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Sexta, 21 de Junho de 2013 06h
IURI CARDOSO DE OLIVEIRA: Procurador Federal, pósgraduado em Direito Constitucional do Trabalho e pós
graduando em Direito Tributário pela Universidade Federal da Bahia.
Comentários à Súmula nº 14 do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região
1. INTRODUÇÃO
Na sessão realizada em 5 de julho de 2010, o Tribunal Pleno do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª
Região, pela sua Resolução nº 05/2010, aprovou a Súmula nº 14, in verbis:
SÚMULA N.º 14 "HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS OU ADVOCATÍCIOS.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO INCIDÊNCIA. Na Justiça do Trabalho, a
verba relativa aos honorários assistenciais ou advocatícios não sofre a incidência de
contribuição previdenciária. No concernente à relação entre o advogado, profissional
liberal, e a Previdência Social, tratase de questão que refoge à competência material da
Justiça do Trabalho." (Texto retificado conforme determinado no PROAD nº 11763/2010)
O presente trabalho objetiva analisar o entendimento cristalizado no verbete em epígrafe.
2. DESENVOLVIMENTO
O art. 57, § 15 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 dispõe que não integram a base de
cálculo da contribuição previdenciária da empresa os honorários de sucumbência pagos em razão de
condenação judicial, integrando, contudo, a base de cálculo da contribuição do advogado contribuinte
individual.
Com efeito, o inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/91, incluído pela Lei nº 9.876/99, dispõe que a
contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, é de vinte por cento sobre o total das
remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes
individuais que lhe prestem serviços.
Como os honorários de sucumbência decorrerm da prestação de serviço profissional à parte
vencedora da causa, e não à empresa vencida, esta não está obrigada ao pagamento da referida
contribuição.
Já a contribuição do advogado é de vinte por cento sobre os honorários de sucumbência recebidos,
observado o limite máximo do saláriodecontribuição, ante o disposto no art. 21 da Lei nº 8.212/91. Tratase
de exação instituída com fundamento no art. 195, II da Constituição Federal, segundo o qual a seguridade
social será financiada por toda a sociedade, de forma direta, por contribuições sociais do trabalhador e dos
demais segurados da previdência social.
Como o advogado não está a serviço da empresa que lhe paga os honorários de sucumbência, esta
não estará obrigada a arrecadar a contribuição do referido segurado contribuinte individual, descontandoa da
respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo, nos
termos do art. 4º da Lei nº 10.666/2003.
In casu, como preceitua o art. 30, II da Lei nº 8.212/91, o advogado está obrigado a recolher sua
contribuição por iniciativa própria.
Todavia, ao contrário do que afirma a Súmula em comento, a questão não refoge à competência da
Justiça do Trabalho, porque o art. 114, VIII da Constituição Federal preceitua competirlhe a execução, de
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ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
sentenças que proferir, o que abrange a contribuição do advogado sobre os honorários de sucumbência que
lhe forem deferidos por sentença.
3. CONCLUSÃO
Ante o exposto, concluise que o entendimento sedimentado Súmula nº 14 do Tribunal Regional do
Trabalho da 12ª Região quanto à incompetência da Justiça do Trabalho para a execução, de ofício, da
contribuições previdenciária do advogado sobre os honorários de sucumbência que lhe forem deferidos por
sentença do Judiciário Trabalhista contraria o art. 114, VIII da Constituição Federal, pelo que o verbete
merece ser cancelado.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ins/2009/in9712009.htm>. Acesso em: 15 jun.
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LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr,
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KERTZMAN, Ivan. As Contribuições Previdenciárias na Justiça do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr,
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OLIVEIRA, Iuri Cardoso de. Execução de ofício de contribuições sociais na Justiça do Trabalho e
identificação das partes. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2897, 7 jun. 2011 . Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/19280>. Acesso em: 14 jun. 2013.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser
citado da seguinte forma: OLIVEIRA, Iuri Cardoso de. Comentários à Súmula nº 14 do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. Conteúdo
Jurídico, BrasíliaDF: 21 jun. 2013. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.44016>. Acesso em: 16 jun. 2018.
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