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Túlio Nogueira Bittencourt1; Januário Pellegrino Neto2; João Carlos Della Bella3
1 Professor Titular do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP.
2 Professor Associado da Escola de Engenharia Mauá – CEUN-IMT;
Professor Assistente do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP.
3 Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP;
Engenheiro Civil, Diretor Técnico da Intentu Engenharia Ltda.
1. Introdução
O objetivo destes dois exemplos é a aplicação dos conceitos da seção 19 e 20 NBR 6118:2014,
apresenta-se um roteiro prático para o dimensionamento (ELU – Estado-limite último) e o
detalhamento de lajes de concreto armado, exemplos simples de lajes armadas em uma direção e em
duas direções:
As lajes L1 e L2 são lajes armadas em uma direção, pois não há vigas nas bordas horizontais, portanto
têm o funcionamento de uma viga contínua, que pela simetria, é equivalente a uma viga simples
hiperestática, apoiada-engastada, cujo momento hiperestático negativo sobre a viga V2 (apoio L1-L2)
vale mx12 p / 8 5,5 42 / 8 11,0 kN m / m , e os momentos positivos nos vãos das lajes L1 e
2
x
− Armadura principal
md
Linha neutra: x 1,25 d 1 1
0,425 b d fcd
2
868 x
x 1,25 7,5 1 1 1,3 cm , 0,17 0,259 D2 .
0,425 100 7,5 2,0 / 1,4
2
d
Md 868
Armadura: Asx 2,9 cm2 / m ( 8c / 17)
fyd (d 0,4 x) 50
(7,5 0,4 1,3)
1,15
A escolha da bitola e espaçamento ( x s) deve respeitar as prescrições da seção 20 da NBR
6118:2014, e para as bitolas comerciais tem-se as seguintes recomendações:
h 100
Bitola 4 mm 12,5 mm ,
8 8
Espaçamento:
2h 20cm
− armadura principal: 8cm s x
20cm
− armadura secundária: s y 33cm
− Armadura secundária
Linha neutra:
174 x
x 1,25 6,95 1 1 0,26 cm , 0,04 0,259 D2 .
0,425 100 6,95 2,0 / 1,4
2
d
Armadura:
174 0,20 Asx 0,2 2,9 0,58 cm2 / m
Asy 0,6 As ,mín
50 2
0,9 cm / m
(6,95 0,4 0,26)
1,15
Asy 0,9 cm2 / m ( 5c / 22) , observando o espaçamento máximo sy 33 cm .
− Armadura principal
Linha neutra:
1540 x
x 1,25 7,5 1 1 2,4 cm , 0,32 0,259 D2 .
0,425 100 7,5 2,0 / 1,4
2
d
1540
Armadura: Asx 5,2 cm2 / m (10c / 15)
50
(7,5 0,4 1,7)
1,15
A tabela 2.2 explicita a escolha da bitola e espaçamento em consonância com as prescrições
da seção 20 da NBR 6118:2014.
Tabela 2.2: Bitolas e espaçamentos.
− Armadura secundária
Linha neutra:
308 x
x 1,25 6,75 1 1 0,48 cm , 0,07 0,259 D2 .
0,425 100 6,75 2,0 / 1,4
2
d
Armadura:
308 0,20 Asx 0,2 5,2 1,04 cm2 / m
Asy 1,10 As ,mín
50 2
0,9 cm / m
(6,75 0,4 0,48)
1,15
Asy 1,1 cm2 / m ( 5c / 18) , observando o espaçamento máximo sy 33 cm .
Nas bordas da laje, junto às vigas de apoio, costuma-se posicionar uma armadura (As,borda) com
extensão x/5, visando atenuar uma eventual fissuração proveniente do engastamento parcial
da laje nestas vigas. Pode-se considerar suficiente, a As,borda correspondente à 0,67.mín
conforme tabela 19.1 da NBR 6118:2014, usualmente não menor do que 1,5 cm2/m e
restringindo o espaçamento entre as barras a 2h. Assim,
5c / 13
As ,borda 0,67 mín (Tab.19.1) 0,10% 1,5 cm2 / m As ,borda 1,5 cm2 / m
6,3c / 20
O detalhamento destas armaduras está indicado na fig. 2.2.
De acordo com a NBR 6118:2014, 19.4.1 – Lajes sem armadura para força cortante, as lajes
maciças ou nervuradas, podem prescindir de armadura transversal para resistir as forças de
tração oriundas da força cortante, quando a força cortante de cálculo, a uma distância d da
face do apoio, obedecer à expressão:
As1 5,33
1 0,71% 0,0071 0,02 ;
bw d 100 7,5
As1 para armadura negativa 10c/15, pois VSd é cortante no apoio interno;
NSd
cp 0 , pois NSd = 0;
Ac
Assim:
VRd 1 0,0276 1,525 1,2 40 0,0071 0 100 7,5 46,8 kN .
Portanto, VSd 19,25 kN VRd 1 46,8 kN , não há a necessidade de
estribos.
3. Exemplo I – Laje armada em duas direções
Na figura 3.1 indica-se a planta de formas para as lajes L1 a L8, considera-se classe de agressividade I,
concreto C20 (fck = 20 MPa) e aço CA50 (fyk = 500 MPa).
O concreto C20 atende a seção 7 da NBR 6118:2014 com relação à durabilidade (tabela 7.1), e adota-
se um cobrimento c = 2,0 cm, especificado na tabela 7.2. A carga total p = 5,5 kN/m2, sendo a carga
permanente g = 3,5 kN/m2 (peso próprio e revestimento) e a carga acidental q = 2,0 kN/m2.
A planta de formas da figura 3.1 tem dois eixos de simetria, eixos sobre as vigas V3 e V7, portanto
somente duas lajes serão dimensionadas – L1 e L3 – pois, L1=L2=L7=L8 e L3=L4=L5=L6. As lajes L1 e L3
são lajes armadas em duas direções com condições de contorno diferentes devido à continuidade com
as lajes adjacentes.
As lajes são consideradas como painéis isolados, determinando-se os momentos fletores máximos nos
vãos e sobre os apoios (quando engastados) para a carga p = 5,5 kN/m2.
Nas lajes interessam, particularmente, os momentos fletores máximos (em valor absoluto)
nos vãos e sobre os apoios (quando engastados). Existem tabelas que nos fornecem estes
momentos máximos para alguns casos usuais de lajes maciças (tabelas de Kalmanock, Barès,
Czèrny, Timoshenko, etc.). Nos edifícios, onde o carregamento usual é constituído de carga
distribuída uniforme, são muito úteis as tabelas de Czèrny preparadas com coeficiente de
Poisson 0,2 (admitido para o concreto). Os momentos fletores extremos são dados por:
p 2x p 2x p 2x p 2x
mx ; my ; m x ; m y
x y x y
− apoio livre, quando não existir laje vizinha junto a este apoio;
− apoio engastado, quando existir laje vizinha no mesmo nível permitindo, assim, a
continuidade da armadura negativa de flexão de uma laje para a outra;
− vigas rígidas de apoio da laje;
e, calculam-se os momentos fletores máximos (em valor absoluto) nestas lajes isoladas
(mx, my, mx’ e my’).
− Lajes isoladas
Laje x y y
x y x y mx my mx my
(m) (m) x (kN.m/m) (kN.m/m) (kN.m/m) (kN.m/m)
L1 4,0 6,0 1,5 22,2 52,6 9,6 12,4 3,96 1,67 9,17 7,10
L3 4,0 6,0 1,5 27,8 76,9 12,5 17,5 3,17 1,14 7,04 5,03
Na tabela 3.2 indicam-se as correções dos momentos fletores sobre os apoios comuns às lajes
adjacentes.
m1,3 7,5 8,11 11,35 1,72 3,83 0,15 1,50 3,83 8c/13
m3,5 7,5 27,8 76,9 12,5 17,5 3,17 1,14 7,04 8c/15
Nas figuras 3.3 e 3.4 detalham-se apenas as lajes L1 e L3, considerando a simetria do painel
de lajes, separadamente as armaduras negativas (superiores) e positivas (inferiores).
Figura 3.3 – Detalhamento das armaduras superiores (negativas).