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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS – CAMPUS SOROCABA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO


AMBIENTAL (PPGSGA-So )
MESTRADO PROFISSIONAL EM SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO AMBIENTAL

Fernanda Fróis dos Santos

Como transformar espaços segregados, gerados pelo espraiamento urbano, em novas


centralidades, a partir do planejamento urbano em Sorocaba?

Sorocaba/SP
2018
Fernanda Fróis dos Santos

Como transformar espaços segregados, gerados pelo espraiamento urbano, em novas


centralidades, a partir do Planejamento Urbano em Sorocaba?

Projeto de Pesquisa desenvolvido para


Processo Seletivo do curso de Mestrado
Profissional em Sustentabilidade na
Gestão Ambiental, da Universidade
Federal de São Carlos.

Sorocaba/SP
2018
SUMÁRIO

1 Introdução ....................................................................................................................... 4

2 Componentes do projeto de pesquisa............................................................................ 5

2.1 Problema de pesquisa................................................................................................... 5

2.2 Objetivos ...................................................................................................................... 5

2.3 Materiais e métodos ..................................................................................................... 6

2.4 Resultados esperados ................................................................................................... 7

2.5 Cronograma e orçamento ............................................................................................. 7

Referências ................................................................................................................................ 8
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1 INTRODUÇÃO

O crescimento urbano desordenado gera cidades espraiadas, com bairros distantes do centro;
com isso, a centralidade excessiva torna-se ainda mais evidente, e a dependência pelo transporte
individual aumenta cada vez mais. Os indivíduos que habitam em bairros mais segregados acabam
tendo menos oportunidades que outros indivíduos, por falta de equipamentos básicos para o
cotidiano em seu entorno. Enquanto isso, espaços ociosos preenchem o entorno dos bairros
periféricos, dando margem a conflitos como a criminalidade e práticas ilícitas. A cidade de
Sorocaba apresenta diversos pontos onde o problema apresentado acima é recorrente; grande parte
das atividades essenciais para a população ainda está concentrada na área central. A intenção deste
projeto é apontar estas áreas onde a centralidade é excessiva, e áreas que necessitam de serviços
essenciais para a população ao redor, facilitando seu uso e evitando o deslocamento em longas
distâncias.

Palavras-chave: Centralidades. Espaço público. Cidades espraiadas.


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2 COMPONENTES DO PROJETO DE PESQUISA

2.1 Problema de pesquisa


Como transformar espaços segregados, gerados pelo espraiamento urbano, em novas
centralidades, a partir do planejamento urbano em Sorocaba?

A partir desta questão, serão identificados os espaços que precisam ser repensados dentro da
cidade, pois, devido ao mau planejamento ou a falta do mesmo, estes espaços não suprem as
necessidades cotidianas dos indivíduos que o habitam. Atualmente, o constante fluxo de veículos,
trânsito intenso e o impacto que isso causa nos indivíduos é um problema que as cidades vêm
enfrentando. (GEHL, 2013). A explicação de se levar horas para chegar a um local que
normalmente levaria alguns minutos é a centralidade excessiva, ou seja, o centro da cidade é onde
se estuda, trabalha, faz compras e recreação, fazendo com que a maior parte das pessoas da cidade
se desloque dos bairros mais distantes todos os dias, para o mesmo lugar.

O rápido crescimento das cidades fez com que estas preservassem sua configuração original,
tendo o centro como setor predominante de todo o tipo de serviços. Esta configuração, somada ao
constante espraiamento das cidades, acaba gerando grandes distâncias de deslocamento. Muitas
vezes, estes deslocamentos realizados dos bairros mais distantes até o centro são atendidos por um
transporte público precário, gerando a segregação de bairros mais distantes, como nas palavras de
Campos Filho (1992, p. 102-103):

E esse é o desequilíbrio das cidades brasileiras: adensamento excessivo no centro,


absorvendo a maior parte dos recursos públicos, por refazer e ampliar a infraestrutura
urbana, enquanto a periferia se rarefaz com enormes extensões vazias de glebas e lotes,
com pouca ou nenhuma estrutura.

Esta centralidade excessiva faz com que a maior parte das pessoas dependa da região
central, geralmente por motivo de trabalho ou estudos. Isso gera grande dependência dos meios de
transporte, sejam eles individuais ou não, o que acaba afetando a dinâmica de toda a cidade, uma
vez que a configuração viária da cidade não é suficiente para a demanda existente.

2.2 Objetivos
O objetivo é buscar uma solução no planejamento urbano para equilibrar a dinâmica entre o
centro da cidade e as áreas mais distantes do mesmo, evitando uma série de conflitos existentes nos
dias atuais, onde os equipamentos existentes são deficientes, dado a quantidade de indivíduos que
os utilizam; esta solução minimizaria o caos diário do centro da cidade, principalmente em horários
de pico e evitaria o deslocamento de um grande número de pessoas, todos os dias para o centro ou
locais extremos da cidade. A partir da criação de programas de centralidades diversificados, o
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desenvolvimento cultural e educacional da população do entorno será incentivado, melhorando a


qualidade de vida destes, pois de acordo com Rogers e Gumuchdjian (2001, p. 38), uma cidade
compacta e sustentável cresce em torno de suas centralidades, fazendo com que a vida comunitária
que existe nos bairros mais afastados do centro não seja destruída, tornando a mobilidade do
cidadão mais acessível.

Além do cuidado com novas centralidades e redução da aglomeração intensa no centro,


também se deve estar atento ao projeto de edifícios que possam enriquecer o espaço público das
cidades, que respondam suas necessidades e tragam soluções inovadoras, tecnológicas e
sustentáveis, não somente suprindo a cidade pelo seu uso, como também pelo seu espaço.

Moreno (2002, p. 94), comenta a citação de Rogers (2001) sobre edifícios enriquecedores do
espaço público das cidades, que inspirem e componham as cidades, incentivando o contato entre
indivíduos, assim como o andar a pé, o uso de transportes não motorizados, caso das bicicletas,
estimulando a interação, a troca de experiências, vivificando a cidade:

Mas sabemos perfeitamente projetar edifícios que podem enriquecer o espaço público das
cidades, respondendo a suas necessidades de mudança e de uso e explorando tecnologias
sustentáveis, ao invés de poluentes. Edifícios devem inspirar e compor cidades que
celebrem a vida em sociedade e o respeito à natureza. (ROGERS, 1998 apud MORENO,
2002, p. 94)

Ou seja, se a escala humana não for o foco do planejamento, principalmente nas grandes
cidades, a vida dentro destas será cada vez mais difícil, com aumento de poluição, trânsito,
distúrbios na saúde de seus moradores, além do incentivo ao uso frequente do carro, aumentando a
segregação espacial e a individualização nas cidades.

2.3 Materiais e métodos


Os materiais utilizados serão, em sua maioria, mapas de diagnósticos da cidade de Sorocaba,
pesquisas em campo e dados já coletados por empresas de análises ou estudiosos. O método de
execução da pesquisa será dividido em três etapas: Na primeira, será realizado um levantamento
para identificar equipamentos e serviços que podem ser distribuídos em determinadas áreas da
cidade, a fim de reduzir as longas distâncias percorridas por indivíduos de toda a cidade e facilitar o
acesso da população aos equipamentos. Na segunda etapa, serão estudados os locais mais
adequados para a implantação destes equipamentos, ou seja, os pontos da cidade que atenderiam um
número maior de indivíduos caso se tornassem uma centralidade. Os locais serão apontados a partir
de critérios como: áreas com maior densidade de habitantes, distância do centro da cidade,
característica da população, entre outros.
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A terceira etapa será constituída pela elaboração dos ‘planos de centralidades’, onde, a partir
dos dados obtidos nas etapas anteriores, serão elaborados planos para a criação de novas
centralidades, justificando as ações a partir de gráficos e estudos.

2.4 Resultados esperados


A partir da identificação de equipamentos e serviços que poderiam ser distribuídos em
diversas áreas da cidade, junto ao estudo para determinar quais seriam os pontos mais adequados
para a implantação destes itens, seguindo a premissa de que os locais favoreçam a criação de novas
centralidades em seu entorno, e que possam atender um raio considerável de habitantes, é esperada
uma atenuação nos congestionamentos dos pontos mais críticos do centro da cidade, principalmente
nos horários de pico; além disso, espera-se que a ampliação do sistema de transporte público reduza
a quantidade de ônibus coletivo nos trajetos mais críticos do centro, apontados por estudos de
mobilidade. Espera-se também que os equipamentos implantados em diferentes áreas da cidade
atendam um número maior de pessoas confortavelmente, sem a necessidade de grandes
deslocamentos.

2.5 Cronograma e orçamento


A respeito do cronograma, estima-se que a etapa mais extensa seja a coleta e organização de
dados, ou seja, as duas primeiras etapas do projeto (levantamento de equipamentos e levantamento
de áreas). A terceira etapa, elaboração de planos de centralidade, é baseada nas anteriores, o que a
torna mais breve, mas não menos importante. Estima-se que as duas etapas tenham duração de seis
a sete semanas cada uma, e a terceira etapa, aproximadamente quatro semanas de duração, como na
tabela abaixo:

Tabela 1: Descrição das etapas e estimativa de duração

ETAPA I ETAPA II ETAPA III


Levantamento de Elaboração de planos de
Levantamento de áreas
equipamentos e serviços centralidade
6 – 7 semanas 6 – 7 semanas 4 semanas

A respeito de orçamento, como o teor das etapas é bastante voltado para pesquisa na própria
cidade e dados retirados de estudos já utilizados, o custo com deslocamentos será baixo; acredita-se
que o orçamento da pesquisa também seja bastante reduzido.
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REFERÊNCIAS
CAMPOS FILHO, C. M. Cidades brasileiras: seu controle ou o caos: o que os cidadãos devem
fazer para a humanização das cidades no Brasil. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1992.

CARLOS, A. F. A. A condição espacial. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

CORREA, R. L. Espaço Urbano. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.

GEHL, J. Cidades para pessoas. Tradução de Anita Di Marco. 1. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.

MORENO, J. O futuro das cidades. 1. ed. São Paulo: SENAC, 2002.

MOURA, D. et al. A Revitalização Urbana: Contributos para a Definição de um Conceito


Operativo. Cidades- Comunidades e Territórios, Lisboa, Portugal, n. 12, p. 15 a 34, Dezembro
2006.

ROGERS, R.; GUMUCHDJIAN, P. Cidades para um pequeno planeta. Tradução de Anita


Regina Di Marco. 1. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2001.

SERPA, A. Segregação, território e espaço público na cidade contemporânea. In:


VASCONCELOS, P. D. A.; CORRÊA, R. L.; PINTAUDI, S. M. A cidade contemporânea:
segregação espacial. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2013.

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