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A Agressividade é constitucional e necessária para auto conservação e conservação

da espécie, porque possibilita nos posicionarmos nas situações e construirmos coisas.

Todos os seres humanos (e inclusive os animais) trazem consigo um impulso


agressivo. A agressividade é um comportamento emocional que faz parte da
afetividade de todas as pessoas. Portanto, é algo natural.

A ação está na agressividade, e a reação na violência. Ao trazermos tais definições


para o âmbito familiar onde o agressor e agredido são pessoas do mesmo circulo de
convivência, a imaginação nos falha, pois temos o estereótipo acerca da figura do
agressor, de que o mesmo nunca será um pai ou uma mãe.
Atualmente os estudos internacionais nos apontam que mais ou menos 70% dos
agressores são representados por pais biológicos, ainda que pese a nossa negativa
em aceitar este fato por conta do mito do amor incondicional dos pais por seus filhos.
Desta forma, a velha idéia extraída do senso comum de que os padrastos e/ou
madrastas são os que mais agridem as crianças e/ou adolescentes não encontra
respaldo na literatura científica sobre o fenômeno.

De modo geral, os agressores procuram, recriar com seus filhos o estilo educacional
adotado com eles mesmos em sua infância. Nos estudos realizados, os agressores se
revelam como pessoas com um alto nível de exigência em relação ao desempenho de
seus filhos, nutrindo expectativas não-realísticas acerca do comportamento infantil,
acabando por exigir das vítimas atitudes não-compatíveis com a sua idade
cronológica. Ao se pesquisar de forma aprofundada o histórico de vida destes
agressores, pode-se perceber que alguns haviam sofrido sérios espancamentos em
sua infância, mas outros não.. Os agressores haviam sofrido carências afetivas
importantes em sua infância, ou seja, conviveram com a profunda sensação de não
poderem contar com a afeição e o zelo de ninguém desde o início de suas vidas.

A diferença entre um não-agressor e o agressor é que este último implementa tais


padrões com exagerada intensidade. Axiomático para o agressor é o fato de que as
crianças existem principalmente para satisfazerem as necessidades dos pais, que as
necessidades delas não são importantes e não devem ser levadas em consideração e
que as crianças que não preenchem estas condições merecem punição.

O que nos cabe ressaltar que nem todos os agressores são doentes mentais ou
alcoólatras. O álcool não pode ser considerado como causa de espancamento. O que
se pode pensar é que a disposição para bater nos filhos já estaria no agressor sob a
forma de uma vontade explícita ou como possibilidade latente à espera de uma
oportunidade ou de um pretexto para manifestar-se e atuar.

De acordo com dados ainda inéditos da primeira pesquisa brasileira sobre o assunto,
realizada na cidade de São Paulo, publicada em 1987, registra-se uma grande
diversidade de formas para se impor a violência a vítimas de 0 a 18 anos.

Dentre elas, poderíamos destacar: socos, bofetadas, pontapés, beliscões, empurrão,


mordidas, arremesso (contra móveis, paredes, janelas), arrastão (pelos órgãos
genitais, pelos cabelos), arranhaduras, encarceramento, agressões (com facas, foices,
alicates, martelos, tacos de bilhar, pau, barras de ferro), açoitamento (com fios de
ferro, correias de automóveis, cordas, correias de máquina de costura, chicotes),
queimaduras (com cigarro, velas, água fervente), ingestão forçada de psicotrópicos ou
de bebidas alcoólicas, imersão forçada do corpo inteiro ou partes dele em água
fervente, imersão da cabeça em privada ou tanque de água fria.
Podemos observar que no livro Brasil: Nunca Mais, de Paulo Evaristo Arns, também
se acham descritas algumas das formas acima referidas, enquanto métodos de
tortura, aplicados a presos políticos no Brasil, fossem eles homens, mulheres ou até
mesmo crianças, filhas destes prisioneiros.

Não é fácil combater este tipo de violência. Importa que hoje saibamos que, além das
medidas emana das pelo Estado (policiais, judiciais), é preciso que se criem novas
formas de combate a esta violência, com a participação daqueles diretamente
associados ao problema.

Em países desenvolvidos já existem os Núcleos de Pais Anônimos (criados por uma


agressora de crianças), destinados a se tornarem um espaço de debate para os
envolvidos em atos de violência, bem como os Centros de Crise, para onde os
agressores se dirigiriam em momentos cruciais de seu relacionamento com as
crianças ou adolescentes.

Estas formas de enfrentar a questão, embora passíveis de algumas críticas, mostram-


nos movimentos da própria sociedade civil ou mesmo esforços de diversos
profissionais no sentido de que a violência de pais contra filhos não fique restrita a
uma intervenção apenas de caso para caso, mas que das medidas coletivas, da união
de esforços de todos os envolvidos, possam frutificar amplas discussões sobre a
revisão de práticas educacionais empregadas em diferentes sociedades e
impregnadas, por sua vez, de violência.

Referências:

 Scielo,disponivel em :
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451986000300007

 Meu Artigo, Brasil Escola, disponível em:


http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/psicologia/agressividade-psicanalise.htm

 Psiqweb, disponível em:


http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=194

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