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SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

INSTITUTO GEOLÓGICO

RELATÓRIO EXECUTIVO

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS POTENCIAIS DE RESTRIÇÃO E CONTROLE DE


CAPTAÇÃO E USO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA PORÇÃO SUL DA
UGRHI 05 – PROJETO ARC-TUB1

Coordenação de Projeto: Geól. Geraldo Hideo Oda


Contrato FEHIDRO 450/2006

Agente Técnico: Geól. Valdemir Poloneis Bernardi - DAEE

Novembro 2012
Ficha Catalográfica

I7i Instituto Geológico (SP)


Identificação de áreas potenciais de restrição e controle de captação e uso das
águas subterrâneas na porção sul da UGRHI 05 – Projeto ARC – TUB1 – Relatório
Executivo / Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Instituto Geológico ;
Coordenação do Projeto Geraldo Hideo Oda.- São Paulo : SMA / IG, 2012.
38 p. : il. ; color.

1. Águas subterrâneas. 2. Uso das Águas subterrâneas. 3. Hidrogeologia.

CDD: 551.49
Equipe Técnica

Secretário Executivo: Ricardo Vedovello


Coordenador Geral : Geól. Geraldo Hideo Oda
Equipe:
Geól. Sibele Ezaki (sub-coordenação)
Geól. Mara Akie Iritani
Geógr. Denise Rossini Penteado
Geól. Cláudia Varnier
Eng. Cláudio Guilherme (2008)
Bioq. Carla Veiga da Silva (2009-2010)

Técnicos de Apoio:
Santo Duarte Camargo; Aparecido Magalhães

Estagiários:
Alexandre Henrique Silva; Felipe Silva Silles; Fernanda Etsumi Hobo; Fernanda Lima; Nádia Lucia
Zuca; Diana Mayumi Takeuchi; Angela Yatsugafu; Jacqueline Silva Silles; Renan Penasso Pacheco,
Johann Constantino Lima

Colaboração:
CETESB – São Paulo: Mauro Kazuo Sato; Marilda de Souza Soares
CETESB – Jundiaí: Domenico Tremaroli
DAEE – Piracicaba: Luiz Roberto Moretti
DAEE – Rio Claro: Valdemir Poloneis Bernardi; Otavio Galembeck
DAEE – Capivari:
DAEE – Campinas:
IGC: Lenir José da Cunha e Castro
IG/SMA – Núcleo de Geoprocessamento: Antonio Carlos M. Guedes; Francisneide Soares Ribeiro
INPE: João Vianei Soares
LEBAC/UNESP-Rio Claro: Márcia Stradiotto; Felipe Ferroni
Prefeitura Municipal de Rafard – Departamento de Águas: Élcio Rosa
Prefeitura Municipal de Capivari – Secretaria de Planejamento: Godofredo Bulhões de Carvalho;
Daniel Fontolan
Prefeitura Municipal de Capivari – Secretaria de Desenvolvimento Econômico: Antonio Rossi Pagotto
Prefeitura Municipal de Salto – Secretaria de Obras e Serviços Públicos: Alaor Nogueira Ourique de
Carvalho
Prefeitura Municipal de Indaiatuba – Departamento de Posturas: Amadeu Tachinardi Rocha; Marcelo
Fochi Soubhia; José Trinca
Prefeitura Municipal de Elias Fausto – Departamento de Obras Públicas: Eng. Bruno Betarelli
Prefeitura Municipal de Monte Mor – Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente: Cândido Oliveira
Prefeitura Municipal de Monte Mor– Departamento de Obras Públicas: Carlos Roberto Brevi
SABESP Monte Mor: Natércio Home; João Luiz; Sidnei
SABESP Elias Fausto: Oswaldo; Evandro
SAAE Indaiatuba: Caio Antônio do Amaral Sampaio; Ildo de Souza Dias
SAAE Capivari: Maria Virgínia M Ruzza; Antonio
SAE Salto: Marcio Mendes da Silva; Francisco Antonio Moschini
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Identificação de áreas potenciais de restrição e controle de captação e uso da água subterrânea na porção sul da UGRHI 05 – Novembro/2012

Resumo
A procura por água subterrânea nos municípios de Capivari, Elias Fausto,
Indaiatuba, Monte Mor, Rafard e Salto intensificou-se nas duas últimas décadas em
decorrência do crescimento populacional e desenvolvimento econômico. O uso da água
subterrânea pelo setor privado (estimativa de vazão explotada de 22.812.811 m3/ano) é
expressivo, correspondendo a 76% do volume total explotado, assim como a explotação
para abastecimento público (vazão estimada de 7.157.376 m3/ano).
Os principais sistemas aquíferos explotados na região são o Tubarão e o Cristalino,
este último aflorante apenas na porção leste da área estudada.
De forma geral, o Sistema Aquífero Tubarão apresenta valores medianos de
capacidade específica superiores ao Sistema Aquífero Cristalino, ocorrendo algumas áreas
mais expressivas com melhor produtividade (capacidade específica maior que 0,3 m3/h/m)
na região de Capivari e de Monte Mor.
Entretanto, comparado aos demais aquíferos do Estado de São Paulo, o Sistema
Aquífero Tubarão apresenta baixo potencial produtivo como mostram os valores medianos
de 0,15 m3/h/m de capacidade específica, de 6 m3/h de vazão e de 0,01 m/d de
condutividade hidráulica obtidos para a região estudada.
O forte crescimento econômico da região, entretanto, impulsiona o aumento da
demanda por recursos hídricos e, como a disponibilidade de água superficial também não é
abundante, leva ao uso da água subterrânea como fonte alternativa de abastecimento e ao
crescente número de poços perfurados.
Indícios de potenciais problemas de rebaixamento da superfície potenciométrica
decorrente de explotação intensiva, interferência de poços e contaminação da água
subterrânea alertaram para a necessidade de realização desta avaliação hidrogeológica
nesta região.
Este projeto teve como objetivo identificar Áreas Potenciais de Restrição e Controle à
captação e ao uso da água subterrânea nestes seis municípios, conforme estabelece a
Deliberação CRH nº 52, de 15 de abril de 2005. Estes municípios localizam-se na porção sul
da UGRHI 05, e estão inseridos em parte das bacias hidrográficas dos rios Capivari e
Jundiaí, numa área de 1342 km2.
A avaliação hidrogeológica baseou-se no cadastro de poços tubulares profundos
realizado a partir de dados fornecidos pelos órgãos gestores estaduais e municipais, pelas
empresas de perfuração atuantes na região, pelos serviços de água e esgoto e de intensivo
levantamento de campo.
Estes dados permitiram elaborar o mapa potenciométrico e avaliar a produtividade e
a geometria dos aquíferos, que associados ao levantamento e classificação das fontes
potenciais de poluição, mapeamento do uso do solo e avaliação da qualidade da água,
permitiram identificar potenciais problemas de rebaixamento do nível potenciométrico e
interferência de poços e potencial perigo de contaminação da água subterrânea.
Foram delimitadas 10 Áreas Potenciais de Restrição e Controle (ARC-PO-1 a ARC-
PO-10), sendo três em Capivari (rebaixamento do nível estático e interferência de poços), 5
em Indaiatuba (interferência de poços e potencial contaminação das águas subterrâneas) e
2 em Salto (interferência de poços e potencial contaminação das águas subterrâneas).
Na priorização dos futuros estudos detalhados, conforme estabelece a Deliberação
CRH nº 52/2005, propõe-se que a maior prioridade seja dada às áreas ARC-PO-1, que
contém a ARC-PO-7, e as ARC-PO-8 a ARC-PO-10.
Sumário

Introdução 1

1 Metas 3

2 Objetivos 3

3 Área de Abrangência 4

3.1 Localização da área de estudo 4

3.2 Contexto hidrogeológico 4

4 Resultados 6

4.1 Cadastramento de poços tubulares profundos 6

4.2 Uso da água subterrânea 6

4.3 Produtividade dos aquíferos 8

4.4 Fluxo da água subterrânea 10

4.5 Qualidade das águas subterrâneas 10

4.6 Uso e cobertura da terra 12

4.7 Cadastramento e classificação de fontes potenciais de poluição 16

4.8 Perigo potencial de contaminação das águas subterrâneas por fontes


pontuais e difusas 20

4.9 Áreas Potenciais de Restrição e Controle (ARC-PO) 28

5 Recomendações 33

Referências Bibliográficas 36

Anexo 1 37
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Identificação de áreas potenciais de restrição e controle de captação e uso da água subterrânea na porção sul da UGRHI 05 – Novembro/2012

Introdução
O Instituto Geológico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
(IG/SMA) desenvolveu estudos hidrogeológicos de caráter sistemático e básico, em escala
semi-regional (1:50.000), desde a região sul de Sorocaba até ao norte de Campinas,
abrangendo cerca de 3.000 km2, com a finalidade de subsidiar o planejamento territorial e
envolvendo o cadastramento de mais de 2.500 poços dos Aquíferos Tubarão e Cristalino:
Folha de Salto de Pirapora (1990); Sorocaba (1990); Itu (1991); Campinas (1993); Bacia do
Médio Rio Piracicaba (1995).
O presente Projeto contempla uma região a sul de Campinas, entre Indaiatuba e
Capivari, que constituía uma lacuna em termos caracterização dos Aquíferos.
Esta região apresenta crescente demanda por água subterrânea, decorrente do
crescimento populacional e econômico. A procura por este recurso intensificou-se nas duas
últimas décadas passando a constituir fator condicionante (ou limitante) para o
desenvolvimento econômico e bem-estar social. Além disso, foram constatados indícios de
explotação intensiva de água subterrânea e interferência de poços, alertando para a
necessidade de maior controle no seu uso.
Considerando este cenário, o Projeto ARC-TUB1 teve como objetivo, realizar uma
avaliação hidrogeológica visando à identificação de áreas críticas com evidências de
problemas decorrentes da superexplotação ou potencial de contaminação das águas
subterrâneas conforme estabelece a Deliberação CRH nº 52, de 15 de abril de 2005. Esta
deliberação propõe um procedimento para a identificação de Áreas de Restrição e Controle
em três níveis (Figura 1):

 Identificação inicial de áreas potenciais, para o estabelecimento de Área Potencial de


Restrição e Controle (ARC-PO);
 Realização de investigação preliminar, para o estabelecimento de Área Provável de
Restrição e Controle (ARC-PR);
 Realização de investigação confirmatória, para o estabelecimento de Área Confirmada
de Restrição e Controle (ARC-CO).

O Projeto ARC-TUB1 teve como proposta a identificação de Áreas Potenciais de


Restrição e Controle (ARC-PO) nos municípios de Capivari, Elias Fausto, Indaiatuba, Monte
Mor, Rafard e Salto, localizados na porção sul da UGRHI 05.
O Projeto foi financiado com recursos do FEHIDRO e avaliado por agente técnico
que atua na Câmara Técnica de Águas Subterrâneas do Comitê de Bacias Hidrográficas
dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (geólogo Valdemir Poloneis Bernardi - DAEE).
Este Relatório Executivo apresenta, resumidamente, os principais resultados do
Projeto e orientações aos representantes de órgãos gestores municipais. O Relatório
Técnico Final completo encontra-se disponível em formato digital anexo.

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Identificação de áreas potenciais de restrição e controle de captação e uso da água subterrânea na porção sul da UGRHI 05 – Novembro/2012

FIGURA 1 - Fluxograma para o estabelecimento de áreas de restrição e controle da captação e


uso das águas subterrâneas (Deliberação CRH nº52, de 15/04/05).

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Identificação de áreas potenciais de restrição e controle de captação e uso da água subterrânea na porção sul da UGRHI 05 – Novembro/2012

1 Metas
 Identificar e definir áreas potenciais de restrição e controle em relação à captação e
ao uso da água subterrânea nos seis municípios

 Desenvolver metodologia para a identificação de ARC-POs.

 Auxiliar os órgãos gestores municipais na implementação das Áreas de Restrição e


Controle (ARC) e/ou aproveitamento dos resultados obtidos neste Projeto

2 Objetivos
Desta proposta desdobram-se objetivos específicos visando atingir as metas. A
avaliação hidrogeológica e das situações de explotação e proteção das águas subterrâneas
gerou subprodutos:

 Cadastramento de poços tubulares profundos


 Avaliação da geometria dos aquíferos
 Mapas temáticos: 1) potenciométrico; 2) produtividade (vazão e capacidade
específica); 3) produtividade similar
 Mapeamento do uso e cobertura da terra e análise da evolução da mancha
urbana
 Caracterização hidroquímica regional das águas subterrâneas
 Cadastramento e classificação das fontes potenciais de poluição
 Avaliação do perigo potencial de contaminação das águas subterrâneas em
relação a fontes pontuais e difusas

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3 Área de Abrangência

3.1 Localização
Os municípios de Capivari, Elias Fausto, Indaiatuba, Monte Mor, Rafard e Salto estão
inseridos em parte das bacias hidrográficas dos rios Capivari e Jundiaí e ocupam uma área
de 1342 km2 (Figura 2).

FIGURA 2 – Mapa de localização da área de estudo.

3.2 Contexto hidrogeológico


Os principais sistemas aquíferos da região estudada são denominados Tubarão e
Cristalino. Ocorre também, com extensão local, o Aquífero Diabásio.
O Sistema Aquífero Tubarão (SAT) consiste na principal fonte de abastecimento de
água subterrânea e é constituído de sedimentos do Subgrupo Itararé, que corresponde a
intercalações e/ou associações de arenitos, siltitos, folhelhos, argilitos, diamictitos e ritmitos
(Figura 3).
A espessura desta unidade aumenta no sentido oeste. Como grande parte dos poços
cadastrados não atravessam todo o aquífero ou não possuem descrição geológica
adequada, não foi possível determinar a variação de espessura do aquífero na região,
porém, observa-se que ele atinge valores superiores a 300 metros na porção oeste da área.

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FIGURA 3 - Mapa geológico compilado de DAEE-UNESP (1980).

O Sistema Aquífero Cristalino (SAC) ocorre na porção leste dos Municípios de Salto
e Indaiatuba e corresponde ao embasamento do SAT (Figura 4). É constituído por rochas
ígneas e metamórficas, onde o armazenamento e a circulação das águas subterrâneas
ocorrem através das fraturas das rochas e/ou através do manto de alteração das mesmas.

FIGURA 4 - Seção geológica esquemática da região estudada.

O Aquífero Diabásio, composto por rochas intrusivas básicas (principalmente,


diabásios), ocorre de forma irregular e restrita, sendo pouco representativo na área de
estudo (Figura 3).

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4 Resultados

4.1 Cadastramento de poços tubulares profundos


Neste estudo levantaram-se através de intensos trabalhos de campo 1.262 poços
tubulares profundos, entre ativos e desativados, tendo em vista os cadastros pré-existentes
(DAEE, IG, SABESP, Prefeituras, Serviços de Água e Empresas de Perfuração). O Sistema
Aquífero Tubarão é o mais explotado, com 69% dos poços, seguido do Sistema Aquífero
Cristalino com 18%, e o sistema poços mistos (Tubarão/Cristalino) com 12%. Apenas 1%
dos poços explota o sistema misto Tubarão/Diabásio.
As maiores concentrações de poços ocorrem nas áreas urbanas de Capivari, Salto,
Monte Mor e Indaiatuba. Particularmente, em Indaiatuba e Salto, observam-se
aglomerações de poços devido a condomínios e/ou alinhamento de poços nas principais
rodovias. Em Monte Mor e Elias Fausto, há uma dispersão de poços tanto pela área urbana
como na rural (Figura 5).

4.2 Uso da água subterrânea


Do total de poços cadastrados, 140 poços (11% do total) tinham informação de uso
para abastecimento público, sendo que 88 estavam ativos no período do levantamento e
são de responsabilidade dos serviços de água, prefeituras e SABESP. Os demais 89% do
total de poços cadastrados são privados e a captação da água é destinada, principalmente
a: saneamento (36,2%), indústria (19,6%), uso agrícola (3,5%), agropecuário (3,1%) ou
pecuário/criação animal (6,6%), lazer (3,1%), entre outras (2,2%). (Tabela 1).
Os municípios de Capivari, Monte Mor, Rafard e Elias Fausto apresentam maior
utilização das águas para abastecimento público, sendo que os dois últimos dependem
100% da água subterrânea do Sistema Aquífero Tubarão. Porém, constatou-se um
crescente uso da água subterrânea pelo setor privado (vazão explotada de 22.812.810,6
m3/ano, que corresponde a 76% do total), superando os volumes explotados para
abastecimento público (vazão explotada de 7.157.376,0 m3/ano por 88 poços considerados
ativos).

TABELA 1 – Distribuição dos poços cadastrados por tipo de uso da água e por município
Uso da água Capivari Elias Fausto Indaiatuba Monte Mor Rafard Salto Total
Abastecimento
49 17 10 36 24 4 140
Público
Saneamento 42 46 245 35 4 85 457
Industrial 44 11 81 39 10 62 247
Agrícola 2 12 15 4 11 44
Agropecuário 4 5 13 17 39
Pecuário/Criação
15 18 15 24 2 9 83
Animal
Lazer 7 1 16 8 2 5 39
Outros 8 7 8 3 2 28
Sem Informação 14 24 80 51 7 9 185
Total de poços
185 141 483 217 49 187 1262
cadastrados

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FIGURA 5 – Localização dos poços tubulares classificados por sistema aquífero explotado.

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4.3 Produtividade dos aquíferos


A produtividade dos aquíferos foi avaliada a partir da vazão (Q), rebaixamento (s),
capacidade específica (Q/s), porcentagem e espessura de arenito, perfis litoestratigráficos e
mapa geológico.
Em termos de vazão, os poços que explotam o Sistema Aquífero Tubarão
apresentam os maiores valores médios e medianos, de 10,58 m3/h e 6,20 m3/h,
respectivamente. Nos poços que explotam o Sistema Aquífero Cristalino e um sistema misto
(Tubarão/Cristalino), os valores são inferiores, em torno de 4,85 m3/h e 3,07 m3/h,
respectivamente.
São observados alguns poços com altas vazões (acima de 50 m3/h) em Capivari e
Elias Fausto.
O Sistema Aquífero Tubarão também apresenta os maiores valores de capacidade
específica na região, com média e mediana de 0,329 e 0,147 m3/h/m, respectivamente. Esta
produtividade diminui consideravelmente nos casos de poços mistos (mediana= 0,042
m3/h/m) e no Cristalino (mediana=0,047 m3/h/m).
Os maiores valores medianos de Q/s ocorrem em Elias Fausto (0,285 m3/h/m),
seguidos de Rafard (0,160 m3/h/m), Monte Mor (0,152 m3/h/m) e Capivari (0,145 m3/h/m).
Indaiatuba (0,055 m3/h/m) e Salto (0,065m3/h/m) apresentam valores inferiores, pois, vários
poços explotam o Sistema Aquífero Cristalino, menos produtivo, e os poços mistos
atravessam menor espessura de sedimento, embora ocorram alguns valores anômalos
provavelmente relacionados a fraturas produtivas.
Na Figura 6 é apresentado o mapa de isovalores de Q/s obtido a partir da
interpolação de dados de poços. Foram consideradas áreas produtivas aquelas com Q/s
maior que 0,3 m3/h/m. O cruzamento deste parâmetro com o plano de informação de
espessura de areia (espessuras maiores ou menores que 100 m) resultou na classificação
das áreas quanto ao potencial de produtividade (mapa de Produtividade Similar) (Figura 7).
De forma geral, os valores mais elevados de capacidade específica mostram certa
correlação com as regiões onde a espessura de níveis arenosos supera 100 m,
especialmente em Capivari e Monte Mor, sendo denominadas de Zona T3 no mapa de
produtividade similar.
Foram definidas três classes de produtividade relacionadas ao Aquífero Tubarão
(T3>T2>T1) e outras três relacionadas à área de domínio dos poços mistos (M3>M2>M1).
As áreas sem informação suficiente foram denominadas de SI (sem informação) e não
foram classificadas, assim como a área de domínio do Aquífero Cristalino (C) devido ao
reduzido número de poços produtivos (Tabela 2).

TABELA 2 - Características gerais das Zonas de Produtividade Similar


Zona de Espessura de
Q/s
Aquífero Produtividade areia no poço Área Ocupação urbana *
(m3/h/m)
Similar (m)
Tubarão T3 > 0,3 >100 Reduzida CAP e RAF em T3-1; MM
parcialmente em T3-6; EF sobre T3-4
T2 < 0,3 >100 Reduzida MM parcialmente em T2
T1 < 0,3 <100 Extensa -
Tubarão/ M3 > 0,3 40-100 Reduzida IN em M3-2 e parcialmente em M3-1;
Cristalino ST em M3-3
M2 < 0,3 < 40 Reduzida -
M1 < 0,3 < 40 Extensa -
* Siglas: CAP-Capivari, EF-Elias Fausto, IN-Indaiatuba; MM-Monte Mor; RAF-Rafard; ST-Salto

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FIGURA 6 – Mapa de capacidade específica.

FIGURA 7 – Mapa de produtividade similar

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4.4 Fluxo da água subterrânea


O mapa potenciométrico foi gerado a partir de dados de altitude do nível estático de
698 poços (Figura 8). O fluxo da água subterrânea segue das porções mais elevadas a leste
da área estudada, onde predomina o Aquífero Cristalino, para as mais rebaixadas, a oeste,
nos domínios do Sistema Aquífero Tubarão, e onde se situam os rios de maior porte (Tietê,
Jundiaí, Capivari, Capivari-Mirim), que atuam como áreas de descarga dos aquíferos.
Pela análise de mapas potenciométricos elaborados para períodos anterior e
posterior a 1990 na região e Capivari e Rafard, foi constatado rebaixamento da superfície
potenciométrica do Sistema Aquífero Tubarão resultante da somatória dos cones de
rebaixamento dos poços individualmente. As áreas mais afetadas encontram-se na mancha
urbana de Capivari, nas porções norte e centro-oeste. Em Capivari, foram constatados pelo
menos quatro poços com uma queda considerável do nível estático, com valores superiores
a 50 m.

4.5 Qualidade das águas subterrâneas


A caracterização hidroquímica foi baseada na análise química da água coletada em
41 poços selecionados. Os parâmetros determinados in situ foram: pH, Eh, temperatura,
condutividade elétrica e alcalinidade total. Os parâmetros químicos analisados foram: Na+,
K+, Li+, Cl-, SO42-, NO3-, F- (cromatografia iônica); Ca2+, Mg2+, Fe(total), Mn4+, Al3+, Si
(espectrometria de emissão atômica com fonte de plasma de argônio indutivo ICP-AES) no
Laboratório de Hidrogeologia e Hidroquímica/Instituto de Geociências e Ciências
Exatas/UNESP, Rio Claro, conforme Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater (1995). Também foram analisados isótopos 18O e deutério, no Laboratório de
Isótopos Estáveis do Instituto de Geociências/USP, São Paulo.
As águas do Aquífero Cristalino são predominantemente do tipo bicarbonatadas
sódicas e bicarbonatadas cálcicas, fracamente mineralizadas (Cond. Elétr. = 170 S/cm) e
com pH médio de 7,35. As águas do Aquífero Tubarão são predominantemente
bicarbonatadas sódicas podendo ocorrer águas bicarbonatadas cálcicas e magnesianas e
águas sulfatadas, fracamente mineralizadas (CE= 273 S/cm) e pH médio 8,15. Os tipos
hidroquímicos das águas do sistema misto (Tubarão/Cristalino) são similares aos anteriores,
com pH médio de 8,25 e salinidade um pouco mais elevada CE= 305 S/cm).
A avaliação da qualidade da água também considerou dados de 472 laudos de
análises químicas compilados de relatórios de poços cadastrados pelo DAEE. De modo
geral, as águas subterrâneas apresentam boa qualidade para os diversos usos. Contudo,
alguns parâmetros excederam o valor máximo permitido nas águas para consumo humano,
conforme Portaria de Potabilidade No 2914/2011 do Ministério da Saúde: ferro (9,8% de 328
poços), manganês (15,6% de 173 poços), fluoreto (11,3% de 222 poços), nitrato (0,9% de
322 poços) e sólidos totais dissolvidos (1,3% de 235 poços).

10
N

7470000 m N
Altitude do
nível d'água (m)

7460000 m N
380

420

460

500

7450000 m N

11
540

580

620

660

700

7440000 m N
Poços
PROJEÇÃO TRANVERSA
Curvas potencimétricas DE MERCATOR UTM
Datum horizontal
Fluxo subterrâneo Córr. Alegre 23° S (698 poços)
5 km
Limites municipais
Escala Gráfica

Rodovias e/ou ruas

7430000 m N
230000 m E 240000 m E 250000 m E 260000 m E 270000 m E 280000 m E

FIGURA 8 – Mapa potenciométrico


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As anomalias de flúor provavelmente são ocorrência natural associada à alteração


de minerais de rocha. O ferro também pode estar relacionado às características das
formações geológicas, assim como o manganês, ou estar associado a problemas
construtivos dos poços.
O nitrato ocorre naturalmente na água subterrânea, em geral, em baixas
concentrações, e por ser bastante móvel, é muito utilizado como indicador de contaminação.
Sua ocorrência em concentrações mais elevadas pode estar associada a áreas com
aplicação de fertilizantes, com disposição de resíduos ou infiltração de efluentes domésticos,
sendo necessário acompanhar e monitorar a qualidade da água do poço com maior
frequência.

4.6 Uso e cobertura da terra


O Mapa de Uso e Cobertura da Terra foi realizado em escala regional de 1:100.000
por técnicas de processamento digital de imagens Landsat-TM e ortofotos, georeferenciadas
e convertidas para o sistema de projeção e datum UTM/Córrego Alegre. Foram obtidas no
processo de classificação do uso e cobertura da terra sete classes temáticas: área urbana
ou edificada; mata; pasto; canavicultura; outras culturas; solo exposto; corpos d’água.
Na região estudada observa-se uma predominância dos usos rurais, com destaque
para as áreas cobertas com cana (30,4%), outras culturas (16,5%) e pasto (19,4%). O solo
urbano ocupa 10,4% da área e está representado como manchas urbanas (Figura 9).
Uma análise pormenorizada da tipologia de uso e a especificidade do padrão da
ocupação considerando as diferenças relacionadas à densidade de ocupação foi realizada
tendo em vista a preocupação com os impactos que a ocupação urbana pode causar na
qualidade e quantidade explotável de águas subterrâneas, seja pelas fontes potenciais de
contaminação ou pela pressão por captação de água para abastecimento (Figura 10).
O mapeamento e análise da expansão urbana dos municípios permitiram definir as
tendências de crescimento ao longo das principais rodovias, bem como nos limites da
mancha urbana, avançando para a zona rural (Figura 11). A expansão urbana ocorre de
forma considerável nos municípios de:
 Indaiatuba – a) noroeste da mancha urbana, em direção a Monte Mor e Elias Fausto,
com implantação de loteamentos onde antes era zona rural, , avançando em direção
a uma das poucas áreas de boa produtividade em termos de água subterrânea,
denominada M3-1 (Figura 7); b) nas margens da Rodovia Santos Dumont SP-75,
direção Campinas-Salto.
 Monte Mor – a) ao longo da Rodovia Jornalista Francisco Aguirra Proença SP-101,
em direção a Campinas; incluindo loteamentos próximos ao limite norte do município.
 Salto – a) ao longo da Rodovia Santos Dumont SP-75, estando praticamente
interligada a Indaiatuba; b) focos ao sul, em direção a Itu, e a sudeste, pela Rodovia
SP097/300, em direção a Itupeva.

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FIGURA 9 – Mapa e uso e cobertura da terra.

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FIGURA 10 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo Urbano da região que abrange os Municípios de
Capivari, Elias Fausto, Indaiatuba, Monte Mor, Rafard e Salto (SP) – 2007.

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FIGURA 11 – Mapa de Expansão Urbana da região que abrange os Municípios de Capivari, Elias Fausto, Indaiatuba, Monte Mor,
Rafard e Salto (SP) – 1987 a 2007.

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4.7 Cadastramento e classificação de fontes potenciais de poluição


O levantamento das fontes potenciais pontuais de poluição partiu do cadastro de
empreendimentos fornecidos pela CETESB (em abril/2010) e as fontes difusas foram
obtidas a partir do mapa de uso do solo elaborado no projeto.

 Sistema de classificação da carga pontual de contaminação

A classificação das fontes potenciais de poluição foi adaptada do método POSH,


desenvolvido por Foster et al. (2002), levando em consideração o Fator de Complexidade
(W) definido no Decreto Estadual nº 47.397/2002, utilizado no licenciamento ambiental de
empreendimentos pela CETESB (São Paulo, 2002). Considerou-se também as classes e
subclasses de atividades elencadas pela Resolução Conjunta SMA/SERHS/SES nº 3, de
21/06/06; pelo Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas (CETESB, 2001) e pelo
Sistema de Licenciamento Simplificado (SILIS) (CETESB, 2010). O sistema de classificação
adaptado foi denominado de POSH-IG e está apresentado no Anexo 1.
Os empreendimentos cadastrados foram classificados em quatro níveis de carga
potencial de contaminação: Elevado, Moderado, Reduzido e Muito Reduzido. Este último foi
criado para abranger alguns empreendimentos que não representam potencial significativo
de contaminação como, por exemplo, Alimentos e Bebidas ou Madeira.
A partir da listagem de 1770 empreendimentos fornecida pela CETESB foram
eliminados os registros duplicados e no levantamento em campo realizado para averiguar
sua localização, alguns não foram encontrados ou locados e outros novos empreendimentos
foram cadastrados, totalizando, ao final, 1918 registros.
Os empreendimentos foram agrupados conforme as seguintes atividades:
 Indústrias de transformação (1520 empreendimentos) - destaca-se a fabricação de
produtos de metal e metalurgia, e engenharia mecânica,
 Comércio e serviço (210) – onde o grande número está associado a comércio e
armazenamento de combustíveis
 Resíduos e efluentes (86) - destino final de resíduos sólidos, Reciclagem e
recuperação de sucatas (metálicas ou não),
 Mineração (70) – apenas mineração de minerais não-metálicos
 Agrosilvopastoril (32) - criação animal confinada

Na Tabela 3 é apresentado o total de empreendimentos classificados em relação ao


potencial de contaminação da água subterrânea, dos quais 1573 possuem coordenadas
(Figura 12). 46 empreendimentos constam da Relação de Áreas Contaminadas e
Reabilitadas no Estado de São Paulo (CETESB, 2011).

TABELA 3 – Número de empreendimentos classificados de acordo com o potencial


de contaminação da água subterrânea.
Município Áreas contaminadas Classificados Não classificados
Capivari 10 149 6
Elias Fausto 3 106 4
Indaiatuba 15 995 18
Monte Mor 2 144 5
Rafard 2 47 2
Salto 14 394 2
Total 46 1835 37

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FIGURA 12 – Localização e classificação das potenciais fontes pontuais de contaminação.

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 Sistema de classificação da carga difusa de contaminação

 Área Urbana

Na área urbana, a carga potencial de contaminação provém dos sistemas de


saneamento. Para classificar as fontes difusas potenciais pelo método POSH (Foster et al
2002), considera-se a porcentagem de atendimento por rede coletora de esgoto e a
densidade de população. Neste projeto buscou-se refinar o método POSH, tendo sido
adotados os seguintes critérios:
 densidade de área edificada e loteamento (alta, média e baixa) - definida a partir
do tamanho dos lotes, não implicando que os lotes estejam totalmente
ocupados, mas refletem a carga potencial de contaminação que está ou estará
instalada no local
 mancha urbana de 1987 (Figura 11), por delimitar as áreas mais antigas e que,
consequentemente, sofreram influência de carga contaminante potencial por um
período mais prolongado;
 cobertura de rede coletora de esgoto - o atendimento nos municípios é maior
que 90% com exceção de Monte Mor, com apenas 44%.
O cruzamento destes três fatores indica o potencial de contaminação por fontes
difusas em área urbana (Tabela 4).

TABELA 4 – Classificação das fontes difusas de contaminação relacionadas a sistemas de


saneamento em área urbana - Sistema POSH-IG.
Área edificada Classificação
Alta densidade Media densidade Baixa densidade
e Loteamento da carga
Após Antes Após Antes Após potencial de
Mancha urbana Antes 1987 contaminação
1987 1987 1987 1987 1987
Até 25 Até 25 Até 25
Entre 25 e
75% Entre 25 e Entre 25 e Até 25% Até 25% Até 25% Elevado
Cobertura de Acima de 75% 75%
rede coletora de 75%
esgoto Acima de Acima de Entre 25 e Entre 25 e Entre 25 e
Moderado
75% 75% 75% 75% 75%
Acima de Acima de Acima de
Reduzido
75% 75% 75%

As áreas com carga potencial mais elevada concentram-se nas porções mais antigas
das cidades onde também se concentram as edificações mais adensadas. Em Monte Mor
todas as áreas edificadas e loteamentos foram classificados com carga potencial média a
alta, pois a cobertura de rede de esgoto da cidade é inferior a 50%, o que indica um uso
ainda intensivo de fossas (Figura 13).
Foram observados alguns poços com concentrações elevadas de nitrato (acima de 3
mg/L) nas porções mais antigas das cidades de Capivari e Indaiatuba, corroborando a
classificação de áreas com alta a moderada carga potencial de contaminação.

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FIGURA 13 – Classificação das fontes potenciais difusas de contaminação da água subterrânea proveniente dos sistemas
de saneamento

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 Área Rural

No mapeamento do uso e cobertura da terra não foi efetuado detalhamento das


variedades cultivadas, em função da escala empregada, tendo sido diferenciadas apenas as
plantações de cana-de-açúcar das demais culturas temporárias e/ou permanentes. A
vegetação rasteira foi correlacionada à ocorrência de pasto.
A classificação da carga potencial de contaminação relacionada à atividade agrícola
considerou estas classes de uso do solo, adaptando-se o método POSH (Foster et al (2002)
(Tabela 5).

TABELA 5 – Classificação das fontes difusas de contaminação existentes na área


rural - Sistema POSH-IG.
Classificação Unidade de uso do solo
Elevado Cana-de-açúcar
Moderado Outras culturas
Reduzido Pasto

A monocultura de cana-de-açúcar foi considerada com elevada carga potencial de


contaminação da água subterrânea e domina grande parte da área de estudo,
especialmente nos municípios de Capivari e Rafard onde ocupa cerca de 50% do território
municipal (Figura 14).

4.8 Perigo Potencial de contaminação das águas subterrâneas por


fontes pontuais e difusas
O perigo de contaminação da água subterrânea é a probabilidade de um aquífero
sofrer impactos negativos causados pela atividade antrópica, de tal maneira que a água
deixe de atender os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde para o
consumo humano (Foster et al,. 2006).
A avaliação do perigo potencial de contaminação da água subterrânea foi baseada na
proposição de Foster et al (2006), determinado a partir do cruzamento da carga potencial
contaminante (das fontes pontuais e difusas), existente ou passível de ser aplicada ao
subsolo, com a vulnerabilidade natural dos aquíferos. Para esta avaliação foi utilizado o
mapa de vulnerabilidade elaborado por DAEE/UNESP (2010), ilustrado na Figura 15..

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FIGURA 14 – Classificação das potenciais fontes difusas de contaminação da água subterrânea proveniente da prática agrícola.

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FIGURA 15 - Mapa de vulnerabilidade natural dos aquíferos da área estudada (extraído de DAEE/UNESP, 2010).

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 Fontes Pontuais de Poluição

Para a determinação do perigo potencial de contaminação utilizou-se ferramentas de


análise espacial em SIG (Sistema Geográfico de Informação) para discretização da área em
células uniformes, ponderação de valores e cruzamento dos planos de informação da carga
potencial poluidora e de vulnerabilidade do aquífero. Os critérios aplicados para a
determinação do perigo potencial de contaminação estão descritos na Tabela 6:

TABELA 6 - Sistema de classificação do perigo potencial de contaminação da água


subterrânea frente às fontes potenciais pontuais.
Célula de 200 x 200m Vulnerabilidade natural dos aquíferos
Nº de ocorrências por
Baixa Média Alta Extrema
célula
Muito
Até 4 Muito baixo Baixo Baixo
baixo
Carga pontual de contaminação

Muito Muito
5 a 10 Baixo Baixo Baixo
reduzida baixo
Muito
Acima de 11 Baixo Baixo Baixo
baixo
Até 4 Baixo Baixo Moderado Moderado
Reduzida 5 a 10 Baixo Baixo Moderado Moderado
Acima de 11 Baixo Moderado Moderado Moderado
Até 4 Baixo Moderado Alto Alto
Moderada 5 a 10 Baixo Moderado Alto Alto
Acima de 11 Moderado Alto Alto Alto
Até 4 Moderado Alto Alto Extremo
Elevada 5 a 10 Alto Alto Extremo Extremo
Acima de 11 Alto Alto Extremo Extremo

As classes mais elevadas de perigo potencial de contaminação são observadas nos


distritos industriais, principalmente próximos às drenagens, onde a vulnerabilidade natural
também é maior (Figura 16):
 Indaiatuba - concentrados na porção sul da área urbana (Nova Era, Recreio Campestre
Joia, Vitoria Martini, American Park Empresarial, Domingos Giomi e João Narezzi).
 Salto - Núcleo Industrial Allert, Julio Ustrito e Parque do Lago, estendendo-se ao longo
da rodovia Marechal Rondon e nas proximidades do rio Tietê.
 Capivari - distrito industrial afastado da área urbana, localizado ao longo da Rodovia do
Açúcar e próximo ao rio Capivari.
Nos demais municípios predominam perigos moderado a baixo; as áreas com alto
perigo não são extensas e ocorre ao longo do rio Capivari e das rodovias.

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FIGURA 16 - Perigo potencial de contaminação da água subterrânea frente às fontes potenciais pontuais existentes.

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 Fontes Difusas de Poluição

As classes de perigo potencial de contaminação obedeceram aos critérios


estabelecidos na Tabela 7, adaptada do sistema proposto por Foster et al. (2006) para a
área de estudo.

TABELA 7 - Sistema de classificação do perigo potencial de contaminação da água


subterrânea frente às fontes potenciais difusas.
Índice de vulnerabilidade natural dos aquíferos
Baixo Médio Alto Extremo
Carga difusa Reduzida Muito Baixo Baixo Moderado Moderado
de Moderada Baixo Moderado Alto Alto
contaminação
Elevada Moderado Alto Alto Extremo

O predomínio de vulnerabilidade baixa influenciou na classificação do perigo potencial


de contaminação da água subterrânea, tanto para as fontes difusas da área urbana como na
área rural, que é, de modo geral, moderado a muito baixo (Figuras 17 e 18).

 Sistema de saneamento - Área urbana

Nas áreas urbanas predomina o índice moderado de perigo potencial de contaminação


por sistemas de saneamento (Figura 17). O maior perigo potencial de contaminação (índices
de moderado a alto) concentra-se nas porções mais antigas das cidades, onde há maior
adensamento urbano. Em Monte Mor, a taxa de cobertura por rede de esgoto é pequena,
mas a maior parte da área urbana estende-se por regiões com vulnerabilidade baixa,
resultando em um perigo potencial moderado.

 Atividade agrícola - Área rural

O perigo potencial de contaminação em área agrícola é maior nos municípios de


Capivari e Rafard e na porção oeste de Elias Fausto onde predomina a monocultura
canavieira (Figura 18). Uma extensa área com perigo potencial elevado a moderado é
observada na divisa dos municípios de Elias Fausto e Capivari que está associada à área de
alta a média vulnerabilidade na cabeceira do afluente do rio Capivari.
Nos demais municípios, na parte leste da área estudada, o perigo potencial é menor,
predominando índices de baixo a muito baixo. Porções com alto a moderado perigo
potencial estão associadas a algumas extensas áreas de plantação de cana em Monte Mor
e Indaiatuba, e a outras culturas na várzea do rio Jundiaí.

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FIGURA 17 - Perigo potencial de contaminação da água subterrânea imposta pelos sistemas de saneamento na área urbana

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FIGURA 18 - Perigo potencial de contaminação da água subterrânea na área rural frente à atividade agrícola.

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4.9 Áreas Potenciais de Restrição e Controle (ARC-PO)


Áreas Potenciais de Restrição e Controle (ARC-PO) são “aquelas onde a
densidade de poços e o volume de água extraído indicam super-explotação ou onde estão
sendo ou foram desenvolvidas atividades potencialmente contaminadoras de solo e águas
subterrâneas” (Deliberação CRH nº 52/2005).
Neste Projeto foram delimitadas 10 Áreas Potenciais de Restrição e Controle (ARC-
PO-1 a ARC-PO-10) relacionadas a rebaixamento da superfície potenciométrica causada
pela explotação intensiva; potenciais problemas de interferência entre poços e de
contaminação da água subterrânea.

 Rebaixamento potencial da superfície potenciométrica

Na área urbana de Capivari, contígua a de Rafard, ocorre uma alteração da


superfície potenciométrica, em especial nas curvas de 460 e 480 metros, indicando um
potencial rebaixamento do nível estático, resultante do bombeamento intensivo dos poços
nos últimos 20 anos.
A comparação de mapas potenciométricos construídos para diferentes períodos
mostra um potencial rebaixamento de cerca de 40 metros na região.
A concentração de poços de abastecimento público com regime intensivo de
bombeamento, caracterizado por grandes vazões e tempo de funcionamento superior a 20
horas, em pequenas áreas podem provocar um rebaixamento local do nível da água
decorrente da somatória dos cones de influência e, quando a recarga é pequena ou lenta,
pode acarretar uma queda sistemática da superfície potenciométrica e diminuição da
espessura saturada do aquífero.
Pelo cruzamento do mapa de densidade de poços (Figura 19) com as curvas
potenciométricas de 460 e 480 metros foram delimitadas duas áreas onde há indícios de
rebaixamento do nível da água, as quais foram identificadas como Áreas Potenciais de
Restrição e Controle (ARC-PO-1 e ARC-PO-2).

 Interferência de poços

Para a identificação de áreas com potenciais problemas de interferência de poços foi


utilizado o mapa de densidade de poços.
Apesar de não haver registros de conflitos desta natureza, o potencial de ocorrência
deste tipo de problema foi considerado devido o acelerado aumento do número de poços
construídos nos últimos anos, especialmente nos novos loteamentos. Assim, considerou-se
que, quando ocorrem mais de 4 poços por unidade de área avaliada (500 m x 500 m), há
maior possibilidade de haver interferência de poços.

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FIGURA 19 - Áreas Potenciais de Restrição e Controle considerando o potencial problema de rebaixamento da superfície
potenciométrica.

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Em Indaiatuba foram identificadas áreas com elevada tendência de perfuração de


poços em grandes loteamentos, como na região a leste da rodovia SP-075, nas Colinas do
Mosteiro de Itaici (ARC-PO-3 e ARC-PO-4) e ao norte, uma região em franco crescimento
urbano em direção a Campinas, no Recanto Campestre de Viracopos (ARC-PO-5) (Figura
20).
Em Salto, destaca-se a ARC-PO-6 que abrange parte de loteamentos implantados
(Jardim Arquidiocesano e Chácaras Maracajás e Iracema) na região noroeste do município,
próximo ao limite com Elias Fausto, que, por não serem atendidos pela rede pública,
induzem cada propriedade a buscar soluções de abastecimento, levando a uma alta
densidade de poços na região.
Na região central da área urbana de Capivari identificou-se a ARC-PO-7, que ocupa
praticamente a mesma área da ARC-PO-1.

 Potencial de contaminação das águas subterrâneas

As Áreas Potenciais de Restrição e Controle relacionadas a problemas de


contaminação da água subterrânea foram identificadas a partir das áreas com alto perigo
potencial imposto por atividades pontuais (com elevada carga contaminante), localizadas,
principalmente, nos distritos industriais consolidados contíguos a áreas com alta densidade
de ocupação ou a poços de abastecimento público.
A preocupação com essas áreas é maior quando estão localizadas ao lado de
regiões urbanas com alta densidade de ocupação ou de poços destinados ao abastecimento
público, pois qualquer contaminação local pode atingir uma parcela maior da população.
A principal área localiza-se na porção sul da área urbana de Indaiatuba, a ARC-PO-
8, com grande extensão em área e engloba os diversos distritos industriais ao longo da
rodovia SP-075 (Figura 21). Esta área está contígua a áreas edificadas com alta densidade
de ocupação e possui um poço de abastecimento público. Ocorrem 6 áreas contaminadas
sendo 3 delas ligadas a atividade industrial e 3 relacionadas a armazenamento de
combustíveis.
Ainda em Indaiatuba, outra área foi identificada na região dos bairros Cidade Nova I
e II, a ARC-PO-9, inserida em área edificada com alta densidade de ocupação, o que
aumenta o risco de impacto à população em caso de contaminação da água subterrânea
(Figura 21).
Em Salto, delimitou-se a ARC-PO-10 (Figura 21) localizada na porção sudeste da
área urbana. Outros distritos industriais localizados em áreas menos adensadas ou outras
concentrações de indústrias com elevada carga potencial contaminante não foram
identificadas como ARC-PO, mas devem ser monitoradas e incluídas nesta categoria no
futuro, caso necessário.

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FIGURA 20 - Áreas Potenciais de Restrição e Controle considerando o potencial de interferência de poços na região de Indaiatuba e Salto.

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FIGURA 21 - Áreas Potenciais de Restrição e Controle considerando o potencial problema de contaminação da água subterrânea na
região de Indaiatuba e Salto.

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5 Recomendações aos Órgãos Gestores Municipais

Conforme estabelece a Deliberação CRH nº 52/2005, uma Área de Restrição e


Controle poderá ser proposta pelos órgãos gestores de recursos hídricos, pela Câmara
Técnica, pela Agência de Bacias ou mesmo como proposta no Plano de Bacia e deverá ser
submetida à apreciação e aprovação do Comitê da Bacia Hidrográfica. As restrições
deverão ser aplicadas pelos órgãos gestores dentro do âmbito de suas atribuições.
O presente estudo teve um enfoque técnico, com objetivo de realizar uma avaliação
hidrogeológica para identificar as Áreas Potenciais de Restrição e Controle (ARC-PO).
Cabe aos órgãos gestores e à Câmara Técnica da Bacia do PCJ a apreciação dos
resultados deste estudo e a proposição de estudos detalhados e confirmatórios para a
implantação de Área de Restrição e Controle conforme estabelece a Deliberação CRH nº
52/2005.

 Recomendações referentes às ARC-POs identificadas


Visando o melhor aproveitamento dos resultados obtidos neste Projeto, foram
elencadas algumas recomendações técnicas aos representantes dos órgãos gestores
municipais para auxiliar na implementação de ações voltadas à proteção dos recursos
hídricos subterrâneos.
Na Tabela 8 é apresentado um resumo das características e recomendações para as
10 ARC-POs identificadas na área dos municípios.

TABELA 8 – Resumo das Áreas Potenciais de Restrição e Controle delimitadas neste estudo
ARC-PO Potencial
Características avaliadas Recomendações
proposta impacto
- Deformação da superfície potenciométrica
em diferentes décadas
- Densidade de poços  Controle do regime de funcionamento
Rebaixamento - Ocorrência de poços com rebaixamento (vazão explotada e tempo de
ARC-PO-1 e
do nível da do NE observado em testes de funcionamento) dos poços existentes,
ARC-PO-2 bombeamento em diferentes épocas  Controle da perfuração de novos poços
água
- Ocorrência de poços de grande vazão e  Monitoramento do nível da água
regime de bombeamento intensivo (poços
de abastecimento público)
- Densidade de poços
 Monitoramento de poços vizinhos na
- Concentração de poços cuja capacidade
ARC-PO-3 a Interferência execução de teste de bombeamento
produtiva máxima implica em
ARC-PO-7 entre poços  Orientação ao usuário para
rebaixamentos potenciais acima de 60
monitoramento da vazão e nível da água
metros
 Não permitir a perfuração de poços
destinados ao abastecimento público
- Perigo potencial de contaminação
 Monitorar a qualidade dos poços de
imposta por atividades pontuais
abastecimento público
Contaminação - Distritos industriais consolidados
ARC-PO-8 a  Localizar e tamponar adequadamente os
da água - Proximidade de áreas com alta densidade
ARC-PO-10 de ocupação urbana
poços abandonados
subterrânea  Manter em bom estado a proteção
- Proximidade de poços de abastecimento
público sanitária dos poços existentes
 Controle da profundidade de cimentação
anelar na construção de novos poços

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 Estudos futuros para delimitação de ARC-CO (Área Confirmada de


Restrição e Controle)
De acordo com a Deliberação CRH nº 52/2005, as Áreas Potenciais de Restrição e
Controle devem ser elencadas por ordem de prioridade de forma a orientar as etapas futuras
de estudos detalhados e confirmatórios para o estabelecimento das Áreas Confirmadas de
Restrição e Controle (ARC-CO).
Propõe-se que seja dada maior prioridade às áreas ARC-PO-1, que contém a ARC-
PO-7, e as ARC-PO-8 a ARC-PO-10 (Tabela 9).
A área definida em Capivari (ARC-PO-7) coincide parcialmente com a ARC-PO-1,
identificada pelo potencial de ocorrência de rebaixamento da superfície potenciométrica
devido ao bombeamento intensivo. Esse fato mostra que esta área é prioritária para uma
avaliação detalhada e monitoramento sistemático de forma a confirmar a necessidade de
implantação de uma área de restrição e controle.

TABELA 9 – Prioridade de estudo detalhado das ARC-POs delimitadas neste estudo

Prioridade Área Localização Critério de priorização


 potencial problema de rebaixamento da superfície
potenciométrica
ARC-PO-1 e Área central de
Capivari
 potencial problema de interferência de poços.
ARC-PO-7
 importância da água subterrânea para o
abastecimento público do município
 alto perigo potencial de contaminação da água
subterrânea devido ao grande número de atividades
com elevada carga potencial de contaminante
Distritos industriais
 existência de um poço de abastecimento público
localizados ao longo
ARC-PO-8 da rodovia SP-075,
 uso da água subterrânea por diversos poços
em Indaiatuba existentes
1
 proximidade de área densamente ocupada
 existência de áreas contaminadas elencadas na
lista publicada por CETESB (2011)
Inserida na porção  alto perigo potencial de contaminação da água
ARC-PO-9 centro-norte da área subterrânea
urbana de Indaiatuba  inserida em área densamente ocupada
 alto perigo potencial de contaminação da água
Inserida na porção sul subterrânea
ARC-PO-10 da área urbana de  inserida em área densamente ocupada
Salto  existência de área contaminada elencada na lista
publicada por CETESB
 potencial problema de rebaixamento da superfície
Porção norte da área potenciométrica
ARC-PO-2 urbana de Capivari  importância da água subterrânea para o
abastecimento público do município
2 ARC-PO-3 e Oeste da área urbana
ARC-PO-4 de Indaiatuba
ARC-PO-5 Norte de Indaiatuba  alta densidade de poços
Norte de Salto,  alto potencial para rebaixamento de poços
ARC-PO-6 próximo ao limite com
Elias Fausto

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 Recomendações referentes a outras áreas com alto perigo potencial


de contaminação da água subterrânea
Algumas áreas com alto perigo potencial de contaminação da água subterrânea não
foram delimitadas como ARC-POs, por não apresentarem indícios de problemas ou por não
terem extensão expressiva em área que pudesse ser mapeada nesta escala de avaliação.
A evolução da ocupação e a qualidade da água nestas áreas, entretanto, devem ser
acompanhadas e, caso necessário, no futuro, poderão ser definidas como novas áreas
potenciais de restrição e controle (Tabela 10).

TABELA 10 – Recomendações para as áreas com alto perigo potencial de contaminação da


água subterrânea
Área com alto perigo
potencial de contaminação da Recomendações
água subterrânea
 Aplicar as distâncias mínimas das atividades com potencial de
contaminação, estabelecidas na Deliberação CRH nº 52/2005
para proteção das captações de água subterrânea para
Áreas próximas a indústrias consumo humano
com elevada carga potencial  Identificação e tamponamento de poços abandonados
de contaminação ou núcleos
industriais em consolidação  Manutenção da proteção sanitária dos poços existentes para
evitar a penetração de contaminantes
 Monitoramento da qualidade da água de poços de
abastecimento público existentes
Mancha urbana antiga (área  Monitoramento das concentrações de nitrato em poços
contida na mancha urbana de
selecionados na área mais antiga das cidades
1987)
 Monitoramento da qualidade da água de poços existentes para
Áreas rurais com alto perigo
de contaminação parâmetros como nitrato e agroquímicos (a definir de acordo
com a cultura existente)

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Identificação de áreas potenciais de restrição e controle de captação e uso da água subterrânea na porção sul da UGRHI 05 – Novembro/2012

Referências bibliográficas

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de Gerenciamento de Áreas Contaminadas. CETESB, GTZ, 2ª ed., CETESB, São
Paulo, 389 p.
CETESB – COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. 2010b.
Critérios para classificação de empreendimentos de baixo potencial poluidor. Versão
1,5, de 08/01/2010, CETESB, São Paulo, 58 p. (http://silis.cetesb.sp.gov.br/index.php)
CETESB – COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. 2011. Relação
de áreas contaminadas e reabilitadas no Estado de São Paulo. Dezembro/2011.
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de 15 de abril de 2005, publicado no DOE em 12/05/2005.
FOSTER, S.; HIRATA, R.; GOMES, D.; D’ELIA, M.; PARIS, M. 2002. Groundwater quality
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FOSTER, S.; HIRATA, R.; GOMES, D.; D’ELIA, M.; PARIS, M. 2006. Proteção da
qualidade da água subterrânea: um guia para empresas de abastecimento de
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Mate, World Bank/Servmar, São Paulo, 104 p.
SÃO PAULO. Decreto nº 47.397, de 4 de dezembro de 2002. Dá nova redação ao Título V e
ao Anexo 5 e acrescenta os Anexos 9 e 10, ao Regulamento da Lei n° 997, de 31 de
maio de 1976, aprovado pelo Decreto n° 8.468, de 8 de setembro de 1976, que dispõe
sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente.
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE (SMA); SECRETARIA DE ENERGIA, RECURSOS
HÍDRICOS E SANEAMENTO (SERHS); SECRETARIA DA SAÚDE (SES) 2006.
Resolução Conjunta SMA/SERHS/SES nº 3, de 21 de junho de 2006. Dispõe sobre
procedimentos integrados para controle e vigilância de soluções alternativas coletivas
de abastecimento de água para consumo humano proveniente de mananciais
subterrâneos.

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ANEXO 1 – Sistema de classificação POSH-IG aplicado para as potenciais fontes pontuais de contaminação.

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ANEXO 1 – Sistema de classificação POSH-IG aplicado para as potenciais fontes pontuais de contaminação (cont.)

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