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DIREITO CONSTITUCIONAL

Conceitos – Classificações e Elementos II


Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

CONCEITOS – CLASSIFICAÇÕES E ELEMENTOS II

CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES

• Conteúdo ideológico: liberal (negativa) x social (dirigente)

Constituição liberal ou negativa se refere àquela que é sucinta, e constituição


social ou dirigente é aquela que tenta conduzir o legislador com muita articula-
ção. Portanto, em relação ao conteúdo ideológico, a Constituição brasileira de
1988 é social ou dirigente.
Essa definição muito se assemelha à classificação quanto à extensão, que
pode ser analítica, quando a constituição é extensa, ou sintética, também cha-
mada de negativa.
Observa-se que a classificação liberal pode igualmente ser chamada de nega-
tiva. Um exemplo de constituição liberal ou negativa é a dos Estados Unidos.

• Ideologia: ortodoxa x eclética

A Constituição ortodoxa é aquela formada com base em uma só ideologia e


força de poder, como a constituição comunista da China.
A constituição brasileira, que objetiva acomodar os interesses diversos, foi
feita do influxo de vários setores de poder, que tiveram sua participação, sendo,
portanto, eclética.

• Correspondência com a realidade (ontológica): normativa x nominal x


semântica

Essa classificação foi trazida pelo professor Karl Loewenstein. De acordo com
ele e tendo em mente uma ilustração de degraus, quanto mais alto o degrau em
relação à correspondência, mais a Constituição está em compasso com aquilo
que existe na sociedade.
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O modelo ideal de constituição segundo o professor Karl Loewenstein seriam


as constituições normativas. Nelas, tudo o que está escrito se encontra traduzido
na sociedade de modo geral, havendo uma coincidência entre o texto da consti-
tuição e a vida dos cidadãos.
De acordo com o professor Hans Kelsen, existe o mundo do ser e o do dever
ser. Assim, no modelo ideal de constituição, aquilo que nela existe é implemen-
tado na vida social.
Em um degrau abaixo das constituições normativas, existem as constituições
nominais ou nominalistas. Essas constituições têm uma boa essência e preten-
dem traduzir algo bom para seus cidadãos, mas não correspondem à vida real.
Por exemplo: a Constituição Federal de 88, que estabelece, entre outros fatores,
que o salário mínimo deve ser unificado e capaz de atender a diversas necessi-
dades da população, o que não ocorre no contexto social.
Dessa forma, todas as constituições pretendem ser normativas, pois esse é o
modelo ideal de constituição. Porém, a brasileira é nominal ou nominalista.
No último degrau, estão as constituições semânticas, que são totalmente dis-
sociadas da vida social. Seu conteúdo não repercute na sociedade, tampouco tem
por objetivo fazê-lo, sendo ela apenas uma forma de legitimar o detentor do poder.
Não é por outra razão que o mestre constitucionalista português Canotilho,
chama a constituição semântica de constituição de fachada.

Atenção!
A classificação da constituição quanto à correspondência com a realidade é um
assunto recorrente em diversas provas de concurso. A situação referente às
classificações é um tema doutrinário que não varia em função da complexidade
da prova.

• Finalidade: balanço, garantia e dirigente

A constituição de balanço é aquela que prevê em si mesmo um fechamento


para balanço, após alguns anos, a fim de realizar um apanhado do que aconte-
ceu nos últimos anos e projetar o que deve acontecer na próxima década. Por
exemplo: a constituição da extinta União Soviética.
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Quanto à finalidade, as constituições garantia e dirigente se aproximam das


classificadas em relação ao conteúdo ideológico: a garantia seria próxima à libe-
ral ou negativa, ou seja, pouco articulada, e a constituição dirigente, à social.

• Sistemas: principiológica x preceitual

Em relação ao sistema, a constituição pode ser principiológica, ou seja, ter


muitos princípios, ou preceitual, baseada essencialmente em regras.
A constituição brasileira é, sem dúvidas, de natureza principiológica, dada a
força trazida aos princípios em razão da chamada influência do neoconstitucio-
nalismo, em que se coloca a Dignidade da Pessoa Humana no centro do sis-
tema e se confere maior valor aos princípios.

• Unidade documental: orgânica (unitextual ou codificada) ou inorgânica


(pluritextual ou legal)

A constituição brasileira é unitextual, uma vez que está totalmente contida em


um mesmo documento, estando em um código, enquanto a legal estaria esparsa.

Atenção!
Pergunta comum em prova: O que é uma heteroconstituição?
Heteroconstituição se refere à constituição elaborada em um país, para vigorar
em outro. Por exemplo: constituição do Chipre.

ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES

Esse tema é trazido pelo professor José Afonso da Silva, que também domina
as classificações em relação à eficácia e à aplicabilidade das normas constitu-
cionais.

• Limitativos: limitam o poder estatal – Direitos e Garantias Fundamentais


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Exemplos: Salvaguardas dispostas no artigo 5º e asseguradas ao cidadão


contra o Estado, limitando o Poder Estatal, e as limitações ao poder de tributar,
estabelecidas no sistema Tributário Nacional, previsto na Constituição.

• Socioideológicos: direitos sociais e Ordem Social


• Orgânicos: tratam da Organização do Estado e da Organização dos Poderes
• Formais de Aplicabilidade: Preâmbulo, ADCT e artigo 5º, § 1º, CF.

O artigo 5º, § 1º, CF, determina que os direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata.

• De Estabilização Constitucional: Estados de defesa, de sítio, interven-


ção federal e ADI.

Os Elementos de Estabilização Constitucional surgem quando há uma insta-


bilidade no sistema. Assim, havendo uma grave crise, pode-se valer do estado
de defesa; do estado de sítio, que é a forma mais forte de intervenção do Estado,
podendo inclusive ocorrer em decorrência de guerra, e ADI (Ação Direta de
Inconstitucionalidade), porquanto uma norma inconstitucional desestabiliza o
sistema e, para recuperá-lo, deve-se retirá-la do ordenamento.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Aragonê.
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