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Estudar sobre a questão étnico racial é pertinente para entender a história, os problemas culturais e sociais

que assolam nosso país. O povo brasileiro tem em sua essência a multiculturalidade, desde sua formação
inicial e no decorrer de sua história com a entrada de imigrantes e migrantes que se deslocam, a todo
momento, das regiões mais carentes para ricas. Hoje vivenciamos a entrada de imigrantes de todas as partes
do mundo em consequência de guerras na África, no Oriente Médio e principalmente devido a crise
econômica europeia.

Esta aula trará um problema recorrente em nossa história, a questão indígena e seu espaço territorial, ou seja
a preservação da cultura e organização social das diversas nações indígenas que está diretamente ligada a
ocupação de suas terras.

Nos deparamos com a responsabilidade da gestão dos territórios indígenas, ou seja a administração dos
espaços geográficos ocupados tradicionalmente pelos indígenas, problema político e de responsabilidade do
Estado que foi intensamente debatido na década de 80 com a aprovação da Constituição.

Esta questão é de natureza jurídica e se transforma em um problema histórico que é definir a quem cabe a
autoridade da gestão deste territórios. Para entendermos melhor este problema temos que esclarecer
conceitos como: população e povo indígena, terra e territórios, autodeterminação, autogoverno e autonomia.

A Constituição de 1980 rompe com a natureza colonialista no qual este tema sempre foi tratado, mas as
forças históricas do poder colonial sempre se faz presente e este debate passa a ser uma questão global,
latino-americana que tem concretamente sua força na Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas,
aprovado recentemente pela Organização das Nações Unidas – ONU – e o Projeto de Declaração Americana
dos Direitos dos Povos Indígenas, em andamento na Organização dos Estados Americanos – OEA. Tais
projetos representam um novo passo para garantir a gestão dos territórios indígenas pelos próprios índios.
O tema proposto exige que nos afastemos de pressupostos da sociedade moderna ocidental sobre a terra,
especialmente da propriedade privada, e se trabalhe com outros pressupostos que traga contribuições para
repensar a relação terra e lucro, ou seja o significado cultural dos territórios indígenas que são, por excelência,
coletivos.

Fonte - http://olhares.uol.com.br/
Visitado em 05/04/2014
Foto de Paula Lourinho

A primeira questão que surge quando se fala dos povos indígenas e seus direitos é saber o que são e em que
consistem os espaços de domínio indígenas. A resposta é complexa e envolve as noções de “território” e de
“terra”, cuja conceituação remete a categorias jurídicas antagônicas. (DANTAS, 2003, p. 91)

Ao focar no problema territorial indígena pensamos em algo que vai além da tangibilidade do território, mas
temos o espaço físico concebido como espaço cultural, de crenças, arte, religião organização econômica
ligada com a natureza e as condições da terra.

Estes pontos vão muito além da questão jurídica de “Terra” vista limitadamente como propriedade privada
individual.

As leis não admitem o nome território para indicar o espaço vital dos povos indígenas chamando-se
simplesmente de terras, como se tratasse de terras particulares dentro do território nacional. (Souza, Filho,
1999, p. 120).

Os povos indígenas têm um modo próprio de preservação da cultura que é oral, passa de pai para filho com
valores e concepção de valor da terra como apropriação coletiva para a sobrevivência do grupo, sendo assim
os órgãos que tratam de regulamentar e traçar estratégias globais para os conflitos na América Latina é um
exercício que exige a parceria com os próprio índios, antropólogos, sociólogos e principalmente os líderes
dos Estados.

Em trabalho sobre resgate da identidade indígena a historiadora Marilyn Halter faz algumas considerações
interessantes sobre este tema que é colocado como: "o marketing da etnicidade". Ela considera, em primeiro
lugar que:

Tais iniciativas geralmente políticas eram adornadas por transformações culturais monumentais que incluíam
o resgate de raízes enterradas e ocultas pela história assim como a celebração de herança distintiva. Após
décadas em que a assimilação era o modelo principal para a incorporação de populações diversas, o
pluralismo cultural emergiu para tomar seu lugar como o paradigma reinante. (HALTER, 2000)

As iniciativas, mesmo que tímidas e até mesmo equivocadas, caminham para a apropriação, por parte da
sociedade, do pluralismo cultural que coloca em questionamento o discurso de pureza étnica dos povos
indígenas.

Percebemos que as contradições estão explícitas com áreas de conflito que sempre mostram os problemas
pela disputa de terra em várias regiões, mas principalmente na região norte.

Esta luta parece não ter fim e as explicações se inclinam a atender a mídia e consequentemente os donos do
poder, das terras em detrimento da discussão mais aprofundada e que traga uma solução que atenda às
expectativas de ambas as partes, e principalmente seja sustentável.

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