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CONDUTA TERAPÊUTICA RESTAURADORA

Alfredo Julio Fernandes Neto, et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006

A Odontologia Restauradora é a
conduta terapêutica por meio da qual é
realizado o ajuste oclusal por acréscimo de
materiais restauradores diretos e indiretos.
Tal conduta busca reabilitar a fisiologia do
aparelho estomatognático, assegurando a
saúde do sistema neuromuscular, das
articulações temporomandibulares, dos Fig. 02 – Vista vestibular de uma boca em
dentes e do periodonto, por meio do disfunção.
restabelecimento da dimensão vertical de
oclusão, da relação cêntrica, da Método de Diagnóstico e Plano de
estabilidade oclusal e da guia anterior. Tratamento
Para tanto se torna necessário
diagnóstico criterioso quanto as O método de diagnóstico e plano
características gerais e os aspectos de tratamento compõe-se de:
intrabucais do paciente. 1- Exame cuidadoso para descobrir,
isolar e analisar cada fator capaz de causar
Diagnóstico doença, desarmonia ou instabilidade.
2- Análise da resistência do
É a determinação da natureza da
hospedeiro e avaliação de qualquer outro
doença. Consiste na descoberta e
fator contribuinte.
reconhecimento de sinais e sintomas
3- Avaliação dos efeitos dos fatores
(anormalidades) e na investigação de
causais, relacionando-os ao tempo, a
determinadas condições e suas causas,
intensidade e a resistência do hospedeiro.
buscando restabelecer a normalidade.
Quando observar um efeito, procure até
encontrar a causa, e verifique se ainda está
ativa, ou já passou seu tempo de produzir
efeitos.
4- Análise de todos os métodos que
poderão ser utilizados para eliminar os
fatores causais prejudiciais ou neutralizar
seus efeitos perniciosos.
5- Seleção da melhor opção de trata-
mento.
Fig. 01 – Vista vestibular de uma boca saudável. Quando o objetivo é a melhora da
saúde bucal, o diagnóstico e o plano de
tratamento podem ser considerados dentro
de dois princípios fundamentais:
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I - Encontrar todos os fatores que Fatores Contribuintes


causam e contribuem, de algum modo,
para a deterioração da saúde bucal Atuam diminuindo a resistência do
II – Determinar qual o melhor hospedeiro, são eles:
método para eliminar cada um desses 1- Predisposição hereditária
fatores de deterioração. 2- Saúde geral debilitada
3- Insuficiência nutricional
Fatores Causadores 4- Tensão emocional
Excluídas as doenças neoplásicas e Elementos de diagnóstico
os acidentes, quase todos os efeitos
prejudiciais aos dentes e/ou estruturas de Um diagnóstico completo requer
suporte são resultados direto de informações de uma ou mais fontes:
microrganismos e do desequilíbrio oclusal. ¾ Anamnese ou interrogatório (história
médica e odontológica)
¾ Exame clínico
¾ Exame radiográfico
¾ Exame dos modelos de estudo
¾ Exames complementares.

Anamnese ou interrogatório

Na primeira consulta o paciente deve


ser encorajado a descrever experiências
médicas e odontológicas anteriores.
Fig. 03 – Vista vestibular de uma boca com - Dados pessoais (nome, endereço,
microrganismo e desequilíbrio oclusal. sexo, idade, filiação, profissão, estado
civil, etc.).
No quadro abaixo esta relacionado o - Queixa principal
alcance dos fatores causadores da doença - Antecedentes pessoais: de ordem
oclusal e dental. geral (problemas cardiovasculares, reações
alérgicas, diabete, neuroses, hepatite,
1- Microrganismos tuberculose, avitaminose, desequilíbrio
( Higiene inadequada)
a- Cárie dental ( principalmente na infância)
hormonal, etc.), e de ordem protética:
b- Gengivite (antecedente protético, intolerância aos
2 - Desequilíbrio oclusal aparelhos, resposta tecidual desfavorável).
(Maloclusão) - Antecedentes hereditários (história
a- Dor no ombro e pescoço familiar).
b- Doença periodontal avançada
c- Dor de cabeça Exame clínico
d- Dor facial
e- Desgaste prematuro É a coleta de dados que constitui a
f- Pulpites
g- Periodontite apical base do diagnóstico e exige do clínico
h- Disfunção da ATM conhecimentos básicos, apuro dos senti-
i- Prótese desconfortável dos, capacidade de observação, análise,
j- Audição prejudicada síntese, bom senso e discernimento.
l- Reabsorção radicular - Exame dos tecidos moles:
m- Mordidas nos lábios e bochecha
n- Dor de garganta Examinar minuciosamente freios
o- Dor referida com inserção alta, gengiva (cor, forma,
sulco), mucosa oral, fístulas e neoplasias,

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zonas de bifurcação e trifurcação radicular


e nódulos linfáticos.

Fig. 04 – Vista vestibular de uma boca fistulas nos Fig. 06 – Imagem radiográfica de uma lesão de
dois incisivos centrais. furca – grau I, no dente 46.

GRAU II - Perda horizontal dos


tecidos de suporte excedendo um terço da
largura do dente, mas não envolvendo toda
a largura da área de furca..
Terapia recomendada:
Plastia de furca, tunelização,
Fig. 05 – Vista vestibular do diagnóstico ressecção radicular, extração dentária,
diferencial da origem da fistulas, aparentemente no regeneração tecidual guiada nos molares
incisivo central. inferiores e controle dos hábitos oclusais
Segundo, Carnevale, Pontoriero e excêntricos (ajuste oclusal)
Lindhe, 2005, o tratamento de defeitos na
região de furca de um dente
multirradicular tem dois objetivos:
1. a eliminação da placa microbiana
das superfícies expostas do complexo
radicular
2. o estabelecimento de uma
anatomia das superfícies afetadas que
facilite o adequado autocontrole de placa.
Classificação das lesões de furca: Fig. 07 – Imagem radiográfica de uma lesão de
GRAU I – Perda horizontal dos furca – grau I.I, no dente 46
tecidos de suporte não excedendo um terço
da largura do dente. GRAU III – Perda horizontal “lado a
Terapia recomendada: lado” dos tecidos de suporte na área de
Raspagem e alisamento radiculares, furca.
plastia de furca e controle dos hábitos Terapia recomendada:
oclusais excêntricos (ajuste oclusal) Tunelização, ressecção radicular,
extração dentária.

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Fig. 11 – Vista de uma boca com ausência de


higiene, dentes e desequilíbrio oclusal.
Fig. 08 – Imagem radiográfica de uma lesão de
furca – grau III, no dente 36.

Fig. 12 – Vista de uma boca com disfunção


dentária, perimólise, causado provavelmente por
refluxo ácido endógeno.
Fig. 09 – Desenho esquemático de uma odonto-
secção e opções de tratamento restaurador.
A mobilidade dentária é resultado da
perda contínua dos tecidos de suporte na
- Exame dos tecidos duros doença periodontal progressiva ou trauma
Examinar minuciosamente dentes oclusal e pode ser classificada como:
ausentes e zonas desdentadas, suscepti- Grau I: mobilidade coronária de 0,2
bilidade à cárie dental, contato proximal, a 1 mm no sentido horizontal.
facetas, contatos deflectivos, mobilidade Grau II: mobilidade coronária
dentária, espaçamento dos dentes excedendo 1 mm no sentido horizontal.
anteriores e trabalhos protéticos existentes. Grau III: mobilidade coronária nos
sentidos vertical e horizontal.
- Oclusão e articulações temporo-
mandibulares:
Examinar minuciosamente a oclusão
(RC, MIH, ORC, DVR, DVO, EFL,
sobrepasse vertical (overbite), sobrepasse
horizontal (overjet)) e articulações
(movimentos de abertura, fechamento,
Fig. 10 – Vista de uma boca com ausência de lateralidade, protrusão, dor e ruídos).
dentes e desequilíbrio oclusal.

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- Avaliação dos movimentos para-


funcionais (apertamento dental, bruxismo
e outros hábitos).

Fig. 13 – Vista de uma boca com prematuridade


em relação cêntrica, ausência de dentes e
desequilíbrio oclusal.
Fig. 17 – Vista de uma boca com disfunção
dentária, bruxismo, com desarmonia da guia
anterior e ausência de estabilidade oclusal.

Quando da presença de distúrbios


oclusais, os pacientes se apresentam em
distintos grupos na dependência de suas
susceptibilidades (limiar de tolerância):
• GRUPO I - Paciente susceptível à
disfunção neuromuscular (disfunção
mandibular).
Fig. 14 – Vista de uma boca em MIH, com
• GRUPO II - Paciente susceptível à
ausência de dentes e desequilíbrio oclusal.
disfunção tempomandibular
(disfunções temporomandibulares).
• GRUPO III - Paciente susceptível à
disfunção dentária (lesões não
cariosas).
• GRUPO IV - Paciente susceptível à
disfunção periodontal (mobilidade
dental ou migração patológica dos
dentes).
Fig. 15 – Vista de uma boca com uma guia lateral • GRUPO V - Paciente não susceptível a
harmônica.
disfunção (acomodação).
- Documentação fotográfica:
É realizada com objetivos
científicos, legais e marketing, antes,
durante e após o tratamento.

Exame Radiográfico

Como elemento complementar de


diagnóstico são realizadas radiografias
periapicais, interproximais e oclusais para
verificar cáries, parte radicular do dente
Fig. 16 – Vista de uma boca com uma guia anterior (comprimento, forma e número das
harmônica. raízes), relação coroa/raíz, estruturas de
suporte, (espaço do ligamento periodontal,

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cortical alveolar, perda óssea), processos • Anti-HIV (ELISA)


apicais e periapicais, dentes inclusos e • ELISA para doença de Chagas
raízes residuais, polpa dos dentes,
tratamentos endodônticos existentes, Plano de Tratamento
bifurcações e trifurcações comprometidas,
tipo e quantidade de osso alveolar. É a proposição de procedimentos e
condutas necessárias à correção das
Exame dos Modelos de Estudo anormalidades mostradas pelo paciente.
O plano de tratamento Odontológico
Sempre montados em articulador completo inclui:
semi-ajustável em relação cêntrica (RC), o ¾ Reabilitação de uma dentição
exame dos modelos de estudo é realizado acessível à limpeza
para: ¾ Redução dos esforços a um ponto que
¾ Avaliar a oclusão (RC, MIH, ROC, não sejam destrutivos
interferências excursivas ¾ Educação do paciente sobre sua
ânteroposteriores e laterais), cúspides responsabilidade na manutenção da
impactantes, espaço protético, posição saúde
dos dentes na arcada, selecionar a O objetivo final da conduta
direção de inserção, plano oclusal, terapêutica restauradora é restabelecer a
grau das curvas de Spee e Wilson, oclusão, onde as superfícies oclusais
relações intermaxilares, tipos de devem, apreender e triturar alimentos,
restaurações necessárias, auxiliar no estar em harmonia com os tecidos
posicionamento do pôntico. adjacentes, receber e direcionar força ao
¾ Realizar análise funcional da oclusão longo eixo do dente, promover conforto e
(procedimentos experimentais de evitar interferência oclusal.
equilíbrio oclusal) e enceramento O plano de tratamento que vise o
diagnóstico (obtendo informações atendimento integral e integrado aos
sobre o resultado estético pretendido, pacientes que necessitam de prótese
auxiliando na obtenção de dentária, deve incluir:
restaurações provisórias e como
auxílio visual durante a discussão do I- Tratamento Sistêmico
plano de tratamento com o paciente).
Aos cuidados da clínica médica para
Exames Complementares equilíbrio e controle de pacientes
especiais, portadores de distúrbios
Avaliar a possibilidade do paciente cardiovasculares, diabete, hepatite, etc.
portar doenças infecciosas e/ou patologias
potencialmente geradoras de II- Tratamento Odontológico
complicações, solicitando exames
complementares, tais como: 1. Urgências:
• Prova de função Hepática • Em relação à dor
• Hemoglama completo • Em relação à estética
• HBSAG ( hepatite B ) 2. Periodontal Básico:
• Anti HCV ( hepatite C ) ELISA 2º • Eliminação de placa bacteriana
geração • Raspagem dental
• Glicemia de jejum • Controle da higiene
• Uréia mais Creatinina 3. Cirúrgico:
• Hormônios: T3, T4, TSH • Exodontias
• VDRL 4. Prótese Removível Total:

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• Convencional 9. Protético Provisório:


5. Equilíbrio Oclusal: • Seleção da cor dentes naturais (antes
• Diagnóstico diferencial do preparo dentário)
• Moldagem para obtenção dos modelos • Preparo dos dentes e estabilização com
de estudo próteses provisórias
• Montagem dos modelos de estudo em 10. Periodontal Cirúrgico:
articulador semi-ajustável, com uso do • Gengivectomia
arco facial e registro interoclusal em • Cirurgia a retalho
relação cêntrica (RC) • Cirurgia mucogengival
• Análise funcional da oclusão • Implante
• Ajuste oclusal (em relação cêntrica,
lateralidades e protrusão) III- Tratamento Protético
• Restabelecimento da dimensão vertical Definitivo
de oclusão (DVO), com o auxílio de
¾ Prótese Fixa
um “jig” de Lúcia, a partir da
¾ Prótese Removível Parcial
dimensão vertical de repouso
¾ Prótese Removível Total
fisiológico dos músculos da
mastigação (DVR), preservando um Prótese Fixa:
espaço funcional livre (EFL) de • Convencional (unitária ou múltipla)
aproximadamente 3.0 mm • Adesiva indireta
• Estabilidade oclusal (placas • Implantada
interoclusais para reposicionamento Seqüência convencional para
mandibular ou uma prótese removível confecção de prótese fixa:
parcial provisória (overlay) - uso por - Observar e anotar a cor dos dentes
aproximadamente 30 dias) naturais remanescentes,
• Restabelecimento da guia anterior - Preparo e/ou repreparo dos dentes
(GA). pilares,
6. Endodontia: - Confecção e/ou reembasamento
• Não caracterizada como urgência (a dos provisórios (retentores e pônticos),
maior incidência de falhas em dentes - Preparo e moldagem do conduto
pilares tratados endodonticamente, não radicular,
se deve somente a fragilidade - Fixação do núcleo metálico de
mecânica do remanescente dental, mas reconstituição e/ou retenção,
também a redução da sensação tátil - Moldagem para obtenção dos
dos proprioceptores, o que diminui a modelos de trabalho,
habilidade do paciente em detectar - Confecção dos modelos de
sobre-cargas). Morgano, S. M., JPD, trabalho,
1996. - Montagem dos modelos de
7. Dentística: trabalho em articulador semi-ajustável,
• Restaurações (com resina composta, com uso do arco facial e registro
com ionômero de vidro, com interoclusal (casquetes de transferência)
amálgama) na dimensão vertical de oclusão (DVO),
• Selante de fóssula e fissura - Ajuste do metal na boca do
• Colagem de dentes fraturados paciente (proximal, relação pôntico/
• Prótese adesiva direta rebordo alveolar, cervical, propriedades
8. Ortodôntico: retentivas, oclusal e contorno),
• Movimentos dentais (verticalização, - Remoção, da relação dos retentores
extrusão, outros) na boca, para soldagem,

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- Registro interoclusal da dimensão Planejamento em Prótese Fixa


vertical de oclusão,
- Moldagem para a remontagem em O número de dentes suportes
articulador semi ajustável, necessários para uma prótese fixa depende
- Ajuste e caracterização da de sua extensão e localização no arco
porcelana na boca (proximal, relação dental, da natureza do antagonista, do
pôntico/rebordo alveolar, cervical, oclusal, estado periodontal, forma e implantação
contorno e estético), das raízes dos dentes que servirão de pilar.
- Fixação provisória (7 dias),
- Fixação definitiva. Fatores que determinam a extensão de
Prótese Removível Parcial: uma prótese fixa
• Convencional,
¾ Eficiência mastigatória do antagonista
• Encaixe. ¾ Proporção coroa/raiz dos dentes
Prótese Removível Total: suportes
• Overdenture: ¾ Relação resistência e força
Sobre raízes naturais, ¾ Polígono de Roy
Sobre Implantes.
Eficiência mastigatória
Quando o paciente não necessitar de
um dos procedimentos abordados, na Dentes Naturais 100%
seqüência acima, segue-se ao próximo do Prótese Fixa 80%
qual necessita. Prótese Removível Parcial 50%
Prótese Removível Total 20%
Exames periódicos No planejamento de uma prótese
fixa que oclui com outra prótese fixa, o
Os exames periódicos após a valor da força “F” de mastigação deve ser
colocação das próteses fazem parte do reduzido em 20%, ocluindo com uma
tratamento reabilitador, pois a detecção prótese removível parcial em 50% e com
precoce de um problema pode evitar uma prótese total, a redução é em 80%.
futuro insucesso das restaurações. Essa redução na eficiência
O prognóstico periodontal e mastigatória se deve a natureza das
protético é influenciado pela dieta, fatores próteses e a perda de propriocepção do
sistêmicos e a habilidade em manter o periodonto.
meio bucal livre de placa, pois mesmo
com o cuidado pessoal e profissional Proporção Coroa/Raiz dos Dentes
adequado, a doença periodontal pode Suportes
ocorrer.
Coroa Raiz
Prognóstico Ideal 1 2
Ótima 1 1,5
O prognóstico é uma opinião ou Mínima aceitável 1 1
julgamento dado no decorrer do
tratamento em relação à expectativa para o Relação Resistência e Força
sucesso da terapia utilizada que depende
positivamente da higiene bucal, correta Geralmente, um dente normal tem
seleção dos materiais utilizados, plano de capacidade para resistir duas vezes o
tratamento meticulosamente executado e esforço de mastigação que recai sobre o
relação paciente/profissional. mesmo, sem causar qualquer dano ao
sistema de sustentação. Para isto é
fundamental que a força oclusal recaia

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sobre o longo eixo do dente pilar, figura Canino 5 5


01 e 02. 1º Pré molar 4 4
2º Pré molar 4 4
B 1º Molar 6 6
A
2º Molar 6 6
3º Molar 4 4

Dessa forma pode-se calcular o


número de dentes pilares necessários em
relação ao espaço protético, indicando
R R uma prótese fixa, somente quando a soma
Fig. 01 - A: força indesejável, B: força vertical. dos valores da resistência dos dentes
pilares for maior que a soma dos valores
B1
B2 da força dos dentes ausentes (pônticos).
A1 A2 Nas ilustrações a seguir os
elementos dentários representados pela cor
preta são os elementos ausentes, pela cor
amarela os dentes pilares. A proporção
força resistência necessária deverá ser tal
CR que a resultante R - F seja sempre positiva.

Fig. 02 -Distribuição de forças sobre uma prótese


fixa.

Portanto, para uma prótese fixa ser


indicada o número da soma da resistência
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
dos dentes pilares deverá ser superior ao
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
da soma da força que recairá sobre os
dentes ausentes. R = 12 = 3 F = 11 = 4
R-F = 7-4= +3
21 = 4
Vest, G. em 1960, apud Tamaki 7
1982, apresentou uma tabela, ordenando
os dentes segundo a resistência de cada
um, tomando-se como elemento de
comparação o incisivo central inferior que
foi considerado o dente de menor
resistência dando-lhe o valor um. Dessa
maneira, considerou os incisivos laterais
inferiores duas vezes mais resistentes, os 18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
incisivos laterais superiores três vezes, os 48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
incisivos centrais superiores, pré-molares R = 11 = 4 F = 21 = 4
e III molares quatro vezes, os caninos 23 = 5 22 = 3 R-F = 9-7= +2
cinco vezes e os I e II molares seis vezes 9 7

mais resistentes, tabela 01.


Tabela 01 - Valor da resistência dos dentes
superiores e inferiores.
Dente Superior inferior
Incisivo central 4 1
Incisivo lateral 3 2

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18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28 18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38 48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 21 = 4 F = 22 = 3 R = 11(25)= 4 F = 22 = 3 R = 17 = 6 F = 16 = 6 R = 14 = 4 F = 12 = 3
24 = 4 23 = 5 21 = 4 23 = 5 15 = 4 13 = 5 11 = 4
23 = 5 21 = 4
8 8 24 = 4 8 10 24 = 4 22 = 3
12 18 14
R - F = 10 - 6 = + 4
R-F=8-8=0 R - F = 12 - 8 = + 4 R - F = 18 - 14 = + 4

18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 11 = 4 F = 12 = 3 R = 13 = 5 F = 12 = 3
13 = 5 14 = 4 15 = 4 14 = 4
R = 11 = 4 F = 12 = 3 15 = 4 15 = 4 17 = 6 15 = 4
13 = 5 14 = 4 R - F = 13 - 7 = + 6 17 = 6 11
15 = 4 19 15 11
7
13 R - F = 19 - 11 = + 8 R - F = 15 - 11 = + 4

18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28 18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38 48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
R = 12 = 3 F = 11 = 4 R = 13 = 5 F = 11 = 4
R = 11 = 4 12 = 3 21 = 4
F = 12 = 3 22 = 3 21 = 4 22 = 3 8
13 = 5 14 = 4 R - F = 13 - 7 = + 6 6 8 23 = 5
15 = 4 7 16
13 R-F=6-8=-2 R - F = 16 - 8 = + 8

fulcro F
R1
Polígono de Roy
R2

Os dentes também são passíveis de


movimentação no sentido vestíbulo-
lingual, sobre um eixo imaginário que liga
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28 suas faces mesial à distal. Devido à
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38 disposição dos dentes em ambas arcadas,
R1 = 13 = 5 F = 12 = 3 R2 = 13 = 5 F = 12 = 3
23 = 5 11 = 4 14 = 4 11 = 4 estes se dividem em grupos: posteriores
10 21 = 4 23 = 5 21 = 4
22 = 3 24 = 4 22 = 3 (molares e prés) e caninos do lado direito e
14 18 14
R1 - F = 10 -14 = - 4 R2 - F = 18 - 14 = + 4 esquerdo e anteriores (incisivos centrais e
laterais). Cada um destes grupos compõe
um eixo de rotação, e unindo-os, obtém-se
um polígono, denominado “Polígono de
Roy”, figura 03.

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DAWSON, P. E. Avaliação, diagnóstico e


tratamento dos problemas oclusais. 2. edição,
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Artes Médicas, 1993.686 p.
GUICHET, N. F. Occlusion. Anaheim. California:
Denar Corp., 1977. 117 p.
LINDHE, J., KARRING, T., LANG, N. P. Tratado
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Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 1013p.
LOPES, L. N. F. Prótese adesiva procedimentos
clínicos e laboratoriais. São Paulo, Artes Médicas,
Fig. 03 - Ilustração esquemática do Polígono de
1989. 99p.
Roy.
MEZZOMO, E. et. al. Reabilitação oral para o
clínico. São Paulo: Santos/ Quintessence, 1994.
Baseado no exposto, uma prótese
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fixa será considerada recomendável MIRANDA, C. C. Atlas de reabilitação bucal, São
quando, unidas suas extremidades e Paulo: Santos, 1986. 529 p.
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dentes envolvidos (pilares e pônticos), Paulo: Artes Médicas: (série EAP-APCD vol. 7),
1998. 313 p.
formar um polígono.
ROY, M. Pyorrhea alveolaris: its nature,
Além da análise de força e pathogeny and treatment. The dental cosmos, v.
resistência e da configuração em forma de LXXII, p.390-399, April, 1930.
polígono, em uma prótese fixa suportada SCHILLINGBURG JR.. H. T. Fundamentos de
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fundamental importância o paralelismo Oliveira. São Paulo: Santos. 1989. 340 p.
SCHLUGER, S., YUODELIS, R. R., PAGE, R. C.,
entre os preparos coronários dos mesmos, Periodontia: fenômenos básicos, tratamento e
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