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A JAULA ABERTA
Canalização: Prof. Hélio Couto / Osho / Dra. Mabel Cristina Dias / Líria
Prof. Hélio: Boa noite a todos. Mais uma vez, obrigado pela presença.
Plateia: (risos)
Prof. Hélio: O primeiro assunto de hoje é a “balada”.
Quem aqui assistiu ao filme A pele que habito, com Antonio Banderas,
de Pedro Almodóvar? Recomendo a todos que vejam o filme. Ele é uma
metáfora perfeita do assunto sobre o qual vamos falar agora. Almodóvar
entendeu exatamente o problema que está em curso na sociedade mundial e –
com a ferramenta que tem na mão – o cinema – fez esse filme como um alerta,
uma advertência, um aviso aos pais, sobre o que está acontecendo.
Nesse filme, existe uma cena em que o rapaz pergunta se a moça tomou
as coisas, e ela responde: “Tomei. Eu tomei ‘isso, isso, isso e isso’”. Ela dá
uma fórmula no filme – uma ficção – ela dá fórmula completa de como é o
coquetel que está sendo usado hoje. Embora haja algumas variações de
coquetel, esse é usado. A Mabel explicará como esse coquetel funciona.
Plateia: (risos)
Prof. Hélio: ... as soldas para você poder entrar no carro? Parece
absurdo, parece uma coisa inacreditável? Ué, mas hoje, no planeta, existem
140 milhões de mulheres desse jeito; 140 milhões de mulheres costuradas. É a
mesma coisa. É, literalmente, a mesma coisa. Descreva.
Plateia: (risos)
Mabel: Porque só em 1.500 se falou dele? É claro que ele já era
conhecido há muito tempo, mas isso era um tabu enorme na época! Todo
mundo deve estar se perguntado por que eu estou falando sobre isso – agora
imagine em 1500! Ele foi catalogado e descrito pela primeira vez em 1615, num
livro de anatomia. Então, o problema está aqui, no que vamos falar agora,
nessa segunda parte. Está aqui o problema. O tamanhinho... Antes do
tamanho, são oito mil fibras, terminações nervosas, no clitóris. Isso é o dobro
do que há no pênis, que é o homólogo dele. Isso aqui é o tamanhinho dele: 2,5
mm a 4,5 mm. É a borrachinha do lápis; o pênis é o lápis – estou sendo
generosa.
Plateia: (risos)
Mabel: Oito mil na borrachinha; quatro mil no lápis todo. Altamente
enervado e vascularizado. Há muita rede vascular venosa, arterial, nesse local.
Depois, vamos falar um pouquinho mais de orgasmo. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) define “mutilação genital feminina” – todo mundo conhece
como “MGF” – como o procedimento de retirar totalmente os órgãos genitais
externos femininos ou parte deles. A Organização Mundial da Saúde teve o
cuidado de classificar esse procedimento em graus 1, 2 e 3. Então, vocês
viram, aqui, o normal (projeção). O tipo 1 é quando se retira – e, veja bem,
esse “retirar” não é terapêutico. Não é um médico que faz isso, porque existe
um câncer ou algum problema no local. É por questões culturais, religiosas, de
tradição, que se faz isso com meninas de 4 a 14 anos, em algumas partes do
mundo.
Então, agora, vamos falar só do procedimento. Esse “procedimento”, o
do tipo 1, é a remoção do prepúcio – a pele que recobre o clitóris – ou do órgão
inteiro. No tipo 2, além da retirada do clitóris e do prepúcio, os pequenos lábios
também são retirados. No tipo 3, tira-se tudo – clitóris, pequenos lábios,
grandes lábios, fazendo depois a junção, onde se deixa um pequeno orifício,
apenas para saída de urina e da menstruação. Para isso, pode-se usar um fio
ou um espinho de acácia para não fechar tudo por cicatrização secundária. Por
isso deixa-se um gravetinho, do tamanho de um palito de fósforo, para manter
isso aberto.
(Dirigindo-se ao Hélio) Você vai falar das condições em que isso é feito?
Prof. Hélio: Isso é feito com caco de vidro, gilete antiga, navalha,
costurado com espinho, com o que estiver à mão. O que se sabe é que isso é
feito a partir dos três anos de idade.
Existem especialistas para fazer isso: os “soldadores”. E também há os
especialistas para “abrir a porta do carro”. Tem gente que abre e tem gente que
fecha. Porque há um problema: o carro só tem valor se a porta estiver soldada.
Então, caso alguém tenha aberto a porta do carro - um novo comprador vai
comprar o carro - aí é preciso fazer, como se diz, uma “gambiarra”, certo?
Mexer no hodômetro, mudar a quilometragem do carro, certo? Passar uma
pasta na lataria, como se faz quando se quer passar um carro usado para
frente, não é? “Dá uma “gambiarra” nele. Nesse caso, também, porque todo o
problema, a única questão, praticamente real, importante etc., é uma coisa
chamada “hímen”. Sem isso, o carro não vale nada. Então, para evitar que o
carro possa ser usado antes do comprador oficial, costura-se tudo.
Vocês podem entrar no Youtube e digitar “mutilação genital feminina”.
Existem vários vídeos e, se for clicando, vai encontrar um fotograma do tipo 3,
ao vivo, em cores, exatamente como a Mabel descreveu. É uma pele, não tem
nada. É uma pele que tem um furinho aqui embaixo. Bom, esse é um carro
perfeito para ser vendido... Trata-se de um negócio. E vocês sabem, entra
dinheiro no negócio. É o que se conhece como “dote”. Cria-se cada
terminologia nesse planeta: dote! Aí, compra-se um carro intacto. Muito bem,
se o carro intacto tem tanto valor, como fazer? Um palito de fósforo é posto ali,
um graveto, qualquer coisa, para não fechar tudo.
E Almodóvar, no filme, conta essa história, porque, um dia, ele chega em
casa e a menina está lá. Ele chega com uma caixinha onde há seis pênis –
pequeno, maiorzinho, maiorzinho, maiorzinho. Põe tudo em cima da estante e
diz “Bom, é o seguinte: você tem de usar isso aqui do pequeno até o grande.
Você vai usando o pequeno, depois o outro, o outro, o outro, porque, se fechar,
você vai ter problema. Então, é melhor manter isso aberto. Vai doer, mas você
se acostuma.” Ele leva uma caixinha com seis pênis para menina ir se
acostumando a manter o buraquinho aberto, porque senão vai dar problema.
O comprador pega o carro e leva para casa. E isso se chama “noite de
núpcias”. Ninguém pode mexer no carro. Não dá para chamar alguém para
retirar a solda e abrir a porta do carro. Nós é que temos de fazer isso. E só
pode ser assim, dada à importância de manter esse “treco” costurado.
Só um pode usar. Chega o “feliz dia”. É um negócio um tanto complicado
de fazer – metafórico, certo? Fazer algo assim (usa a caneta como exemplo),
muito mais grosso que isso, entrar num furinho – lembra, ali, palito de fósforo?
Eu vou ser mais benevolente, esse círculo aqui (a circunferência da caneta),
desse diâmetro. Como é que faz? Mas tem de fazer, tem de fazer. Então, fica
um negócio que entra hora, entra minuto, sai minuto, entra minuto, sai minuto,
fica um negócio meio difícil. E a família está esperando a prova da coisa.
Na prática, isso é um estupro consentido, com dote. Fica difícil penetrar
em algo cuja pele foi costurada e se juntou. O tecido se torna mais forte que o
tecido normal, por isso fica difícil. O homem, às vezes, procura uma faca, uma
navalha, para ele mesmo tirar a solda, para poder penetrar, para poder mostrar
à família: “Deu certo!”.
E isso é a mais absoluta realidade, nua e crua, do que acontece neste
planeta. Há 140 milhões de mulheres, vivas, nessa situação. A cada ano são
acrescidos de 2 a 3 milhões.
Não há um número certo porque, vocês já sabem, por que quem é que
vai divulgar isso? Mas existem estimativas: 2 a 3 milhões por ano. Se
dividirmos isso – como já dissemos na última palestra – teremos quatro novas
mutilações por minuto. Imaginem: essa palestra vai durar três horas. Dividam
para ver quantas crianças de 3, 4, 5 anos serão mutiladas durante o tempo
desta palestra. E quando der 9 ou 10 horas da noite isso vai continuar, e a
noite inteira, e amanhã, e depois, ad eternum, se não fizermos alguma coisa.
Esse tipo de coisa também chamou a atenção da instância superior. Até
onde uma barbárie dessas pode ir? Estamos em 2012! Toda essa descrição,
para vocês, é puramente intelectual, porque é inimaginável você pegar um
pedaço “desse tamanho”, (demonstra pequeno tamanho) que tem oito mil
sensores nervosos, e extirpar, arrancar, cortar, raspar – há várias
possibilidades de fazer isso. E ainda existia médico, no século passado,
falando que isso deveria ser feito para “curar a masturbação”.
No século passado, “curar a masturbação”. Será que existe um CID -
Código Internacional de Doença - manual médico, da catalogação das
doenças, será que há um CID que classifique a masturbação como doença?
Como se classifica um planeta deste?
Aí, alguém vai falar assim “Ah, mas isso não acontece aqui.” Hum...
Mesas de cozinha do mundo inteiro são utilizadas para mutilar meninas de 5, 6,
3, 4 anos. Na mesa da cozinha! Às vezes, quebram-se os ossos delas, porque
alguém tem de segurar uma perna, outro segura a outra perna, segura o braço,
segura a cabeça, porque a criança vai se debater desesperadamente e, de
tanto segurarem, às vezes quebra-se um osso.
(Dirigindo-se a Mabel) Ela vai falar dos efeitos psicológicos?