Você está na página 1de 32

Controle de geradores isolados

● Um gerador síncrono pode ser usado isoladamente para


alimentar cargas pequenas ou de emergência, através de
motores a gasolina ou diesel (grupo gerador = motor + gerador)
● São encontrados comercialmente modelos de menos de 1 kVA
até centenas de kVA (www.buffalo.com.br)
● Quando isolado, interessa garantir a frequência e a tensão aos
terminais do gerador, uma vez que a tensão terminal varia
facilmente com a carga
● Os equipamentos comerciais possuem controles internos que
permitem variar a carga até a nominal sem prejuízo na
frequência gerada e na tensão de saída
1
Controle de geradores isolados

● No entanto, como funcionam esses controles automáticos?


● Exemplo:
● Um hidrogerador conectado em estrela tem valores
nominais de 15 MVA, 13,6 kV e uma reatância síncrona de
8,94 ohms por fase. Operando sem carga, este desenvolve
velocidade e tensão terminal nominais
● Uma carga conectada em estrela com resistores de 15
ohms em cada ramo é conectada (tensão nominal 13,6 kV)
a) Calcule a potência nominal da carga
b) Calcule a tensão terminal e as potências geradas após a
inserção da carga
2
Controle de geradores isolados

a) P = 3 V² / R = 13600² / 15 = 12,3 MW
b) Tensão interna: Eg = 7,852 kV
Impedância equivalente: Zeq = 15 + j8,94
Por divisor de tensão: |V| = |Eg| x R / |Zeq| = 6,745 kV
P = 3 V² / R = 3 x 6745² / 15 = 9,11 MW
● Dinâmica:
● Quando a carga é conectada, a velocidade (frequência) do
gerador cai. Para restabelecê-la, é necessário aumentar a
injeção de combustível até que os 9,11 MW sejam supridos
● E=kΦfN
3
Controle de geradores isolados

● Conclusão:
● Conforme a carga é aumentada em um gerador síncrono
operando isolado, sua tensão terminal cai
● Isso faz com que a potência entregue à carga não seja a
nominal
● Se essa carga fosse um chuveiro, ele aqueceria menos do
que deveria
● Mas qual seria a solução para que o gerador mantivesse sua
velocidade nominal e entregasse os 12,3 MW à carga?

4
Controle de geradores isolados

● Solução:
● Através da corrente de campo, alterar o fluxo magnético
● Como Eg = k f N Φ, a tensão interna será alterada
● No exemplo anterior, queremos aumentar a tensão interna
para que a tensão terminal também aumente, até atingir os
13,6 kV de linha, para que a máquina desenvolva a potência
nominal da carga
– Tensão terminal a vazio, por fase: 7,852 kV
– Tensão terminal à plena carga, por fase: 6,745 kV
– Nova tensão interna: 7,852 x (7,852 / 6,745) = 9,14 kV
5
Controle de geradores isolados

● Solução:
● Nesta nova situação, a potência elétrica aumenta, enquanto
a potência mecânica não foi alterada
– O gerador freiará novamente
● Uma nova injeção de combustível se faz necessária para
restabelecer tensão terminal nominal e frequência nominal

6
Controle de geradores isolados

● Resumo:
● Na inserção ou remoção de cargas, a velocidade se
alterará, assim como a frequência
– Para restabelecer a velocidade (e frequência), é necessário alterar
a injeção de combustível
● Lembrar de Pm – Pe = Pa
● O controle da tensão terminal é feito através da tensão
interna, a qual é controlada pela corrente de campo
● Quando a tensão terminal é alterada, a potência gerada
também se altera, alterando o valor de Pa
– É necessário um novo ajuste na injeção de combustível para que Pa
seja nula (velocidade constante) 7
8
Controle de geradores
conectados à rede
● Em sistemas de potência, temos geradores interconectados
● Vantagem:
● Diversos geradores interligados, gerando elevadas
quantidades de energia, criam um ''sistema forte''
– Tensão e frequência praticamente constantes
● O controle do gerador nessa situação é diferente do isolado
● A tensão terminal é constante
● Altera-se a velocidade e a tensão interna da máquina
(sem alterar a tensão terminal e a frequência da rede)

9
Controle de geradores
conectados à rede

Eg × Vt  Eg × Vt Vt 
2

P=
3× sen ( δ ) Q = 3×  cos ( δ ) − 
Xs  X s Xs 

P é a potência ativa gerada


Q é a potência reativa gerada
δ é o ângulo de carga
Vt é a tensão terminal por fase
Eg é a tensão gerada por fase
Xs é a reatância síncrona por fase
10
Controle de geradores
conectados à rede
● Um gerador síncrono conectado à rede pode assumir as
seguintes funções:
● Controle do módulo e ângulo da tensão terminal
– Geradores de alta capacidade
– Uma única subestação de referência no SIN
● Controle do módulo da tensão terminal
– Subestações estrategicamente escolhidas
● Controle das potências ativas e reativas geradas
– Demais geradores
● Cada função requer um sistema de controle especializado
11
Controle de geradores
conectados à rede
● Controle da tensão terminal e frequência

12
Controle de geradores
conectados à rede
● A potência ativa é controlada pelo ângulo de carga (δ), que
depende da potência mecânica na máquina primária

Eg × Vt
P=
3× sen ( δ )
Xs

● A faixa de variação de Eg não é tão grande quanto a de sen(δ),


logo, é possível afirmar que P depende somente de δ

13
Controle de geradores
conectados à rede
● A potência reativa é controlada através da tensão interna
(Eg), que depende da corrente de campo

 Eg × Vt Vt 
2

Q = 3×  cos ( δ ) − 
 X s Xs 

● A faixa de variação de Eg é maior do que a de cos(δ), logo, é


possível afirmar que Q depende somente de Eg

14
Controle de geradores
conectados à rede
Controle da potência ativa: Eg × Vt
sen ( δ )

P=

Xs
● Vt e Xs são constantes
● Se a corrente de campo não for alterada, Eg é fixo
● Portanto, a potência ativa gerada depende somente de δ
● Para aumentar a potência ativa gerada, aumenta-se a potência
mecânica entregue à turbina do gerador
● Exemplo:
● Um gerador conectado em estrela tem valores nominais de 15 MVA,
13,6 kV e uma reatância síncrona de 8,94 ohms por fase. Operando sem
carga, este desenvolve velocidade e tensão terminal nominais
● Este hidrogerador é conectado à rede de 13,6 kV, que solicita 10 MW
desse gerador
15
Controle de geradores
conectados à rede
● Operando à vazio, Eg = Vt
● Portanto, como δ = 0, P = 0
● No momento da inserção da carga, a máquina frenará
● Para reestabelecer a velocidade da máquina, é necessário
aumentar a injeção de fluído na turbina
● Eg não foi alterado
● Nesta nova situação de equilíbrio, δ aumenta para que P
também aumente, pois P depende do seno de δ
● Relação entre P e δ

16
Controle de geradores
conectados à rede

● Situação 1 para Situação 2:


Incremento na potência
ativa gerada através de
um aumento no ângulo
de carga (através da
potência mecânica)

17
Controle de geradores
conectados à rede

18
Controle de geradores
conectados à rede

19
Controle de geradores
conectados à rede
● Motorização do gerador
● É possível que o gerador passe a operar como motor,
consumindo potência ativa da rede
● Quando Eg < Vt, δ < 0 e senδ < 0
● Portanto, P < 0, o que indica que a máquina não gera
potência ativa, mas sim a consome, característica esta de
motores
● Nesta situação, é necessária a atuação da proteção contra
motorização do gerador
– Relé direcional de potência (ANSI 32)

20
Controle de geradores
conectados à rede
 Eg × Vt Vt 
2
● Controle da potência reativa: Q = 3×  cos ( δ ) − 
 X s Xs 

● Vt e Xs são constantes
● Variações no cosδ podem ser desprezadas
● Portanto, a potência ativa gerada depende somente de Eg
● Para aumentar a potência reativa gerada, aumenta-se a corrente de
campo do gerador
● Exemplo:
● Um gerador conectado em estrela tem valores nominais de 15 MVA,
13,6 kV e uma reatância síncrona de 8,94 ohms por fase. Operando sem
carga, este desenvolve velocidade e tensão terminal nominais
● Este hidrogerador é conectado à rede de 13,6 kV, que precisa de 10
Mvar desse gerador
21
Controle de geradores
conectados à rede
● Operando à vazio, Eg = Vt
● Portanto, como δ = 0, Q = 0
● No momento da inserção da carga, a máquina não frenará
● Eg continua em fase com Vt, portanto, δ = 0 e P = 0
● Para gerar a potência reativa solicitada pela carga, o
gerador deve ter a Eg aumentada
● Como Eg depende de Φ, aumenta-se a corrente de campo
● Relação entre Q e Eg

22
Controle de geradores
conectados à rede
● Os geradores podem, ainda, operar nas seguintes situações:
 Eg × Vt Vt 
2

Q = 3×  cos ( δ ) − 
 X s Xs 

● Quando Eg cosδ > Vt, Q > 0 e a máquina opera


sobreexcitada
– Entrega potência reativa para a rede
– Funciona como um capacitor
● Quando Eg cosδ < Vt, Q < 0 e a máquina opera
subexcitada
– Consome potência reativa da rede
– Funciona como um indutor
23
Controle de geradores
conectados à rede
● Essa característica é bastante útil considerando que:
● Como é possível fazer com que uma máquina síncrona
opere como um capacitor, ela é utilizada em pontos de
sistema em que se deseja elevar o fator de potência
– Elevação da tensão na rede
– Controle sobre a quantidade de reativos produzidos
● Como é possível fazer com que uma máquina síncrona
opere como um indutor, ela é utilizada quando se deseja
consumir reativos produzidos pela rede, principalmente à
noite, onde o efeito capacitivo das linhas de transmissão se
pronuncia

24
Controle de geradores
conectados à rede

25
Paralelismo com a rede

● Existem muitas vantagens na interligação de geradores


a) Muitos geradores conseguem atender cargas maiores do
que um único gerador
b) Aumento da confiabilidade, pois a probabilidade de falha
afeta uma pequena parte da capacidade instalada
c) Permite parada programada de máquinas para manutenção
d) Geradores com carga parcial são poucos eficientes,
portanto, é melhor ter vários geradores de tamanho adequado
operando à carga nominal

26
Condições para o paralelismo

● As seguintes condições devem ser respeitadas para a entrada


de um gerador em paralelo com a rede:
a) Os valores eficazes das tensões da rede e do gerador
devem ser iguais
b) A sequência de fase do gerador e da rede deve ser a
mesma
c) A frequência do gerador e da rede deve ser a mesma,
sendo usual utilizar uma frequência ligeiramente superior na
máquina que entra na rede
d) Os ângulos das tensões da rede e do gerador devem ser
os mesmos
27
Procedimento para sincronização
● Utiliza-se um equipamento chamado de sincronoscópio:

28
Procedimento para sincronização
a) Aciona-se o rotor do gerador à velocidade nominal (frequência
gerada igual à da rede): o ponteiro ficará parado
● Se a frequência do gerador for menor que a da rede, o ponteiro gira no
sentido anti horário
● Se a frequência do gerador for maior que a da rede, o ponteiro gira no
sentido horário
b) Ajusta-se a corrente de campo até que a tensão terminal do
gerador seja igual à da rede (medição com voltímetros)
c) O ângulo de fase entre a rede e o gerador será o mesmo na
posição norte (no caso do sincronoscópio do slide anterior)
● Para levar o ponteiro até essa posição, acelera-se o gerador e em
seguida reduz-se sua velocidade até a nominal para que o ponteiro pare
de girar e recaia sobre o ponto desejado 29
Procedimento para sincronização
d) Quando o ponteiro parar de girar e estiver sobre a posição
desejada, a chave de interligação pode ser fechada
● IMPORTANTE:
● É usual fechar a chave de interligação quando o ponteiro
estiver na posição de 5 minutos, girando devagar no sentido
horário
– Nessa condição a frequência gerada é maior do que a
rede e se evita a circulação da corrente sincronizante da
rede para o gerador
– Do contrário, a proteção contra motorização do gerador
poderia atuar, pois ele estaria consumindo potência ativa

30
Procedimento para sincronização
e) Fechada a chave de interligação, o gerador estará operando à
vazio, sem gerar potências ativa e reativa
● O gerador pode, então, passar a assumir carga através do
aumento do torque da turbina
● Pode, também, gerar ou consumir potência reativa através
do controle sobre a corrente de excitação

31
Sincronização automática

32

Você também pode gostar