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ENTENDENDO O ALUNO DO SÉCULO 21 JUNHO.

2015
- E C O M O E N S I N A R A E S S A N O VA G E R A Ç Ã O

EDUCAÇÃO & EVOLUÇÃO

ENTENDENDO O

A L U NO D O
SÉCULO
21
e como ensinar a essa
nova geração
UMA
PUBLICAÇÃO
POR ANA PRADO
DIREÇÃO DE ARTE ROB FRIEDE

1 • W W W. G E E K I E . C O M . B R
ENTENDENDO O ALUNO DO SÉCULO 21 JUNHO.2015
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SUMÁRIO
VOCÊ ENCONTRARÁ NESTE EBOOK:

INTRODUÇÃO 3
PARTE 1 VISÃO GERAL DA GERAÇÃO Y 4
PARTE 2 RELAÇÃO DOS JOVENS COM A INTERNET 6
PARTE 3 COMO ELES REALMENTE USAM A TECNOLOGIA NOS ESTUDOS 8
3.1 RELAÇÕES CONTRADITÓRIAS E O DESAFIO À CONCENTRAÇÃO 10
PARTE 4 O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DAS NECESSIDADES DO ALUNO DO SÉCULO XXI 13
PARTE 5 EXPERIÊNCIA QUE DEU CERTO 15
OUTRAS FONTES CONSULTADAS 17
E
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INTRODUÇÃO

Em um mundo em que a tec- que são os maiores interessa-


nologia evolui em uma enorme dos nisso tudo: os estudantes.
velocidade e proporciona re- Saber que eles usam celu-
voluções em diferentes cam- lares e estão nas redes sociais
pos, a educação não pode ficar não é o suficiente para se en-
de fora de sua área de influ- tender sua verdadeira relação
ência. No entanto, no Brasil, com a tecnologia e a internet
a grande maioria das escolas – e, portanto, para se dedu-
ainda funciona com métodos zir como esses recursos po-
do início do século 20 apesar dem ser usados para beneficiá
de seus alunos estarem mais -los. O objetivo deste e-book é
expostos do que nunca às no- apresentar alguns insights do
vidades tecnológicas. que estudos e especialistas já
Não há dúvidas de que é conseguiram levantar sobre
urgente a necessidade de mu- os estudantes do século 21.
dar a forma como os conhe- As informações que apresen-
cimentos são trabalhados na taremos a seguir são essenciais
sala de aula. Mas isso não pode para que educadores e gestores
ser feito de forma irrefletida: da área possam elaborar pla-
antes de se modernizarem as nos eficientes em aliar a tec-
escolas, é fundamental que se- nologia à educação para esta e
jam compreendidos aqueles as futuras gerações.

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PA R T E 1

VISÃO GERAL
DA GERAÇÃO Y

Os jovens nascidos até o ano de informações e a crença de


2002, definidos como gera- que sabem tudo – fatores que
ção Y ou millennials (que são representam um desafio real
o foco deste e-book, embora para os professores e para a
as informações que traremos educação como um todo.
aqui também valham para a Carlson nota ainda que es-
chamada geração Z, que in- ses jovens são espertos, mas
clui os nascidos em anos mais impacientes, querendo sempre
recentes), foram os primeiros resultados imediatos. Outras
a estarem imersos em tecno- características importantes:
logia praticamente desde seu eles estão mais familiarizados
nascimento, o que foi deter- com a diversidade do que com
minante para o desenvolvi- o tradicional (o que se explica
mento de seu estilo de comu- em parte pelo amplo acesso à
nicação e aprendizagem. informação permitido pela tec-
Segundo o artigo “The Net nologia e pelo fato de cresce-
Generation in the Classroom”, rem em um contexto em que
de Scott Carlson, publicado os modelos tradicionais estão
em 2005 no The Chronicle of ruindo – boa parte deles vem
Higher Education1, são bem de uma família com pais di-
características dessa geração vorciados, por exemplo). Isso
a facilidade no uso de novi- influencia a maneira como
dades tecnológicas, a dificul- veem os estudos e o trabalho,
dade em manter a atenção em buscando frequentemente for-
1
Carlson, S. “ The Net Generation in the algo, a confiança em sua ha- mas de misturá-los com o la-
Classroom”. The Chronicle of Higher bilidade de fazer várias coisas zer e rejeitando modelos e ro-
Education, agosto de 2007. http://chronicle.
com/free/v52/i07/07a03401.htm ao mesmo tempo, a saturação tinas engessados.

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“Por outro lado, eles têm sido notados como mais aptos a
controlar o próprio aprendizado e escolher métodos tecnológi-
cos e não convencionais para aprender melhor. O crescimento
do ensino a distância, com o uso de vídeos em vez de aulas pre-
senciais, é um ótimo exemplo dessa característica”, escreve Scott
Carlson. Ainda no tema educação, é interessante notar que, por
terem chegado à escola em uma época em que o trabalho em
grupo era largamente incentivado, esse estilo de trabalho e apren-
dizado continua sendo o preferido da maioria.

A DIFERENÇA ENTRE GERAÇÕES


NASCIDOS ENTRE 1925 E 42: GERAÇÃO SILENCIOSA
Afetados pela dura realidade da guerra, que ameaçou a continuidade da sociedade
como a conheciam, eles valorizam o dever, a honra, o trabalho duro e o respeito às
regras, e tendem a usar uma forma de comunicação mais prática e formal.

NASCIDOS ENTRE 1943 E 60: BABY BOOMERS


Criados em uma era de segurança, prosperidade e conformismo, o que os leva
a se rebelar contra aquilo que, para eles, é uma sociedade vazia e estéril. A sua
personalidade e estilo de comunicação concentram-se fortemente no crescimento
pessoal, realização e no politicamente correto.

NASCIDOS ENTRE 1961 E 81: GERAÇÃO X


Tendo passado por uma forte transformação dos valores sociais durante seus anos
de formação, reagem contra excessos de idealismo se tornando céticos, pragmáticos,
individualistas e pouco impressionados com autoridade. São adaptáveis, equilibrados
e mais confortáveis com a comunicação informal.

NASCIDOS ENTRE 1982 E 2002: MILLENNIALS OU GERAÇÃO Y


Geração que em pouco tempo de vida presenciou os maiores avanços na tecnologia
e na comunicação eletrônica, cresceu em meio a um clima político global inconstante
e com grande exposição à cultura popular e à diversidade. Não respeita modelos
tradicionais e tem dificuldade de concentração em uma tarefa só.

Fonte: VISTAS Online, American Counseling Association

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PA R T E 2

RELAÇÃO DOS
JOVENS COM
A INTERNET

A pesquisa “Juventude Co- “É mais acessível para todo


nectada” de 2014, coordenada mundo. O pessoal está mais
pela Fundação Telefônica Vivo ligado nessa coisa de querer
e realizada em parceria com o saber o que está acontecendo”,
IBOPE, o Instituto Paulo Mon- disse um jovem consultado.
tenegro e o Núcleo das Novas A forma como usam o
Tecnologias da Comunicação tempo na internet também re-
Aplicadas à Educação Escola vela muito sobre essa geração:
do Futuro-USP, traz informa- em primeiro lugar aparecem
ções úteis para entender espe- atividades de comunicação (re-
cificamente os jovens brasilei- des sociais, mensagens instan-
ros na era digital. Segundo o tâneas, e-mails). Até 90% dos
estudo, que envolveu entrevis- jovens fazem uma dessas ativi-
tas com 1.440 jovens de 16 a 24 dades mais de uma vez por dia,
anos das cinco regiões do país, diariamente ou quase todos os
o telefone celular é o princi- dias. Em seguida aparecem ati-
pal meio de acesso à internet vidades de lazer, seguidas por
para 42% dos entrevistados de leitura de jornais e revistas e
todas as classes socioeconômi- busca por informações em ge-
cas, seguido pelo computador ral. Educação e trabalho apare-
de mesa (33%), computador cem em quarto lugar.
portátil (22%) e tablet (3%). O “A internet se consolidou
celular aparece como opção como importante suporte para
preferencial por permitir a co- a consulta escolar pelo jovem
nexão à internet a toda hora e brasileiro, tanto para a reali-
em qualquer lugar, caracterís- zação de pesquisas, tarefas e
tica marcante nessa geração. trabalhos quanto para a ob-

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tenção de informações sobre para cerca de um terço [de- bimento de informações pela
cursos e atividades educativas les]”. As enormes possibilida- internet não é algo totalmente
e de capacitação”, diz o rela- des de se ter informações so- passivo e exige deles um traba-
tório. “A prática de realização bre outras culturas na internet lho de apuração. Um dos entre-
de cursos online já é uma re- também são muito valorizadas vistados explicitou isso da se-
alidade no cotidiano da ju- pelos jovens – e muitas vezes guinte forma: “Tenho acesso a
ventude brasileira conectada chegam a despertar o interesse diversos conteúdos, sejam eles
e aponta para uma tendência pelo aprendizado de línguas parciais e imparciais, sendo
(22% declara fazer ou ter feito). estrangeiras. eu o principal encarregado de
Pesquisas para estudos e tra- Também é fácil encontrar apurar as informações”. Outro
balhos da escola ou da facul- pessoas com interesses simi- completou: “O modo como eu
dade são atividades praticadas lares, participar de grupos de me informo é bastante dife-
mais de uma vez ao dia, diaria- discussão e ter acesso a conhe- rente do que simplesmente me
mente, ou quase diariamente cimentos e pontos de vista que sentar em frente à TV e acei-
por 43% dos jovens entrevis- jamais conheceriam sem a in- tar todo aquele conteúdo. Pela
tados. Já buscar informações ternet. É interessante notar, po- internet, você precisa buscar
online sobre cursos revelou- rém, que os jovens internautas pela informação, apurar fon-
se prática cotidiana, ou quase, têm consciência de que o rece- tes e tudo mais”.

Segundo pesquisa da Fundação Telefônica, mais de 40% dos jovens usam a internet quase
diariamente para pesquisas relacionadas ao estudo; para 42%, o celular é o principal meio
de acesso à web. “O modo como me informo é diferente do que me sentar em frente à TV e
aceitar todo aquele conteúdo. Na internet, você precisa buscar a informação”, disse um deles.

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PA R T E 3

COMO ELES
REALMENTE
USAM A
TECNOLOGIA
NOS ESTUDOS

Até o final do século 20, os re- cidade de concentração da ge-


cursos didáticos utilizados nas ração atual. Carlson, no artigo
escolas se restringiam a livros citado anteriormente, acres-
didáticos, lousa, aula expositiva centa que, por se consumir in-
e trabalhos em grupo. Hoje, formação através de uma larga
embora recursos multimídia variedade de fontes midiáticas,
também sejam usados, as aulas geralmente de forma simultâ-
ainda mantêm aquela estrutura nea, fica cada vez mais difí-
em que os conhecimentos, ha- cil prestar atenção por muito
bilidades e tarefas são apresen- tempo a um professor falando
tados pelo professor e a ativi- para uma sala de aula cheia.
dade dos alunos é receptiva e, Mas já existe um esforço
em muitos casos, passiva. Em- para adotar a tecnologia na sala
bora ainda sejam válidos, esses de aula, muitas vezes de forma
recursos não evidenciam liga- independente e, por teste dos
ção com a revolução que está professores: alguns deles pos-
acontecendo fora da sala da tam aulas e disponibilizam
aula – e que afeta diretamente conteúdos informativos e ta-
a vida dos alunos, que já ado- refas utilizando-se das TICs
taram uma postura bem mais (Tecnologias de Informação e
ativa na busca de outros tipos Comunicação). Além disso, é
de conhecimento na internet. comum que professores (ou
O fluxo de informações re- até diretores escolares) e alu-
cebidas pelos meios tecnológi- nos estendam sua relação para
cos e pela conexão constante as redes sociais, abrindo cami-
também está ligado a uma al- nho para tirar dúvidas e trocar
teração significativa da capa- informações fora do horário

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Sandro Botticelli virou Sandrão #muitoferaessemeubrother. Um texto sobre a Capela Sistina


conquistou “Da Vinci”: “Migo, você arrasa!!!” O professor Pedro Castro, do Colégio Pensi, no Rio,
pediu aos alunos que imaginassem como seria a Renascença se já houvesse Facebook e montou
uma página para que interagissem. Criou um modelo de trabalho pedagógico em rede social.

de aula. A pesquisa “Juventude A internet também é seu trabalho, que não apren-
Conectada” constatou que os grande aliada como fonte de deriam na escola ou mesmo
jovens se mostram abertos e conhecimentos complementa- na faculdade. “Há, portanto,
receptivos à amizade e ao com- res. Cerca de 75% dos jovens que se reconhecer que, para
partilhamento online de con- dizem já ter utilizado a rede o jovem brasileiro, a internet é
teúdos com seus professores na escola a fim de obter infor- uma ferramenta complemen-
e outros membros da hierar- mações para atividades pro- tar à escola no seu aprendi-
quia escolar, valorizando a sua postas em aula. Outros 54% zado cotidiano, exercendo
disponibilidade para orientar e concordam que a internet per- tanto funções de apoio às roti-
tirar dúvidas por e-mail e Fa- mite o preparo e a autoavalia- nas, procedimentos e currícu-
cebook. “Isso aproxima profes- ção para provas e testes como los educativos formais quanto
sor e aluno. No ano passado, o Enem, vestibulares e concur- aportando conteúdos e sabe-
na época de vestibular, eu ti- sos públicos, e 45% concordam res que extrapolam os conhe-
rava todas as dúvidas de ma- total ou quase totalmente que cimentos que circulam den-
temática com o professor pelo na internet aprenderam coisas tro dos estabelecimentos de
Facebook”, relatou um deles. úteis para suas vidas ou para o ensino”, conclui o estudo.

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PA R T E 3 . 1

RELAÇÕES
CONTRADITÓRIAS
E O DESAFIO À
CONCENTRAÇÃO

Diferentemente do que talvez USP concluiu que alunos de clas-


se espere, no entanto, os estu- ses populares ainda não veem a
dantes não se mostram muito presença de aparelhos tecnológi-
empolgados ou sonhadores em cos em sala de aula como parte
relação à inclusão da tecnologia do processo de aprendizagem.
na educação, mas isso pode ser Durante um ano letivo, o autor,
explicado pelo fato de que eles André Toreli Salatino, observou
se encontram formatados para três turmas do ensino médio de
exigir o mínimo do ambiente um colégio da periferia da ci-
escolar – justamente aquele que dade de São Paulo, na zona leste,
deveria proporcionar grandes e aplicou questionários aos alu-
transformações em suas vidas. nos. O acompanhamento se deu
Falas de estudantes reuni- em sala de aula e também em
das no estudo “Juventude Co- outros espaços escolares, como
nectada” incluem coisas como: o pátio em horário de intervalo
“Não precisa ser tudo isso, não. entre as aulas e períodos de en-
Só precisa que o Wi-Fi seja me- trada e saída.
lhor” ou “Eu acho que tinha de O estudo concluiu que aque-
bloquear as redes sociais e libe- les jovens não usam as novas
rar a internet para os alunos. Por tecnologias para construírem
exemplo, se você está no meio relações com o que é aprendido
da aula e o professor precisa que na escola – na verdade, eles,
a gente faça uma pesquisa, po- muitas vezes, utilizam seus ce-
demos fazê-la ali mesmo”. lulares para se ausentarem da-
Uma pesquisa de mestrado quele mundo. Isso não signi-
desenvolvida recentemente na fica, porém, que a proibição de
Faculdade da Educação (FE) da telefones celulares em sala de

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Se, por um lado, é apontada como valiosa ferramenta


de suporte e colaboração para a pesquisa de conteúdos
curriculares e para o acesso e recuperação de material
dado em aula pelo professor, (a internet) por outro lado, é
apontada como elemento de desconcentração e dispersão.”

aula seja o suficiente, uma vez res não compreende o ensino


que, na escola, esses alunos dis- em instituições escolares como
traem-se com ou sem a pre- meio de ascensão social. “Os
sença de recursos tecnológicos. jovens devem crescer em dois
Ainda segundo o estudo, é mundos: o juvenil e o escolar.
do professor a responsabili- Tudo se passa como se esses
dade de tentar criar situações jovens não tivessem crescido
de aprendizagem que incluam no mundo escolar, não vendo
a utilização dos diversos apa- perspectivas em seus estudos.
relhos tecnológicos, já que as Dessa maneira, a maioria dos
tecnologias não fazem nada jovens mostra uma forma de
por si mesmas. Mas é impor- socialização paralela à escola,
tante que essa introdução de investindo sua criatividade, in-
tecnologia não perca o foco teligência e seu tempo na uti-
no processo de aprendizagem, lização de aparelhos tecnológi-
contribuindo para que os alu- cos e em algo que se mostrou
nos criem uma relação com o central nessa experiência: a
conteúdo de sua disciplina. produção e manutenção de re-
Por mais que a cooperação des de sociabilidade via for-
entre docente e tecnologia mas rápidas de comunicação,
para auxiliar no progresso do que cadenciavam o decorrer
ensino seja importante, no en- de todas as aulas observadas”,
tanto, Salatino afirma que não afirma ele2.
se pode deixar iludir. Em de- A pesquisa “Juventude Co-
terminadas situações, será di- nectada” também observou
fícil introduzir recursos tec- uma relação contraditória en-
nológicos. Grande parte dos volvendo internet e estudos:
estudantes de classes popula- “Se, por um lado, é apontada

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A capacidade técnica que essas novas gerações têm


não é acompanhada por uma reflexão sobre a própria
dimensão da internet”.

como valiosa ferramenta de significa a revolução tecnoló-


suporte e colaboração para a gica que estão vivenciando. As
pesquisa de conteúdos curricu- escolas, por sua vez, também
lares e para o acesso e recupe- não estão desempenhando bem
ração de material dado em aula o seu papel de guiá-los em uma
pelo professor, por outro lado, reflexão sobre isso. “A capaci-
é apontada como elemento de dade técnica que essas novas
desconcentração e dispersão gerações têm não é acompa-
– especialmente por seu uso nhada por uma reflexão sobre
prioritário para o acesso às a própria dimensão da inter-
redes sociais”, diz o estudo. net. Precisamos ensinar a eles
Relatos de alunos confirmam: conceitos mais amplos de praça
além de 57% deles acredita- pública, de ética, de construção
rem que em muitos casos a de tecnologia, do lugar que a
internet atrapalha a aprendi- tecnologia pode ocupar no de-
zagem ao distrai-los e reduzir senvolvimento da própria ci-
seu tempo de estudo, muitos dade, por exemplo. Intensifi-
dizem preferir um local sem car a importância da internet
acesso à internet para estudar. dando poder a todo cidadão,
Mas a dificuldade de con- garantindo que toda pessoa te-
centração não é o único pro- nha condição de criar os seus
blema. Apesar de serem ávidos próprios conteúdos e de fato
usuários de redes sociais, mui- mudar muita coisa em seu en-
tos jovens ainda têm uma visão torno: esse potencial não pa-
conservadora sobre o potencial rece estar sendo tão explorado”,
das novas tecnologias para aju- declarou Rodrigo Nejm, diretor
dá-los nos estudos, o que pode da SaferNet Brasil (ONG que
ser uma indicação de que eles atua na pesquisa e prevenção
não compreendem bem o que de crimes de internet).

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O PAPEL DO
PROFESSOR
DIANTE DAS
NECESSIDADES
DO ALUNO DO
SÉCULO 21

Pesquisas sobre o assunto sem- No entanto, isso obviamente


pre trazem a mesma observa- não torna o professor desneces-
ção: de nada adianta a escola sário – pelo contrário, ele ganha
ter modernas tecnologias de novos papéis importantíssimos,
informação e comunicação se como curador e orientador. “Há
os professores não estiverem uma certa confusão entre in-
preparados para usá-las. A tec- formação e conhecimento.
nologia não se transforma em Temos muitos dados, muitas
aprendizagem sozinha e a in- informações disponíveis. Co-
formação, por si só, não pro- nhecer é integrar a informação
move o senso crítico. Os estu- no nosso referencial, no nosso
dantes têm a mesma opinião: paradigma, apropriando-a, tor-
47% dos jovens brasileiros que nando-a significativa para nós.
participaram do “Juventude Co- O conhecimento não se passa,
nectada” concordam totalmente o conhecimento cria-se, cons-
ou quase totalmente com a afir- trói-se”, escrevem as profes-
mação de que o fato de o pro- soras Eliana Fatobene Martins
fessor saber utilizar tais tecno- e Luzia Marta Bellini, da Uni-
logias é um importante fator de versidade Estadual de Maringá
aprendizado. Eis, como o estudo (UEM), no artigo “A escola no
define, uma oportunidade para século 21: quais desafios de-
discutir o novo papel do profes- vem enfrentar seus gestores?”.
sor, cuja função de transmissor A internet oferece oportunida-
unidirecional de conhecimento des de interações significativas,
deixa de fazer sentido em um com e-mails, as listas de dis-
contexto em que os alunos têm cussão, os fóruns, os chats, os
acesso irrestrito à informação. blogs, as ferramentas de comu-

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nicação instantânea e os sites de sado, refletido. No livro “O


relacionamento, mas o profes- Culto do Amador”, o escri-
sor precisa informar e orientar tor americano Andrew Keen
os alunos sobre a utilização da faz uma crítica ferrenha à má
internet, sobre as vantagens e qualidade do que é publicado
os perigos que ela oferece. online, o que resulta, segundo
Diante da infinita quan- ele, em “menos cultura, menos
tidade de informação inútil, notícias confiáveis e um caos
mentirosa e até nociva dispo- de informação inútil”. Para fil-
nível na rede, capaz de con- trar os conteúdos mais impor-
fundir e enganar mesmo adul- tantes da quantidade inume-
tos experientes, é fundamental rável de besteiras disponíveis
que os jovens contem com um online, é preciso ter experiên-
guia que lhes ajude a filtrar cia e uma boa bagagem cultu-
o que recebem e lhes indique ral, coisa que os jovens ainda
o que vale ser discutido, pen- não têm.

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PA R T E 5

EXPERIÊNCIA
QUE DEU CERTO

Unindo esforços com escolas e miza esse tempo de estudo e eu


professores, plataformas que re- posso ver onde eu preciso focar
únem tecnologia e educação (e e em quais matérias posso rela-
compreensão do público-alvo) xar e estudar menos.” A possi-
já estão dando bons resultados bilidade de estudar pelo celu-
no Brasil. Um exemplo disso é o lar – portanto, em praticamente
Geekie Lab, uma plataforma on- qualquer lugar – é outra vanta-
line de aprendizado adaptativo gem. Carlos Alexandre da Silva
que possibilita a preparação para Lopes, 26 anos, do Rio de Janeiro,
o Enem (Exame Nacional do En- conta: “Estudei em escola particu-
sino Médio) por meio de ferra- lar e gostei bastante da plataforma
mentas de diagnóstico e estudo de estudo da Geekie. Estudo bas-
personalizado. Os estudantes re- tante a caminho do trabalho e na
alizam simulados que permitem volta para casa”.
identificar seus pontos fracos e a Esse tipo de ferramenta tam-
plataforma indica um programa bém beneficia os professores
de estudos que atenda especifica- ao permitir que saibam quais
mente às suas necessidades. as forças e fraquezas de cada
Aline Oliveira Martins, 19 aluno e acompanhem a evolu-
anos, de São Bernardo do Campo ção de cada um. Isso pode mo-
(SP), está entre os usuários mais tivá-los e ajudá-los a encontrar
engajados da plataforma e explica meios mais eficientes de trans-
um ponto positivo desse tipo de mitir o conteúdo – se a maioria
tecnologia: “Estudar para vesti- dos alunos está com dificuldade
bular requer tempo e, no meu nos mesmos pontos, por exem-
caso, preciso dividir este tempo plo, isso pode significar que a
com outras obrigações. Estudar explicação do professor não é a
o que eu realmente preciso oti- mais adequada.

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Instituições que trabalham com educação há anos já começaram a


adotar plataformas tecnológicas não só para ajudar de forma mais
eficiente os estudantes, mas também para alcançar um número maior
de pessoas em regiões mais remotas do país. Fundado há 15 anos, o
Instituto Ismart oferece oportunidades de estudo a jovens de baixa
renda, financiando aulas presenciais de reforço e bolsas de estudo.
Em 2014, começou a etapa online em parceria com a Geekie, o que
já permitiu triplicar o número de estudantes beneficiados. Beatriz
Mantelato, coordenadora do projeto, fala sobre a experiência:

“O resultado nos surpreendeu. Muitos uma missão que se relaciona a uma habilidade
dos estudantes haviam dito no início que a ser desenvolvida, como o protagonismo. Ao
não conseguiam ver a internet como fim do módulo, eles terão ainda criado soluções
ferramenta de estudo, mas o índice de para problemas reais nas áreas de educação,
engajamento que tivemos deles foi altíssimo: meio ambiente e saúde. Nós acreditamos que
75% permaneceram no programa [que é de esse módulo de cultura é essencial para que se
dois anos] até o fim. Eles passaram a ver que engajem no estudo das matérias convencionais.
é possível sentar à frente do computador Outra coisa interessante é a mudança
e estudar. O que ajuda muito é ter uma em curso da percepção de provas como
plataforma personalizada: o aluno não algo negativo. Como tem a questão do
simplesmente entra na internet e procura diagnóstico, de que as provas são algo para
por conta própria o que estudar. Ele entra acompanhar a evolução do aluno e, assim,
em um local que já reúne tudo o que precisa ajudar e recomendar o que precisam estudar,
[videoaulas, exercícios, cronograma etc.]. vem acontecendo uma mudança de atitude
Para aumentar o engajamento, é importante em relação a elas. Quanto ao desempenho,
também o uso contínuo de meios para fizemos, no ano passado, um teste comparativo
envolver os estudantes e criar vínculos com entre alunos do módulo online e do presencial
eles. Criamos um grupo no Facebook para que e o resultado foi muito semelhante – até havia
se comuniquem entre si e com os professores e, alunos do online que se saíram melhor que os
além das aulas de reforço online de português do outro grupo.
e matemática, desenvolvemos um módulo de Decidimos investir na tecnologia da
cultura que, por meio da gamificação e inspirado educação porque ela não tem barreiras:
na ‘Jornada do Herói’, de Joseph Campbell, conseguimos chegar às regiões mais pobres e
trabalha habilidades sócioemocionais por meio remotas com um mínimo de estrutura. A gente
de missões e projetos a serem desenvolvidos acredita que está no caminho certo, e existem
em grupo tanto online quanto presencialmente. vários outros grandes projetos, como a Khan
O ‘jogo’ é dividido em fases e, em cada uma, há Academy, ajudando a provar isso.

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OUTRAS FONTES CONSULTADAS


• Carlson, S. “ The Net Generation in the Classroom”. The Chronicle of Higher Education, agosto
de 2007. http://chronicle.com/free/v52/i07/07a03401.htm
• Moran, J.M. “Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica”.
• http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/157/artigo234764-1.asp
• http://www.bridgeresearch.com.br/dv_files/arquivos/201211011424_dbarquivos.pdf
•h  ttp://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/novo-perfil-professor-
carreira-formacao-602328.shtml
• http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_arquivos/acervo/
docs/3716p.pdf
• http://www.lendo.org/geracao-y-caracteristicas-educacao/
•h  ttp://www.mindlab.com.br/mindlab/wp-content/uploads/2012/04/Ensinando-para-o-Seculo-
XXI.pdf
• http://www.fundacaotelefonica.org.br/Conteudos/Publicacoes/137/juventude-conectada
• http://education.mit.edu/papers/GamesSimsSocNets_EdArcade.pdf
• http://www.counseling.org/docs/default-source/vistas/vistas_2005_vistas05-art70.pdf?sfvrsn=10

1 7 • W W W. G E E K I E . C O M . B R
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