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FLUIDOS - Propriedades

Características de um fluido

Gases e liquídos podem ambos ser considerados fluidos. Há certas características partilhadas por todos os

fluidos que podem usar-se para distinguir liquidos e gases:

 Compressibilidade – os liquidos são só ligeiramente compressíveis e assumem-se incompressíveis

na maioria das situações; os gases são muito compressíveis;

 Resistência ao corte – liquídos e gases não resistem ao corte e deformam-se continuamente para

minimizar forças de corte aplicadas;

 Forma e Volume – como consequência do ponto anterior, liquídos e gases tomam as formas dos seus

recipietes; só os liquídos têm superfícies livres; os liquídos têm volume fixo relativo ao do seu

recipiente, e estes volumes não são afectados significativamente pela temperatura e pressão; os gases

tomam os volumes dos seus recipientes; se lhe permitirem o volume do gás muda com a variação da

temperatura e da pressão;

 Resistência ao movimento – devido à viscosidade os liquídos resistema a mudanças instantaneas na

velocidade, mas a resistência para quando o movimento do liquído para; os gases tem viscosidade

muito baixa;

 Espaço molecular – as moléculas dos liquídos estão muito proximas e estão ligadas entre si com

forças deatracção elevadas; elas têm baixa energia cinética; a distância percorrida por uma molécula

de água entre colisões é pequena; nos gases, asmoléculas estão relativamente afastadaseasforças

atractivas são fracas; a energia cinética das moléculas é elevada; as moléculas de um gás percorrem

grandes distâncias entre colisões;

 Pressão – a pressão num ponto de um fluido é a mesma em todas as direcções; a pressão exercida

por um fluídos numa superfície sólida (p.ex. paredde de um recipiente) é sempre normal aquela

superfície.

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Tipos de Fluidos – 2 categorias para efeitos de cálculo:

 IDEAIS – não têm viscosidade, ou seja,não resistem ao corte, são incompressíveis e tem distribuições

de velocidade uniforme quando fluem; não existe fricção entre camadas que se movimentam no fluido,

não existe turbulência;

 REAIS – exibem viscosidade finita e distribuição de velocidade não-uniforme; são compressíveis e

experimentam fricção e turbulência ao fluirem. Os reais ainda podem dividir-se em fluidos Newtonianos

e fluidos não-Newtonianos.

Por conveniência, a maioria dos problemas com fluidos assumem fluidos reais com propriedades Newtonianas.

VISCOSIDADE de um fluido

 Propriedade pela qual um fluido oferece resistencia ao corte;

 É a medida da resistência do fluido à fluência quando sobre ele actua uma força exterior como por

exemplo um diferencial de pressão ou gravidade;

 A maioria dos liquidos viscosos fluem facilmente quando as suas temperaturas aumentam; o

comportamento de um fluido quando varia a temperatura, pressão ou tensão depende do tipo de fluido:

F dv dv
=µ ou τ = µ Lei de Newton da Viscosidade (1)
A dy dy

F
, τ - tensão de corte do fluido
A

µ - viscosidade absoluta, ou coeficiente de viscosidade (o seu recíproco, 1/ µ é a fluidez)

dv
- taxa de deformação, taxa de corte, gradiente de velocidade, taxa de deformação em corte
dy

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 ... mas nem todos os fluidos são newtonianos; exemplos fluidos newtonianos – gases, água, álcool,

benzeno,etc.; todos os liquidos com uma forma quimica simples são newtonianos; nestes fluidos a

viscosidade aumenta proporcionalmente com a taxa de deformação;

 outro tipo de fluidos não-newtonianos:

 fluidos pseudoplásticos – lamas, óleos de motor, soluções poliméricas, etc. – exibem

viscosidade que diminui com um crescente gradiente de velocidade;

 fluidos Bingham ou plásticos – pasta de dentes, geleias, etc. – são capazes de resistir

indefinidamente a pequenas tensões de corte, mas movem-se facilmente quando a tensão

se torna maior;

 fluidos dilatantes – exibem viscosidade que aumenta com o aumento do gradiente de

velocidade.

 A viscosidade pode mudar com o tempo (todas as outras condições ficam constantes);

 A coesão molecular é a causa dominante da viscosidade nos liquídos; à medida que a temperatura de um

liquído aumenta, estas forças coesivas diminuem, resultando uma diminuição da viscosidade;

 Nos gases, a causa dominante são as colisões aleatórias entre as moléculas do gás; esta agitação

molecular aumenta com a temperatura; assim a viscosidade dos gases aumenta com a temperatura;

 Apesar da viscosidade dos liquidos aumentar ligeiramente com a pressão, o aumento é insignificante

num intervalo de pressões considerável; assim, a viscosidade absoluta dos gases e liquídos é usualmente

considerada independente da pressão;

 Unidades – viscosidade absoluta

dimensões primárias Fθ ou M
L2 Lθ

sistema internacional Pa.s ou N.s/m2 ou Kg/m.s

sistema inglês lbf.sec/ft3 ou slug/ft.sec ou poise p=1dyne.sec/cm2 (usa-se o cp)

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 Viscosidade Cinemática - υ - é o nome dado a uma combinação de variáveis que ocorre frequentemente

– rácio da viscosidade absoluta relativo à densidade; é muito dependente da temperatura e da pressão,

visto que estas variáveis afectam a densidade do fluido:

µ
υ=
ρ (2)

2
dimensões primárias L
θ

sistema internacional m2/s

sistema inglês ft2/sec e Stoke=cm2/sec (usa-se o centiStoke)

ESTÁTICA DOS FLUIDOS

Considera-se na estática dos fluidos duas partes:

 o estudo da pressão e a sua variação no interior de um fluido;

 o estudos das forças de pressão em superficies finitas

Pressão num ponto

- a pressão média é calculada dividindo-se a força normal, que age contra uma superfície plana pela área desta;

- a pressão num ponto é o limite da relação entre a força normal e a área quando fazemos a área tender para

zero em torno do ponto;

- a pressão é a mesma em todas as direcçõesnum ponto de um fluido em repouso

Equação fundamental da estática dos fluidos; variação da pressão num fluido em repouso; num fluido em

repouso não há tensões de corte: as forças de pressão equilibram a acção da gravidade;

A lei da variação de pressão num fluido em repouso (na forma de componentes) é dada por

∂p ∂p ∂p
=0 = − ρg =0 (3)
∂x ∂z ∂y

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As derivadas parciais, que dão a variação nas direcções horizontais, são uma forma da lei de Pascal que afirma

ser a mesma a pressão em dois pontos no mesmo nível de uma massa contínua de um fluido em repouso (os

planos horizontais são planos de pressão constante).

Como p é apenas função de z

∂p = − ρg∂z (4)

Esta equação diferencial simples relaciona a variação de pressão com o peso específico ( ρg ) e a variação

decota, sendo válida tanto para fluidos compressíveis como para incompressíveis.

Para fluidos que possam ser considerados homogéneos e incompressíveis, ρg é constante e a equação 4

integrada passa a p = − ρgz + c na qual c é uma constante de integração.

A LEI HIDROSTÁTICA da variação de pressão é escrita frequentemente na forma

p = ρgh (5)

na qual h é medido verticalmente para baixo (h=-z) a partir da superfícies livre de um liquído e p é o aumento

da pressão em relação àquela superfície livre.

MANÓMETROS – dispositivos de medição de pressão

Dispositivos que utilizam colunas de líquidos para determinar diferenças de pressões;

Regras a seguir em problemas com manómetros:

1. Começar numa extremidade (ou em qualquer menisco se o circuito for contínuo) e escrever a pressão do

local numa unidade apropriada (Pa, p.ex.) ou indicá-la por um símbolo apropriado se a mesma fôr

incógnita;

2. Somar à mesma a variação de pressão, na mesma unidade, de um menisco até ao próximo (com sinal

positivo se estiver mais baixo e negativo se estiver mais alto) – usando Pascals a pressão será o produto

da diferença de cotas em metros pelo peso específico do fluido em N/m3;

3. Continuar desta forma até alcançar a outra extremidade do manómetro (ou o menisco inicial) e igualar a

expressão à pressão neste ponto, seja a mesma conhecida ou incógnita;

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Para um manómetro simples, a expressão irá conter uma incógnita ou, no caso de um manómetro

diferencial, dará uma diferença de pressões; na forma de equação,

p0 − (z1 − z 0 )ρ 0 g − ( z 2 − z1 )ρ1 g − (z 3 − z 2 )ρ 2 g − ... − (z n − z n −1 )ρ n −1 g = p n (6)

onde z0, z1,..., zn-1, zn são as cotas de cada menisco em unidades de comprimento e ρ 0 g , ρ1 g ,..., ρ n−1 g são os

pesos específicos dos fluidos nas colunas.

A expressão fornece a resposta em unidades de força por área, que pode ser convertida para outras unidades

pelas relações próprias.

PRESSÂO HIDROSTÀTICA

É a pressão exercida por um fluido no objecto submergido ou numa parede de um recipiente; é igual à força

por unidade de área da superfícies – p=F/A.

A pressão hidrostática num fluido estacionário e incompressível comporta-se de acordo com as seguintes

características – CARACTERÍSTICAS PRESSÃO HIDROSTÁTICA:

 É apenas função da profundidade vertical (e da densidade); a pressão será a mesma em dois pontos à

mesma profundidade;

 Varia linearmente com a profundidade (vertical); fig.1


Paradoxo hidrostático

 É independente da área, do tamanho do objecto e do peso

(massa) de água sobre o objecto – paradoxo hidrostático, fig.1 –

a pressão na profundidade h é a mesma em todas as quatro

colunas porque depende da profundidade e não do volume;

 a pressão num ponto tem a mesma intensidade em qualquer direcção (lei de Pascal); a pressão é uma

quantidade escalar;

 é sempre normal à superfície, independentemente da sua forma ou orientação (isto deve-se à

incapacidade de o fluido resistir a tensões de corte);

 a resultante da distribuição de pressões actua no centro de pressões;

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A distribuição das forças resultantes da acção do fluido, numa superfície de área finita, pode ser substituida por

uma força resultante conveniente; pode determinar-se a intensidade e a linha de acção (centro de pressões) da

força resultante por integração, por fórmula e pelo conceito de prisma das pressões.

Superfícies Horizontais

Uma superfície plana horizontal, mergulhada num fluido em repouso, estará sujeita a uma pressão constante em

que a intensidade da força resultante é dada por - Fres = ∫ pdA = p ∫ dA = pA (7)

Linha de acção da resultante – ponto da área onde é nulo o momento das forças distribuidas em relação a um

eixo qualquer que passa por este ponto; numa superfície horizontal sujeita à pressão estática de um fluido, a

resultante passará pelo centro de gravidade da mesma.

Superfícies Inclinadas

Considerando uma superfície plana com inclinação θ em relação à horizontal, podemos dizer que a intensidade

da força que age de um lado de uma superfície submersa num líquido é igual ao produto da área da superfície

pela pressão que actua no seu centro de gravidade; deve notar-se que não é necessária a existência de uma

superfície livre e que pode ser utilizado qualquer meio para determinar a pressão no centro de gravidade; se pG

(pressão no centro gravidade) for positiva, a força está a comprimir a superfície:

Fres = ∫ pdA = ρgsenθ ∫ ydA = ρgsenθyA =ρgh A = pG A (8)

com y a distância no eixo da inclinação do ponto 0 até ao centro de gravidade da superfície e h a distância

vertical da superfície livre ao centro de gravidade da superfície.

O centro de pressões é o ponto (de coordenadas xp, yp) por onde passa a linha de acção da força resultante; ao

contrário das superfícies horizontais, o centro das pressões de uma superfície inclinada não coincidirá com o

seu centro de gravidade.

Outro método: a força F exercida por um liquido numa área plana A é igual ao produto do peso específico ρg

do líquido, profundidade do centro de gravidade da área hcg, e a área – a equação é

F = ρghcg A (9)

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Note que o produto do peso específico e a profundidade do centro de gravidade da área corresponde à

intensidade da pressão naquele ponto.

A linha de acção da força passa através do centro de pressão, que pode ser localizada através da fórmula:

I cg
ycp = ycg (10)
ycg A

com Icg o momento de inércia da área no seu centro de gravidade; as distâncias y são medidas ao longo de um

plano localizado na intersecção do plano da área e a superfícies do líquido, ambos extendidos se necessário.

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