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Universidade Federal do Ceará, Fortaleza

Materiais para a indústria quı́mica

Relatório de aula prática

Rebeca Pereira Marcondes - 371692


June 8, 2018

1 Introdução
Estudar o comportamento dos materiais é essencial no ramo de Engenharia, pois ao projetar-
se equipamentos, há a necessidade de conhecer tal comportamento para que o material seja
adequado ao uso, a fim de que danos aos equipamentos sejam evitados ou, em alguns casos,
retardados. Ademais, tal conhecimento, permite ao projetista reduzir os custos de finais dos
equipamentos.
Todos os projetos de engenharia, a escolha de um material especı́fico a ser utilizado
baseia-se no comportamento mecânico e quı́mico apresentado por este. Por meio de análises
destas propriedades torna-se possı́vel escolher qual o tipo de material mais apropriado.
Analisar o comportamento da deformação de um material em relações às cargas aplicadas
é essencial na compreensão do material e, por consequência, de suas propriedades mecânicas.
Com o objetivo de assimilar propriedades mecânicas diversos experimentos são realizados
em laboratórios a fim de que condições reais sejam simuladas, propondo a aplicação de
forças e/ou cargas, além de condições de temperaturas diversas ao material. A partir das
informações provenientes dos experimentos constrói-se um gráfico com os dados registrados
de tensão e deformação de forma a mapear o comportamento mecânico do material estudado.
A prática realizada, na qual visitamos 3 laboratórios do Departamento de Engenharia
Metalúrgica, teve como propósito nos expor à essas práticas.

2 Embasamento teórico
Os materiais principais, encontrados na natureza são os metais, cerâmicas, compósitos e
polı́meros. Na prática, foram aprofundadas as técnicas de experimentos para metais e
cerâmicas.

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2.1 Metais
Metais são combinações de um ou mais elementos metálicos (Fe, Au, Ag, Cu) e, em algumas
vezes, com materiais não metálicos. Seus elétrons são bem organizados, dispostos de forma
não localizados, isto é, estes elétrons não estão amarrados a particulares átomos (teoria
do mar de elétrons). Suas propriedades metálicas são atribuı́das à sua estrutura atômica.
Eles são bons condutores de eletricidade e de calor, não são transparentes à luz visı́vel e
possuem uma a superfı́cie de aparência lustrosa. Além disso, metais são fortes, ainda que
deformáveis, eles respondem pelo seu extensivo uso em aplicações estruturais.
Materiais desse tipo, quando em uso, são, muitas vezes, submetidos à cargas, tornando-
se necessário conhecer suas caracterı́sticas para evitar fraturas e deformações durante seu
tempo útil.
As propriedades mecânicas de materiais são determinadas pela execução de experimentos
em laboratório que aplicam cargas ao material, a fim de saber qual o seu comportamento. Os
principais tipos de ensaios reproduzidos para teste de materiais são os de tração, compressão,
cisalhamento e torção.
Para o ensaio de tração, um corpo de prova é submetido à um esforço até a sua fratura, por
meio de uma carga de tração crescente, aplicada ao longo do eixo mais comprido do corpo de
prova. A máquina de ensaios de tração é projetada para alongar o corpo de prova a uma taxa
constante, além de medir contı́nua e simultaneamente a carga instantânea aplicada (com uma
célula de carga) e os alongamentos resultantes (usando um extensômetro). Tipicamente, um
ensaio de tensão-deformação leva minutos para ser executado e é destrutivo, isto é, o corpo
de prova é deformado de maneira permanente. O resultado de um ensaio de tração deste
tipo é registrado em um registrador gráfico (ou por um computador), na forma de carga ou
força em função do alongamento.
Ensaios de compressão são feitos de forma semelhante, o que se diferencia é o sentido no qual
a tensão é aplica, nesse caso, a tensão comprime o corpo de prova. São feitos quando se deseja
conhecer o comportamento de um material submetido a deformações grandes e permanentes
(isto é, plásticas), como ocorre em aplicações de fabricação, ou quando o material é frágil
sob tração.

Figure 1: Corpo de prova

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Figure 2: Equipamento utilizado para o ensaio

Na fig.(1), observa-se uma ilustração de um corpo de prova, a área de aderência (grip


section) é o local onde o corpo de prova será preso pelas garras do equipamento (fig.(5)) e
essa distância entre os ombros (distance between shoulders), irá variar durante a aplicação
da força.
O gráfico que será feito com esse teste é um diagrama de tensão(σ) - deformação () que
são calculados como:
F
σ= (1)
A
∆L
= (2)
L0
A maioria dos metais que são submetidos a uma tensão de tração em nı́veis relativamente
baixos, a tensão e a deformação são diretamente proporcionais, de acordo com a relação a
Lei de Hooke dada por:
σ =E× (3)
Onde E é o módulo de elasticidade do material. Tal termo é encontrado pela inclinação da
reta de elasticidade, encontrada no experimento realizado.
Outro experimento feito em laboratório foi o Ensaio de Impacto que se caracteriza por

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submeter o corpo de prova, também padronizado, à uma força brusca e repentina, que
deve tem como objetivo rompê-lo para avaliar o comportamento dos materiais submetidos
à esforços dinâmicos. A energia utilizada na deformação e ruptura do corpo de prova é a
medida pelo equipamento.

Figure 3: Equipamento utilizado para o ensaio de impacto

2.2 Cerâmicas
Cerâmicas são compostos entre elementos metálicos e não-metálicos: eles são muito fre-
quentemente óxidos, nitretos e carbetos. A larga faixa de materiais que caem dentro desta
classificação inclui cerâmicas que são compostas de minerais de argilas, cimento e vidro.
Ligações iônicas prevalecem, tornando suas caracterı́sticas que são bons isolantes à pas-
sagem de eletricidade e de calor, são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes
rudes do que metais e polı́meros. Entretanto, são muito frágeis que os metais no quesito de
resistência de impactos, pelo fato da presença de microtrincas.
As cerâmicas mais tradicionais são cerâmicas vermelhas, brancas, de revestimentos, re-

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fratárias e vidro. Por suas caracterı́sticas de resistência térmica são bastante utilizadas em
autofornos, internamente.
As cerâmicas vermelhas são produzidas em maior quantidade comercial (são utilizadas
para a fabricação de tijolos, por exemplo), suportam até 900o C e possuem em sua com-
posição 12% de Fe2 O3 .
Já as cerâmicas brancas, são produzidas em menor quantidade devido ao alto custo, são
utilizadas para fabricação de materiais mais refinados, como a porcelana, possuem em sua
composição: caulina (33%), que atribui a cor branca caracterı́stica desse material, feldspato
(33%), que reduz sua temperatura de fusão e quartzo (33%), que atribui uma alta resistência
mecânica ao material.
O experimento tensão-deformação de cerâmicas não avaliado através de um ensaio de tração
como no caso de materiais metálicos, já que o corpo de prova da cerâmica não iria se manter
nos ganchos do equipamento, por ser frágil, iria romper-se com facilidade. O ensaio empre-
gado é de flexão transversal, onde um corpo de prova (temperado ou cru) na forma de uma
barra, com seção reta circular ou retangular, é flexionado até a sua fratura, utilizando uma
técnica de carregamento em três ou em quatro pontos. Onde a resistência à flexão (módulo
de ruptura) é calculada por:
3F L
σ= (4)
2bd2
Onde, L é o comprimento do corpo de prova, b é a espessura, c a altura e F é a força aplicada
sob o corpo.

Figure 4: Esquema do ensaio de flexão

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3 Resultados

Figure 5: Diagrama tensão-deformação

3.1 Ensaio A
a) Pelo diagrama, encontra-se uma resistência mecânica de 250 (MPa) e o valor encontrado
no livro Callister 9ed é de 200(MPa), resultando assim, em um erro absoluto de 25%.
Possivelmente, outros ensaios deveriam ser realizados para que haja uma redução desse
erro.
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b) Utilizando a eq(1), onde a área é dada por A = π × d4 , F = 15, 9kN.
c) Utilizando a eq(3), onde E é a inclinação da reta, E = 1,5∗10E6−0
0,01−0 , E = 15GPa. O valor
encontrado em literatura é de de E = 110 GPa, resultando assim, em um erro percentual
de 86%, assim, o experimento deveria ser refeito, com o equipamento recalibrado a fim de
eliminar esse erro tão alto.
d) A tensão de ruptura, pode é encontrada considerando a amplitude da zona de ruptura
no gráfico, sendo igual 125 MPa.
e) A fim de encontrar a resistência ao escoamento(σy ), deve ser feita uma reta paralela a
reta de elasticidade com 0.2% de distancia da origem. O valor encontrado foi de σy = 190.
f) Utilizando a equação:
l − l0 σ
σ = E = E → l = l0 1 + (5)
l0 E
E = 4, 04 m

3.1.1 Ensaio B
A equação do módulo de ruptura também pode ser dada por:
V L × FT
M OR = (6)
L × E2

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Assim, com a eq.(6) foram calculados os módulos de ruptura média para cada tipo de
cerâmica (crua, a 900o C e 1100o C).

Table 1: Ensaios de flexão


Cru
Ensaios L E VL × FT MOR
I 2.33 0.72 25 20.69755736
II 2.31 0.76 32 23.98340348
III 2.32 0.72 24 19.95530013
IV 2.31 0.76 24 17.98755261
V 2.31 0.73 23 18.68401193
Média Módulo de Ruptura (MOR) (kgf /cm2)= 19.96
900o C
Ensaios L E VL × FT MOR
I 2.32 0.73 14 11.32385581
II 2.32 0.81 39 25.62161992
III 2.32 0.82 37 23.71843525
IV 2.31 0.83 35 21.99378016
V 2.32 0.74 34 26.76255006
Média Módulo de Ruptura (MOR) (kgf /cm2) = 23.72
1100o
Ensaios L E VL × FT MOR
I 2.32 0.84 50 30.54382673
II 2.32 0.89 58 31.56167151
III 2.32 0.81 52 34.16215989
IV 2.31 0.78 44 31.30772362
V 2.32 0.79 46 31.76988657
Média Módulo de Ruptura (MOR) (kgf /cm2) = 31.56

b) Macedo et al (2008) fornece os dados experimentais do módulo de ruptura de corpos


de prova após queima, o erros dão muito altos (≈ 67.38%).
c) A partir dos valores encontrados no item a, comparando com os valores limites mı́nimos
recomendados para determinados materiais de cerâmica vermelha tanto para os valores de
MOR obtidos com as argilas cruas quanto aquecidas percebe-se que podem ser utilizadas
somente como tijolo de alvenaria. A exceção é a argila I à temperatura de 900o C, que não
se enquadram em nenhuma categoria de material devido ao seu baixo valor de MOR.

4 Conclusão
Conclui-se que os valores encontrados nos primeiros experimentos precisam ser refeitos, já
que diferem bastante dos encontrados em literatura. Deve ser checado a calibração dos
equipamentos e se os corpos de prova estão corretamente produzidos (tamanho padrão).
Entretanto, a prática foi uma experiência bastante enriquecedora, pois é bom ver além da
teoria. Ademais, foi possı́vel observar como erros podem acontecer em ensaios mecânicos.

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5 Referências
1. CALLISTER JUNIOR,; D, William. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução.
7. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2008.
2. R. S. Macedo, A. G. S. Galdino, C. R. S. Morais, H. C. Ferreira, ”Estudo preliminar de
argilas do estado da Paraı́ba para utilização como matéria-prima em cerâmica vermelha –
Parte I”, Cerâmica 42, 275 (1996) 259.

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