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Em 2003, através da Lei nº 10.

666 , a perda da qualidade de segurado não mais seria considerada para a concessão das
aposentadorias por idade, tempo de contribuição, especial, bastando que o segurado contasse, no mínimo, com o tempo
exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. Entretanto, não é extensiva a outros tipos de
benefícios (art. 3º).
Ressalta-se: quem recebia a Renda Mensal Vitalícia era idoso ou inválido e já tinha realizado certo número de
contribuições para a previdência social.

Assim, de antemão, já é possível vislumbrar que alguns daqueles benefícios de Renda Mensal Vitalícia, onde, repisa -se, o
segurado efetuou contribuições previdenciárias, poderiam ser transformados em aposentadoria e, quiçá, em pensão por
morte (desde que houvesse o número de contribuições suficientes para isso).

Isso mesmo. Os Tribunais vêm admitindo a concessão do benefício de aposentadoria e até de pensão por morte quando o
interessado comprova que o Instituto Previdenciário incorreu em equívoco ao conceder um benefício de naturez a
assistencial, quando o de cujus fazia jus a um auxílio-doença ou a uma aposentadoria por invalidez ou, ainda, outro
benefício previdenciário.

PREVIDENCIÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO. CONDENAÇÃO QUE NÃO EXCEDE A SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS.
APLICAÇÃO DO § 2º AO ARTIGO 475 DO CPC . PENSÃO POR MORTE. RENDA MENSAL VITALÍCIA. EXTINÇÃO.
CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. POSSIBILIDADE. REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO
DE PROVA MATERIAL. DOCUMENTOS EM NOME DE TERCEIROS. 1. Incabível o reexame necessário quando se
verifica mediante simples consulta aos autos que a condenação não ultrapassa o valor de sessenta salários mínimos. 2.
Não havendo reexame necessário e ausente insurgência do INSS contra a condenação à implantação de pensão por
morte à autora, remanesce apenas a discussão quanto à concessão da aposentadoria rural por idade. 3. A renda mensal
vitalícia era benefício de natureza assistencial, criado pela Lei 6.179/74 e mantido pela CLPS /84 (arts. 63 e seguintes),
não acumulável com qualquer outra espécie de benefício, no mais das vezes concedido àqueles que não preenchiam as
condições para a concessão de benefícios de natureza previdenciária. Visava ao amparo dos maiores de 70 anos de
idade e dos inválidos que não possuíssem condições de se manterem por seus próprios meios e que não fossem
mantidos por outros de quem dependessem obrigatoriamente. 4. Na hipótese dos autos, à época em que foi concedi do à
autora o benefício de Amparo Previdenciário, estava em vigor o Decreto 83.080 /79, que somente possibilitava o
deferimento de aposentadoria por idade rural ao trabalhador agrícola detentor da condição de chefe ou arrimo da unidade
familiar, qualidade ostentada pelo seu esposo. Com o advento da Lei 8.213 /91, a limitação do deferimento da
aposentadoria rural por idade a apenas um membro da família foi extinta, de forma que possível a extinção da renda
mensal vitalícia e a concessão de aposentadoria por idade rural se preenchidos os seus requisitos. 5. O tempo de serviço
rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial, complementada por prova
testemunhal idônea. 6. Os documentos em nome de terceiros (pais/cônjuge/filhos: consubstanciam início de prova
material do trabalho rural desenvolvido em regime de economia familiar. 7. Implementado o requisito etário (55 anos de
idade para mulher e 60 anos para homem) e comprovado o exercício da atividade agrícola no período correspondente à
carência (art. 142 da Lei n. 8.213 /91), é devido o benefício de aposentadoria por idade rural. 8. Concessão de
aposentadoria por idade rural a partir do ajuizamento da ação, com a extinção da renda mensal vitalícia a partir daquela
data, sem prejuízo da percepção de pensão por morte , devida a contar da data do requerimento administrativo. (TRF4,
AC 2002.04.01.031234 -9, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, publicado em 12/01/2005) (g.n.)
PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE. URBANO. REQUISITOS. FILIAÇÃO ANTERIOR AO
ADVENTO DA LEI 8.213/91. PENSÃO POR MORTE. ESPOSA. REQUISITOS PREENCHIDOS. COMPENSAÇÃO DE
VALORES.BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. 1. É de reconhecer-se, no caso de ações de concessão em que se postula
prestações de trato continuado, a prescrição, tão-somente, dos créditos relativos às parcelas vencidas há mais de cinco
anos da propositura da ação, consoante o disposto no parágrafo único do art. 103 da Lei de Benefícios e na Súmula 85 do
STJ. 2. São requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria etária, a idade mínima de 60 anos para o sexo
feminino ou 65 anos para o masculino, bem como a carência exigida na data em que implementado o requisito etário. 3. A
filiação ao regime da previdência antes do advento da Lei 8.213 /91, independentemente da perda da qualidade de
segurado, exige a aplicação da regra transitória insculpida no art. 142 da referida Lei. 4 . Percebido o benefício de renda
mensal vitalícia e comprovado que o segurado já havia implementado os requisitos para a concessão de aposentadoria
por idade urbana, desde o requerimento administrativo desta, devem ser compensados os valores percebidos a título
assistencial. 5. Conversão de aposentadoria por idade em pensão excepcionalmente admitida, em face da não -oposição
da autarquia a respeito, cujo silêncio supre a necessidade de prévio requerimento administrativo. 6. São requisitos para a
concessão do amparo em tela: (a) a qualidade de segurado do instituidor da pensão ; e (b) a dependência dos
beneficiários, que na hipótese de cônjuge é presumida (artigo 16 , § 4º , da Lei 8.213 /91). (TRF4, AC
-7, Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, publicado em 15/12/2004) (g.n.)
PREVIDENCIÁRIO. AMPARO ASSISTENCIAL CONVERTIDO EM APOSENTADORIA INVALIDEZ URBANA. CONDIÇÃO
DE SEGURADO. DIREITO ADQUIRIDO. CUMULAÇÃO COM PENSÃO RURAL. POSSIBILIDADE. 1. A aposentadoria por
invalidez exige duplo requisito: incapacidade laboral permanente e carência. 2. (...) 3. Demonstrada a incapacidade laboral
permanente da autora, devida é a conversão do benefício administrativamente concedido de amparo assistencial em
aposentadoria por invalidez. 4. É possível cumular o benefício de aposentadoria por invalidez urbana com a pensão rural,
por apresentarem fatos geradores diversos e pressupostos básicos também distintos. Precedentes do STJ. (TRF - 4ª
Região, AC n. 2000.71.02.003578 -4/RS, Sexta Turma, Rel. Des. Federal Néfi Cordeiro, DJU de 03-09-2003) (g.n.)

As ementas acima são cristalinas ao demonstrar o posicionamento de nossos pretórios, no tocante à transformação de
benefícios de cunho assistencial em aposentadorias e pensões por morte quando o requerente havia pree nchido todos os
requisitos e a autarquia previdenciária equivocadamente lhe concedeu um benefício menos vantajoso.

TRANSFORMAÇÃO DE BENEFÍCIO DE CUNHO ASSISTENCIAL EM PENSÃO POR MORTE


No que diz respeito à pensão por morte, é importante destacar que o aludido benefício independe de carência e rege-se
pela legislação vigente quando da sua causa legal, pois tempus regit actum. Atualmente, são aplicáveis as disposições da
Lei 8.213 /91, com a redação dada pela Lei nº 9.528 /97, que estatui:
"Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a
contar da data:

I - do óbito, quando requerida até 30 (trinta) dias depois deste;

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; III - da decisão judicial, no caso de morte
presumida."

"Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:


I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família, salário-maternidade e auxílio-acidente; II - auxílio-doença e
aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do
trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de
alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da
Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro
fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; III - os benefícios concedidos na
forma do inciso I do artigo 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei;"

"Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes
seguintes. § 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que
comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. § 3º Considera-se companheira ou
companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o §
3º do art. 226 da Constituição Federal . § 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a
das demais deve ser comprovada"
Observa-se que são os seguintes requisitos para a concessão da pensão por morte:

1) a qualidade de segurado do instituidor da pensão; e

2) a dependência dos beneficiários.

Assim preenchido os requisitos acima e verificando-se que o de cujus era titular de amparo previdenciário, pode ser
possível a conversão em pensão por morte.

Como fora dito anteriormente, a renda mensal vitalícia constituía benefício de natureza assistencial, concedido, na maioria
das vezes, àqueles que não preenchiam as condições para a outorga de benefícios de natureza previdenciária.

Considerando a necessidade do preenchimento das condições pessoais já expostas, as quais davam a oportunidade
àqueles que não conseguiam adquirir o direito à concessão de nenhum benefício de natureza previdenciária a percepção
de uma renda a título de auxílio mensal, conclui-se pela incompatibilidade de transmissão por ocasião do óbito da renda
mensal vitalícia ou do benefício assistencial aos dependentes e/ou sucessores do de cujus. Dessa ma neira, nesse
contexto, seria, em tese, incabível a transformação da renda mensal vitalícia em pensão por morte em favor dos
dependentes [ 4 ].
Entretanto, como alhures destacado, os pretórios vêm admitindo a outorga do benefício de pensão por morte quando a
parte interessada demonstra que o Instituto Previdenciário incorreu em equívoco ao conceder um benefício de natureza
assistencial, quando o de cujus fazia jus a um auxílio-doença ou a uma aposentadoria por invalidez ou, ainda, a uma
aposentadoria por idade.

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE DE CÔNJUGE, QUE ERA TITULAR DE RENDA MENSAL
VITALÍCIA, MAS FAZIA JUS À APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE
SEGURADO ESPECIAL DO DE CUJUS. CONSECTÁRIOS. TUTELA ESPECÍFICA. ART. 461 CPC . 1 . O benefício de
renda mensal vitalícia por incapacidade é de natureza assistencial e caráter pessoal, sendo incompatível a sua
transmissão "causa mortis" na forma de pensão a dependentes e/ou sucessores do beneficiário. 2. Contudo, os Tribunais
vêm admitindo a concessão do benefício de pensão por morte quando a parte interessada comprova que o Instituto
Previdenciário incorreu em equívoco ao conceder um benefício de natureza assistencial, quando o de cujus fazia jus a um
auxílio-doença ou a uma aposentadoria por invalidez ou, ainda, outro benefício previdenciário. In casu, restou comprovado
que o falecido esposo da autora fazia jus a uma aposentadoria rural por idade, a qual confere à demandante o direito ao
benefício de pensão por morte postulado. 3. Demonstrado o enlace matrimonial, presume-se a condição de dependência
por força do disposto no artigo 16 , I e § 4º , da Lei 8.213 /91. 4. Havendo início de prova documental, corroborada por
prova testemunhal, é de se considerar plenamente comprovado o exercício da atividade rural. 5. Preenchidos os requisitos
contidos no art. 74 da Lei 8.213 /91, é de ser concedido o benefício de pensão por morte, a contar da data do óbito. 6. A
atualização monetária, a partir de novembro de 1998, deve-se dar pelo IGP-DI, de acordo com o art. 10 da Lei
nº 9.711 /98, combinado com o art. 20 , §§ 5º e 6º , da Lei nº 8.880 /94. 7. Os juros de mora devem ser fixados à taxa de
1% ao mês, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322 /87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso,
tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar. Precedentes do STJ. 8. Devem ser fixados em 10% sobre o valor
da condenação, excluídas as parcelas vincendas, observando-se a Súmula 76 desta Corte: "Os honorários advocatícios,
nas ações previdenciárias, devem incidir somente sobre as parcelas vencidas até a data da sentença de procedência ou
do acórdão que reforme a sentença de improcedência". 9. O cumprimento imediato da tutela espec ífica , diversamente do
que ocorre no tocante à antecipação de tutela prevista no art. 273 do CPC , independe de requerimento expresso por
parte do segurado ou beneficiário e o seu deferimento sustenta-se na eficácia mandamental dos provimentos fundados no
art. 461 do CPC. A determinação da implantação imediata do benefício contida no acórdão consubstancia, tal como no
mandado de segurança, uma ordem (à autarquia previdenciária) e decorre do pedido de tutela específica (ou seja, o de
concessão do benefício) contido na petição inicial da ação. (TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO; Classe: AC - APELAÇÃO
CIVEL; Processo: 200871990006650; UF: RS; Órgão Julgador: TURMA SUPLEMENTAR; Data da decisão: 07/05/2008;
Documento: TRF400168225; Fonte: D.E. 18/07/2008; Relator: Luís Alberto D'azevedo Aurvalle) (g.n.)
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DO COMPANHEIRO, TITULAR DE RENDA MENSAL VITALÍCIA A
INVÁLIDOS. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. O
benefício de renda mensal vitalícia é de natureza assistencial e caráter pessoal, sendo incompatível a sua transmissão
"causa mortis" na forma de pensão a dependentes e/ou sucessores do beneficiário. "In casu", tendo restado comprovado
que o "de cujus" já havia implementado, à época do óbito, os requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez,
faz jus a parte autora ao benefício de pensão por morte almejado. (TRF - 4ª Região, AC n. 2001.04.01.064711 -2/PR,
Quinta Turma, Rel. Juiz Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, DJU de 27-08-2003) (g.n.)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO. PESCADOR. AMPARO ASSISTENCIAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. 1.


Demonstrado que o extinto, apesar de titular de amparo previdenciário, fazia jus à aposentadoria por invalidez, já que
abandonou a atividade pesqueira exclusivamente por força das precárias condições de saúde, a companheira faz jus à
pensão respectiva, desde a data do óbito. 2. Prescritas as parcelas vencidas há mais de cinco anos da propositura da
ação. 3. Apelação provida. (TRF - 4ª Região, AC n. 2000.04.01.068054 -8/PR, Quinta Turma, Rel. Juíza Federal Eliana
Paggiarin Marinho, DJU de 30-01-2002) (g.n.)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DEVIDA À MÃE DE TRABALHADOR FALECIDO. CONDIÇÃO DE


SEGURADO MANTIDA APÓS O SEU AFASTAMENTO DO TRABALHO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA.
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Comprovado nos autos que o filho falecido da recorrida era portador de moléstia grave
- síndrome da imuno-deficiência adquirida, e que somente deixou de trabalhar por estar totalmente incapacitado para o
trabalho, deveria o INSS conceder-lhe a aposentadoria por invalidez, independentemente de carência, e não renda
mensal vitalícia. 2. A jurisprudência deste STJ pacificou o entendimento de que não perde a qualidade de segurado, o
trabalhador que deixa de contribuir para a Previdência Social por período superior a 12 (doze) meses, se tal interrupção
decorreu de enfermidade. 3. Sendo, dessa forma, considerado segurado obrigatório da Previdência, e demonstrado ser
arrimo de família, é de se concedida a pensão por morte à sua mãe, na ausência das pessoas enumeradas na
Lei 8.213 /91, Art. 16 , I . 4. Recurso não conhecido. (STJ, RESP n. 210862 , Quinta Turma, Rel. Min. Edson Vidigal, DJ
de 18-10-1999) (g.n.)
Resta demonstrado, portanto, que mesmo no caso de óbito de titular de benefício de cunho assistencial, o que em tese
seria impossível sua transmissão causa mortis, há possibilidade em transformar dito benefício em pensão por morte,
desde que comprovado o erro da previdência social na concessão da renda mensal vitalícia ou benefício assistencial.

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