Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Módulo 1 – Conceito
Software livre hoje é uma realidade. Ele ocupa espaço significativo no cenário
tecnológico brasileiro e, aos poucos, vem crescendo e se desenvolvendo. Nesse
modelo, a fonte de receita provém da prestação de serviços e da necessidade de
agregar conhecimento.
Cenário nacional
Porém, o País importa aproximadamente US$ 1 bilhão e exporta US$ 100 milhões,
no modelo de software proprietário. A realidade é uma situação de quase monopólio
na comercialização de software de escritório e de oligopólio em outras áreas.
Fruto de trabalho colaborativo mundial, o Brasil não está sozinho ao seguir essa
tendência. Além de países como Alemanha, França, Espanha e Índia, há um número
crescente de empresas adotando a nova forma de fazer negócio na área de TI, como
IBM, Novell e HP. Uma das iniciativas é o caso do KDE, uma interface gráfica que
permite o uso amigável do computador. O KDE nasceu em 1996, devido à
insatisfação com os sistemas existentes do programador alemão Mathias Ettrich.
-1–
No modelo de software livre, a fonte de receita provém da prestação de serviços e da
necessidade de agregar conhecimento permanentemente. Assim, a renda gerada
com o desenvolvimento dos softwares é apropriada localmente e a geração de
empregos se dá no próprio país. Isso é uma oposição à atual situação, que gera
dependência externa e o envio de royalties desnecessários.
-2–
Pela determinação da GPL, todo programa que utiliza fragmentos de programas
licenciados pela GPL também deve ganhar o status de GPL, ou seja, livre . Esse
conceito de software livre oferece uma barreira enorme às empresas, já que elas têm
como principal objetivo não o aumento do conhecimento humano, e sim o lucro. Por
isso, durante muito tempo, o uso de software livre ficou restrito a universidades e
centros de pesquisa.
Em 1997, um grupo formado por membros da comunidade de software livre se
reuniu e amenizou o conceito, tornando-o mais atraente para as empresas. Entre os
participantes, estavam Eric Raymond (autor do livro A Catedral e o Bazar – a bíblia
da comunidade free software), Tim O’Reilly (editora O’Reilly, especializada em livros
técnicos) e Larry Augustin (presidente da VA Research, estrela das bolsas
americanas pelo seu IPO fenomenal).
-3–
A história é a seguinte: após trabalhar treze anos no Laboratório de Inteligência
Artificial do Massachussets Institute of Technology (MIT), Stallman deixou seu
emprego, em 1984, para criar um sistema operacional livre. Optou por desenvolver
um sistema portável, similar ao Unix, dando início ao projeto GNU, que estabelece a
licença pública geral como premissa básica do software livre.
Criou então várias ferramentas, entre elas o editor de textos Emacs. Mas foi somente
a partir de 1991 que o GNU passou a utilizar o kernel criado por Linus Torvalds,
chamado Linux. Por isso, diz Stallman, as pessoas utilizam o GNU/Linux e não o
Linux, pois ele nada mais é do que o software desenvolvido pela GNU com o kernel
do Linux. E o kernel é uma parte de um conjunto de programas, como o Emacs, o
GCC, o debuger, o X Window System, os gerenciadores de janelas, entre outros.
O software livre vem para garantir a todos os usuários a execução do software, para
qualquer uso, estudar o funcionamento de um programa e a de adaptá-lo às suas
necessidades; a redistribuição de cópias e a facilidade de melhorar o programa e de
tornar as modificações públicas de modo que a comunidade inteira se beneficie da
melhoria. Também conhecido como software libertário, os softwares livres são
distribuídos gratuitamente, apesar de não serem necessariamente grátis.
-4–
Software Livre não significa um software não-comercial. Um programa livre deve
estar disponível para uso comercial, desenvolvimento comercial, e distribuição
comercial. O desenvolvimento comercial de software livre não é incomum; tais
softwares livres comerciais são muito importantes.
Linux, o pingüim
O Software Livre possui tanta importância que se não fosse assim o Linux não
existiria ou ficaria restrito aos muros de uma universidade. Linus Torvalds, o “pai do
Linux”, quando criou o sistema, não quis guardá-lo para si. Quis montar um sistema
que atendesse às suas necessidades, mas que também pudesse ser útil para mais
alguém. Fez isso sem saber que estava acabando de “fundar” uma comunidade: a
Comunidade Linux.
-5–
Não a toa o Linux, a cada dia, vem conquistando novos usuários domésticos e cada
vez mais atraindo empresas de todos os portes, que buscam um sistema confiável e
barato. De quebra, podem alterá-lo para suprir suas necessidades e não precisam
gastar com sistemas pagos e limitados. Tudo isso se tornou possível graças ao fato
do Linux ser um sistema livre. Sua licença de uso é a GPL, sigla para GNU Public
License, e é uma das formas mais conhecidas de distribuição de programas. A maior
parte dos softwares para Linux é baseada na licença GPL.
Vale dizer que uma licença é um documento que permite o uso e distribuição de
programas dentro de uma série de circunstâncias. É uma espécie de copyright
(direitos autorais) que protege o proprietário do programa. Tendo copyright, o dono
pode vender, doar, tornar freeware enfim. A Microsoft, por exemplo, atua assim.
Você tem de pagar pelos programas e não pode utilizar uma mesma cópia para mais
de um computador.
A licença GPL faz exatamente o contrário. Ela permite copiar o programa, e instalar
em quantos computadores quiser, alterar o código-fonte e não pagar nada por isso.
A GPL não é simplesmente um texto que diz o que você deve fazer para desenvolver
um software livre. É, resumidamente, um documento que garante a prática e a
existência do mesmo.
-6–
Módulo 2 – Licença de software livre
O software ou programa de computador possui definição legal no art. 1°. da Lei n°.
9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Diz o referido dispositivo legal: “é a expressão de
um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida
em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas
automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou
equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou analógica, para fazê-los
funcionar de modo e para fins determinados”. O conceito adotado parece adequado à
natureza da atividade no universo jurídico.
-7–
O tratamento jurídico do software não-proprietário, no entanto, não é tão direto
quanto o do software proprietário, objeto de comercialização em massa. Não é difícil
perceber que a legislação foi elaborada para atender ao modelo proprietário. O ponto
de partida das considerações jurídicas é justamente o fato de que os programas de
computador (proprietários ou não-proprietários) são protegidos pela legislação de
direitos autorais.
Direitos autorais
Nessa linha de raciocínio, são lícitas licenças extremamente restritivas, como aquelas
utilizadas pelo software proprietário. Também são perfeitamente lícitas as licenças
menos restritivas, como aquelas utilizadas pelo software não-proprietário,
notadamente o software livre.
As licenças em questão funcionam como condicionamentos de uso formulados pelo
autor (proprietário) do programa (proprietário ou não-proprietário) e aceitos pelo
usuário. Por exemplo, um programador não pode incorporar código-fonte de
software livre num programa proprietário (qualquer utilização ou aperfeiçoamento do
software livre necessariamente também precisa ser livre).
A licença de uso do Linux, por exemplo, o mais popular dos sistemas livres é a GPL,
sigla para GNU Public License e é uma das formas mais conhecidas de distribuição de
programas. A maior parte dos softwares para Linux é baseada na licença GPL. Vale
lembrar, como já foi citado no módulo anterior, que uma licença é um documento
que permite o uso e distribuição de programas dentro de uma série de
circunstâncias. É uma espécie de copyright (direitos autorais) que protege o
proprietário do programa. Tendo copyright, o dono pode vender, doar e tornar
freeware.
Para falar sobre licenças de Software Livre é indispensável definir Direitos Autorais e
Copyright, uma expressão criada pelos norte-americanos com o objetivo de dar
exclusividade de edição de materiais de imprensa escrita aos seus detentores. Dessa
forma, autores que possuíssem o Copyright de suas obras poderiam designar quem
poderia, e como poderia, copiar e distribuir cópias de seus livros, artigos ou revistas.
-8–
Entretanto, como não é necessário ser autor da obra para deter o seu Copyright, não
podemos dizer que direito autoral é igual a Copyright. O sistema de copyright atribui
donos ao software e esses donos têm o direito de estabelecer regras de distribuição
do software.
Outras licenças
Software Livre não é necessariamente de domínio público, apesar de essa ser uma
interpretação compreensível do conceito de liberdade, para quem ainda não se
familiarizou com a quebra do paradigma do software proprietário. Um programa de
domínio público é aquele em que o criador abre mão de seus direitos de autoria e de
licenciamento de cópias. Nesse caso, quem estiver de posse do código tem o direito
de fazer dele o que desejar, sem ter de obedecer qualquer restrição ou norma.
Além da GNU – General Public License, há outras licenças, algumas mais, outras
menos restritivas. A Lesser GPL (LGPL) – também redigida pela FSF, por exemplo, é
mais permissiva que a GPL. Bibliotecas de função sob a LGPL podem ser usadas por
software proprietário, apesar de serem livres. Se essas mesmas bibliotecas
estiverem sob a GPL, elas podem ser usadas apenas por programas também sob a
mesma licença . A escolha mais adequada vai depender de quão restrita o autor do
software deseje que seja a utilização do seu programa.
A Lei de número 9609/98 diz que o uso de programa de computador será objeto de
contrato de licença. Por sua vez, a violação dos direitos de autor de programa de
computador pode resultar em detenção de seis meses a dois anos ou multa. Se a
violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no
todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de
quem o represente, a pena é de reclusão de um a quatro anos e multa.
A Lei que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais é a 9610/98.
São obras intelectuais protegidas, as criações do espírito, expressas por qualquer
meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se
invente no futuro, incluindo entre outros programas de computador.
-9–
Diante da demanda colocada pelo governo brasileiro, foi firmado um acordo entre a
Fundação do Software Livre e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, por
meio da escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas e da organização não-
governamental americana Creative Commons. Como resultado do convênio, nasceu a
CC-GNU GPL, licença oficial que tem sido utilizada pelo governo Federal para o
licenciamento de software em regime livre. A licença original GNU GPL foi escrita
somente para advogados e seu idioma original é o inglês.
Por meio do projeto, pioneiro no mundo, foi possível fazer a tradução para o
português do texto da licença americana e, em seguida, acrescentar duas outras
camadas das licenças do Creative Commons, que facilitam a compreensão e a
utilização da licença. A camada para leigos explica para qualquer pessoa, seja
advogado ou não, o que a licença faz e quais direitos ela confere. A outra camada,
feita para máquinas, permite marcar o código do software eletronicamente, para que
qualquer computador possa identificar o regime de licenciamento que se aplica a ele.
- 10 –
Como os termos da GPL definem o que usar, copiar, modificar e distribuir o
programa, não deve gerar pagamento de contraprestação, não se caracteriza uma
comercialização.
Uma vez que o programa é licenciado sem ônus, cuja ausência de garantia tem
respaldo legal, a exceção é quando os detentores dos direitos autorais e/ou terceiros
expressam de forma escrita as garantias de comercialização e adequação de
qualquer propósito, o que não assegura ao usuário a qualidade e o desempenho do
programa, custos a serem arcados pelo comprador.
A Fundação para o Software Livre não fornece garantias quanto ao seu software e
não pode prometer que o software GNU está livre de bugs de qualquer tipo. Mas é
possível dizer que esses bugs são bem difíceis de ocorrer, pois existem poucas
razões para isso e a mais provável pode ser a versão, cuja listagem está disponível
no site com todas as versões disponíveis. www.gnu.org.
- 11 –
Módulo 3 – Regulamentação
Projetos em discussão
Enquanto a Lei Federal não entra em vigor totalmente – somente alguns estados,
como Paraná e Rio Grande do Sul já adotaram a Lei – , cabe ao poder executivo, que
é quem redige os editais, em todas as esferas, a opção de melhor custo/benefício e
socialmente mais responsável. E, nesse ponto, é fundamental a fiscalização da
sociedade e, no campo jurídico, a impugnação de editais dirigidos, que firam o
princípio da isonomia ou princípio de igualdade de todos perante a lei.
Críticas à legislação
- 13 –
O deputado federal Sérgio Miranda (PCdoB-MG) é um dos pioneiros na luta pela
implementação do Software Livre no Brasil. Ao lado do deputado Walter Pinheiro (PT-
BA), questionou a aplicação de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (Fust) para instalação de um sistema operacional de código
fechado em computadores de escolas públicas. Conseguiram aprovar uma medida
que prevê que as máquinas funcionem com dois aplicativos: o Windows, da Microsoft
e o Linux.
Para a Microsoft, não se tratava apenas de uma questão monetária, mas também de
domínio de mercado. A tática da Microsoft sempre foi incentivar a pirataria de seus
próprios programas. As pessoas tiveram acesso ao Windows e essa era única
realidade que elas conheciam. Depois, a empresa começou a cobrar e justamente
onde vende mais, ou seja, no setor público. Deputados acreditam que mesmo que
ela fosse a fornecedora do programa do FUST a preços muito baixos, depois ela
aumentaria o preço, devido ao monopólio que exerce.
Com o Linux, além da gratuidade, outra vantagem seria o fato de poder rodar em
máquinas mais defasadas, que é a realidade de boa parte das escolas públicas. Com
um bom servidor, é possível usar computadores mais antigos. Todos esperam que o
Brasil desponte na corrida pela difusão dos programas de código aberto. Entretanto,
nem sempre os projetos de lei são o caminho mais rápido para que isso aconteça. O
melhor dos mundos é que o Software Livre conquiste mais espaço na sociedade por
meio do convencimento e da demonstração, na prática, das vantagens que pode
oferecer.
Outras iniciativas
- 14 –
Ou seja, poderia engessar ainda mais o governo. Há quem defenda que possa ser
exatamente ao contrário – os órgãos e os técnicos teriam mais independência em
relação aos fornecedores de software, o que tornaria a manutenção dos sistemas
mais ágil e bem menos burocratizada.
Hoje, isso pode parecer uma afirmação um pouco fora da realidade. Mas talvez, em
pouco tempo, pode passar a ser vista como uma verdade óbvia pelas pessoas. O
Linux e outros softwares livres estão se difundindo rapidamente e, a cada dia, mais
pessoas estão interessadas em sua utilização e nos seus desdobramentos. .
Lei como a do vereador Waldemar Borges tem um mérito indiscutível de trazer esse
tema para a arena pública. O debate faz parte do jogo democrático e quem sai
ganhando é a sociedade. Existem muitos mitos sobre o Software Livre que têm de
ser desfeitos, como a “falta de suporte” e também muito a esclarecer sobre os
recursos disponíveis, como disponibilidade de ferramentas de desenvolvimento e
banco de dados.
Mas não devemos esquecer de que não há solução única e cada órgão tem de ter
liberdade para analisar a pertinência da adoção de Software Livre. Mas o
comprometimento da CIPSGA não é apenas com esse debate e sim com o incentivo
para a criação de uma comunidade livre de tecnologia no Brasil.
Creative Commons
Apesar disso, muitos autores e titulares de direitos não se importam que outras
pessoas tenham acesso aos seus trabalhos. Um músico, um videomaker ou uma
escritora podem desejar justamente o contrário: o amplo acesso às suas obras ou,
eventualmente, que seus trabalhos sejam reinterpretados, reconstruídos e recriados
por outras pessoas.
Assim, o Creative Commons gera instrumentos legais para que um autor ou titular
de direitos possa dizer ao mundo que ele não se opõe à utilização de sua obra, no
que diz respeito à distribuição, cópia e outros tipos de uso.
Existem diversas modalidades de licença, cada uma concedendo direitos e deveres
específicos. Há licenças que permitem a ampla divulgação da obra, mas vedam seu
uso comercial.
- 15 –
Outras permitem o aproveitamento da obra em outras obras. Há também licenças
que permitem a remixagem, colagem e outras formas criativas de reconstrução da
obra, permitindo uma enorme explosão de possibilidades criativas.
- 16 –
Módulo 4 – Produtos
Projeto Apache
Feitas as alterações no servidor até então usado, foi lançado o Servidor Apache
(versão 0.6.2), em abril de 1995. Durante o período de maio-junho do mesmo ano, o
grupo focou em implementar características novas para a versão 0.7.x do servidor
Apache, ao mesmo tempo em que a comunidade de usuários e colaboradores do
Apache crescia. Enquanto isso, Robert Thau, outro integrante do grupo, projetou
uma arquitetura de servidor nova, batizando-a de Shambhala, que possuía, entre
outras qualidades, uma melhor alocação de memória. De tão boa que era a
Shambhala, o grupo decidiu trocar a base do servidor pela do novo projeto e a
somou às características da versão 0.7.x do Apache, que resultou no Apache 0.8.8,
lançado em agosto.
- 18 –
Depois de vários aperfeiçoamentos, testes e uma documentação nova, feita por
David Robinson, o Apache 1.0 foi lançado em 1° de dezembro de 1995. Com isso,
menos de um ano depois, o Apache já era o servidor mais usado. Segundo a IDC,
em junho de 2006, o Apache estava presente em mais de 60% dos servidores da
internet. O concorrente mais próximo é o Internet Information Services (IIS), da
Microsoft, com 20% do mercado.
O Apache existe para oferecer uma implementação robusta do protocolo HTTP. Para
isso, é necessário que ele rode em plataformas de código-fonte aberto, onde pessoas
e empresas possam utilizar o software de acordo com suas necessidades e
pesquisas. Segundo o Grupo Apache, as ferramentas de publicação de sites deveriam
estar nas mãos de todos que necessitassem.
Assim, as desenvolvedoras de software ganhariam dinheiro provendo serviços
usando o Apache e apoiariam, dessa forma, o desenvolvimento contínuo do software.
Isso traria menos custos à empresa e ela usaria um software de grande qualidade e
impediria a indústria de software de controlar todos os protocolos existentes e
fazendo a internet depender delas.
Além disso, o Apache é desenvolvido por uma entidade colaborativa, onde quem
quer e pode ajudar, participa e usufrui dos benefícios de um software feito por
muitas pessoas e ajuda com suas ações no projeto. Esse tipo de comunidade só pode
existir se todos os participantes trabalharem por espontânea vontade. Se fosse algo
pago, cada um iria querer receber sua parte e isso geraria uma grande confusão. A
intenção do grupo é ver o Apache sendo usado amplamente, por meio de
companhias grandes, médias, pequenas; instituições de pesquisa, escolas,
indivíduos, em intranets, enfim, em todos lugares.
Os softwares livres podem ser divididos entre sistemas operacionais, como o Linux,
suíte de escritório para o usuário final (Open Office e o KOffice), editor de imagens,
(Gimp e o Gphoto), navegador de Internet (Mozilla, Firefox, Konqueror), e-mail
(KMail, Evolution, Thunderbird), multimídia (XMMS, Noatum, KDE Media Player),
banco de dados (MySQL, PostgreSQL), servidor de páginas web (Apache), ambiente
para gerenciamento de conteúdo (Zope), agente integrador de rede Windows e Unix
(Samba), gerenciamento remoto com criptografia (OpenSSH) e servidores (Proxy
server; DNS server; OpenLDAP, LDAP Server).
A maior parte pode ser usada da mesma forma que os sistemas proprietários, como
o navegador de Internet Firefox. Ele importa automaticamente seus favoritos do
Internet Explorer e permite ao usuário organizá-los, exportá-los ou manipulá-los de
forma extremamente intuitiva.
- 19 –
Outro destaque é o Wiki, uma ferramenta de gerência e desenvolvimento
colaborativo de conteúdo. A idéia do nome Wiki originou-se da palavra “wikiwiki”,
que significa “rápido-rapido” no idioma Havaiano. Segundo seus idealizadores, em
um ambiente wiki não existem chefes, apesar de ser normal o desenvolvimento
natural de lideranças (a não ser nos casos em que se reflete o funcionamento da
instituição em que o wiki é usado).
O Zope é outro bom exemplo desenhado para prover suporte dinâmico de conteúdo
da web, e baseia-se em um modelo orientado para objeto. É um pacote que combina
um sistema de gerenciamento de conteúdo com um servidor de web e um sistema
de modelos em um pacote. É comum encontrar o Zope colocado atrás do Apache,
em uma configuração multisservidor, onde o Apache serve conteúdo estático e atua
como acelerador baseado em cache para as partes do site geridas pelo Zope.
Ferramentas de proteção
O Anomy Sanitizer é um conjunto de filtros que permite procurar por vírus nas
mensagens de e-mail, desabilitar códigos HTML e Javascript potencialmente
perigosos, bloquear ou remover anexos baseado em seus nomes de arquivo. Dessa
forma, você não precisa receber, por exemplo, visual basic scripts, e também não
precisa se preocupar com o risco de receber esse tipo de arquivo.
- 20 –
É fácil de instalar e suporta uma grande quantidade de servidores de e-mail, Postfix,
Sendmail, Exim, Qmail, Zmailler e diversos antivírus: Sophos, MacAfee, F-Prot, F-
Secure, DrWeb, ClamAV, BitDefender, RAV, Panda e pode ser integrado em qualquer
sistema de e-mail.
Um exemplo de software livre que pode atuar como uma solução de antivírus para
servidores de correio eletrônico, é o Clamav Antivírus
(http://clamav.sourceforge.net). No entanto, é possível garantir que os arquivos
executáveis possam ser instalados apenas pelo sistema administrador, por meio da
configuração dos sistemas de arquivos, tanto nos servidores quanto nas estações de
trabalho.
- 21 –
Módulo 5 – Aplicações
Segundo estudo realizado com as 100 empresas que mais investem em tecnologia da
informação no Brasil, em 2004 o Linux foi adotado por 64% delas. O que aponta um
salto de 12% em relação ao levantamento anterior.
Um exemplo é o que aconteceu com a IBM, que no ano 2000 tomou conhecimento
de três fatos. Primeiro: ela não tinha uma solução Unix muito boa em
preço/performance. Isso estava fazendo com que concorrentes, entre eles a Sun,
levassem clientes embora. Segundo: eles tinham servidores baratos, poderosos,
baseados em hardware Intel, que poderiam reverter o quadro, se, ao menos, a IBM
tivesse um sistema operacional Unix-like para colocar neles. Terceiro: eles
dependiam da Microsoft para fornecer o único sistema operacional disponível para
toda a linha de servidores Intel. Isto é, eles dependiam da mesma empresa que era
parceira no desenvolvimento do OS/2 e que lançou um produto, o Windows 3, para
concorrer justamente com o OS/2.
- 22 –
Aplicações críticas
Nas palavras da IBM em 2000, o Linux não estava bom o bastante para aplicações
críticas. Foi quando eles decidiram que, em vez de portar novamente o AIX para
Intel, investiriam recursos para tornar o Linux “enterprise-ready”. Trocando em
miúdos, a IBM achou que o mercado de sistemas operacionais proprietários para PCs
estava morto (a Microsoft consome todos os recursos desse “ecossistema”) e que
não valeria a pena investir num AIX/x86 quando, por menos dinheiro, eles poderiam
ajudar a deixar o Linux capaz de atender às demandas dos clientes.
Brigas judiciais à parte, pois há quem pense que a IBM se apropriou do código e
usou “métodos proprietários” para colocar no Linux, a Big Blue fez várias
contribuições de código para o kernel e drivers do Linux em áreas importantes. Entre
elas, a de escrita em discos e suporte a multiprocessamento com acesso não-
uniforme à memória (que tinha sido desenvolvido por uma empresa que a IBM
comprou, a Sequent, especializada em computadores com dúzias de processadores).
A IBM também fez e bancou vários estudos sobre como o uso de servidores Intel
rodando Linux era economicamente vantajoso em relação ao emprego de máquinas
RISC, rodando versões proprietárias de Unix (inclusive os pSeries da própria IBM).
Debaixo da mesma bandeira, favoreceu o desenvolvimento de versões do Linux para
seus mainframes.
Resumindo: ao investir junto com outras empresas no desenvolvimento do Linux, a
IBM conseguiu várias vitórias importantes. Ela agora tem uma linha de servidores
Linux de baixo custo, competindo com enormes vantagens com soluções RISC dos
seus concorrentes e mesmo com servidores baseados em Windows.
- 23 –
Atualmente, a HP vende os equipamentos HP/UX sobre Itanium aos seus clientes
HP/UX tradicionais, vende máquinas Itanium rodando Windows para seus clientes
Windows e vende máquinas Itanium rodando Linux para os clientes que preferem
Linux. E, claro, vendem máquinas Intel também.
Outro caso bem interessante é o do Metrô de São Paulo, que já tinha trocado um
sistema de e-mail corporativo baseado em mainframe por um construído com
software livre, quando decidiu economizar dinheiro usando StarOffice (naquela época
a Sun não cobrava por ele) em vez do Microsoft Office.
Eles tinham dois problemas: o primeiro deles era que não existia documentação,
material didático ou tutoriais em português para o produto. Para resolver essa
questão, o Metrô contratou uma empresa para ajudar na preparação da
documentação e dos treinamentos. O segundo problema era o do idioma. Existia
uma versão do StarOffice/OpenOffice em português, mas era o de Portugal. A
solução, no entanto, não veio do Metrô. Um engenheiro químico decidiu coordenar a
tradução do OpenOffice, que acabou, inclusive, sendo concluída antes que a Sun
conseguisse lançar o StarOffice 6 em português.
Por fim, mesmo investindo dinheiro para modificar e complementar uma oferta
existente, a economia feita em licenças não compradas de Microsoft Office mais do
que cobriu os investimentos no produto livre. Pode não ser muito vantajoso se você
tem um escritório com cinco pessoas, mas para eles, com mais de 1000 desktops por
toda a companhia, a decisão foi acertadíssima.
- 24 –
O segundo argumento é o da segurança. Como saber se um software é seguro se
não temos acesso ao seu código-fonte? Programas com código aberto baseiam-se no
princípio da transparência e permitem auditoria plena. Possibilitam a retirada de
rotinas duvidosas, falhas graves ou mesmo backdoors (forma de deixar no programa
um caminho de invasão sem despertar a desconfiança do usuário) e, como
conseqüência direta, mais segurança.
Evidentemente, a opção pelo Software Livre não significa que, a partir de agora,
todos os softwares proprietários serão retirados dos computadores do governo.
Serão necessários estudos de viabilidade e políticas de migração para os casos em
que software livre for a melhor opção. Vale destacar também que optar pelo padrão
livre não significa apenas usá-lo, mas também incentivar o seu desenvolvimento.
Nesse sentido, seria muito salutar a criação de uma espécie de Projeto Software
Livre Brasil, com o objetivo de centralizar iniciativas globais e auxiliar os diversos
órgãos de TI do governo.
- 25 –
Algumas áreas em que já existem projetos de softwares livres:
- 26 –
Módulo 6 – O impacto do software livre
Revolução pode ser definida como uma mudança fundamental e repentina. Nos
últimos anos, temos visto resultados de algumas delas, mas é sempre difícil prever o
impacto da próxima. As revoluções normalmente trazem uma onda de mudanças e
inovações. O PC se tornou comum no final da década de 80, estendendo o acesso à
computação a todos os profissionais no ambiente de trabalho. A competição acirrada
entre os fabricantes e a consolidação de padrões de hardware, software e protocolos
de comunicação permitiram que o computador ficasse mais acessível.
Alguns anos atrás, o uso da Internet popularizou-se e gerou demanda explosiva por
computadores para uso doméstico. Os volumes gerados pelo mercado de consumo
acentuaram ainda mais a queda de preço, também observada em servidores para
aplicações profissionais, já que esses compartilham muitos dos módulos e
componentes com os computadores de uso doméstico. A vantagem de custo que o
hardware especializado tinha em relação a servidores de uso geral está
desaparecendo. Componentes e módulos de hardware padrão estão se tornando tão
baratos que inviabilizam o projeto de hardware proprietário. Essa tendência está
chegando a um ponto em que, com outro catalisador, é capaz de gerar uma
mudança de paradigma.
- 27 –
O Brasil no contexto do software livre
Existem alguns mitos que não se confirmam se compararmos o Brasil com os demais
países. Por exemplo, o perfil dos desenvolvedores brasileiros é muito semelhante ao
dos europeus, que é bastante profissionalizado, tendo a predominância de pessoal
qualificado. Entre as empresas desenvolvedoras, destacam-se as que já
desenvolviam software proprietário e que estão adotando o modelo por exigência do
mercado e multinacionais que têm nesse modelo uma forma de ampliar sua
participação.
Entre as principais motivações do uso do software livre no Brasil estão as financeiras
e as tecnológicas. Enquanto empresas e usuários individuais são motivados por
questões técnicas e econômicas, desenvolvedores individuais o são por questões de
capacitação (aprendizado) e empregabilidade. Quanto aos usuários, há predomínio
de grandes organizações (64% têm faturamento superior a R$ 1 milhão ao ano e
65% mais de 99 funcionários), com destaque para os setores de tecnologias da
informação e comunicação, governo, comércio e educação. Suas principais
motivações são econômicas (diminuição de custos) e técnicas (desenvolvimento de
novas habilidades).
- 28 –
O software livre não acaba com os regimes proprietários, mas afeta especificamente
os que combinam baixa especificidade de aplicação (programas mais genéricos,
normalmente comercializados como pacotes) com alta apropriabilidade (manutenção
do código-fonte fechado). Em paralelo, o código aberto traz novos rumos para velhas
trajetórias e novas trajetórias dentro de uma mesma tecnologia.
Muito antes do setor público ficar mais atento à questão de software aberto, grandes
atores no mercado de software estavam reorientando as suas estratégias de
negócios para ocupar um espaço maior em um mercado cada vez mais competitivo.
Um exemplo interessante é a IBM, que no passado tentou impor padrões próprios e
sofreu diversos reveses econômicos em função dessa estratégia. Um documento
bastante vasto, intitulado “Exploring Open Software Standards for Enterprise e-
Business Computing: An IT Manager’s Guide”, em que não cita nenhum de seus
produtos proprietários, evidencia claramente tal reposicionamento.
- 29 –
Motivações para o crescimento
Nos Estados Unidos, a cidade de Largo, na Flórida, emprega uma solução totalmente
baseada em sistemas Unix e terminais, com impacto significativo na questão
financeira e em produtividade.
Por outro lado, existem alguns fatores a serem considerados. Sistemas GNU/Linux
contêm, além do sistema operacional, milhares de outros aplicativos com as mais
diversas funcionalidades.
- 30 –
A variante comercializada pela empresa Conectiva, sediada em Curitiba, denominada
Conectiva Linux versão 7.0, exibe, após a instalação completa, 2.287 aplicativos. Em
funcionalidade básica, os aplicativos de ambientes GNU/Linux respondem
satisfatoriamente às necessidades mais comuns.
- 31 –
Módulo 7 – Desafios
Os entraves que o Software Livre tem de enfrentar e superar vai muito além de
oferecer soluções confiáveis, seguras e robustas, que propiciem boa performance,
disponibilidade e economia. É preciso superar monopólios já sólidos e, mais do que
isso, trabalhar para uma mudança cultural imposta pelas grandes corporações.
Mas, na prática, pouco ou quase nada dessa receita incremental se transfere para a
lucratividade, porque todo aumento de receita decorrente do maior volume de
vendas acaba sendo absorvido pelos seus próprios custos. O modelo de software
livre vai transformar a indústria de software, mas não de maneira uniforme.
Conviveremos sob ambos os modelos, softwares livres e proprietários, e que cabe à
indústria e aos usuários extrair o melhor das alternativas disponíveis.
- 32 –
A primeira delas se dá quando a empresa entende que determinados softwares do
seu portfólio estão caminhando para um rápido processo de commoditização
(reduzido ao nível de mercadoria comum) e não seria mais justificável manter
custosas equipes de desenvolvimento e manutenção, pois o investimento não teria
retorno do mercado.
Em todas as esferas, seja pública ou privada, uma das maiores barreiras para o uso
do software livre ainda é cultural. O desconhecimento dos aplicativos existentes em
software livre e as suas potencialidades, além do hábito de utilizar os programas já
conhecidos podem levar a uma resistência à mudança. Portanto, não bastam
investimentos nas tecnologias, é preciso uma capacitação para essa mudança.
Com intuito de superar esse entrave, o governo já está tomando providências com
eventos de capacitação dos servidores públicos. Em 2006, em Brasília, ocorreu a
Semana de Capacitação em Software Livre, que contou com a participação de mais
de 5 mil servidores de 124 instituições municipais, estaduais e federais distribuídos
em 98 cursos. O investimento de R$ 300 mil teve como objetivo principal capacitar
os servidores para implementar e gerenciar, em suas instituições, plataformas e
aplicativos baseados em códigos abertos.
- 33 –
Os cursos foram divididos em eixos temáticos como gestão e suporte em software
livre, bases de dados, infra-estrutura e desenvolvimento de software. Os servidores
capacitados nesses cursos devem servir como multiplicadores da proposta em suas
instituições de origem. Uma proposta que tem como foco a busca pela inserção da
discussão sobre a importância e benefícios do software livre nos diferentes níveis do
governo. Essa inserção é considerada pelos organizadores como um dos grandes
desafios do governo Federal para a mudança dos órgãos públicos em todo o Brasil.
Não existem, entretanto, incentivos financeiros para a adoção desse novo modelo.
A mudança cultural para a utilização do software livre passa, ainda, por outro
espaço: a escola. O ensino de informática em escolas é, atualmente, baseado no uso
de sistemas e programas proprietários. Nesse modelo vigente, os alunos não
aprendem informática, mas sim a utilização de um produto específico. No ensino de
informática baseado em software livre, os alunos devem aprender os conceitos
envolvidos em um editor de textos ou de planilhas, por exemplo.
Criado em 1997, o ProInfo não tinha como um de seus objetivos o uso de software
livre. Isso se refletiu, de certa forma, em obstáculos visualizados por professores na
avaliação do programa em 2002: a falta de licenças de softwares foi considerada um
grande problema para o desenvolvimento das atividades nos laboratórios de
informática montados. Um obstáculo que não existiria caso o software livre fosse
adotado. Segundo dados do Departamento de Informática na Educação a Distância
do Ministério da Educação, de 1997 a 2002, o ProInfo equipou mais de 4 mil escolas
com cerca de 54 mil computadores, um investimento de R$ 207 milhões entre
aquisição de equipamentos e softwares e capacitação de professores.
- 34 –
Entre outras instituições contempladas, está prevista a instalação de computadores
em 185 mil escolas e 300 mil pontos de conexão para internet em escolas e
bibliotecas públicas. Dessa vez, a compra de softwares proprietários não está
incluída.
Como o software livre não é obrigatoriamente gratuito e uma vez adquirido o usuário
tem o direito de copiá-lo e distribuí-lo para quem quiser, as empresas que não têm o
software como atividade principal, como a americana IBM e a Cyclades,
multinacional criada por brasileiros, estão conseguindo prosperar com o software
livre. O problema são aquelas que têm no software sua atividade principal.
O que conta muito em favor do Linux é a convicção dos seus defensores, pois não é
fácil competir com os milhares parceiros certificados que a Microsoft tem no Brasil.
- 35 –
Além de sua dominação de 95% do mercado de sistemas operacionais para
computadores de mesa, a maior empresa de software do mundo usa a organização
descentralizada da comunidade de software livre como um dos argumentos a favor
do Windows e do Microsoft Office.
Um grande desafio para o futuro do software livre vem da tendência das empresas
de distribuição do Linux adicionarem software não-livre ao GNU/Linux, em nome da
conveniência e do poder. Todos os maiores desenvolvedores de distribuição fazem
isso. Só a Red Hat oferece um CD completamente livre, mas nenhuma loja o vende;
as outras empresas nem mesmo produzem tal produto. A maioria não identifica
claramente os pacotes não-livres em suas distribuições; muitas até mesmo
desenvolvem software não-livre e o adicionam ao sistema.
- 36 –
Devemos salientar que nem sempre a melhor saída é o software livre, existem
algumas áreas de aplicação para as quais alternativas gratuitas ainda não têm
“maturidade” suficiente para competir com softwares comerciais. É claro que o
contrário também é verdadeiro: existem situações em que o software livre se
comporta melhor do que o software comercial, ou seja, são mais robustos, flexíveis e
gerenciam melhor aplicações críticas, como no caso dos “web servers”. No caso de
aplicações para fins didáticos e disseminação de conhecimentos, a utilização desses
softwares deve ser profundamente incentivada, uma vez que eles são de fácil acesso
(todos os meses há uma distribuição na banca de jornais mais próxima) e isentos de
licenças comerciais.
- 37 –
Módulo 8 – Tendências
As grandes empresas estão usando software livre por motivos que vão desde a
redução de custos de software e hardware até as facilidades que os sistemas
oferecem de atualização, modificação e customização.
O software livre vem se mantendo como o tema do momento ao longo dos últimos
anos. O assunto vem ganhando força desde que o Governo Federal começou a dar
sinais de que essa seria uma de suas prioridades no campo tecnológico. Da
alternativa de ausência de custo de licenciamento como vantagem competitiva, até a
liberdade de adaptar o programa conforme as reais necessidades, passando pela
menor dependência de softwares com “código fechado”, as polêmicas aumentam
quase na mesma proporção da fatia de mercado desses produtos – algumas
estimativas apontam para um crescimento acima de 20% ao ano nas vendas de
servidores Linux, por exemplo.
As grandes empresas estão usando software livre por motivos que transitam da
redução de custos de software e hardware (a necessidade de atualização e reposição
de hardware é menor com software livre) às facilidades que os sistemas oferecem de
atualização, modificação e customização. De outro lado, as companhias do setor de
informática, especialmente as que desenvolvem software e serviços relacionados,
estão cada vez mais usufruindo das vantagens econômicas de participar de amplas
redes de desenvolvimento, nas quais muitos profissionais se integram a projetos,
reduzindo prazos e ampliando as bases de competências.
- 38 –
Empresas como Carrefour, Embrapa, Itaú, Metrô SP, Petrobras, Pão de Açúcar, Varig
e Wall Mart estão entre os casos bem-sucedidos de utilização de SL/CA,
especialmente em infra-estrutura (sistema operacional, servidores web etc) e
equipamentos dedicados (PDVs e ATMs).
Não obstante este fato, o Brasil tem sido pioneiro no sentido de tentar criar
legislação favorecendo o uso de software livre em preferência ao software
proprietário. A cidade do Recife foi a primeira no mundo a aprovar legislação nesse
sentido, restringindo a compra de software proprietário apenas a situações em que
não existam similares livres. Essa decisão é tomada por um conselho integrado por
diversos setores da sociedade.
Cenário Mundial
- 39 –
A União Européia solicitou recomendações ao grupo de trabalho sobre software livre,
o qual no último ano levantou a possibilidade de que seja adotada pela União
Européia “sempre que possível”, mas não chegou a implementar de fato essa
recomendação. Na Espanha, o parlamento das Ilhas Canárias recentemente aprovou
uma resolução multipartidária recomendando o uso de software livre pelo governo.
Na Ásia, diversos governos têm agido de forma diversa, não propondo legislação
específica, porém tomando medidas visando reduzir o uso de software proprietário.
Na Coréia do Sul, em 1997, as universidades públicas, em dificuldades devido à
diminuição em seu orçamento, se viram impossibilitadas de adquirir softwares. Em
resposta a essas restrições, o Ministério da Informação e Comunicação implementou
programas de treinamento para administração de sistemas em GNU/Linux. Na Índia,
o estado de Tamil Nadu decidiu que a partir de 2007, todos os projetos de TI serão
desenvolvidos como software livre, tendo em vista fatores como o menor custo do
sistema, facilidade de operação e segurança. O Estado migrou todos os sistemas da
Microsoft que rodavam nos servidores e desktops por software livre, incluindo Linux.
Indicadores mundiais
- 40 –
Sistemas GNU/Linux ocupam também a primeira posição como hospedeiros de
serviços web, também conduzido pela empresa NetCraft. Na Europa e em sítios
educacionais, segundo dados de uma iniciativa denominada “The Internet Operating
System Counter”, a liderança de emprego de GNU/Linux é incontestável.
Tendências de Mercado
Quanto ao mercado potencial, além do governo já ter estabelecido sua política para o
uso de software livre, 21% das empresas pensam em adotá-lo nos próximos anos,
principalmente em desktop corporativos. O sistema já está presente em 41% das
empresas em alguma aplicação, seja em firewalls, roteadores ou servidores , o que
traz aumento da demanda por capacitação, manutenção e adaptação, além dos
serviços de migração de código para outras linguagens para tornar um sistema
utilizável em Linux.
- 41 –