
sociológico), de si mesmo (problema psicológico) e da criação (problema
ecológico).

Em segundo lugar, o conselheiro cristão deve ter em mente que o mesmo Deus
que criou este homem, também planejou redimi-lo através da vida e da morte
de seu Unigênito Filho. O qual ofereceu um sacrifício perfeito, a fim de purificar
plenamente a consciência daqueles que se achegam a ele, de suas obras
mortas (Hb 9.14). Assim, o aconselhamento é uma maneira de apresentar o
propósito da redenção em Cristo.

Em terceiro lugar, o conselheiro cristão deve refletir o amor, a misericórdia, a


graça e a justiça de Deus àquele que o procura. Esta atitude é chamada de
empatia. Empatia é a “tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na
situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa”. O conselheiro
cristão que é empático, terá melhores resultados no aconselhamento, pois o
aconselhado sentirá que aquela pessoa que está diante dele realmente se
importa.

E, finalmente, que o objetivo do aconselhamento cristão é conduzir a pessoa a


um relacionamento maduro com Cristo. Entendo que a maturidade cristã é a
compreensão das verdades bíblicas e a sua aplicabilidade no cotidiano; além
da obediência à vontade de Deus. Portanto, a tarefa do conselheiro é conduzir
o aconselhado à maturidade em Cristo, ou seja, equipar o indivíduo com as
respostas de Deus para os seus problemas e ensinar como Deus quer que ele
viva. Isto torna importantíssima a participação do conselheiro cristão na
edificação do Corpo de Cristo.

Larry Crabb aponta três níveis diferentes de aconselhamento no contexto da


Igreja, que vai desde o encorajamento pessoal através de relacionamentos até
um nível que requer mais preparo . Assim, o aconselhamento cristão pode
acontecer em todos os níveis da Igreja, gerando saúde e maturidade cristã.
Parte do fracasso de muitos pastores nesta área, deve-se ao mau preparo
acadêmico. E isto, não é privilegio de pastores de quase todas as
denominações, tanto históricas quanto pentecostais, que reclamam da falta de
preparo que receberam durante o seminário.
Estamos formando bons teólogos e bons pregadores, mas será que estamos
formando pastores conselheiros? Porém, a falta de preparo acadêmico não
pode servir de desculpa para o não aprimoramento. Existem muitos livros,
artigos e cursos que ajudam o pastor ou o líder a ter mais conhecimento sobre
o aconselhamento cristão.

A outra parte do fracasso deve-se a falta de interesse pelo tema. A máxima,


“não tenho dom para isto” é repetida por muitos e na realidade é uma fuga.
Temas como missões, crescimento da Igreja, louvor e adoração dão mais
ibope; enquanto que o aconselhamento é meio desprestigiado.
Mesmo não sendo o dom do pastor ou do líder, ele será procurado por pessoas
desesperadas por ajuda. Por isso, ele deve buscar ter um certo conhecimento
do que fazer, para não trocar os pés pelas mãos.
A tendência dos nossos dias é o crescimento do número de indivíduos
desajustados e conflituosos.
Muitos destes procurarão a resposta para suas questões e conflitos na Igreja.
O que as Igrejas, os pastores e os líderes terão a oferecer? Como tratarão
estes indivíduos? Que respostas darão a elas?
2.3 Aconselhamento Bíblico

O que se pretende dizer com aconselhamento Bíblico? ``Aquelas metodologias


que apresenta grande e bem divulgado destaque em sua base escriturística.
Os que mantêm tais pontos de vista elevados sobre a Bíblia, por sua própria
maneira de ser, tendem a provir de setores reformados e evangélico 3
Para ser Bíblico o aconselhamento deve ser noutético, palavra transliterada
do grego e que tem relação com confronto e exortação .
Essa é a idéia básica do aconselhamento de Jay Adams: confronto com o
pecado pessoal na vida do aconselhando. Para o autor não existe os termos
``neurose e psicose``, isto é algo que a ciência rotula, sendo que, por trás de
toda doença não orgânica encontra se um pecado pessoal que deve ser
confrontado para que ocorra o arrependimento, ou seja, a mudança de
comportamento.
Uma vez que aconselhamento bíblico não é um ministério independente da
igreja local, algo voltado só para especialistas, uma prática opcional para a
igreja, um ministério distinto do discipulado, uma atividade sem misericórdia e
amparo e um sistema de aconselhamento apenas com citações bíblicas,
vejamos então o que é exatamente o aconselhamento bíblico:
O aconselhamento bíblico necessário nos dias de hoje, nada mais é do que
um retorno ao modelo de igreja primitiva no aspecto de relacionamento entre
membros. Não é algo novo, muito menos um modismo de uma proposta
metodológica.
Portanto, aconselhamento bíblico não é simples método de aconselhamento. É
uma volta a prática da mutualidade cristã ensinada nas Escrituras. É uma
prática de ajuda mútua motivada pelo amor genuíno.
É fundamental que as igrejas cristãs do século XXI retornem a prática de igreja
do primeiro século da era cristã, é importante que os crentes exerçam o
sacerdócio e a mutualidade cristã baseados no amor bíblico e é imprescindível
que os líderes eclesiásticos desenvolvam ministérios mais compartilhados e

3 HURDING, Roger. A Arvore da Cura. Sao Paulo: Vida nova, 1995. P. 316
menos centralizadores, devido ao fato da forte tendência do individualismo que
tem prevalecido neste mundo pós-moderno.

Stedman tratando da igreja atual e fazendo comparações com a igreja primitiva


aborda a falta da comunhão profunda entre os membros do corpo de Cristo e a
conseqüente falta de mutualidade que visa a edificação (1994, p. 106):
O que está faltando demais é a experiência da “vida no corpo”; esta comunhão
fervorosa de cristão com cristão, que o Novo Testamento chama de koinonia e
que era parte essencial do cristianismo primitivo.
O Novo Testamento coloca muita ênfase na necessidade dos cristãos se
conhecerem mutuamente, de modo tão íntimo e achegado, que eles possam
carregar os fardos uns dos outros, confessar seus erros uns aos outros,
repreender-se, admoestar e exortar-se reciprocamente, ministrar-se com a
palavra e através de cantos e orações, vindo assim a compreender com todos
os santos, como diz Paulo, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento
(Efésios3:18-19).
Stedman continua (1994, p. 108):

Levar os fardos um do outro significa pelo menos apoiar um ao outro em


oração. Significa também estar disposto a gastar tempo, tentando compreender
profundamente o problema de outra pessoa e se comprometer num certo
esforço de aliviar tensões ou desânimo, ou de achar algum modo de ajudar
financeiramente ou com um conselho sábio.

Por isso, de certa forma, aconselhamento bíblico é um retorno a prática da


igreja primitiva. As igrejas atuais precisam valorizar os relacionamentos
interpessoais e se envolverem na prática do amor cristão, e um dos aspectos
desta prática é o aconselhamento mútuo baseado nas Escrituras.

2.2 Aconselhamento “noutético”

Alguns estudiosos do assunto, como o Dr. Jay Adams, têm chamado o


aconselhamento bíblico de aconselhamento “noutético”. Fazem isto baseado
no verbo grego noutheteo (nouqetew) que significa: aconselhar, instruir,
advertir, ensinar, corrigir, e no substantivo nouthesia (nouqesia) traduzido como
aviso, admoestação, instrução ou advertência.
Então, podemos dizer que aconselhamento bíblico é um ministério
confrontador, que visa estabelecer vidas nos fundamentos bíblicos.
Jay Adams até prefere usar o termo “noutético” de forma transliterada para o
nosso idioma. Ele explica o motivo de sua preferência:
[...] que significa a palavra nouthétesis? O termo contém mais de um elemento
fundamental. Esta é uma das razões da dificuldade para traduzi-lo. As
traduções tradicionais vacilam entre as palavras “admoestar”, “exortar” e
“ensinar”. A.T. Robertson (em sua exposição da epístola aos Colossenses
1.28) verteu-o para “pôr sentido em”. Existe a tradução “aconselhar”.
Não obstante, nenhum vocábulo em português comunica o pleno sentido da
palavra nouthétesis. Uma vez que se trata de um vocábulo rico de significação,
sem equivalente exato em português, ele é transliterado neste volume...
(ADAMS, 1982, p.57)

Como Adams diz, a palavra grega possuí mais de um elemento fundamental.


Podemos dizer que pelo menos três.
O primeiro é o que a palavra traz a idéia de uma necessidade de mudança de
conduta e personalidade. O segundo elemento é que os problemas são
resolvidos por meios verbais, pessoa a pessoa. O vocábulo tem o sentido de
repreensão. Este segundo elemento visa pôr em ordem o indivíduo por meio da
mudança de seus esquemas de conduta, de modo que estes se enquadrem
nos padrões bíblicos.
E o terceiro elemento fundamental incluso na palavra nouthesia (noutheteo) é o
que visa a recuperação do indivíduo. O objetivo é beneficiar o interessado e
não puni-lo. A tarefa deve ser feita com amor, visando dar toda glória a Deus.
(ADAMS,1982,p.58-63).
Em resumo, aconselhamento bíblico é teocêntrico e não antropocêntrico.
Procura glorificar a Deus e não apenas aliviar os problemas do ser humano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos neste trabalho uma breve apresentação do ministério de


aconselhamento bíblico, destacando sua definição e sua relevância para a
igreja local.

Definimos a partir de aspectos negativos e positivos o que é aconselhamento


bíblico e fizemos um contraste com alguns elementos de propostas de
aconselhamentos seculares. Neste contraste foi enfatizada a suficiência das
Escrituras, bem como sua superioridade sobre qualquer outra metodologia de
aconselhamento.
O aconselhamento eclesiástico é coerente com as verdades das doutrinas
bíblicas, especialmente com as relacionadas a bibliologia – inspiração,
inerrânia e infabilidade, e contribui para o fortalecimento de cada membro das
igrejas locais, pois faz com que aprendam a lidar com todos os problemas da
vida, resultando em crentes fortes e igrejas maduras.

Com as abordagens a respeito de princípios do processo de mudança bíblica e


dos benefícios que o aconselhamento bíblico pode trazer para a igreja local,
fica evidente que o aconselhamento bíblico deve ser uma prática natural entre
os membros da igreja para que a mesma cresça em maturidade e edificação.
III – A FINALIDADE DA DISCIPLINA ECLESIASTICA

A disciplina na igreja é um dos principais meios que Deus usa para corrigir e
restaurar seus filhos, quando caem em pecado. É também um modo pelo qual
Ele mantém a unidade, pureza, integridade e boa reputação da igreja.
“Através de instrução, admoestação, conselho e repreensão, tanto em público
como em particular e, em alguns casos, até por meio de exclusão social ou
remoção do rol de membros”4, Deus corrige seus filhos desobedientes ou,
então, remove da igreja aqueles que não são realmente seus. Como diz
Calvino “... se nenhuma sociedade, se nem mesmo um lar, por menor que
seja a família, pode ser mantido adequadamente sem disciplina, está é muito
mais necessária na igreja, onde se deve manter o maximo de ordem
possível...”5 O próprio Senhor Jesus declarou ser a igreja o instrumento que o
céu emprega para executar essa difícil, porém necessária, função (Mt 18.18-
20).
Todavia, não devemos presumir que toda situação se encaixará facilmente em
uma única categoria.
Freqüentemente questões que requerem o uso da disciplina são uma mistura
de combinações ou variações dessas classes gerais, o que dificulta determinar
o procedimento correto para cada caso.
Portanto, a igreja deve ministrar a disciplina com oração, com a aplicação
diligente das Escrituras e na dependência do Espírito de Deus.
Disciplina eclesiástica é um termo em risco de extinção no atua vocabulário
cristão. O termo “disciplina” em geral, é empregado em vários sentidos.
Podemos usá-lo para referir-nos a uma área de ensino, ao exercício de ordem,
ao exercício da piedade ou a medidas corretivas o seio da igreja.
A pratica de muitos cristãos gera a ilusão de que a igreja não tem nada a ver
com o procedimento “secular” de seus membros. Neste novo contexto
antropocêntrico, a igreja é vista como uma organização altamente dependente
do individuo, e que precisa conservá-lo ao custo de varias exceções. O medo

4 CÓDIGO DE DISCIPLINA da Igreja Presbiteriana do Brasil. 15. ed. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1999. Capítulo I: “Natureza e finalidade
5 CALVINO, João; Intitutas, livro V, E C C , Sao Paulo, SP.2007
da impopularidade leva muitos lideres a cumplicidade e pedados são
justificados em nome de uma atitude mais humana.
Por outro lado, o que dizer daqueles que em esmero pela disciplina,
cometeram injustiças e ocasionaram mais males do que bens? Em todo este
contexto, a disciplina tem uma vida curta e a tolerância consagra-se como uma
virtude da atualidade. Porem o que dizer de uma igreja sem disciplina?
O objetivo é delinear alguns fatores da importância da disciplina eclesiástica
entre os membros do corpo de Cristo.
Cabe ainda destacar que tanto a disciplina como a admoestação é feita no
Senhor, para que os que estejam passando pelo caminho da disciplina não
sejam levados a ficar irados contra os lideres ou ate mesmo a igreja. No
Senhor, quer dizer que como o Senhor cuida, educa e corrige seus filhos em
amor, assim cabe a igreja de educar e ensinar seus membros com amor
paternal que provém de Deus.
A igreja tem sido acusada de ser o único exercito que atira seus feridos. O grau
de verdade dessa acusação é, muitas vezes, devido a mal entendidos com
relação à disciplina. Tais mal entendidos estão presentes em pelo menos dois
grupos: 1) os que aplicam a disciplina e 2) os que sofrem a aplicação da
mesma. Como cada caso deve ser analisado individualmente, devemos listar
então estes mal entendidos mais comuns em relação à disciplina eclesiástica.

3.1 Disciplina e Despotismo


Com a subida ao poder do Partido nacional na África do Sul, em 1948, a
segregação foi legalizada em nome da disciplina. Como resultado, foi
sancionado o aprisionamento de negros sem nenhum julgamento formal. Isso
não foi disciplina e sim despotismo.
A historia da igreja medieval apresenta uma vasta galeria de ilustrações da
confusão entre o uso da disciplina e o exercício do despotismo. Seria isto
apenas um fenômeno do passado? Infelizmente basta familiarizar-se com os
círculos eclesiásticos para se descobrir que o espírito medieval ainda esta vivo
e ativo na mente e atitude de alguns lideres modernos.
Há aqueles que, como resultado da ganância pelo poder, seguem o caminho
de Balaão e amam a injustiça. Esses estão sempre prontos a “disciplinar” por
motivos interesseiros.

3.1.2 Disciplina e Discriminação


A confusa identificação entre disciplina e discriminação pode ser vista sob
dois aspectos: 1) no abandono do disciplinado por parte da igreja, e 2) na
recusa do disciplinado em receber a disciplina. Para se evitar o primeiro erro é
imprescindível que a família cristã não desista de um dos seus membros que
caiu.
Paulo exorta a igreja para que manifeste perdão, conforto e reafirmação de
amor para com o arrependido, para que “o mesmo não seja consumido por
excessiva tristeza’’ 6. Outra razão para esta exortação é para que ‘’Satanás não
alcance vantagem’’ sobre a igreja, criando amargura, discórdia e dissensão.
Há sempre a possibilidade de que o disciplinado não se submeta à disciplina,
e acuse a igreja de discriminação. Tal atitude apenas manifesta ignorância e
estupidez7. Segundo as Escrituras, é o pecado e a determinação em segui- lo
que gera discriminação, e não a disciplina.

3.1.3 Disciplina e Abuso de poder


“Com que direito fizeram isso?” tal é a pergunta que fixamente se ouve em
casos de disciplina. Essa pergunta revela um mal-entendido comum entre
disciplina e arbitrariedade. Ou seja, é como se aqueles que aplicam a disciplina
não tivessem nenhum direito de fazer tal coisa debaixo do sol. “Alias,” alguns
argumentariam, “não somos todos pecadores?”
Primeiramente, é preciso lembrar que toda atitude pecaminosa precisa ser
corrigida, mas há algumas que requerem correção publica. Por exemplo: em
Mateus 18.16-17 o evangelista fala daqueles que se recusaram a abandonar o
pecado mesmo diante de uma amorosa exortação pessoal.

6Bíblia de estudo de Genebra, São Paulo, SP, Cultura Crista & SBB, 1999

7 Idem
Na sua primeira carta aos Coríntios, Paulo descreve “as pessoas cujas praticas
trazem escândalo à igreja, são mencionados os que dissimulam ensinos
contrários ao evangelho (I Co 5. 1-13)” na segunda carta de João são
mencionados os que dissimulam ensinos contrários ao evangelho (II Jo 9, 11.)
Por outro lado, na carta aos Romanos 16.17 o apostolo recomenda disciplina
aos causam divisões na igreja e, ao escrever a segunda carta aos
Tessalonicenses 3.6-10 ele prescreve disciplina eclesiástica para aqueles que
se deleitam na preguiça. Há um principio claro: “os pecados foram
explicitamente disciplinados no Novo Testamento eram conhecidos
publicamente e externamente evidentes, e muitos deles aviam continuado por
período de tempo.”8
Com relação à autoridade, é importante lembrar que autoridade na disciplina
nunca vem daquele que a aplica, mas daquele que a ordenou, ou seja, o
Cabeça e Senhor da Igreja.

3.1.4 A necessidade da Disciplina


Aquele que ordena a disciplina na igreja é o mesmo que estabelece o padrão
a ser seguido no exercício da mesma. Esse padrão consiste primeiramente em
amor paternal (HB 12.4-13). É certo que o mundo vê a disciplina de Deus como
expressão de ira e hostilidade, mas as Escrituras mostram que a disciplina de
Deus é um exercício do seu amor por seus filhos.
Amor e disciplina possuem conexão vital ( Ap 3.19). Alem do mais, disciplina
envolve relacionamento familiar, e quando os cristãos recebem disciplina
divina, o Pai celestial está apenas tratando-os como seus filhos. “Deus não
disciplina bastardos, ou seja, filhos ilegítimos.”9 O padrão da disciplina divina
revela também maravilhosos benefícios. A disciplina que vem do Senhor é para
nosso bem. Ainda que seja inicialmente doloroso receber disciplina, a mesma
produz paz e retidão. O propósito de
Deus em disciplinar não é o de incapacitar permanentemente o pecador, mas
antes de restaurá-lo à saúde espiritual.

8 Richard J. Foster, Celebração da Disciplina: o caminho do crescimento espiritual, p 20.

9 Bíblia de estudo de Genebra Hb 12.7-9


O termo hebraico rasum é usado no Antigo Testamento como sinônimo de
“instruir” (Pv 1.3,8), “corrigir” (Pv 22.15 e 22.13) ou “castigar” (Is 53.5). No Novo
Testamento, o grego paidei/i possui sentido semelhante e é freqüentemente
usado na analogia entre a disciplina dos filhos por seus pais e a correção que
vem do Senhor.
Neste sentido, disciplina e sabedoria estão intimamente ligadas nas Escrituras.
A correção é fonte de esperança para os que aplicam e vida para aqueles que
a recebem corretamente. A correta disciplina é sempre fundamentada com
amor e ano com ira.
Segundo as Escrituras, a disciplina na igreja esta fundamentada não apenas
no exercício do bom senso, mas principalmente nos imperativos do Senhor. O
mandato bíblico referente à disciplina é encontrado especialmente nos ensinos
de Jesus (Mt 18.15-17) e nas cartas paulinas ( 1 Co 5.1-13).
Também, há clara referencia bíblica de que a igreja que negligencia o exercício
desse mandato compromete não apenas sua eficiência espiritual mas sua
própria existência. A igreja sem disciplina é uma igreja sem pureza e sem
poder. A igreja de Tiatira foi repreendida devido à sua flexibilidade moral (Ap
2.20-24).
Biblicamente, a disciplina na igreja tem um triplo objetivo: 1) restabelecer o
pecador (Mt 18.15; 1 Co 5.5 e Gl 6.1); 2) manter a pureza da igreja ( 1Co 5.6-
8) e 3) dissuadir outros (1 Tm 5.20). É este triplo propósito que aponta os
passos a serem seguidos em uma aplicação correta da disciplina eclesiástica.
Esses passos são mencionados em Mateus 18. 15-17.
Abordagem individual
O v.15 (se teu irmão pecar vai arguí-lo entre ti e ele só...) ensina que a
confrontação é uma tarefa cristã. Uma das melhores coisas a se fazer,
uma vez que nossa visão seja hílare possibilidade de que tal irmão nos
ouça. Alem do mais, o termo grego e)legon (“arguir, instruir, confrontar”
v. 15) também pode ser traduzido como “trazer à luz, expor.
É ministério do Espírito Santo em relação àqueles que estão no mundo,
em convencê-los “confrontá-los” do pecado, da justiça e do juízo”.
Assim, antes de confrontar um irmão, podemos sempre clamar por
socorro Àquele cujo ministério de confrontação é sempre eficaz.
B. Admoestação privada
No caso de o ofensor não atender à confrontação individual, Jesus ordena que
haja admoestação privada v.16. Nesse caso, um numero maior de pessoas é
envolvido. A principio pode parecer que este passo é intimidar o ofensor. Uma
atenção maior, porem, leva-nos a entender que o propósito que o propósito do
e mesmo pode ser o de conscientizar o ofensor quanto aos prejuízos de sua
atitude para com a comunidade do corpo de Cristo.
Em outras palavras, nosso pecado traz conseqüências pessoais e coletivas.
Alem do mais, Jesus afirma que outras pessoas envolvidas nesse processo
serão testemunhas. Isso é uma referencia à pratica vetero-testamentária de
não se condenar alguém com base apenas em uma opinião pessoal (Nm
35.30, Dt 17.6 e 19.15). Com isto. a objetividade do caso é preservada, o que
diminui as chances de injustiça, e o ofensor é beneficiado.
C. Pronunciamento publico.
Tal procedimento nunca é violação de segredos, pois o ofensor
deliberadamente recusou os caminhos prévios do arrependimento. Diante de
tal pronunciamento cada membro do corpo de Cristo deve orar pelo pecador,
evitar comentários desnecessários e vigiar a si próprio. Tal oficialização publica
traz implicações temporárias em relação aos privilégios que o membro pode ter
(1 Co11.27)
D. Exclusão publica
O ultimo recurso é o da excomunhão (do latim ex, “fora,” e commnicare,
“comunicar”), no qual o ofensor é tido como gentio (a quem não era permitido
entrar nos átrios sagrados do templo do Senhor) e publicano ( que eram
considerados traidores e apóstatas: Lc 19.2-10). Com estes não há mais
comunhão cristã, pois (1 Co 5.11). Se o seu pecado é heresia nas Escrituras,
eles não devem nem mesmo ser recebidos em casa.
É claro que cada um desses passos envolve dor, tempo, amor e transparência.
Nenhum deles é agradável e eles só prosseguem diante de dureza de coração
do ofensor, ou seja, a recusa ao arrependimento. Há porem o conforto de saber
que a presença e o poder de Jesus são reais mesmo no contexto desse
processo (Mt 18.19-20). Assim, a disciplina eclesiástica “não é uma atividade a
ser realizada facilmente, mas algo a ser conduzido na presença do Senhor.
3.1.5 Implicações Teológicas
Sem a intenção de limitar, mas tão somente de elucidar, podemos destacar três
tópicos teológicos que estão vitalmente ligados ao processo da disciplina
eclesiástica.
Disciplina e a Adoração Cristã
A verdadeira adoração “é a mais nobre atividade de que o homem, pela graça
de Deus, é capaz.”10. A exclusiva adoração a Deus é um mandato divino, é
uma marca da fé salvada, e deve seguir os princípios revelados por Deus em
sua Palavra.11
Um principio essencial da adoração cristã é o zelo pela santidade do nome do
Senhor. A negligencia do povo de Deus quanto aos mandamentos do Senhor
motiva incrédulos a blasfemar o nome de Deus. Assim, o zelo pela santidade
do nome de Deus implica diretamente no exercício da disciplina eclesiástica.
Uma igreja adoradora e ao mesmo tempo tolerante para com o pecado no seu
seio é uma contradição de termos e recebe a repreensão do Senhor
(Ap 2. 18-29).

Disciplina e as Marcas da Igreja


A Reforma Protestante do século XVI considerou importantíssima para a
teologia cristã a seguinte questão: Como distinguir entre a igreja verdadeira e a
falsa? Em outras palavras, quais são as marcas da verdadeira igreja cristã?
Para o reformador João Calvino, tais marcas consistem da proclamação da
Palavra, da administração das ordenanças e do exercício da disciplina
eclesiástica. Segundo ele, “aqueles que pensam que a igreja pode sobreviver
por longo tempo sem disciplina estão enganados; a menos que pensemos
omitir um recurso que o Senhor considerou necessário para nos.”12
Por meio da disciplina a comunidade está sendo construída. As faltas na vida
cristã conduzem à destruição do relacionamento e ato contínuo à
desintegração. Entretanto, não somente a pregação e a celebração das
ordenanças, mas também o exercício da disciplina são características

10 Richard J. Foster, Celebração da Disciplina: o caminho do crescimento espiritual, pg 159


11 idem
12
da verdadeira igreja.

A disciplina praticada na igreja treina o cristão na santidade e o desafia a


permanecer na presença do Senhor, a autêntica doutrina bíblica auxilia o
crente a ter uma vida espiritual abundante, habilitando-o a ser uma poderosa
testemunha de Cristo.

Considerações finais

A disciplina destinada a mudar e educar o autor do erro é recuperativa.


Quando os pais disciplina o filho como “punição” por sua desobediência, a ação
é “punitiva’. Quando, porém, pelo fato de amarem o filho, desejam ensiná-lo a
não repetir o ato, e após a disciplina, o aconselham e mostram o amor que lhe
devotam, e se forem cristãos, oram com ele, a ação é “recuperativa’.

A disciplina visa à restauração. Portanto, o disciplinado deve ser acompanhado


e orientado pela igreja em todo o tempo da sua disciplina. Não deve ser
afastado dos cultos de instrução e oração, pois neste momento ele está fraco e
precisando alimentar seu espírito com as coisas de Deus.O arrependido e
disciplinado deve ser genuinamente perdoado (Lc 17.3). Deus perdoa, mas a
igreja local muitas vezes não esquece, mas isola o irmão e o trata como se não
tivesse sido perdoado. A igreja precisa perdoar como Deus o faz (Mq
7.18,19).Paulo exorta a igreja para que manifeste perdão, conforto e
reafirmação de amor para com o arrependido, para que “o mesmo não seja
consumido por excessiva tristeza” (2 Co 2.7-8). Outra razão para esta
exortação é para que “Satanás não alcance vantagem” sobre a igreja, criando
amargura, discórdia e dissensão (v. 11). Há sempre a possibilidade de que o
disciplinado não se submeta à disciplina, e acuse a igreja de discriminação. Tal
atitude apenas manifesta ignorância e estupidez (Pv 12.1 - tradução literal).
Segundo as Escrituras, é o pecado e a determinação em segui-lo que gera
discriminação, e não a disciplina (1 Co 5.5 e 1 Tm 1.20). O homem espiritual
deve submeter-se à disciplina (Hb 13.17) e não rejeita-la, pois isso seria seu
fim (Pv 5.11-14).
IV- O PROCESSO DE ACONSELHAMENTO PARA SE
ALCANÇAR A FINALIDADE DA DISCIPLINA
ECLESIASTICA
Neste ultimo capitulo vamos tratar de alguns casos que foram discutidos em
sala de aula no primeiro semestre de 2011. Para cada tipo de problema existe
um tipo de aconselhamento especifico que demanda planos de ações
diferenciados. Não somente isto, mas também explanar o processo de
aconselhamento para obter os resultados esperados no procedimento da
disciplina eclesiástica.
4.1
4.2 Processos de aconselhamentos
Todo processo de aconselhamento visa atender a alguns alvos realistas,
específicos, segundo Gary Collins, o aconselhamento tem os seguintes alvos:
1. “Auto- compreensão: ter um quadro real do que esta se passando em
seu interior no mundo que o rodeia.
2. Comunicação. Possibilita ao aconselhado aprender a comunicar
sentimentos, pensamentos e atitudes de maneira correta e eficaz. Essa
comunicação envolve também a capacidade de receber mensagens
corretas por partes das outras pessoas.
3. Aprendizado e modificação de comportamento. O aconselhamento
oferece as pessoas ajuda para que desaprendam o comportamento
negativo e aprendam meios mais eficientes de agir. Esse aprendizado
vem através do ensino, da imitação de um conselheiro ou modelo, da
experiência, dos erros.
4. Auto realização. Significa Alcançar e manter o maximo de seu potencial.
Ou seja, reconhecer –se como filho de Deus e obter visão correta de
tudo aquilo que é segundo a Palavra de Deus. O alvo se sua vida se
completa em Cristo, desenvolvendo seu potencial maximo mediante o
poder do Espírito Santo que o leva à maturidade.
5. Apoio. As pessoas de beneficiam de um período de apoio,
encorajamento e divisão de fardos ate que consigam enfrentar seus
problemas “13

3. O CRISTÃO RESTAURADO HONRA A CRISTO

Quando a igreja disciplina o cristão, deve fazê-lo como ato redentor. Nunca
devemos sentir prazer em punir as pessoas. Devemos, antes, lamentar, porque
o cristão que peca traz vergonha sobre a igreja e o nome de Cristo. Quando o
cristão, porém, é restaurado à comunhão da Igreja, tal ato traz glória a Deus e
salva um “irmão” da perdição (Tg 5.19,20). A reconciliação é alcançada
mediante a restauração — A restauração dos caídos se verifica quando eles
são trazidos de volta à retidão (2Co 5.17-20). Eles se arrependem, reconhecem
a sua pecaminosidade e passam a ter uma vida santa ( I Pe 1.15,16). Os
disciplinados percebem sua insensatez e maldade, abandonando seu estado
de decadência espiritual. Eles compreendem a sua situação pecaminosa,
levantam-se e deixam a velha vida (Jr 15.19). A pureza da igreja relaciona-se
com a retidão — Para que a comunhão seja restabelecida entre irmãos,
através da reconciliação, a igreja precisa ser pura. Assim, o cristão que passou
pela disciplina torna-se companheiro de todos novamente e assume seus
compromissos como membro integrante de uma comunidade sadia. Deste
modo, a pessoa é reconduzida à santidade, tornando-se mais experiente, mais
sábia e mais forte (Sl 119.67).

Naturalmente, o assunto não foi esgotado, mas o que se pretendia por meio
deste artigo era estimular a reflexão do leitor acerca da disciplina eclesiástica
e sua aplicabilidade no cristianismo contemporâneo, como um processo de
duas vias – ensinar e corrigir. Ao mesmo tempo, torna-se imperativo

13 COLLINS, Gary; Ajudando Uns Aos Outros Pelo Aconselhamento. São Paulo: edições Vida Nova,
2007.p31
continuar a pesquisa, visando demonstrar a necessidade e a utilidade
da disciplina como expediente e marca da Igreja cristã.

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