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Polis e Psique, Vol1, n.

1, 2011 P á g i n a | 33

Ética na pesquisa: concepção de sujeito na norma brasileira

Ethics on research: the subject concept in the Brazilian norm


Ética en la investigación: concepción de sujeto en la norma brasileña

Maria Chalfin Coutinho e Andréa Vieira Zanella


Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.

Resumo

Este texto, de natureza teórica, objetiva contribuir com o debate sobre a ética na pesquisa a

partir da análise da concepção de sujeito que fundamenta a Resolução 196/96, principal

normatização sobre ética na pesquisa com seres humanos em vigor no Brasil. A discussão dos

quatro princípios norteadores dessa resolução - autonomia, não maleficência, beneficência e

justiça – é feita de modo a apontar suas contradições e ambiguidades. O referencial teórico

eleito para análise foi o enfoque histórico-cultural em psicologia, bem como contribuições de

outros campos do conhecimento sobre as relações pesquisador/sujeito da pesquisa e algumas

de suas vicissitudes. Problematizar essas relações e a legislação que orienta e regula as

práticas de pesquisa, destacando suas contradições e ambiguidades, caracteriza-se como

contribuição deste trabalho para a necessidade de construção de princípios éticos a serem

compartilhados por pesquisadores e pesquisados, entre a comunidade científica e a sociedade

de modo geral.

Palavras-chave: Ética, Investigação, Sujeito, Legislação.

Resumen

Este texto, de naturaleza teórica, objetiva contribuir con el debate sobre la ética en la

investigación a partir del análisis de la concepción de sujeto que fundamenta la Resolución


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196/96, principal normatización sobre ética en la investigación con seres humanos en vigor en

Brasil. La discusión de los cuatro principios orientadores de esa resolución - autonomía, no

maleficencia, beneficencia y justicia - se hace de modo a apuntar sus contradicciones y

ambigüedades. El referencial teórico elegido para el análisis es el enfoque histórico-cultural

en psicología, así como contribuciones de otros campos del conocimiento sobre las relaciones

investigador/sujeto de la investigación y algunas de sus vicisitudes. Problematizar esas

relaciones y la legislación que orienta y regula las prácticas de investigación, destacando las

tensiones que las connotan, se caracteriza como contribución de este trabajo que afirma, como

conclusión, la necesidad de la construcción de principios éticos a ser compartidos por

investigadores e investigados, entre la comunidad científica y la sociedad de modo general.

Palabras clave: Ética, Investigación, Sujeto, Legislación.

Abstract

This theoretical text aims to contribute with the debate about ethics on research from the

analysis of the subject concept that fundaments the Resolution 196/96, main valid law about

ethics on research with human beings in Brazil. The debate of the four guiding principles of

this resolution - autonomy, non-harm, beneficence and justice is done in order to point out its

contradictions and ambiguities. The theoretical reference elected for the analysis is the

historical-cultural focus on psychology, as well as contributions from other fields of

knowledge about the relations between researcher and subject of the research and its

variability. Questioning those relations and the laws that orientate and regulate the research

practices, highlighting the tensions in them, characterizing as contribution of this study that

concludes the need of creating ethic principles to be shared by researchers and subjects of

research, between the scientific community and society as a whole.

Key-words: Ethics, Research, Subject, Laws.


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Introdução

As discussões sobre ética na embora não necessariamente marcada pela

pesquisa vêm ganhando fôlego nos últimos ciência de sua dimensão ética.

anos, motivadas por acontecimentos No campo das artes esse debate

vários, como os casos de plágio em também esteve próximo do público

trabalhos acadêmicos; a clonagem de brasileiro em 2005, com “O Jardineiro

mamíferos; o transplante de células tronco; Fiel”, premiado filme dirigido pelo

as exigências dos periódicos científicos de cineasta Fernando Meirelles. O

que os autores, quando do interessante deste filme, além da bela

encaminhamento de trabalhos para fotografia e sua qualidade como um todo, é

publicação, apresentem documentação a temática abordada, a saber, a questão da

comprobatória da aprovação das pesquisas utilização de seres humanos como cobaias

por comitês de ética; entre outros. em pesquisas de indústrias farmacêuticas.

No Brasil, o caso das investigações Esse fato, não necessariamente novo posto

com células tronco, incluídas na Lei de que a polêmica há muito vem sendo

Biossegurança (lei 11105 aprovada em levantada e denunciada, formal ou

março de 2005), envolveu amplo debate informalmente, ganhou visibilidade no

dentro e fora do Congresso Nacional, tanto Brasil para além dos espaços acadêmicos

por ocasião de sua aprovação como, uma vez transformado em roteiro da sétima

posteriormente, quando sua arte.

constitucionalidade foi julgada e aprovada Mas se a opinião pública vem

no Supremo Tribunal Federal em 2008. A sendo mobilizada para a reflexão sobre as

mobilização da mídia e, na sua esteira, da relações entre ética e ciência mais

opinião pública para tal debate foi intensa, recentemente, na esfera acadêmica o

debate é antigo. O tema abordado no filme


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- o uso de cobaias humanas em desenvolvido em Tuskegee. Entretanto, de

experimentos clínicos com vistas ao acordo com Guilhem e Diniz (2008), não

desenvolvimento de novos fármacos e há uma incorporação imediata dos

combate a doenças, particularmente em princípios do Código de Nurembergue às

pesquisas financiadas por laboratórios práticas de pesquisa. Inspirada nos

farmacêuticos – é presente no circuito preceitos éticos deste código, a Associação

acadêmico desde a polêmica em torno do Médica Mundial propôs, em 1964, a

Estudo Tuskegee (nome do centro de saúde Declaração de Helsinque. Essa declaração,

onde foi desenvolvido), realizado entre as que passou por diversas revisões desde sua

décadas de 1930 e 1970 (Guilhem e Diniz, primeira edição, propõe intervir

2008). Com o objetivo de conhecer o ciclo diretamente na prática de pesquisa

natural de evolução da sífilis, os biomédica e torna-se referência

participantes foram divididos em dois fundamental para todas as regulamentações

grupos: aqueles que receberam o envolvendo questões relativas à ética na

tratamento para doença e o grupo controle, pesquisa com seres humanos (Diniz &

que não recebeu nenhum tratamento, nem Corrêa, 2001; Guilhem e Diniz, 2008). O

mesmo a penicilina, principal antibiótico documento destaca o direito dos sujeitos

descoberto no período. investigados às informações sobre os

O primeiro documento elaborado objetivos da pesquisa e os seus resultados,

com a preocupação de proteger eticamente bem como a necessidade de que declarem

participantes de pesquisas foi o Código de por escrito que participam da pesquisa de

Nurembergue, surgido a partir do famoso livre e espontânea vontade, podendo

julgamento dos crimes de guerra cometidos desistir dessa participação em qualquer

pelos nazistas na segunda guerra mundial momento.

e, de certo modo, contemporâneo ao estudo


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Se a Declaração de Helsinque data pareceres sobre os aspectos éticos

da década de 60, no Brasil a primeira envolvidos.

legislação que regulamenta a pesquisa com A partir dessa Resolução (196/96),

seres humanos é aprovada duas décadas foi institucionalizado no Brasil um sistema

depois, pelo Conselho Nacional de Saúde para controle e acompanhamento das

(CNS): trata-se da Resolução 1/88, pesquisas com seres humanos, com vistas a

modificada em 10 de outubro de 1996, sua adequação às normas ali previstas

com o estabelecimento da Resolução 196, resolução e em outras resoluções

principal normatização sobre ética na complementares, posteriormente

pesquisa com seres humanos em vigor no estabelecidas. Trata-se do Sistema

país (Guilhem e Diniz, 2008). CEP/CONEP, composto pelos Comitês de

A Resolução 196/96 toma como Ética em Pesquisa (CEPs) e pela Comissão

referência o código de Nürembergue Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) –

(1947), a Declaração dos Direitos do vinculada ao Conselho Nacional de Saúde

Homem (1948) e a Declaração de (CNS) do Ministério da Saúde.

Helsinque (1964 e versões posteriores), A vinculação ao CNS e,

além de outras legislações nacionais e principalmente, os parâmetros biomédicos

diretrizes nacionais e internacionais. Desde que pautam as normatizações e o Sistema

então, as instituições que desenvolvem CEP/CONEP têm sido objeto de debate no

pesquisas com seres humanos têm campo acadêmico, particularmente por

procurado se adequar a essa legislação, pesquisadores do campo das ciências

sendo o efeito mais visível a criação de sociais e humanas (ver, entre outros:

comitês específicos para a análise de Oliveira, 2004; Poli, 2006, La Taille,

projetos de pesquisa e emissão de 2008). Outro fator a suscitar controvérsias

no campo tem sido a tentativa de


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transformar as normas sobre ética de e impedirá adequações que dependem de

pesquisa com seres humanos em lei - debates e avaliações periódicas”2.

existem hoje tramitando no Congresso Apesar da importância do debate,

Nacional projetos nesse sentido. as implicações éticas das pesquisas são

O principal Projeto de Lei sobre o bem mais complexas do que a legislação

tema em tramitação, PL 2473/20031 de prevê e das práticas sociais instituídas

autoria do Deputado Colbert Martins, é pelos comitês que a controlam. Tal

detalhado e se propõe a transformar em lei complexidade pode ser observada em

a Resolução 196/96, estabelecendo várias instituições nas quais a manutenção

inclusive a criminalização de condutas de um comitê de ética único vem se

consideradas como não adequadas aos apresentando como um problema para a

parâmetros estabelecidos. comunidade científica, posto a dificuldade

O III Encontro Nacional dos em avaliar projetos de áreas distintas e

Comitês de Ética em Pesquisa, realizado considerar as diversidades metodológicas

em junho de 2010, foi palco para o debate que, por sua vez, apresentam questões

relativo aos PLs que estão em tramitação éticas igualmente distintas.

no Congresso Nacional. Há o temor de que Estudiosos de diversos campos das

a aprovação do PL 2473/2003 implique na ciências humanas têm debatido o sistema

extinção Sistema CEP/CONEP, o que de controle social hoje em vigência no

significa o fim do Controle Social: Brasil. Se a própria Resolução 196/96 é

conforme declaração do presidente do objeto de polêmica, sua transformação em

CNS, Francisco Batista, com a lei “as lei, sem a devida escuta da comunidade

decisões serão tomadas apenas no âmbito acadêmica e de toda a sociedade

do legislativo, o que engessará o processo certamente agravaria o problema. No

campo da Psicologia várias entidades


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científicas têm participado deste debate, sujeito na qual a Resolução 196 se

entre as quais a Associação Nacional de sustenta. O referencial teórico eleito para

Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia discutir a questão é o enfoque histórico-

(ANPEPP). A ANPEPP conta com uma cultural em psicologia, bem como

comissão específica e tem realizado contribuições de outros campos do

debates sobre o tema da ética na pesquisa conhecimento sobre as relações

em seus simpósios bianuais. No último pesquisador/sujeito da pesquisa e algumas

simpósio, realizado em junho de 2010, esta de suas vicissitudes. Destacamos ainda,

associação lançou um manifesto sobre a como introdução ao debate, que, em nosso

regulamentação da ética na pesquisa com entendimento, falar em ética na pesquisa

seres humanos, conclamando a ampliação implica ter como metas de toda

do debate e chamando pesquisadores e investigação - compartilhadas entre

sociedades científicas de diferentes áreas. pesquisadores e pesquisados, entre a

O manifesto faz eco às muitas vozes que comunidade científica e a sociedade de

reverberam o tema, ao afirmar sua modo geral - a dignidade humana, o

preocupação “com o engessamento, a compromisso com a vida, com o seu

criminalização e a eliminação do controle desenvolvimento e complexificação. Essas

social do sistema de regulamentação da são condições necessárias à existência,

ética na pesquisa que envolve seres tanto pessoal como coletiva, e se

humanos, transferindo este controle para a apresentam como eixo norteador das

área judicial”3. discussões aqui apresentadas.

Considerando este quadro de A Resolução 196/96 e a Concepção de

dificuldades e controvérsias, é objetivo Sujeito que a Fundamenta

deste texto contribuir com o debate sobre o A Resolução 196/96 é um

tema a partir da análise da concepção de documento longo, organizado em 10


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seções, desde o preâmbulo até as pesquisa a ser avaliado pelo comitê de

disposições transitórias, que tratam de ética na pesquisa (CEP) da instituição onde

temas como: os aspectos éticos da pesquisa a investigação será realizada. Após a

envolvendo seres humanos, o aprovação do protocolo, a pesquisa se

consentimento livre e esclarecido, riscos e inicia com a assinatura do TCLE pelos

benefícios, a estruturação dos protocolos participantes ou seus representantes legais.

de pesquisa e a organização de um sistema Desta forma, estaria assegurado o respeito

nacional de apreciação dos protocolos de à dignidade dos sujeitos-participantes e

pesquisa, composto pelos comitês locais garantida assim a sua autonomia, bem

das instituições de pesquisa (CEPs) e pela como a defesa dos grupos considerados

Comissão Nacional de Ética em Pesquisa vulneráveis ou legalmente incapazes. Mas

(CONEP), ligada ao Ministério da Saúde. onde se assenta essa crença no respeito à

Um aspecto fundamental para o dignidade?

entendimento desta Resolução diz respeito Já em seu preâmbulo a Resolução

à necessidade de anuência dos sujeitos, ou 196/96 afirma incorporar “...sob a ótica do

seus representantes legais, em participar da indivíduo e das coletividades, os quatro

pesquisa. Tal anuência implica na referentes básicos da bioética: autonomia,

concordância formal em ser participante da não maleficência, beneficência e justiça,

investigação, a qual somente poderá ser entre outros, e visa assegurar os direitos e

iniciada após a assinatura de um deveres que dizem respeito à comunidade

documento intitulado Termo de científica, aos sujeitos da pesquisa e ao

Consentimento Livre e Esclarecido Estado”4. Esses quatro referentes básicos,

(TCLE). que aqui vamos denominar de princípios,

O TCLE é o documento são norteadores de toda a Resolução5.

fundamental em todo protocolo de


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A problemática da tentativa de remetendo-se, quando se considera a

normatização das atividades de pesquisa perspectiva individual, ao “...direito de um

pode ser condensada nos seus princípios, indivíduo de tomar decisões livremente;

palavras-signos essencialmente independência moral ou intelectual”

polissêmicas: a que se referem, ou melhor, (Houaiss e Villar, 2001, p. 351).

quais os sentidos acolhidos para essas Autonomia é, portanto, um conceito

palavras? O que há de presumido no diretamente relacionado ao de liberdade,

supostamente dito? pois é livre quem é “...senhor de si e de

Qualquer reflexão sobre as suas ações; dotado de poder de escolha”

diretrizes estabelecidas nessa Resolução (idem, p.1773). Tanto uma quanto a outra

deve partir de um questionamento sobre definição pressupõem um sujeito

esses quatro princípios que a norteiam, descolado das condições históricas e

bem como sobre em que medida o sujeito sociais que determinam as suas

pode ser livre para optar pela participação possibilidades e impossibilidades de

em uma dada investigação. Interessa-nos escolha, ou seja, como entidade distinta,

aqui debater o tema tendo como referência separada, única.

pesquisas nas ciências humanas, em O sentido que se coletivizou,

particular na Psicologia, considerando as denominado por Vygotsky (1992) como

relações estabelecidas entre pesquisadores significado, e geralmente descrito nas

e sujeitos e as concepções de sujeitos que palavras frias de um dicionário, tenta

as norteiam. estancar o fluxo constante das palavras e,

Inicialmente cabe questionar qual na sua esteira, da própria realidade. A

sentido de autonomia a Resolução partir do resgate das contribuições do

comporta. Esta pode ser vista como “... a psicólogo francês F. Pauhlan, Vygotsky

capacidade de se autogovernar”, (1991 , p. 333) destaca que “(...) o sentido


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da palavra é a soma de todos os sucessos (im)possibilidades humanas, Vygotsky

psicológicos evocados em nossa afirma a historicidade do humano e seu

consciência graças à palavra. O significado caráter relacional, na medida em que

é só uma dessas zonas do sentido, a mais afirma que cada pessoa é “um agregado de

estável, coerente e precisa”. Sentido relações sociais encarnadas num

pressupõe uma clara separação entre indivíduo” (Vygotsky, 2000, p. 33).

indivíduo e sociedade, entendidos como Depreende-se daí que só há sujeito porque

polos dicotômicos que estabelecem constituído em contextos sociais, os quais,

interação, mas que seguem, cada qual, um por sua vez, resultam da ação concreta de

determinado rumo, rumo este que, no caso pessoas, coletivamente organizadas em seu

da pessoa, depende unicamente de sua próprio viver. Desse modo, apresenta-se a

vontade e de suas escolhas. Entendidos indissociabilidade de sujeito e sociedade,

como esferas separadas, temos no sentido pois “Apenas na coletividade (de uns e

dicionarizado uma compreensão de outros) é que cada indivíduo encontra os

indivíduo que destitui da complexidade do meios de desenvolver suas capacidades em

real e do modo como a pessoa com este se todos os sentidos; somente na coletividade,

relaciona as explicações para os modos de portanto, torna-se possível a liberdade

ser e viver. Temos, enfim, a afirmação da pessoal" (Marx e Engels, 1989, p.117).

a-historicidade e a negação da dialética das Aceitar esta relação de mútua

relações sociais como constituintes da constituição, ao tornar indissociáveis o que

própria humanidade e de cada pessoa em aparentemente se distancia – sujeito e

particular. sociedade – não significa, por sua vez,

Contrapondo-se a essa noção que negar a possibilidade de afirmação de

destitui da história e de seu movimento a singularidades: ao contrário, complexifica

responsabilidade sobre as a sua compreensão, pois significa que


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autorregulação da conduta e vontade, produto em produtor, de causa torna-se

ícones da autonomia e da liberdade, efeito, e vice-versa. Podemos, assim,

somente são possíveis via apropriação das compreender a autonomia do indivíduo,

ferramentas semióticas disponíveis no mas de uma maneira extremamente relativa

momento histórico em que se vive. Em e complexa” (Morin, 1996, p. 48).

outras palavras, “...qualquer processo A relativização do que vem a ser

volitivo é inicialmente social, coletivo, autonomia e liberdade6, pautada no

interpsicológico” (Vygotsky, 1996, p. reconhecimento de que cada pessoa só o é

113), ou seja, toda e qualquer ação é na relação com outras, parece não

instituída a partir das condições sociais encontrar guarida na Resolução 196/96.

tornadas próprias pelas pessoas e que Afinal, ao se referir à consulta aos sujeitos

continuam sendo sociais. da pesquisa, esta é apresentada sem

Decorre da condição menção às complexas relações de poder

inexoravelmente cultural do ser humano que se instituem entre pesquisador e sujeito

que a autonomia do sujeito, se é um fato, da pesquisa, tampouco às efetivas

precisa ser entendida de forma relativa, condições de escolha dessas pessoas que,

posto que o sujeito é datado e, por sua vez, são decorrentes de suas

necessariamente, marcado pelas condições condições culturais, socioeconômicas, de

reais e concretas do contexto sócio suas motivações e vontade, igualmente

histórico do qual ativamente participa. A fundadas nas tramas do coletivo.

esse respeito Morin afirma: “O indivíduo é, Cabe observar que a resolução

pois, um objeto incerto. De um ponto de prevê casos nos quais ocorrem restrições à

vista, é tudo, sem ele não há nada. Mas, a liberdade e à capacidade de

partir do outro, não é nada, se eclipsa. De esclarecimento, necessárias para o

produtor converte-se em produto, de adequado consentimento às pesquisas.


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Entre esses casos é possível destacar a outros com os quais convive. Os

situação de crianças e adolescentes ou questionamentos sobre adolescência

outros sujeitos “em situação de substancial repercutem nos meios de comunicação de

diminuição de suas capacidades de massa com cada vez maior frequência, com

consentimento”; “sujeitos que, embora a veiculação de notícias tanto sobre

adultos e capazes, estejam expostos a adolescência precoce quanto tardia. Assim,

condicionamentos específicos ou à caberia também questionar se se trata de

influência de autoridade”; ou ainda aqueles solucionar o problema por meio de

inseridos “em comunidades culturalmente mudanças na faixa etária dos considerados

diferenciadas, inclusive indígenas”, entre como capazes de se responsabilizarem por

outros. si mesmos. Ao contrário, a realidade

O reconhecimento destas restrições mostra que as classificações precisam ser

à liberdade mostra que a própria norma já problematizadas e questionadas – afinal, há

aponta para limitações no que tange a cada vez mais exceções à regra - e o olhar

generalização dos princípios por ela para cada pessoa em sua concreta condição

estabelecidos. Afinal, quem são os de existência se torna axiomático para toda

adolescentes que precisam solicitar aos e qualquer intervenção, sendo a pesquisa

pais autorização para participar de uma considerada também como um modo de

pesquisa científica? Qual a idade em que intervir.

uma pessoa deixa de ser criança ou que Importante destacar que,

ainda não é considerada como adulta? As dependendo da pesquisa, consideramos,

respostas não são simples e muito menos certamente, prudente manter a solicitação

consensuais, pois dependem da pessoa de autorização dos pais ou responsáveis,

sobre a qual se fala e das relações como quando são utilizados procedimentos

estabelecidas, por ela, com os muitos invasivos ou algum tipo de medicamento.


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Porém, em pesquisas na área de ciências responsáveis exerçam as atividades que

humanas, principalmente na antropologia, lhes são socialmente imputadas nas

na sociologia e na psicologia social, onde relações com os dependentes. Não cabem

as observações e entrevistas se apresentam exemplos aqui, mas estes são fartos nos

como procedimento privilegiado de coleta documentos de Conselhos Tutelares ou

de informações, necessita o jovem solicitar Serviços de atendimento à infância e

aos pais que assinem essa autorização? adolescência.

Jovens de 16 anos, que podem votar em Continuando a problematização, há

eleições majoritárias? Jovens que, apesar que se perguntar quem são os “sujeitos

de menores de 18 anos, são pais e que, embora adultos e capazes, estejam

engrossam as estatísticas sobre expostos a condicionamentos específicos

maternidade/paternidade precoce? Há ou à influência de autoridade”. Ora, estar

muitas outras situações vivenciadas por sob a “influência da autoridade” é uma

pesquisadores que de certa forma expressão muito abrangente, afinal quem

questionam aspectos da Resolução 196/96. não estaria sob este tipo de influência?

Mais especificamente, há uma contradição Ainda que exaustiva, a lista dos sujeitos

de base nessa exigência de autorização nestas condições apontados na resolução7

pelos pais ou responsáveis, a qual não raro não dá conta da totalidade dos sujeitos

inviabiliza a própria investigação, pois o constrangidos por condições de existência

projeto de dar voz ao jovem é tutelado à e subsistência cada vez mais precárias no

voz de um terceiro, legalmente responsável contexto contemporâneo.

por aquele. A lista referida parece apontar

Ser legalmente responsável, por sua apenas aquelas pessoas inseridas em

vez, é outra questão complexa, pois não organizações como escolas, prisões,

significa necessariamente que os empresas, abrigos etc., como se o poder


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fosse exercido apenas nos locais com Para além dessas situações, que

autoridade formalmente estabelecida, não certamente se multiplicam, nos parece

se espalhando por redes de relações fundamental pensar sobre mecanismos

sociais, políticas e econômicas. Como sociais, presentes nas sociedades

exemplo, é possível destacar entre os contemporâneas, que propiciam a ilusão de

sujeitos sob constrangimento da autoridade um indivíduo livre e autônomo. Sánchez,

listados na resolução os empregados, uma Martinez e Rico (2006) analisam as

inclusão certamente pertinente, haja vista implicações da implantação de políticas

as diferentes formas de assédio as quais se neoliberais para os sujeitos, estimulando-os

encontram submetidos; mas, e os a serem participantes ativos de suas vidas,

desempregados e os trabalhadores preservando a autonomia e a iniciativa dos

informais, será que esses não estão também governados. Desta forma, cada indivíduo

sob condicionamentos? E quanto aos seria capaz de buscar “livremente” sua

próprios convidados a participarem como felicidade e realização pessoal.

sujeitos de pesquisas, há que se considerar “Paradoxalmente, a autonomia pessoal não

o lugar social ocupado por eles em suas é a antítese do poder político, senão um

relações com o próprio pesquisador. Há elemento fundamental para o seu

diferentes lugares de saber/poder que exercício” (idem, p. 9-10, tradução das

demarcam as posições de um e outro, e autoras).

desconsiderar isso significa cegar-se para Além da autonomia, a Resolução

vieses interpretativos, os quais podem, ao 196/96 estabelece também os princípios

invés de contribuir para a compreensão de relativos à beneficência e a não

uma realidade que é necessariamente maleficência, os quais reportam,

complexa, simplificá-la. respectivamente, a praticar o bem e a evitar

o mal. Nessa perspectiva, deve-se buscar


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tudo o que for positivo, pautando-se em vida, do que promove ou avilta a existência

“...princípios referentes à vida e à humana, de que modo, em que medida.

dignidade das pessoas, preconizados como Se tomarmos os princípios da

propícios ao desenvolvimento e ao beneficência e maleficência como metas,

aperfeiçoamento moral, quer dos não morais, mas éticas, como algo a ser

indivíduos, quer da comunidade” (Houaiss atingido, não é possível negar que as

e Villar, 2001, p. 429). Do mesmo modo, pesquisas devem se pautar sempre na

agir de forma a evitar o mal implicaria em defesa da vida, em suas diferentes

não fazer “...o que prejudica ou fere; o que manifestações, e no repúdio à violência.

concorre para o dano ou ruína de alguém Entretanto, a mesma Resolução 196/96

ou de algo, desastroso para a felicidade ou afirma que “...toda pesquisa envolvendo

bem-estar físico ou moral” (idem, p.1816). seres humanos envolve risco”, definindo

Complexifica-se aqui nossa análise, como risco de pesquisa a “possibilidade de

pois saímos do campo da ética, da reflexão danos à dimensão física, psíquica, moral,

sobre os modos de ser da coletividade, e intelectual, social, cultural ou espiritual do

adentramos na esfera da moral, ou seja, das ser humano, em qualquer fase de uma

regras ou costumes adquiridos por hábito. pesquisa ou dela decorrente.” Esta

Aí é mister perguntar: de que bem e mal se definição expõe uma contradição presente

fala? Bem ou mal para quem? Quem na Resolução, pois a admissão de risco

assume qual pólo nas relações pesquisador sempre presente é incompatível com a

(e seus financiadores) e pesquisados? Para busca da beneficência e não maleficência,

superar perspectivas maniqueístas, é ainda que considere a maximização dos

necessário suplantar a noção de bem e mal benefícios e a minimização de danos e

pela noção do que é bom ou mau para a riscos. Retoma-se a pergunta: O que é bem

(ou do bem) e o que é mal (ou do mal)?


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Bem ou mal para quem? Quais as relações conforme à justiça, à eqüidade, à razão”

de poder que se apresentam nas práticas de (Houaiss e Villar, 2001, p. 1696).

pesquisa e quais os interesses em jogo? A busca da justiça trata-se de um

Além do mais, se considerarmos as princípio amplo, o qual, ao longo da

práticas de pesquisa no campo da Resolução, aparece geralmente associado à

psicologia e de outras ciências humanas, a ideia de um direito coletivo. Desta forma,

noção de um risco sempre presente parece pode-se destacar da Resolução: a

pouco pertinente, principalmente se importância da “relevância social” e a

levarmos em conta os procedimentos para “destinação sócio-humanitária” da

coleta de informações geralmente pesquisa; o respeito aos valores das

utilizados (como entrevistas, questionários, comunidades envolvidas; retorno dos

observações etc.). Tais procedimentos benefícios obtidos com a pesquisa às

podem ser considerados como pouco comunidades; comunicação às autoridades

invasivos, “...quando comparadas àquelas dos resultados, quando estes puderem

com fármacos ou novas terapêuticas” contribuir para as condições de saúde da

(Guilhem e Diniz, 2008, p. 38) ou mesmo coletividade, entre outros. Aqui é

anódinos, embora sempre se possa importante destacar que a consonância

considerar inexistência de “risco zero” (La entre o princípio da justiça e a

Taille, 2008, p.275). coletividade, muito mais como uma meta a

O último princípio norteador da ser alcançada do que como um elemento

Resolução em análise é o relativo à justiça, regulador inicial, se coloca como um

que pode ser entendida como “...caráter, pressuposto fundamental para uma ética

qualidade do que está em conformidade coletiva da pesquisa com seres humanos,

com o que é direito, com o que é justo...”. para uma ética que se apresenta como uma

Considera-se justo o que ocorre “... estética da existência, o que


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necessariamente “...não deve ser visto singular e coletivo, como identidade e

como uma atitude solitária, particular, mas, diferença?

sim, como um empreendimento coletivo, Somos, todos e qualquer um,

solidário” (Gallo, 1997, p.108). Afinal, sujeitos de e sujeitados a um determinado

somos o que somos porque sempre em tempo, espaço e lugar. Nesse sentido, as

relação, sendo os outros o fundamento da condições, sejam quais forem, não são

possibilidade do que se é e do que se pode responsabilidade só de um ou alguns, mas

vir a ser8. sim de todos, posto que se apresentam

Considerações finais como histórica e culturalmente

A análise aqui desenvolvida sobre a constituídas, como resultado das formas

concepção de sujeito que fundamenta a pelas quais coletivamente são organizados

Resolução 196/96, em particular em seus os modos de viver e de ser,

princípios norteadores, revela uma visão na inexoravelmente complexos e marcados

qual o ser humano é sempre portador de pelas características do momento em que

autonomia e liberdade. Conceber o sujeito se vive, das suas condições históricas de

autônomo e livre como algo dado, ou seja, possibilidades e do que pode vir a ser.

como uma condição previamente Estas condições, por sua vez, são

estabelecida - pois conforme determina a (re)produzidas nas relações pesquisador-

Resolução 196/96, a pesquisa só tem início pesquisado ao longo do processo de

após o consentimento informado – investigação, posto que aí se objetivam

significa imputar apenas ao próprio sujeito lugares de saber-poder característicos da

as condições para sua liberdade e lógica cultural da qual são partícipes e ao

autonomia. Mas como pensar o sujeito mesmo tempo artífices, autores e

descolado das relações sociais que o personagens. Problematizar essas relações,

instituem como humanidade, como necessariamente tensas e atravessadas por


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interesses, motivações e necessidades No caso da pesquisa em seres humanos,


a relação com os sujeitos, objeto da
várias, é condição para investigações que pesquisa, tem como paradigma uma
situação de intervenção, na qual esses
partem do reconhecimento da historicidade seres humanos são colocados na
condição de cobaias... Já no caso da
das relações humanas e investem nas pesquisa com seres humanos, o sujeito
de pesquisa deixa a condição de cobaia
possibilidades de que estas possam se (ou objeto de intervenção) para assumir
o papel de ator (ou de sujeito de
apresentar como relações éticas-estéticas, interlocução) (Oliveira, 2004, p.33/34 –
grifos do autor).
criadoras, comprometidas com a própria

vida. Cabe ainda observar que durante o

O compromisso com a própria vida desenvolvimento de uma pesquisa, cujo

e o questionamento das relações entre protocolo foi aprovado inicialmente por

pesquisador e pesquisado implicam um comitê de ética, não existem garantias

repensar a concepção de pesquisa presente de que não surgirão problemas éticos.

na Resolução 196/96, a qual ao Nossa experiência como pesquisadoras

desconsiderar “... as particularidades de revela justamente o oposto, e o

cada ciência e de cada método – ou seja, enfrentamento desses problemas requer

assumindo de modo acrítico a definição atenção constante para o que acontece no

positivista de ciência - incorpora e impõe a campo e suas implicações. Tal postura, por

todos os pesquisadores o modelo sua vez, requer a reinvenção permanente

biomédico de pesquisa” (Poli, 2006, p. 10). do próprio pesquisar de modo a que a ética

Entre as estratégias para repensar nosso de bons encontros com os outros com os

modo de investigar compartilhamos com quais se pesquisa possa ser viabilizada.

perspectiva adotada por Oliveira (2004) de Por sua vez, o número cada vez

realizar pesquisas com seres humanos e maior de investigações em curso tende a

não em seres humanos. dificultar o acompanhamento das

atividades de pesquisa pelos comitês de


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ética. Assim, caberia repensar o papel fundamento, é a abertura de espaços

destes comitês considerando o caráter permanentes, na própria comunidade de

formativo, ao invés de fiscalizador, que pesquisadores, para discussões sobre a

podem assumir. Permanecendo como temática e a análise de suas decorrências,

agentes fiscalizadores, correm o risco, contribuindo, assim, para a formação ética

como alerta La Taille (2008), de se dos pesquisadores e o envolvimento no

perderem na constante reelaboração de debate.

regras e formas de controle e, em

consequência, prestando um desserviço à

discussão dos aspectos éticos presentes em

toda e qualquer investigação.

Em razão da urgência do debate

sobre esses aspectos, duas possíveis

alternativas precisam ser analisadas: uma

alternativa consiste na ampliação do

espectro de atuação desses comitês de ética

para além das intenções de pesquisadores,

através do acompanhamento mais

detalhado das pesquisas em curso. Para

tanto, as condições de trabalho nesses

comitês precisam ser revistas, bem como a

proposição e análise de estratégias para

essa empreitada, nem um pouco simples.

Outra alternativa, que não exclui a anterior

e se apresenta, na verdade, como seu


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em 02/03/2011.
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de Fortaleza
& Rot.
<http://www.anpepp.org.br/XIIISimposio/

Manifesto%20de%20Fortaleza.pdf>
Notas
acesso em 02/03/2011.
4
1 _ Os trechos entre aspas, sem
Além do PL 2473/2003, existe na
identificação de fontes, foram retirados da
Câmara Federal uma proposta substitutiva
resolução 196/96, disponível em
ao mesmo, elaborada por sua relatora, a
<http://conselho.saude.gov.br/web_comiss
Deputada Cida Diogo, que conta com
oes/conep/aquivos/resolucoes/resolucoes.ht
apoio de integrantes do CNS. No Senado
m>
Federal tramita o PL 78/06, de autoria do
5
De acordo com Guilhem e Diniz
Senador Cristovam Buarque, que
(2008) a teoria dos quatro princípios ou
estabelece punições e co-responsabilidades
teoria principialista, na qual se assenta toda
para violações das normas relativas a
ética biomédica, teve como inspiração
pesquisa com seres humanos (fonte:
original o Relatório Belmont, publicado
Audiência Pública CNS
em 1978. Esse relatório foi elaborado pela
<http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noti
Comissão Nacional para Proteção dos
cias/2010/14_abr_audiencia_pub.htm>
Sujeitos Humanos em Pesquisas
- acesso em 02/03/2011.
2 Biomédicas e Comportamentais, instituída
Fonte: CNS - Deputados não
pelo governo dos Estados Unidos, e propôs
participam de debates sobre projetos de sua
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três princípios norteadores da ética em de Pós-Graduação em Psicologia da

pesquisa: respeito pelas pessoas, Universidade Federal de Santa Catarina,

beneficência e justiça. Brasil e bolsista em produtividade do


6
Os questionamentos sobre CNPq. E-mail: azanella@cfh.ufsc.br

autonomia e liberdade são aqui

apresentados, conforme já assinalado, a

partir da vertente histórico-cultural em

psicologia. Outros autores fazem tais

questionamentos em consonância com

outras vertentes, como por exemplo Poli

(2006) e La Taille (2008).


7
Ver item VI.3 da Resolução

196/96.
8
Sobre a temática constituição do

sujeito a partir da perspectiva histórico-

cultural, ver Zanella (2005).

Maria Chalfin Coutinho. Professora do

Departamento de Psicologia e do Programa

de Pós-Graduação em Psicologia da

Universidade Federal de Santa Catarina,

Brasil e bolsista em produtividade do

CNPq. E-mail: chalfin@mbox1.usfc.br

Andréa Vieira Zanella: Professora do

Departamento de Psicologia e do Programa

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