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HS Apresentacao PDF
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homestudio.com.br
APRESENTAÇÃO
Assunto impensável para a maioria até pouco tempo atrás, o tratamento acústico, ou
sua ausência, era compensado com criatividade. Hoje, faz parte do orçamento de uma
crescente quantidade de home studios, desde que as despesas com os equipamentos
diminuíram.
O mercado do áudio e a classe musical têm hoje cursos básicos e profissionalizantes de
áudio, MIDI, produção e informática musical, voltados para músicos, operadores de áudio,
outros profissionais e estudantes em geral. O interessado não precisa mais se mudar para o
exterior para aprender. Mais do que tudo, o acesso permanente aos meios de produção,
representados pelos programas instalados no seu próprio computador, leva inevitavelmente à
experiência. Mesmo que não haja vagas para todos estagiarem nos grandes estúdios. Mesmo
que seja errando e errando até acertar, como, aliás, foi o caso de muitos que aprenderam
cortando e colando fita na era analógica, mais do que nunca, quantidades crescentes de
interessados têm onde aprender e com o quê. E, como em toda arte, dependendo de 10% de
inspiração e 90% de transpiração.
Essas mudanças todas estão deixando alguns técnicos e proprietários de grandes
estúdios de cabelo em pé. Nunca tantos tiveram acesso a tanta tecnologia, a ponto de parcela
expressiva da classe musical, que é o seu mercado, levar os estúdios de gravação para dentro
de casa. Quanto mais os músicos aprendem a gravar e começam a levar o material pronto para
as gravadoras – ou diretamente para o público, em forma de CDs independentes ou arquivos
da internet, mais circulam mitos e opiniões forjadas com o intuito de se preservar um
mercado. O mais comum é o que diz que “se o seu equipamento não é igual ao meu (ou do
estúdio onde trabalho), você não vai conseguir gravar a sério e o seu disco não vai vender”. O
Discurso da Exclusão. Em outras palavras: “meu estúdio custou dez milhões de dólares (ou eu
tenho tantos anos de experiência) e nem quero ouvir falar em centenas de milhares de novos
concorrentes de uma hora para outra”.
Mas há mercado para todos. Talvez, daqui para a frente, não seja mais tão concentrado
como era antes, com cinco ou seis gravadoras decidindo o que o mundo ia ouvir e deixar de
ouvir. Talvez não dê para um mesmo artista vender milhões de cópias, mas dê para milhares
de novos artistas e gêneros venderem alguns milhares para o seu público. E os técnicos terão
um mercado de trabalho muito maior, assessorando os músicos/produtores com sua
experiência e conhecimento especializado. A presença de um produtor musical, um técnico de
som ou um músico mais experiente sempre será tão bem vinda nesses pequenos estúdios como
vem sendo nos maiores. E é essa boa convivência entre o novo produtor/proprietário de um
home studio e os convidados mais experientes que permite disseminar informações e expandir
o mercado. E os maiores estúdios serão sempre necessários para os maiores trabalhos, de
maior complexidade.
O que importa mais aqui, antes da questão quantitativa, é a qualidade artística que
brota naturalmente desse novo modo de produção. Numa fase inicial, é previsível que os
novos produtores busquem uma identificação com os modelos musicais presentes nos planos
de marketing das gravadoras. Ou em outras palavras, tome mais pseudofunk, axé e sambanejo,
agora também feitos em casa. Mas, com o tempo, também é previsível que a liberdade de
produzirmos nossa música em nosso habitat se confunda com liberdade criativa. E a
decorrência natural poderá ser uma explosão de novos estilos que, em maior ou menor
medida, encontrarão suas platéias. A imensa maioria, provavelmente, terá dificuldades em se
fazer ouvir. Só que, com o aumento da oferta, a música de qualidade, inovadora dentro de sua
estética, deverá encontrar vias alternativas às atuais e se fazer conhecer por um público
crescente.
Sergio Izecksohn