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ANÁLISE DOS CUSTOS LOGÍSTICOS: UM ESTUDO DE CASO NO

SETOR ALIMENTÍCIO
COST ANALYSIS OF LOGISTICS: A CASE STUDY IN THE FOOD
SECTOR

Daniel Boff (Unochapecó);


Moacir Francisco Deimling (UFFS)
Beno Nicolau Bieger (Unochapecó);
Rodrigo Barichello;
Professor Nelson Casarotto Filho (UFSC)
moacir.deimling@uffs.edu.br

Resumo
Os custos logísticos vêm ganhando importância na medida em que os clientes passam a exigir
maiores demandas, o que impacta diretamente na lucratividade das empresas. Trabalhar esta
situação exige inovação e busca por ferramentas capazes de melhorar os serviços e, ao mesmo
tempo, minimizar os custos logísticos. Este artigo objetiva analisar os procedimentos e os
custos logísticos de uma grande empresa alimentícia localizada no Oeste de Santa Catarina. O
estudo trabalhou com uma amostra de 30.581 pedidos retirados do sistema da empresa e
efetuou a análise destes nos aspectos de procedimentos operacionais e custos dos processos
até a entrega do produto ao cliente. Este estudo pode ser caracterizado como um estudo de
caso, de caráter eminentemente qualitativo e de cunho descritivo. Como principais resultados
deste, têm-se os custos logísticos concentrados em pedidos de pequena monta e alternativas
de distribuição para melhorar os resultados da empresa.
Palavras-chave: logística; custos; distribuição, indústria de alimentos.

Abstract
Logistics costs have been gaining importance since customers now have more and more
demands that directly impact the profitability of companies. Solving this equation requires
companies seeking innovation and tools that streamline the services and at the same time
minimizing logistics costs. This article aims to analyze the procedures and logistics costs of a
large food company located in western Santa Catarina. The work on the system selected a
sample of 30,581 applications and made the analysis of these aspects of operational costs and
processes to product delivery. This study can be characterized as a case study of a highly
qualitative and descriptive nature. The main results of this, there are the logistics costs
concentrates on applications for minor and distribution alternatives to improve business
results.
Keywords: logistics, costs, distribution, food industry.

1 INTRODUÇÃO

Analisar e compreender os fluxos logísticos da organização é de fundamental


importância quando se busca reduzir seus custos, melhorar seus processos e tornar-se mais
competitivo no mercado de atuação. Para melhor entendimento se faz necessário conhecer os
processos internos, externos e vínculos de uma organização. Assim será possível encontrar
soluções rápidas que tragam resultados positivos em curto espaço de tempo tanto para as
organizações como para seus clientes.
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Bowersox e Closs (2001) enfatizam as mudanças impostas, afirmando que a logística


passou a ter maior visibilidade com uma nova concepção, onde a logística existe para
satisfazer as necessidades dos clientes, facilitando a produção e o marketing e buscando
equilibrar as expectativas de serviços e os gastos de modo a alcanças os objetivos do negócio.
Para conseguir resultado positivo e facilitar os processos logísticos, gerando economia,
agilidade e informações precisas em tempo real para as organizações e seus clientes, as
empresas contaram com fatores importantes. Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) afirmam que
há dois conjuntos responsáveis por estas mudanças; o da ordem econômica e o da ordem
tecnológica. As mudanças econômicas criam novas exigências competitivas, enquanto as
mudanças tecnológicas tornaram possível o gerenciamento eficiente e eficaz de operações
logísticas.
Diante deste cenário de mudanças e inovações este trabalho tem como objetivo
analisar o ciclo de pedido de uma empresa do setor de alimentos, analisando os volumes e
valores dos pedidos de venda e dimensionando a relação dos valores dos pedidos com os
custos logísticos.

2 LOGÍSTICA

O conceito de logística passou a ser utilizado a partir da década de 40. Devido às


constantes guerras que ocorriam na antiguidade, era necessário montar estratégias para levar e
manter as tropas em batalhas bem alimentadas. Essas “estratégias” de transportes e
armazenagem de comida passaram a ser denominado de Logística. Inicialmente esse termo
era mais utilizado pelas forças armadas norte-americanas e se relacionava com todo o
processo de aquisição e fornecimento de materiais durante a segunda guerra mundial
(CHING, 2010).
De acordo com Cavanha Filho (2001, p.2) “Logística é a parte do processo da cadeia
de suprimentos que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de
bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, visando
atender aos requisitos dos consumidores”.
Para uma logística eficiente, se faz necessário conhecer todo potencial e limitadores da
empresa e dos clientes, de maneira que ambas sejam beneficiados. Na concepção de
Bowersox e Closs (2001) um dos objetivos centrais da logística é atingir um nível desejado de
serviço ao cliente pelo menor custo total possível.
Segundo POZO (2007), a logística estuda as formas de prover um melhor nível de
rentabilidade no processo de pleno atendimento do mercado e satisfação completa ao cliente.
Da mesma forma ainda precisa garantir retorno ao empreendedor através de planejamento,
organização e controle efetivos para as atividades de armazenagem, programa de produção e
entregas de produtos e serviços com fluxos facilitadores do sistema organizacional e
mercadológico.
Para obter os resultados almejados é importante analisar e compreender os elos e
integração entre todos os processos que envolvem a atividade. Para BOWERSOX e CLOSS,
(2001) a logística envolve a integração de informações, transporte, estoque, armazenamento,
manuseio de matérias e embalagem. Todas essas áreas que envolvem o trabalho logístico
oferecem ampla variedade de tarefas a serem compreendidas e integradas. Salienta-se que a
logística tem como objetivo ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possível.
Em termos de custos logísticos, no Brasil há um cenário de pouca competitividade.
Segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) os gastos logísticos equivalem a 10% do PIB,
sendo que a principal razão é o fato de o transporte brasileiro possuir uma dependência
exagerada do modal rodoviário. Um dos desafios é diminuir estes gastos e aumentar a
eficiência das organizações. Para alcançar a excelência logística torna-se necessário conseguir
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ao mesmo tempo redução de custo e melhoria do nível de serviço ao cliente. Quanto melhor
for a relação entre os setores de uma organização melhor o resultado logístico da empresa.
Na concepção de Ballou (2003), as melhorias no serviço são estratégias que
normalmente reconhecem que as receitas dependem do nível do serviço logístico fornecido.
Embora os custos aumentem rapidamente com a elevação dos níveis de serviços logísticos aos
clientes, o aumento nas receitas pode mais que compensar os custos mais altos. Por outro lado
o planejamento das vendas possui impacto direto na área de logística. O setor precisa
acompanhar o potencial de vendas da organização garantindo a estrutura para o suprimento da
fábrica e a distribuição dos produtos, o setor logístico ainda necessita conhecer os novos e
possíveis canais de distribuição com suas particularidades e necessidades.
Novaes (2004) afirma que a logística moderna procura coligar todos os elementos do
processo, prazos, integração de setores e formação de parcerias com fornecedores e clientes,
para satisfazer as necessidades e preferências dos consumidores finais.
Para melhor atender as necessidades de seus clientes, a área de logística necessita
possuir uma boa organização de seus processos e prover um adequado tratamento das suas
informações. O fluxo de informações logísticas segundo Bowersox e Closs, (2001) inclui
pedidos de clientes, e de ressuprimento, necessidade de estoque, programação das atividades
dos depósitos, documentação de transporte e fatura. A tecnologia tem então a função de
proporcionar resultados satisfatórios para as empresas que possuem como objetivo melhor o
fluxo e processamento de suas informações.
Com relação à integração de informação, Bowersox e Closs (2001) argumentam que a
logística é vista como a competência que vincula a empresa a seus clientes e fornecedores. As
informações recebidas pelos de clientes sobre eles fluem pela empresa na mesma forma de
atividades de vendas, previsões e pedidos. Assim o processo tem duas ações inter-
relacionadas, a de fluxo de materiais e de fluxo de informações. Analisar e interpretar as
informações que fluem na organização é muito importante quando se deseja formar
estratégicas competitivas.
2.1 Custos Logísticos
Um dos principais desafios das empresas no que tange aos aspectos logísticos é
equacionar a questão dos custos. Atender clientes cada vez mais exigentes em qualidade dos
serviços, conciliar custos e lucratividade torna-se muitas vezes um desafio de difícil solução
exigindo inclusive modelagens matemáticas e econômicas.
Se um preço mais alto é algo que os clientes não estão dispostos a pagar por produtos
com qualidade equivalente ao produto concorrente, então a saída parece estar na prestação de
um serviço diferenciado. Neste sentido Castiglioni (2007) indica que a opção do cliente pelos
produtos da empresa pode estar no prazo de entrega, na disponibilidade maior de produtos, no
cumprimento do prazo de entrega e na possibilidade de determinar o horário para entrega bem
como na flexibilidade dos pedidos. Estes, além de outros podem ser os atrativos que na hora
da decisão da compra por parte do cliente.
O reverso da medalha desta diferenciação dos serviços é a elevação dos custos. Estes
podem se tornar desordenados e afetar diretamente a lucratividade caso não seja possível a
compensação ou os ganhos em escala gerados por maiores demandas de produtos e serviços.
Para compreender melhor os custos logísticos Faria e Costa (2005, p. 69) define que
“os custos logísticos são os custos de planejar, implementar e controlar todo inventário de
entrada (inbound), em processo e de saída (outbound), desde o ponto de origem até o ponto de
consumo”. Portanto, é parte integrante do custo logístico desde o abastecimento, passando
pela produção até a distribuição.
2.1.1 Custos com Processamento de Pedidos
Os custos com abastecimento são aqueles que estão envolvidos os fornecedores das
matérias primas até os funcionários responsáveis pela efetuação dos processamentos de
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pedidos. Castiglioni (2007) divide esses custos em dois conceitos: os custos referentes às
compras (ressuprimento) que são aqueles que se fazem necessários para poder obter a matéria
prima; e os custos com os pedidos dos clientes (venda) que são os que se referem aos
dispêndios de colocar o produto no comércio ou no estabelecimento do cliente.
Nesta etapa, segundo Castiglioni (2007) a maioria das grandes empresas tem a
seguinte os custos no processamento e recursos humanos. Esses componentes tratam da
definição do produto que melhor se encaixa a produção, as cotações, as análises de propostas
e até mesmo a realização dos pagamentos e acompanhamento das entregas.
2.1.2 Custos com Armazenagem
Os custos com armazenagem são expressivos em qualquer empresa seja ela industrial
ou comercial. Há, no entanto, uma preocupação cada vez maior em reduzir ao máximo os
níveis de armazenagem justamente pensando em controle de custos. Os clientes por outro lado
exigem disponibilidade e rapidez na entrega dos produtos e intolerância a erros, fatos que
exigem eficientes gerenciamentos das atividades logísticas.
Especialmente nos custos da armazenagem alguns aspectos têm importante influência,
tais como: instalações próprias ou alugadas e seu porte e as características específicas tanto
dos prédios como dos equipamentos, entre outras. Essas situações são determinantes na
definição inclusive dos custos fixos e variáveis da atividade.
2.1.3 Custos com Inventário
Para manter um inventário sempre haverá um determinado custo que poderá ser fixo
ou variável. No fixo enquadram-se os custos de capital e com edificações e nos variáveis
estão os custos de manutenção e de pessoal.
A possível falta de mercadoria além do possível cancelamento do pedido acarretará em
um possível desgaste da imagem da empresa, além de em casos de contratos firmados
ocorrerem pagamentos de multas, baixando ainda mais lucratividade. Faria e Costa (2005,
p.104) afirmam que O nível de inventário a ser mantido depende do nível de serviço
objetivado e da política a ser adotada pela empresa, e essa decisão está relacionada à incerteza
na demanda ou no fornecimento.
2.1.4 Custos com transportes
Dentro dos processos logísticos, o transporte é atualmente o que possui acarreta o
maior custo. Gomes e Ribeiro (2004) estima que seja responsável por até 60% dos custos
logísticos. Para isso faz-se necessário uma análise bastante precisa de qual dos modais é mais
apropriado para cada tipo de produto e que melhor irá satisfazer a necessidade de seus clientes
ou de si mesmo.
Uma variável importante a ser analisada é a possibilidade de terceirização do
transporte na empresa. Para tanto se torna necessário estudar detalhadamente os custos
envolvidos, a qualidade almejada, o tamanho da operação, a capacidade e competência das
opções disponíveis e a acessibilidade ao modal adequado.
Na região oeste catarinense não há disponibilidade de outros modais que não seja o
rodoviário. Por esta razão serão abordados apenas os custos que envolvem este modal. O
Quadro 2 esquematiza os custos envolvidos nas operações que envolvem o modal rodoviário.

QUADRO 2: Discriminação dos custos no modal rodoviário para frotas próprias


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Fonte: Adaptado de CASTIGLIONI (2007) e FARIA E COSTA (2005).

Os valores dos fretes pagos para as empresas terceirizadas estão diretamente


relacionados com a distância percorrida, o peso e o volume transportado. Também tem
importante participação na composição do preço estabelecido a possibilidade de cargas de
retorno dos destinos estabelecidos.
2.1.5 Custos Ambientais
As primeiras preocupações com o cuidado ambiental são muito recentes. Andrade,
Tachizawa e Carvalho (2002) observam que as duas primeiras vezes que representantes de
governos se reuniram para debater e tomarem medidas sobre a controle ambiental foi nas
Conferências sobre Biosfera e a das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e que ocorreram
somente em 1968 em Paris e 1972 em Estocolmo, respectivamente. Após esses dois eventos,
outro grande encontro com repercussão mundial ocorreu no Rio de Janeiro em 1992, que
ficou conhecido como Rio 92 o qual se constituiu a Carta da Terra (Declaração do Rio) e a
Agenda 21.
Atualmente, as empresas com maior impacto ambiental são as do ramo industrial.
Nestas, “os impactos ambientais de uma organização estão diretamente associados ao ramo de
atividade da mesma e número de funcionários ao qual está diretamente associado seu porte”
(SEIFFERT 2005, p.44). Desta forma, as empresas procuram associar a sua marca
estabelecendo estratégias que visem integrá-la como empresa de responsabilidade ambiental.
No setor de armazenagem surge assim o conceito de “armazém verde”. Associa-se a este
conceito um conjunto de ações de engenharia sustentável que assegure o menor desperdício
de energia elétrica, combustíveis e água e ainda garantindo o controle da qualidade do ar.
Toda a cadeia produtiva deve estar envolvida com os mesmos cuidados em todos os
elos que envolvem cada um dos produtos com o objetivo de mitigar eventuais impactos
ambientais.
2.1.6 Outros custos a serem considerados
Além dos custos já abordados também são citados diversos outros custos que têm
maior ou menor importância de acordo com o tamanho da empresa ou atividade. Entre esses
custos pode-se citar:
- Custo do capital parado – esse custo implica em analisar quanto a empresa deixará de ganhar
ao manter os seus níveis de estoque adequados ao seu volume de vendas.
- Custo com impostos e seguros – os impostos já estão em parte embutidos nos produtos
estocados, portanto já pode ter havido a realização desta despesa. Já o seguro tem relação
direta com o risco que o produto oferece.
- Custo com riscos – são de difícil mensuração e podem contemplar a depreciação dos
estoques, a sua obsolescência, os furtos e os danos.
- Custos com faltas – estes custos envolvem perdas com cancelamento de pedidos por motivos
de atrasos ou outros.
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- Custos com Tecnologia de Informação – englobam os hardwares e softwares, sua instalação,


manutenção, amortização e depreciação. Algumas empresas os consideram como custos
indiretos ou despesas administrativas.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo foi desenvolvido em uma empresa de alimentos, massas e biscoitos


estampados, localizada no Oeste de Santa Catarina. A empresa vende seus produtos para todo
o Brasil tendo estabelecido uma rede de representantes e vendedores que atendem os clientes
comerciais em todo o território brasileiro.
A empresa busca a melhoria constante em seus processos logísticos para melhor
atender seus clientes e buscar a excelência nos serviços prestados, fazendo para isso grandes
investimentos em estruturas de distribuição e ferramentas tecnológicas para atingir suas
metas. A empresa conta com um moderno centro de distribuição na matriz, e mais dois
centros de distribuição um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro onde possui grande
potencial de mercado e perspectivas de expansão.
A empresa processa uma média de 60.000 pedidos por mês. Para viabilizar o estudo
decidiu-se efetuar uma amostragem sistemática – via sistema – durante dois meses numa
intensidade de 25%. Como resultados foram separados 30.581 pedidos sobre os quais se
efetuou a presente análise.
Este trabalho se caracteriza como um estudo de caso com análise qualitativa e
quantitativa dos dados. Os dados coletados na empresa são apresentados através de tabelas e
linguagem discursiva e foram coletados a partir de relatórios do sistema da empresa. Os
relatórios focaram principalmente a análise dos pedidos, as rotas de entregas, o processo de
carregamento, gestão de estoque e retorno de frete.
O estudo também pode ser caracterizado como uma pesquisa descritiva, à medida que
analisa os procedimentos adotados pela empresa na área da logística, à luz das teorias para
avaliação destas práticas empresariais.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Para melhor monitorar os seus processos de distribuição, a empresa conta com um


sistema para importação e tratamento do pedido, um sistema roteirizador para agilizar as rotas
com o menor custo e maior agilidade, um sistema WMS (Warehouse Management System -
Sistema de Gerenciamento de Armazéns) para gerir o Estoque de produtos acabando
fornecendo informações precisas e em tempo real. O transporte dos produtos é efetuado por
uma frota de 160 veículos com uma configuração bastante diversificada. Esta frota em parte é
própria, mas em sua maioria é terceirizada conforme discriminado na Tabela 1.

Tabela 1: Frota de Veículos


Tipo de veículo Próprio Terceirizado Peso (kg) Cubagem (m³)
Caminhonetes 8 13 Até 4.000 Até 22
Caminhão “Toco” 21 74 Até 7.500 Até 42
Caminhão “Truque” 3 27 Até 13.200 Até 56
Carretas 5 45 Até 28.000 Até 102
Julietas 3 1 Até 26.000 Até 88
Total 40 160 Até 78.700 Até 310

Para agilizar os processos de distribuição, a empresa possui vários pontos de transbordos


e operadores logísticos.
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Com esta frota a empresa consegue atender todos os pedidos emitidos pelos clientes, que
representam uma média de 60.000 pedidos mensais. O volume total carregado é de
aproximadamente sete mil toneladas por mês e são percorridos em média de 800 a 900 mil km
por mês.

Tabela 2: Localização de pontos de transbordo


Qt de transbordo Frequência dos
Estado Cidade (caminhões) transbordos
RJ Rio de Janeiro/ Pavuna 24 Diariamente
MG Pouso Alegre 4 2 v. Semana
Guaxupe 3 2 v. Semana
Ribeirão Preto 3 2 v. Semana
Campinas 5 Diariamente
Miracatu 4 2 v. Semana
SP Itapetininga 4 2 v. Semana
Santa Cruz do Rio Pardo 4 2 v. Semana
Nhandeara 4 2 v. Semana
Presidente Prudente 4 2 v. Semana
PR Curitiba 6 Diariamente
Biguaçu 4 Diariamente
SC Blumenau 7 2 v. Semana
Joinville 6 Diariamente
Caxias 6 2 v. Semana
RS P. Alegre 13 Diariamente
Pelotas 6 2 v. Semana
Santa Maria 5 2 v. Semana
Total 112

A otimização de sua frota pode ser analisada conforme demonstrado na Tabela 3, onde
se verifica que possui grande ociosidade de volume cúbico por caminhão. Porém a ociosidade
de peso é baixa, sendo este o limitador de quantidade carregado por veículo.
Tabela 3: Ociosidade da frota
Tipo de veículo m3/veículo % de cubagem vazio % ociosidade Peso
Caminhonetes 229,00 48% 11,61
Caminhão “Toco” 526,00 47% 17,3
Caminhão “Truque” 256,00 32% 20,33
Carretas 274,00 29% 24,56
Média 321,25 39% 18,45
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Analisar e gerenciar os pedidos de vendas pode ser uma ação muito importante para a
empresa, pois nem sempre uma venda é sinônimo de lucro. Em alguns casos as vendas podem
ocasionar prejuízos e prejudicar o processo de distribuição da empresa.
Para demonstrar que alguns pedidos podem não estar gerando lucro foi realizado uma
análise em 20% dos pedidos no período de dois meses, o que envolveu a análise de 30.581
pedidos. O percentual de pedidos separados por valor pode ser observado na tabela 4.
Analisando a Tabela 4 encontra-se uma situação em que 27% dos pedidos possuem um
valor abaixo de R$ 150,00/pedido, porém este montante corresponde a menos de 6,8% do
volume de vendas. Mais de 45% do total dos pedidos possuem um valor abaixo de R$
200,00, este total de pedidos corresponde a apenas 13% do total das vendas.
O valor do pedido possui efeito direto nos custos logísticos, tanto para a área comercial
quanto para a área de distribuição, pois há o deslocamento do vendedor até o cliente e
posteriormente o serviço de entrega. Através de relatório apurou-se o custo médio por
entrega, que é de R$ 22,80. Este valor se obtém através do gasto total com entregas dividido
pelo número de pedidos em um determinado período. Para a operação dos custos de
distribuição apura-se um custo médio de R$ 2,20 por km percorrido.
Tabela 4: Análise de Pedidos
Discriminação dos pedidos % Numero de Pedidos % valor
Abaixo de R$100,00 1,9% 0,31%
De R$100,00 a R$125,00 13,4% 2,86%
De R$125,00 a R$150,00 11,3% 3,56%
De R$150,00 a R$175,00 10,5% 3,90%
De R$175,00 a R$200,00 7,0% 3,10%
De R$200,00 a R$300,00 20,0% 11,08%
De R$300,00 a R$500,00 16,3% 14,16%
De R$500,00 a R$1.000,00 12,5% 19,50%
De R$1.000,00 a R$2.000,00 4,5% 13,80%
De R$2.000,00 a R$5.000,00 2,0% 13,70%
Acima de R$5.000,00 0,6% 14,03%
Total 100,00 100,00

O confronto das informações de custo de distribuição com o valor dos pedidos pode
ser observado na Tabela 5 que explicita o valor do pedido, o percentual de pedidos de
determinado valor e o custo para a realização das entregas em cada faixa de pedidos.
Tabela 5: Pedido X % custo de entrega
Discriminação dos pedidos % Numero de Pedidos % valor % custo de Entrega
Abaixo de R$100,00 1,9% 0,31% 1,96%
De R$100,00 a R$125,00 13,4% 2,86% 11,45%
De R$125,00 a R$150,00 11,3% 3,56% 11,64%
De R$150,00 a R$175,00 10,5% 3,90% 10,83%
De R$175,00 a R$200,00 7,0% 3,10% 7,36%
De R$200,00 a R$300,00 20,0% 11,08% 20,41%
De R$300,00 a R$500,00 16,3% 14,16% 16,52%
De R$500,00 a R$1000,00 12,5% 19,50% 12,61%
De R$1000,00 a R$2000,00 4,5% 13,80% 3,35%
De R$2000,00 a R$5000,00 2,0% 13,70% 2,06%
Acima de R$5000,00 0,6% 14,03% 1,81%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
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Os maiores custos com distribuição estão concentrados nos pedidos de menor valor, ou
seja, 45% do total dos pedidos (pedido com valor de R$100,00 a R$200,00 reais) são
responsáveis por apenas 13% do faturamento da empresa, porém representam 43% do total do
custo de distribuição.
A análise geral dos pedidos pode ser verificada no Quadro 1, onde se constata que o
preço médio dos pedidos é de R$ 447,77 e o custo de distribuição comparado com os valores
de vendas corresponde a 5,14% do faturamento bruto da empresa. Ainda o custo médio por
entrega é de R$ 22,80 por entrega de mercadoria.
QUADRO 1: Análise dos Pedidos
Total dos Pedidos analisados 30.581
Faturamento dos Pedidos analisados R$ 13.693.323,28
Média (valor pedido) R$ 447,77
Custo de Distribuição R$ 703.363,00
Custo % do Valor 5,14%
Custo Médio por Entrega R$ 22,80

Como propostas para minimizar o custo com a operação logística da empresa,


principalmente com a distribuição tornam-se necessárias tomar algumas medidas no início do
processo. Estas medidas afetam diretamente a área comercial:
• Aumentar o valor mínimo do pedido de venda – assim o custo médio de distribuição por
pedido diminuirá. Os pequenos comerciantes passam a fazer pedidos de maior valor e com
menor frequência, diminuindo assim o custo logístico e o custo de vendas. O vendedor irá
efetivar com mais frequência sua venda, diminuirá seu percurso podendo visitar mais
clientes durante determinado período. Como a empresa está diminuindo seu custo e
aumento o custo do cliente forçando pedidos com valor maior, pode fazer uma
compensação proporcionando faixas de desconto para o cliente;
• Aumentar consideravelmente o número de micro distribuidores – o micro distribuidor
possui um papel importante para a empresa, apesar de seu volume de venda ser pequeno,
ele garante que o produto esteja em lugares onde a empresa teria muita dificuldade para
realizar a venda e entrega da mercadoria de forma direta;
• Em algumas regiões a empresa pode aumentar o número de entregas efetuado por um
único caminhão, sem comprometer o tempo de entrega dos pedidos, pois o trajeto é muito
longo. Hoje as cargas são limitadas por peso, volume cúbico a ser carregado ou numero de
entregas.
• Aumentar o número de pontos de transbordos nas cidades com maior potencial de compra,
agilizando a entrega e diminuindo o custo de distribuição e o número de veículos em
trânsito.
• Outra opção para a empresa se tornar mais competitiva em termos logísticos é a criação de
uma rede integrada com outras empresas com o objetivo de otimizar o retorno de seus
caminhões, pois a grande maioria retorna vazia para a empresa. Outra alternativa seria a de
autorizar o motorista a buscar frete por conta própria. A integração poderá trazer bons
resultados para a empresa e principalmente para as frotas terceirizadas que poderão
aumentar sua receita.
• O mix de produtos na análise de distribuição demonstra que os veículos possuem uma
grande ociosidade em relação à cubagem carregada, tendo como limitador o peso do
caminhão. Como sugestão, a empresa poderia complementar seu mix de produto com
produtos mais leves, ocupando melhor o volume cúbico do caminhão.
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As propostas de mudanças aqui demonstradas necessitam de estudos mais


aprofundados, com análises de cada situação, adaptadas para cada região em função de
particularidades inerentes.

5. CONSIDERAÇÕE FINAIS

Este estudo permitiu uma avaliação aprofundada de uma importante amostra dos
pedidos de venda de uma empresa do setor alimentício. Proporcionou percepções sobre a
distribuição e o dimensionamento da atividade e seus custos com a logística de distribuição.
Esta análise possibilitou identificar algumas dificuldades ensejando necessidades de
mudanças para minimizar os custos logísticos identificados.
Em uma análise geral dos processos logísticos da empresa, observou-se que a mesma
está bem estruturada e inovando de acordo com a necessidade do mercado. As propostas
apresentadas possuem intuito de minimizar custos e aumentar a eficiência na distribuição.
Algumas medidas como alteração do valor do pedido devem ser devem ser implantadas aos
poucos, propiciando impactos mensuráveis nas vendas e, consequentemente nos resultados da
empresa, especialmente na redução dos custos.
O desenvolvimento deste trabalho enseja a possibilidade de efetivar outros trabalhos
que poderão ser muito úteis para a organização na área de logísticas tais como:
• Uma pesquisa aprofundada para desenvolver uma cadeia de logística integrada, objetivado
um maior aproveitamento dos retornos dos fretes;
• Pesquisa e desenvolvimento de produtos com maior peso e volume que poderão ser
comercializados visando diminuir a ociosidade das cargas;
• Pesquisar e desenvolver alternativas de diminuição do custo de venda dos produtos
comercializados.

6. REFERÊNCIAS

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sustentável. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2002.
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integração da cadeia de suprimentos. Ed. Atlas: São Paulo, 2001.
CASTIGLIONI, José Antonio de Mattos. Logística operacional: guia prático. 1. ed. São
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Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: ed. Atlas, 2000.
GOMES, Carlos Francisco Simões; RIBEIRO, Priscilla Cristina Cabral. Gestão da cadeia de
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