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Universidade Estadual da Bahia

Departamento de Ciências Humanas


Faculdade de Administração

Tempos de Crise
A atual Crise Financeira

Aline Barreto dos Santos


Allan Ribeiro Gama
Cláudia Viana de Oliva
Hugo Wiering Pinto Telles
Marluce dos Reis Santos
Rafael Brasil Inah de Almeida

Salvador, Janeiro de 2009


Universidade Estadual da Bahia

Departamento de Ciências Humanas


Faculdade de Administração

Tempos de Crise
A atual Crise Financeira

O presente trabalho preenche um


requisito de avaliação da disciplina
Teoria Econômica I ministrada pelo
docente Raimundo Sanches

Salvador, Janeiro de 2009


Tempos de Crise
Trilhões de dólares já foram oferecidos ao mercado, mas a crise não se dissipa.

Oriunda do Latim, o termo crise tem a para o estouro da bolha, a qual acarretou,
mesma equivalência da palavra vento. em cinco dias, uma queda de 10% na
Indica, assim, um estágio de alternância, bolsa de tecnologia dos EUA, a Nasdaq,
do qual uma vez transcorrido diferencia- forçando a revisão de regulamentações do
se do que costumava ser. A crise pode ser mercado e a reorganização das empresas.
definida como uma fase de perda, um
momento de substituições rápidas ou
ainda como uma ocasião de crescimento,
quando esta é vivida de forma a favorecer
o desenvolvimento. Em 2008 foi possível
observar a instalação de mais uma crise
na história da economia financeira
internacional: a crise econômica de 2008. Por meio de uma política de taxas de juros

Esta crise originou-se em 2001, quando se muito baixas e de redução das despesas

estreou uma onda de investimentos para o financeiras, foram induzidos os

setor imobiliário, estimulado por Allan intermediários financeiros e imobiliários a

Greenspan, presidente da Reserva Federal incitar uma clientela de consumidores e

Americana (Federal Reserve - Fed). A empresas, cada vez maior, a investir em

intenção era proteger investidores após o imóveis. Criou-se, então, o sistema das

“estouro da bolha da internet”, em março hipotecas subprime,.uma espécie de

de 2000, quando foi possível perceber o empréstimos hipotecários de alto risco e

fim súbito da crescente trajetória das de taxa variável concedidos às famílias

empresas de internet iniciada em 1995. O sem condições de comprovar renda,

crescimento do setor levou as ações das emprego ou patrimônio. Em 2005, o

empresas “pontocom” a altas “boom” no mercado imobiliário já estava

sensacionais, atingindo um valor de avançado, comprar uma casa (ou mais de

mercado bem superior ao verdadeiro. uma) tornou-se um bom negócio, não só

Economistas afirmam que balanços pra quem queria adquirir a casa própria,

maquiados dessas empresas contribuíram mas também para quem procurava em que
investir. Cresceu também a procura por
novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro tornaram impossíveis de ser negociado a
do financiamento para quitar dívidas e qualquer preço, o que desencadeou um
consumir. Vendo a promessa de altos efeito dominó, fazendo balançar o sistema
retornos, gestores de fundos e bancos bancário internacional a partir de agosto
criaram instrumentos para transformar de 2007.
essas hipotecas em títulos livremente
negociados, os quais passaram a ser O temor de novos calotes fez o crédito
vendidos para outros bancos, instituições sofrer uma desaceleração expressiva no
financeiras, companhias de seguros e país como um todo. Em 2008, sem oferta
fundos de pensão por todo o mundo. Com suficiente de crédito, a economia dos
crédito em mãos, a população saiu às EUA desaqueceu. Há mais de dois
compras em um consumo acelerado em trimestres em queda no percentual do PIB
vários setores da economia. O aumento da (RECESSÃO) e com menos liquidez, os
demanda, entretanto, gerou uma elevação consumidores americanos passaram a
constante e generalizada dos preços comprar menos, acarretando em menos
(INFLAÇÃO), a qual em sua forma mais lucratividade nas empresas e, por fim, alto
extrema poderia levar à índice de desemprego. Apesar dessa
HIPERINFLAÇÃO, elevando os preços queda expressiva na atividade econômica,
tão depressa que as pessoas procurariam não houve aumento significativo da
gastar o dinheiro o mais rápido possível. inflação o que caracterizaria uma
A fim de evitar que isso ocorresse, o Fed ESTAGFLAÇÃO. Segundo economistas,
em 2005 aumentou a taxa de juros para os EUA estão no 11° mês da recessão. A
tentar reduzir a inflação (POLÍTICA produção industrial sofreu queda de 1,8%
MONETÁRIA), desequilibrando o no conjunto do ano, frente à uma
sistema. Os juros encareceram o crédito e diminuição de 1,7% registrada em 2007
afastaram compradores, com isso, a oferta (pior dado desde 2001, com queda de
começou a superar a demanda e, desde 3,4%, ano em que os EUA sofreram uma
então, o que se viu foi um espiral recessão de nove meses). “A produção
descendente no valor dos imóveis que, das fábricas caiu 2,3%, liderada por uma
após atingir o pico em 2006, caiu tanto queda de 7,2% na fabricação de veículos
que se tornou impossível seu automotores e acessórios. A indústria de
refinanciamento para os clientes, os quais bens duráveis, que inclui automóveis,
se tornaram inadimplentes em massa. Do móveis e artigos eletrônicos, diminui em
mesmo modo, os títulos derivativos se dezembro 4,7%. Quanto as empresas de
serviços públicos, elas tiveram queda de diversos países, bem como declínio na
0,1%, após terem subido 1% em produção industrial, preços de ações e em
novembro. No que se refere a produção praticamente todo medidor de atividade
mineira e energética, que inclui as econômica em diversos países no mundo.
plataformas de perfuração de petróleo, ela
caiu 1,6%, ao contrário do aumento de Em 17 de maio de 1930, o governo dos
2,2% experimentado do mês anterior. O EUA aprovou uma lei, o Ato Tarifário
uso da capacidade das plantas de Smoot-Hawley, que aumentava as tarifas
produção caiu dos 75,2% em novembro alfandegárias em cerca de vinte mil itens
para 73,6% e foi 7,4 pontos percentuais não-perecíveis estrangeiros (POLÍTICA
menor do que a média registrada entre COMERCIAL), supondo que as
1972 e 2007.”1 concorrências dos produtos estrangeiros
no país iriam reduzir. “Porém, outros
As medidas tomadas pelo governo dos países reagiram à aprovação de leis e atos
EUA, como a aprovação do plano de semelhantes, causando, ao contrário do
ajuda em US$ 700 bilhões pelo congresso esperado, uma queda repentina nas
para rebater essa crise e combater a exportações americanas, elevando a taxa
contínua quebra das instituições de desemprego ao ápice de 25%, na qual
financeiras, são essenciais para evitar que cerca de 30% dos trabalhadores que
o país reviva o momento financeiro continuaram em seus empregos aceitaram
iniciado em 1929, que persistiu ao longo a redução dos seus salários. Outro
da década de 1930, terminando apenas problema enfrentado foi a grande queda
com a Segunda Guerra Mundial. A de preço dos produtos e o custo de vida
economia no período teve um em geral (DEFLAÇÃO).” 2
aprofundamento bastante considerável
diante de um quadro recessivo já Em momentos de crise há variadas
instaurado (DEPRESSÃO), sendo medidas que podem ser tomadas para que
considerado o pior e o mais longo período a economia retome à suas condições
de recessão econômica do século XX. normais de funcionamento. Há
Este momento de depressão econômica, economistas que acreditam que o excesso
chamado de “A Grande Depressão” ou da moeda e/ou demanda causa a inflação,
“Crise de 29”, causou altas taxas de e que esta pode chegar ao fim a partir do
desemprego, quedas drásticas do PIB de acerto das contas públicas e do controle
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Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo Fonte: http://pt.wikipedia.org
monetário (ORTODOXOS). Para isto, empresas hipotecárias americanas, a
utilizam-se de instrumentos de política Fannie Mae e a Freddie Mac. Por serem
monetária com intuito de retirar moeda de consideradas pelo secretário do Tesouro
circulação e aumentar as taxas de juros dos EUA tão importantes
altas para frear a demanda (ÂNCORA financeiramente, receberam uma ajuda de
MONETÁRIA). Contrariando a visão até US$ 200 bilhões. Essas empresas
acima, certos economistas colocam em possuem quase a metade dos US$ 12
questão a necessidade da intervenção do trilhões em empréstimos para a habitação
Estado para ajudar a salvar a economia do nos EUA, concentrando a maior parte do
colapso econômico, posicionando-o como setor imobiliário (OLIGOPÓLIO). .
elemento regulador e impulsionador do
sistema (HETERODOXOS), o que pode Diante de um número cada vez maior de
ser observado de forma notória através do aprovação de pacotes de empréstimos pra
esforço empreendido pelos governantes estimular a economia, os EUA encerrou o
dos EUA no contexto atual. No momento, ano fiscal de 2008 com déficit recorde em
o governo está interferindo diretamente na US$ 455 bilhões e a tendência de um
formação da renda, tal como pode ser rombo maior para o próximo ano. Desse
exemplificado na medida de modo o grande desafio do governo será
congelamento dos salários de alguns balancear, de um lado, o aumento dos
cargos do Estado, conforme anunciado gastos públicos e, do outro, a renúncia
por Obama no seu primeiro fiscal, até então indispensável para
pronunciamento como presidente dos aquecer a economia. Tal renúncia já é
EUA. Tal medida faz parte de uma vista através dos cortes de impostos em
POLÍTICA DE RENDA que, por atingir US$ 275 bilhões, aprovados no mês de
somente cerca de 100 funcionários, ainda setembro de 2008 pelo Comitê de
não é uma decisão tão relevante diante do Procedimento dos EUA para questões
cenário atual. fiscais e de comércio (POLÍTICA
FISCAL).
No que se refere à liquidez, o governo
tem tomado posições mais atuantes, já Devido à crise gerada nos EUA, países
que a crescente onda de falências de como o Brasil aumentaram a DÍVIDA
grandes organizações acarretaria em INTERNA, pois estes tiveram os déficits
graves impactos sociais e econômicos. na sua balança comercial acentuados, o
Caso recente ocorreu com as duas maiores que incide na necessidade de atração de
capital estrangeiro para investimentos na  Revista Época, n. 555, Editora Globo.
infra-estrutura do próprio país, para tanto,  Revista Exame, edição 929, ANO 42, n.
são ofertados títulos públicos de curto 20, Editora Abril.
prazo com juros altos, que poderão ser
pagos em moeda nacional.

Enfim, a atual crise financeira, que atingiu


os mercados, coloca em prova o ideário
que produziu a transformação da
economia para o modelo neoliberal
adotado atualmente. Mas isso não
provoca, automaticamente, uma mudança
na forma de capitalismo vivida hoje pelo
mundo. De acordo com as características
explicitadas sobre o neoliberalismo, pode-
se dizer que ele falhou pelo excesso de
liberdade dada ao mercado. Para muitos
analistas, a teoria de alto-regulação dos
mercados naufragou. Os EUA apostaram
demais na autonomia dos seus mercados e
a atual crise veio pra responder que o
liberalismo econômico tem limites, e que
a participação dos governos ainda é um
instrumento importante no funcionamento
do sistema mundial.

Referências Bibliográficas:

 Revista Carta Capital, ANO XV, n. 517.

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