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Normativos legais e respostas educativas na Educação Especial

Exercício de Compensação – Sessão 4


Análise e comparação dos seguintes artigos:

- Educação bilingue de alunos surdos (artigo 23º) e escolas de referência para a educação
bilingue (artigo 15º);

- Educação de alunos cegos e com baixa visão (artigo 24º) e escolas de referência no domínio da
visão (artigo 14º);

- Cooperação e parceria (artigo 30º) e cooperação e parceria (artigo 33º).

Artigo 14.º

Escolas de referência no domínio da visão

1 - As escolas de referência no domínio da visão constituem uma resposta educativa


especializada nas seguintes áreas:

a) Literacia braille contemplando a aplicação de todas as grafias específicas;

b) Orientação e mobilidade;

c) Produtos de apoio para acesso ao currículo;

d) Atividades da vida diária e competências sociais.

2 - As escolas de referência no domínio da visão integram docentes com formação especializada


em educação especial na área da visão e possuem equipamentos e materiais específicos que
garantam a acessibilidade à informação e ao currículo.

3 - Compete aos docentes com formação especializada em educação especial na área da visão:

a) Promover o desenvolvimento de competências emergentes da leitura e escrita em braille, na


educação pré-escolar;

b) Lecionar a área curricular Literacia braille contemplando a aplicação de todas as grafias


específicas, nos ensinos básico e secundário;

c) Assegurar a avaliação da visão funcional tendo por objetivo a definição de estratégias e


materiais adequados;

d) Promover o desenvolvimento de competências nas áreas a que se referem as alíneas b), c) e


d) do n.º 1.

4 - Compete às escolas a que se referem os números anteriores a organização de respostas


educativas diferenciadas, de acordo com níveis de educação/ensino e as características dos
alunos, nomeadamente através do acesso ao currículo e à participação em todas as atividades
da escola em conformidade com os princípios da equidade educativa, da inclusão escolar e social
Opinião:

A proposta é vaga em várias questões importantes para o funcionamento das escolas de


referência para crianças cegas ou de baixa visão. Não se compreende a necessidade de alteração
desse artigo a não ser por uma intenção economicista de racionalização de recursos à custa de
uma educação inclusiva. Não especificando informações concretas sobre o funcionamento
estaremos a ter uma escola a duas velocidades: as que conseguem mais recursos e as outras. Na
proposta do artigo 24º do decreto Lei 3/2008, o ponto 3- “Objetivos das escolas de referência”
é mais específico quanto aos recursos e materiais utilizados. A nova proposta apenas refere este
ponto de uma forma que não assegura, por exemplo, o acompanhamento psicológico, a
formação e aconselhamento dos docentes, pais e comunidade educativa.

Artigo 15.º

Escolas de referência para a educação bilingue

1 - As escolas de referência para a educação e ensino bilingue constituem uma resposta


educativa especializada com o objetivo de implementar o modelo de educação bilingue,
enquanto garante do acesso ao currículo nacional comum, assegurando, nomeadamente:

a) O desenvolvimento da língua gestual portuguesa (LGP) como primeira língua (L1);

b) O desenvolvimento de língua portuguesa escrita como segunda língua (L2);

c) A criação de espaços de reflexão e formação, incluindo na área da LGP, numa perspetiva de


trabalho colaborativo entre os diferentes profissionais, as famílias e a comunidade educativa em
geral.

2 - As escolas de referência para a educação bilingue integram docentes com formação


especializada em educação especial na área da surdez, terapeutas da fala, intérpretes de LGP e
formadores de LGP.

3 - As escolas de referência para a educação bilingue possuem equipamentos e materiais


específicos que garantam o acesso à informação e ao currículo, designadamente, equipamentos
e materiais de suporte visual às aprendizagens.

4 - Compete às escolas a que se referem os números anteriores a organização de respostas


educativas diferenciadas, de acordo com níveis de educação/ensino e as características dos
alunos, nomeadamente através do acesso ao currículo, à participação em todas as atividades da
escola e

ao desenvolvimento de ambientes bilingues em conformidade com os princípios da equidade


educativa, da inclusão escolar e social.

Opinião:

O novo modelo dá enfase a língua gestual portuguesa como primeira língua nas escolas de
referência.

Mais uma vez os recursos humanos não estão especificados ficando a cargo do agrupamento de
referência.

No que refere ao processo de avaliação a nova proposta é omissa.


Por outro lado, há uma preocupação crescente com a formação e criação de espaços de reflexão,
com os vários intervenientes no processo.

Artigo 33.º

Cooperação e parceria

1 - As escolas podem desenvolver parcerias entre si, com as autarquias e com outras instituições
da

comunidade que permitam potenciar sinergias, competências e recursos locais, promovendo a

articulação das respostas.

2 - Estas parcerias visam, designadamente, os seguintes fins:

a) A implementação dos suportes à aprendizagem e à inclusão;

b) O desenvolvimento do programa educativo individual e do plano individual de transição;

c) A promoção da vida independente;

d) O apoio à equipa multidisciplinar;

e) A promoção de ações de capacitação parental;

f) O desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular;

g) A orientação vocacional;

h) O acesso ao ensino superior;

i) A integração em programas de formação profissional;

j) O apoio no domínio das condições de acessibilidade;

k) Outras ações que se mostrem necessárias para a implementação das medidas de apoio à

aprendizagem e à inclusão previstas no presente diploma.

3 - As parcerias a que se referem os números anteriores são efetuadas mediante a celebração


de

protocolos de cooperação.

Opinião:

A nova proposta parece ter informações mais específicas, dando importância ao pleno
desenvolvimento de parcerias que apoie a escola e os alunos e as famílias tanto na sua formação
como na transição para a vida ativa.

Uma novidade deste novo modelo referencia o acesso ao ensino superior que dá suporte a ideia
central deste documento que é, ao meu ver, uma educação para todos.
Conclusão:

Nestes três itens que nos foi pedido para analisar e fazer uma comparação com o que está
atualmente em vigor e a nova proposta, há situações mais ou menos informadas nos dois
documentos, no entanto se vão alterar alguma coisa não deveria haver ambiguidades, o novo
documento parece pouco claro e pouco explícito em diferentes aspetos de carácter técnico-
pedagógico e funcional, juntando alterações de nomenclatura de alguns itens e não sendo
objetivo em outros.

Uma coisa parece ser clara em todo o documento: para que a nova proposta possa vir a
funcionar, deve haver uma clara informação por parte do ministério da Educação de todos os
pontos e dos artigos do documento, uma forte componente formativa para todos os docentes,
tempo para a escola se adaptar e muito investimento nos recursos necessários para a sua
operacionalização.

E como disse o Dr. Luís Miranda Correia:

“O DL 3/2008 deveria ser alterado e não revogado, porque é muito mais objetivo em todos os
aspetos. Não se deve pretender alterar pela simples lógica de alterar sem se ter em conta o que
de facto funciona e está devidamente operacionalizado no terreno.”

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