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Contribuições Sociais

FABIANA DEL PADRE TOMÉ


Mestre e Doutora - PUC/SP
Professora da PUC/SP

Autora dos livros:


 A prova no direito tributário, Ed. Noeses.
 Contribuições para a seguridade social à luz da Constituição Federal,
Ed. Juruá.
Pressuposto para análise do tema:
competência tributária

Delimitação minuciosa em relação às diversas espécies


tributárias:

1. Imposto
2. Taxa
3. Contribuição de melhoria
4. Empréstimo compulsório
5. Contribuição

Fabiana Del Padre Tomé


Classificação tripartida

- Ponto de partida: regra-matriz de incidência (h.i/b.c)

- Critério: vinculação da hipótese de incidência à atuação


estatal (não confundir com vinculação do produto da
arrecadação)

 Tributo não-vinculado: imposto


 Tributo vinculado: - diretamente: taxa
- indiretamente: contribuição de
melhoria/contribuições

Fabiana Del Padre Tomé


Destinação legal e
previsão de restituição

- Relevância

- Argumentos contrários: dados posteriores à extinção


do liame tributário/ afetação das receitas públicas
não interfere na natureza jurídica / art. 4º, II, CTN

- Art. 167, IV, da CF: “São vedados a vinculação de


receita de impostos a órgão, fundo ou despesa…”

- Arts. 148, 149 e 195, da CF: exigem determinada


previsão legal de destinação/restituição

Fabiana Del Padre Tomé


Classificação em 5 espécies

- Imposto
- Taxa
- Contribuição de melhoria
- Empréstimo compulsório
- Contribuição

- Ponto de partida: normas constitucionais de


competência

- Critérios: vinculação da h.i. à atuação estatal /


destinação legal / previsão legal de restituição

Fabiana Del Padre Tomé


As contribuições podem ser criadas para as seguintes
finalidades:

1. social
2. de intervenção no domínio econômico
3. de interesse das categorias profissionais ou
econômicas
(*4. para custeio do serviço de iluminação pública –
149-A, EC 39/02)

- Relação entre finalidade e destinação: realização


concreta da finalidade. “A destinação é fundante da
norma de competência” – Misabel Derzi.

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Espécies de Contribuição
1) sociais: 1.1) gerais
1.2) seguridade social (195, CF)
1.2.1) saúde
1.2.2) assistência social
1.2.3) previdência social

2) intervenção no domínio econômico

3) interesse das categorias profissionais ou econômicas

4) custeio da iluminação pública (EC 39/02)

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Contribuições sociais

1) Gerais – art. 149, CF


2) Destinadas ao financiamento da seguridade social.
Art. 195, CF/88:
- devidas pelo empregador ou empresa:
1. salário e demais rendimentos do trabalho;
2. receita ou faturamento; e
3. lucro; (EC 20/98)
- devidas pelo trabalhador;
- devidas pelo importador de bens e serviços (EC
42/02).

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As Contribuições Sociais e a Lei Complementar

 A lei ordinária é, via de regra, o veículo introdutor


adequado para a instituição de todos os tributos e,
conseqüentemente, das contribuições sociais.

 Contudo, o §4º do art. 195 estabeleceu que a lei


poderá instituir outras fontes destinadas garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social,
desde que obedecido o disposto no art. 154, I.

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Normas gerais de direito tributário
Art. 146 da CF/88:

“Cabe à lei complementar:


I – dispor sobre conflitos de competência (...)
II – regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como,
em relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases
de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e
decadência tributários
(...)”.
Que significa ser contribuição “social”?

Arts. 193 a 232 da CF/88


- Saúde
- Previdência social
- Assistência social
- Educação, cultura e desporto
- Ciência e tecnologia
- Comunicação social
- Meio ambiente
- Família, criança, adolescente e idoso
- Índios

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Evolução legislativa constitucional

Art. 195. A seguridade social


Art. 195. A seguridade
social será financiada por será financiada por toda a
toda a sociedade, (...) e das sociedade, (...) e das seguintes
seguintes contribuições contribuições sociais:
sociais: I – do empregador, da empresa
I – dos empregadores, e da entidade a ela equiparada
incidente sobre a folha de
salários, o faturamento e o na forma da lei, incidentes sobre:
lucro; a) a folha de salários e demais
rendimentos do trabalho pagos
ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo
Fabiana Del Padre Tomé empregatício;
Contribuição com fundamento na alínea “a”,
do inciso I, do art. 195:

Hipótese:
 critério material: pagar ou creditar salários e demais
rendimentos do trabalho;
 critério espacial: território nacional;

 critério temporal: momento do pagamento ou


creditamento do salário e demais rendimentos do
trabalho;
Consequente:
 critério pessoal: ativo: União; passivo: empregador,
empresa e entidade a ela equiparada na forma da lei;
 critério quantitativo: base de cálculo: valor da folha
de salário e dos demais rendimentos pagos ou
creditados; alíquota: percentual fixado em lei.
Fabiana Del Padre Tomé
Salário e demais rendimentos do
trabalho

 O vocábulo “salário” abrange a remuneração da


categoria de trabalhadores formada pelos
empregados. Decorre da existência de vínculo
empregatício, onde a prestação do serviço é
realizada de forma não eventual, em relação de
subordinação (art. 3º da CLT).

 “Demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço” = remuneração pelo
serviço prestado sem vínculo empregatício

 Em ambos os casos exige-se pagamento que


configure contraprestação do trabalho.
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Não tributação das verbas indenizatórias
REsp. 746.858/RS

“TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.


VERBAS INDENIZATÓRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. Esta
Corte já decidiu que as verbas rescisórias especiais
recebidas pelo trabalhador a título de indenização
por férias transformadas em pecúnia, licença prêmio
não gozada, ausência permitida ao trabalho ou
extinção do contrato de trabalho por dispensa
incentivada possuem caráter indenizatório, pelo que
não é possível a incidência de contribuição
previdenciária.”

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Aviso prévio indenizado

O Decreto 6.727/09 revogou dispositivo do


Regulamento da Previdência Social que determinava
que o valor do aviso prévio indenizado não integrava
a base de cálculo das contribuições previdenciárias.

IN SRFB nº 925/09 determinou a tributação do aviso


prévio indenizado

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 1. Antes da EC 20/98: aviso prévio indenizado é
salário? Não.

 2.Depois da EC 20/98 e antes do Dec. 6.727: aviso


prévio indenizado é salário ou rendimento do
trabalho da pessoa física que presta serviço? Não.

 Depois do Dec. 6.727: aviso prévio indenizado é


salário ou rendimento do trabalho da pessoa física
que presta serviço? Não.
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Auxílio doença

Pago pela empresa durante os 15 primeiros dias do


afastamento do empregado por motivo de doença

Remunera o trabalho?
Qual?
O empregado não está afastado?

Então é indenização e não remuneração pelo


trabalho prestado.

Fabiana Del Padre Tomé


Lei 8.212/91 – art. 28, § 9º.
Não integram o salário de contribuição:

A parcela recebida a título de vale-transporte,


na forma da legislação própria.

E se pago em dinheiro?
 RE 478410: isso não altera a obrigação e não
descaracteriza a natureza do instituto.

 A parcela "in natura" recebida de acordo com os


programas de alimentação aprovados pelo Ministério
do Trabalho e da Previdência Social

E se pago em dinheiro? Mesmo raciocínio.


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Contribuição com fundamento na alínea “b”,
do inciso I, do art. 195:

Hipótese:
 critério material: auferir receita ou faturamento;
 critério espacial: território nacional;
 critério temporal: instante em que a receita ou o
faturamento forem auferidos;
Consequente:
 critério pessoal: ativo: União; passivo: empregador,
empresa e entidade a ela equiparada na forma da lei;
 critério quantitativo: base de cálculo: montante da
receita ou do faturamento auferidos; alíquota: percentual
fixado em lei.

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Qual o fundamento para a coexistência de PIS e
de COFINS, duas contribuições sobre o
faturamento (ou receita)?

 LC 70/91 – COFINS sobre faturamento, assim


considerado a receita bruta das vendas de
mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço
de qualquer natureza.

 PIS – já existia no ordenamento (LC 7/70) e foi


recepcionada pelo art. 239 da CF/88.

 O STF, na ADC-1/DF, considerou admissível a dupla


incidência sobre o faturamento.

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Histórico legislativo

 CF/88: autorizava a tributação do faturamento

 Lei nº 9.718/98, de 27/11/98: elegeu como base de


cálculo o faturamento, mas o equiparou à totalidade
das receitas auferidas.

 EC nº 20, de 16/12/98: alterou a redação do art.


195, CF, autorizando tributação da receita.

 STF – RE 357.950/RS: O sistema jurídico não


contempla a figura da constitucionalidade
superveniente.

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 Coexistência de contribuintes tributados pelo
faturamento e de contribuintes tributados pela receita

 Faturamento: contribuintes sujeitos ao regime


cumulativo do PIS e COFINS – Lei nº 9.718/98

 Receita: contribuintes sujeitos ao regime não-cumulativo


do PIS e COFINS – Leis nº 10.637/02 e 10.833/03

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Qual a amplitude do termo “faturamento”?

- Faturamento restringe-se ao resultado da venda de


mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços?

ou

- Faturamento abrange todas a receitas operacionais?

Fabiana Del Padre Tomé


O problema permanece!

 As Leis 10.637/02 e 10.833/03 elegeram o


faturamento das empresas como “fato gerador” e base
de cálculo do PIS e da COFINS, e no próprio artigo em
que o fizeram, procuraram explicitar que o faturamento
por elas escolhido seria o total das receitas.

 O legislador tributário não pode alterar conceito de


direito privado utilizado pela Constituição para repartir
competências.

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Ingresso X Receita

 Ingressos: não integram o patrimônio do contribuinte

 Receitas: incorporam-se ao patrimônio do


contribuinte

 Receitas de terceiros: são meros ingressos para o


contribuinte (ex: agências de viagens)

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Cooperado Cooperativa Terceiros
(produtor da (intermediário; (adquirentes
cana-de- produtor do do álcool)
açúcar) álcool)

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Tributação dos atos cooperativos

 As cooperativas não praticam ato de mercado.

 As atividades de produção, comercialização do bem,


prestação de serviços ou operações de crédito são
praticadas pelas cooperativas, porém em nome dos
cooperados, que são os beneficiados pelos atos praticados
por aquelas.

 Ato cooperado não gera faturamento – STJ, REsp


591.298/MG.

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Contribuição com fundamento na alínea
“c”, do inciso I, do art. 195:

Hipótese:
 critério material: auferir lucro;
 critério espacial: território nacional;
 critério temporal: momento em que o lucro for
auferido;
Consequente:
 critério pessoal: ativo: União; passivo: empregador,
empresa e entidade a ela equiparada na forma da lei;
 critério quantitativo: base de cálculo: quantum do
lucro auferido; alíquota: fixada em lei.

Fabiana Del Padre Tomé


Imunidade das receitas de exportação
 Abrange PIS e COFINS
 Abrange também a CSLL?

 Art. 149, § 2º, I: “As contribuições sociais e de


intervenção no domínio econômico de que trata o caput
deste artigo: I – não incidirão sobre as receitas
decorrentes de exportação;”

 Equiparação às receitas decorrentes de exportação das


receitas de venda à Zona Franca de Manaus (Decreto
288/67, regulamentado pelo Decreto 61.244/67)

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RE N. 564.413-SC
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

IMUNIDADE – CAPACIDADE ATIVA TRIBUTÁRIA. A


imunidade encerra exceção constitucional à capacidade ativa
tributária, cabendo interpretar os preceitos regedores de forma
estrita.
IMUNIDADE – EXPORTAÇÃO – RECEITA – LUCRO. A
imunidade prevista no inciso I do § 2º do artigo 149 da Carta
Federal não alcança o lucro das empresas exportadoras.
LUCRO – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
LÍQUIDO – EMPRESAS EXPORTADORAS. Incide no lucro
das empresas exportadoras a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido.
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Contribuição com fundamento no inciso
IV do art. 195:

Hipótese:
 critério material: importar bens e serviços do
exterior;
 critério espacial: território nacional;
 critério temporal: momento da importação;
Consequente:
 critério pessoal: ativo: União; passivo:
importador;
 critério quantitativo: base de cálculo: valor
aduaneiro; alíquota: fixada em lei.

Fabiana Del Padre Tomé


PIS e COFINS-importação

Lei nº 10.865/04
Fundamento de validade: art. 195, IV, da CF

CF: “Art. 149. §2º. As contribuições sociais e de intervenção


do domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (...)
III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o
faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no
caso de importação, o valor aduaneiro;

Fabiana Del Padre Tomé


fabiana@barroscarvalho.com.br

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