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Vitória – 04 – vitória sobre o abandono

João 10.11-18
11
Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas
ovelhas.
12
O mercenário, que não é pastor, a quem não
pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e
foge; então, o lobo as arrebata e dispersa.
13
O mercenário foge, porque é mercenário e não tem
cuidado com as ovelhas.
14
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e
elas me conhecem a mim,
15
assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o
Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
16
Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim
me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então,
haverá um rebanho e um pastor.
17
Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida
para a reassumir.
18
Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e
também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.

INTRODUÇÃO
Existe situações intrigantes em nossas vidas que nos levam a
acreditar que estamos sozinhos. Parece que estamos abandonados e a
mercê no mundo. As pessoas não olham para nossos sofrimentos, ou
nem querem apenas nos ouvir. Por muitas vezes é nas um desabafo,
mas todos estão muito ocupados para nos ouvir, e um simples ouvir.

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A sociedade atual nos conduz a uma vida baseada no limite do
tempo. Todo estão correndo para chegar ou para fazer algo. Sempre
estão no limite de seus tempos e não conseguem tirar um pequeno
instante para nos ouvir. Precisamos trabalhar e ter um foco total para
aquilo que estamos fazendo ou iremos fazer.
Em alguns momentos duvidados até de Deus. Será que Ele não
está conosco? Estou sozinha e abandonado(a), ninguém está ao meu
lado para caminhar junto? Ninguém quer me ouvir? Estou sozinho! O
que fazer neste momento? Vamos olhar para o texto que lemos.

UM PASTOR PARA UM REBANHO ESQUECIDO


Estamos diante de um contexto no qual aquele povo tem sua raiz
a vida pastoril. Os patriarcas eram pastores: Moisés, Abraão, Isaque,
Jacó, Davi, etc... a profissão de pastor era muito comum. O exemplo que
Jesus utiliza para suas afirmações está dentro desse contexto.
A ovelha é uma representação do povo Judeu. Quando voltamos
para os capítulos anteriores, temos uma apresentação da possível
situação daquele povo. Jesus está confrontando os fariseus religiosos
moralistas da época com seus milagres e cuidado para com aquele
povo.
Olhando para o milagre que antecede esse discurso, Jesus cura
um cego de nascença próximo ao templo. Este homem é questionado
do porquê e do dia que foi curado. As perguntas apresentam um
julgamento para aquele homem. Ele era culpado por enxergar durante o
sábado. Percebam como aqueles que diziam cuidar daquele povo
estavam tratando aquele homem. Quem era mais importante: a cura de
um homem cego ou a lei que era contra a cura no sábado? Então,

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imaginemos que era um povo sofrido e abandonado. Ovelhas perdidas e
sem pastor.
Chegamos no 4° domingo da pascoa, conhecido como domingo
do bom pastor. Os primeiros cristãos escolheram um domingo especifico
para lembrar quem era o bom pastor da igreja. Esse bom pastor era a
pessoa de Jesus. Essa recordação ocorria através: do Sl 23, um pastor
que não nos desampara; os textos de Atos 4.5-12, quando Pedro e João
são questionados pelo sinédrio e eles falam a respeito da pedra angular,
que está depositada nossa fé e que por meio de Jesus somos salvos; e
os textos da epístola de 1João. Então, o bom pastor é aquele que é a
pedra angular conforme atos, é aquele que confiamos até próximo da
morte segundo o Sl 23 e aquele que entrega a sua vida ao próximo e faz
diaconia, como está na epistola de João.
Jesus apresenta o bom pastor para aqueles ouvintes. Quem era
esse bom pastor? Esse bom pastor não é qualquer homem. A palavra
“bom”, traduzida do grego, não expressa apenas uma boa pessoa como
entendemos em português, mas é muito mais. O pastor aqui é
excelente/maravilhoso e não se compara com qualquer outro. O seu
caráter está na entrega voluntária da sua vida em favor daquelas
ovelhas. O pastor comum pode até arriscar a sua vida, porém nunca a
entrega em favor das ovelhas. O teólogo Willian Hendriksen faz o
seguinte comentário em seu livro sobre o evangelho de João: “O bom
pastor dá a vida em benefício das ovelhas, mas a única maneira
pela qual ele pode beneficiar as ovelhas, salvando-as da destruição
perpetua e lhes concedendo a vida eterna, é morrendo no lugar
delas.”

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Quando o pastor comum morre o rebanho se dispersa ou até
morre, porém o pastor mencionado por Jesus é aquele que traz vida
através da sua morte. Sua entrega é verdadeira e única.
Jesus se coloca como “eu sou o bom pastor”. Ele é este pastor
por excelência que entrega a vida em favor das ovelhas. Deus entrega
seu filho ao sofrimento por amor a elas. Não apenas na morte de cruz,
mas em toda sua caminhada de vida. No grego a palavra vida é
representada como psyche. Esta palavra é utilizada pelo autor no livro
de 1Jo 3.16. O exemplo utilizado por João na epistola não é a entrega
da vida de forma literal, mas é o acompanhar o outro. Dedicar o tempo
da vida para servir a outra pessoa, cuidando e se empenhando para o
próximo. O mesmo autor utiliza o termo psyche ao se referir a vida quem
Jesus entrega. Jesus não entregou sua vida na morte de cruz, mas ela
toda foi empenhada para servir as suas ovelhas. Jesus estava
comprometido durante a vida, a morte e ressurreição com aquele que
não tinham um pastor verdadeiro.

OS FALSOS PASTORES
Aquele povo tinham os fariseus como pastores que os guiavam.
A analogia dos pastores mercenários é feita para os fariseus da época.
Eram religiosos que tomavam conta do templo e tinham o conhecimento
da lei que regia aquele povo.
Jesus está fazendo um contra ponto com o bom pastor. Os
mercenários são o contrário daquele pastor apresentado inicialmente.
Esse é um exemplo de comparação nítidos da diferença entre os dois
pastores: o bom pastor e o pastor mercenário.
Os mercenários, ou assalariados, não estão preocupados com
aquelas ovelhas, pois não são deles. Eles trabalham apenas para

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receber a recompensa por olhar aqueles animais. Quando ocorre o
ataque de um lobo, aqueles pastores são os primeiros a deixarem para
traz o rebanho. Até porque, esse ataque coloca em perigo suas próprias
vidas, ou seja, podem perder a vida se ajudarem as ovelhas.
Será que os fariseus mercenários estavam preocupados com o
paralítico de Betesda? Com a mulher pega em adultério? Com o cego
que foi curado da sua enfermidade de nascença? Acredito que não.
Estavam preocupados apenas com o seu bem estar e uma posição
privilegiada, e não com as necessidades do povo. Aquele rebanho
estava abandonado e sem um pastor verdadeiro cuidasse de suas
enfermidades espirituais.
O bom pastor é diferente desses homens com coração duro e
individualista. O pastor representado em Cristo reúne e cuida do
rebanho. Não deixa a mercê de qualquer problema.

O BOM PASTOR É CRISTO


Jesus é o verdadeiro bom pastor. Ele é único e excelente pastor
que cuida e entrega sua vida a favor das ovelhas. Essa confirmação é
confirmada durante o discurso de Jesus, quando ele repete: “Eu sou o
bom pastor”. Mas agora tem outros aspectos que dão base para essa
afirmação, o bom pastor: 1. conhece suas ovelhas, seus nomes, sua
natureza, e as ovelhas o conhecem; 2. Ele é o verdadeiro dono delas; 3.
Ele entrega sua vida para salvá-las. Bem diferente do mercenário.
Jesus utiliza um outro grande exemplo: Jesus conhece as suas
ovelhas assim como o pai conhecex ao filho. A comunhão entre o pai e
o filho é parecida com a do bom pastor com aquelas ovelhas. Não é
apenas um conhecer externo, mas está ligado ao intimo e mais profundo
do ser das ovelhas. A apalavra conhecer aparece 4 vezes nos versos 14

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e 15, isso demonstra a comunhão que Jesus tem com seu povo, isso
demonstra o quanto ele nos conhece e não nos abandona. O seu povo,
Israel e nós, o conhece intimamente pela fé dada por Deus.
Esse conhecer é através do amor de Jesus para conosco.
Novamente é mostrado que sua vida será entregue a favor dessas
ovelhas. O amor incondicional de Jesus sempre está presente na sua
vida. Conhecemos a Jesus porque que ele nos conheceu e amou
primeiro. A ação veio através do ato vigário de Cristo.

UMA ENTREGA VERDADEIRA E ESPONTÂNEA


Podemos afirmar que Cristo é o pastor diferenciado, o pastor por
excelência, pois para salvar as ovelhas é necessário se entregar
voluntariamente. Essa questão é muito importante, ela apresenta
autoridade de Cristo e de Deus sobre a situação e a história. Vamos
voltar no tempo e tentar imaginar toda a cena da crucificação, vivendo
os sentimentos daqueles seguidores de Jesus ao verem o mestre morto.
Acredito que eles estavam imaginando: “perdemos!”, “Jesus perdeu a
batalha e agora está morto!”, “E agora?”. Na primeira visão podemos
entender que Jesus perdeu e os fariseus venceram, mas o verso 17
demonstra a autoridade do pai e do filho sobre toda a situação. Jesus
não foi morto, mas se entregou.
Jesus é o pastor por excelência, pois: não tenta salvar sua vida,
mas a entrega voluntariamente; seu ato é de salvação; e sua vida
voltará ao encontro com o pai, porém agora glorificado. Percebemos
esse trecho no hino cristológico de Filipenses 2.5-11: Jesus sai da
situação de igualdade com Deus, se humilha espontaneamente, entrega
sua vida para morte e então volta a seu lugar, mas exaltado sobre tudo
e todos.

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Aquele ato não era de prisão, mas de liberdade. Cristo sempre
era livre e tem o domínio, junto com o pai, sobre toda a história humana.
Está acima de toda situação que ocorria. Jesus é o bom pastor e rei de
toda a terra. Glórias a Cristo.

CONCLUSÃO
Partindo para a conclusão, quero olhar para o verso 16: “Ainda
tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém
conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e
um pastor”. Este é um versículo que está ligado diretamente conosco
hoje. Todo o discurso está voltado para os filhos de Israel, porém neste
ponto existe uma abertura para toda a humanidade. Jesus, o bom
pastor, não é apenas pastor de Israel mas está aumentando o aprisco.
Este versículo faz a conexão do verdadeiro pastor com toda a
humanidade e toda a promessa que Cristo falou anteriormente se
estende até nós, as ovelhas de um outro aprisco. O excelente pastor
também é nosso pastor. Sua vitória não é mais a um povo, mas se
estende a todos.
Os verbos da ação mostram que o rebanho não é apenas
daquele tempo, mas de tempos futuros: haverá e ouvirão. Jesus é o
bom pastor naquele tempo e nos tempos que há de vir. Somos todos um
rebanho com um único pastor: Jesus Cristo. O rebanho é único e
universal. Todos os humanos tem o bom pastor e são conduzidos por
ele. Não estamos abandonados, a vitória está sobre o abandono. A
vitória que vence o mundo é Jesus Cristo e a nossa fé deve estar nele.
Ele é o pastor que não nos desampara. Parece que estamos

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abandonados, mas Deus nunca nos abandonou, ao contrário, ele nos
deu abrigo e cuidado. Como ovelhas, somos chamados para o seu
aprisco.
Não existe rebanhos diferentes, mas apenas um só rebanho. A
comunhão que parece ser apenas com o povo Judeu, agora se estende
até nós. Através do Espirio Santo que nos alcançou, temos comunhão
com Jesus Cristo. Conhecemos o seu chamado e ele nos conhece
profundamente. Não fique desesperado, pensando que está
abandonado. Você é especial para Deus. Jesus já te chamou antes de
nascer para o seu aprisco de cuidado. Não estamos abandonados, mas
sendo cuidados por aquele que está sobre todo o nome: Jesus Cristo, o
verdadeiro pastor.

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