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CLIPPING

VEÍCULO
: PORTAL DOS EQUIPAMENTOS
LOCAL :
SÃO PAULO/SP
DATA :
19/02/2018

https://www.portaldosequipamentos.com.br/equipanews/cont/m/saiba-como-
garantir-a-seguranca-na-operacao-de-guindastes_16935_38

Saiba como garantir a segurança na


operação de guindastes
O controle de riscos inerentes ao funcionamento desses equipamentos deve ser
minucioso, de modo a evitar acidentes graves decorrentes de tombamento de
máquina, queda de objetos entre outros

Texto: Juliana Nakamura

OS PONTOS PRINCIPAIS PARA O PLANEJAMENTO DE MOVIMENTAÇÃO DOS GUINDASTES SÃO: EQUIPAMENTOS,


PESSOAS E PROCEDIMENTOS (FOTO: OLEG TOTSKYI / SHUTTERSTOCK)

Robustos e com alta capacidade para transportar cargas pesadas, os guindastes são utilizados
para içamento e movimentação de insumos e peças pré-fabricadas a alturas e distâncias elevadas.
Operar esses equipamentos, no entanto, requer planejamento apurado, dimensionamento
criterioso, estrita obediência às normas e regulamentações existentes, bem como o envolvimento
de profissionais qualificados.
Tudo isso porque, nas operações de movimentação de carga, os riscos estão sempre presentes e
não é possível eliminá-los. “A saída é se antecipar aos problemas e tomar ações que
garantam níveis aceitáveis de segurança”, afirma Carlos Gabos, líder da Área de Movimentação
de Carga e Pessoas da Odebrecht Infraestrutura.

OPERAÇÃO DE RISCO
Entre os maiores perigos que envolvem a operação com guindastes destaca-se o tombamento da
máquina, que pode ser consequência de falha no processo de estabilização do equipamento por
imprudência/negligência ou imperícia. Ricardo Sávio Marques Mendes, instrutor do Instituto Opus
de Capacitação Profissional, explica que o tombamento também pode ser resultado da abertura
desigual dos estágios dos estabilizadores. Podem acontecer, ainda, problemas de afundamento
do guindaste ocasionados por falhas no dimensionamento da resistência do terreno ou por
sobrecargas não calculadas.

A saída é se antecipar aos problemas e tomar ações que garantam níveis


aceitáveis de segurança
Carlos Gabo
Outro risco constante é a quebra da lançaocasionada por sobrecarga e pelo uso incorreto dos
recursos da máquina. Sávio conta que a maioria dos guindastes apresenta limitador de momento
de carga (LMI) que informa, alerta, limita e bloqueia os movimentos da lança do guindaste,
justamente para garantir segurança à operação. “Mas uma chave bipasse pode permitir que o
guindaste seja operado sem esse recurso, ocasionando sobrecarga na lança e sua ruptura”, alerta
o instrutor do Instituto Opus.

QUEDAS E CHOQUES
O plano para garantir a segurança na operação de guindastes deve minimizar eventuais problemas
causados pela queda de objetos. Nesse ponto, é fundamental contar com o apoio de profissionais
com domínio de técnicas de amarração de carga, incluindo o conhecimento em manuseio de
tabela de acessórios e princípios básicos de física e matemática. “Uma carga em desequilíbrio
ocasiona movimentos que podem causar esmagamentos de membros na etapa de amarração. Já
um acessório de içamento usado de forma incorreta pode ocasionar a queda da carga”, salienta
Sávio.
A ocorrência de choque elétrico é outro perigo que deve ser afastado. Para tanto, é fundamental o
conhecimento das distâncias seguras para trabalho de guindaste. “Nenhuma parte do equipamento
ou da carga pode estar em ‘zona proibida’ em torno de uma linha energizada”, diz Sávio, lembrando
que, diante de certas condições meteorológicas, tais como neblina, fumaça e chuva, pode ser
preciso aumentar essa distância.

COMO DEVE SER O PLANEJAMENTO?


Toda e qualquer operação com guindastes deve ser planejada. Em casos muito simples, um
formulário com informações sobre valores de carga, configuração do guindaste, capacidade
informada na tabela e acessórios pode ser suficiente. Mas em situações mais complexas, o
planejamento deve ser acompanhado de um plano de rigging onde são previstos todos os
movimentos dos guindastes, suas configurações, detalhes de amarração e folgas operacionais.

Uma carga em desequilíbrio ocasiona movimentos que podem causar


esmagamentos de membros na etapa de amarração. Já um acessório de
içamento usado de forma incorreta pode ocasionar a queda da carga
Ricardo Sávio Marques Mendes
Segundo Carlos Gabos, o planejamento da movimentação de guindastes deve focar três pontos
prioritariamente:
1. Equipamentos – Os equipamentos têm capacidade adequada para a operação? Eles estão em
condições seguras de operação, foram inspecionados e testados? Existe um responsável técnico
legalmente habilitado?
2. Pessoas – Elas estão aptas a operar os equipamentos? A experiência dos colaboradores está
de acordo com o nível de dificuldade da operação? As pessoas são certificadas?
3. Procedimentos – Eles estão bem definidos e cobrem todos os pontos da operação? Os
colaboradores têm conhecimento e aplicam esses procedimentos?

QUALIFICAÇÃO DOS OPERADORES


Além do planejamento, uma operação segura de movimentação de cargas não pode prescindir de
profissionais com aptidão, saúde avaliada através de exames médicos conforme programa de
controle médico de saúde ocupacional (PCMSO), capacitado em curso ministrado por profissionais
com proficiência no assunto. Segundo Sávio, tal formação deve englobar, no mínimo:
• Conhecimento da máquina e suas inovações tecnológicas
• Riscos e medidas de prevenção na operação de guindaste
• Princípios da física aplicados ao guindaste
• Técnica de amarração de cargas
• Estudo do manual do fabricante
• Estudo sobre as tabelas de cargas
• Estudo da influência do vento na operação de guindaste com carga
• Sinalização manual e via rádio
• Interpretação de plano de rigging
• Prática operacional com operações de movimentação do transportador e operações de içamento
de carga
A operação de guindastes quase sempre envolve uma equipe composta por um supervisor de
movimentação de cargas, um operador para cada equipamento e auxiliares de movimentação de
cargas (sinaleiros amarradores). Todos eles devem ter pleno conhecimento de suas
responsabilidades e atribuições. Além disso, sempre deve haver um único líder, pré-definido, que
será o responsável pela operação.

FATOR EQUIPAMENTO
A especificação do guindaste correto para cada situação é fundamental para garantir boa
produtividade e segurança às movimentações de cargas.
De acordo com Ricardo Sávio, é importante que o equipamento possua, no mínimo, as seguintes
tecnologias embarcadas: limitador de momento de cargas (LMI), inclinômetro com controle de nível
em dois eixos (x, y), indicador luminoso e sonoro, sirene, indicando desnivelamento, anemômetro,
além de operação à distância por controle remoto sem fio, este último especialmente em
guindastes de pequeno porte (guindauto).
As manutenções devem ser aplicadas rigorosamente para assegurar o bom estado de
funcionamento do equipamento, seguindo o plano preconizado pelo fabricante.
Para maior segurança do contratante, a contratação de serviços de guindaste deve prever a
exigência de uma série de itens, além do contrato. São eles:
• Declaração do responsável técnico legalmente habilitado garantindo a boa performance do
equipamento e acessórios que venham ser fornecidos (com ART)
• Definição antecipada da equipe, com certificação e experiência adequadas ao nível de exigência
do trabalho que será executado
• Ano de fabricação do guindaste e teste de carga
Normas técnicas
As principais normas técnicas brasileiras que abordam a montagem e a operação de guindastes
são: ABNT NBR 16.463-1 Guindastes; ABNT NBR 14.768 Guindastes – Guindaste articulado
hidráulico – Requisitos; ABNT NBR ISO 2408 Cabos de aço para uso geral – Requisitos mínimos; e
ABNT NBR ISO 4309 Equipamentos de movimentação de carga – Cabos de aço – Cuidados,
manutenção, instalação, inspeção e descarte.
Leia também:
Como preparar uma base de apoio para içamento de cargas
Caminhão munck substitui guindaste com vantagem em operações leves
COLABORAÇÃO TÉCNICA

Carlos Gabos – Engenheiro mecânico, é líder da área de Movimentação de Cargas na Odebrecht


Infraestrutura onde ministra treinamentos e dá apoio às obras

Ricardo Sávio Marques Mendes – Engenheiro civil, é instrutor do Curso de Rigger do Instituto Opus de
Capacitação Profissional e consultor na SETC Engenharia & Rigger

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