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Artigo: Constraining Heterogeneity : The Social Brain and Its Development in Autism

Spectrum Disorder

1.Definindo o TEA
- Considerável heterogeneidade na expressão e severidade no quadro clinico é um desafio
que impede uma maior compressão sobreo autismo;
- Variabilidade na interação social é uma das mais sutis diferenças em gerenciar a
complexidade das interações sociais e requer o entendimento dos objetivos pessoais e das
pistas do contexto social;
- Existem também variabilidade na dimensão dos comportamentos repetitivos e
ritualistas, desde desregulação emocional pontual até um colapso quando algum desses
rituais são interrompidos;
- Alguns apresentam lacunas nas habilidades básicas de linguagem outros, algumas
dificuldades na pragmática.
- Enquanto a maioria dos indivíduos com TEA exibem algum nível de prejuízo
intelectual, o quociente intelectual varia desde bem abaixo da média até acima dela;
2.Heterogeneidade
2.1.Hipótese tríade:
- Existem muitos autismos;
- Desconexão desenvolvimental (subconectividade);
- Falha nas conexões do desenvolvimento normal entre as áreas de associação
superior do córtex temporal e parietal e regiões do córtex frontal;
- Estudos de neuroimagem funcional com crianças mais velhas, adolescentes e adultos
apoiam a hipótese de subconectividade;
- O apelo da noção de subconectividade reside, em parte, no fato de que ela parece
oferecer um modelo de disfunção cerebral em nível de sistemas que pretende explicar os
sintomas específicos da ASD, assim como a heterogeneidade da etiologia,
comportamentos e cognição;
-No entanto, ainda não está claro como a perspectiva de subconectividade explica os
padrões específicos de disfunção em indivíduos com TEA. Isto é, como essa perspectiva
poderia explicar o que é comum entre os indivíduos com TEA e o que separa o TEA de
outros distúrbios do neurodesenvolvimento que também apresentam subconectividade?
-é prematuro concluir que a subconectividade reflete um mecanismo primário, unificador
dos sistemas neurais em nível de autismo. Existem várias razões para cautela: Rarissimos
estudos testou RMf em crianças.
-Os resultados desses estudos foram um tanto mistos, e, os resultados não foram os
mesmos. Ex.: Um estudo com o uso de RMF, Lee e Colleagues (2008) examinaram a
conectividade funcional em dados coletados durante uma tarefa Go / No-go em crianças
neurotípicas e com TEA entre 8 e 12 anos. Eles se concentraram nos valores de
conectividade entre os córtex frontais inferior esquerdo e direito (CFI; BA 47) e regiões
dos respectivos córtex frontal, estriado e parietal. Os dois grupos de crianças não
diferiram em sua conectividade funcional.
-No grupo com TEA, houve uma correlação negativa significativa entre a idade e dois
pares de correlação CFI: O lado direito do CFI = área motora pré-suplementar bilateral
(BA¨6) e o CFI direito = caudado direito. Esses achados indicam conectividade
funcional cortical pré-frontal normal em crianças em idade escolar com TEA, mas
também sugerem que algumas conexões funcionais podem diminuir de forma anormal
com a idade nas crianças com TEA.
- A conectividade funcional reduzida para TEA em relação a outros transtornos
neurodesenvolvimentais e neuropsiquiátricos não foi demonstrada.
- A conectividade funcional reduzida, incluindo nas conexões dos cortex dos lobos frontal
e temporal; parietal e frontal, foram relatadas em uma variedade de distúrbios
neurológicos, neuropsiquiátricos e neurodesenvolvimentais distintos e condições
incluindo: doença de Alzheimer, esquizofrenia, depressão adolescente, uso crônico de
heroína, transtorno de estresse pós-traumático e dislexia.
- Apresentar evidências recentes que rupturas na estrutura e função do cérebro autista
podem surgir de uma série de etiologias genéticas e moleculares diferentes e são também
transformadas através do desenvolvimento pelas experiências e atividades do indivíduo
no mundo.
- Relação recíproca entre a ruptura cerebral e o desenvolvimento social atípico impulsiona
a homogeneidade na apresentação do TEA , mesmo na presença de enorme
heterogeneidade fenotípica e genotípica.
- E, apesar da heterogeneidade etiológica e alta variabilidade fenotípica, pode ser que os
vários fatores que contribuem para a tríade de deficiências eno TEA exerçam seu efeito
através de um conjunto circunscrito de estruturas neurais e suas interconexões que ambos
dão origem e são moldados pelo desenvolvimento social.
- Propomos que o TEA comece com uma falha no surgimento das funções especializadas
de um ou mais conjuntos de estruturas neuroanatômicas envolvidas no processamento de
informações sociais. Essa falha ocorre no início da ontogênese, nos primeiros nove meses
até um ano de vida, se não antes. Por sua vez, como as regiões afetadas não geram o fluxo
normal de sinais intrínsecos e impulsionados por estímulo, o padrão normal de
desenvolvimento das conexões entre essas regiões cerebrais é bastante alterado. O
desenvolvimento anormal do cérebro é canalizado porque o indivíduo com um TEA deve
desenvolver-se em um mundo altamente social sem os sistemas neurais especializados
que ordinariamente lhe permitiriam participar do tecido da vida social, que é tecido de
oportunidades de reciprocidade social. Essas oportunidades fornecem a base para o
desenvolvimento cognitivo normal em crianças com desenvolvimento típico, mas são
muito reduzidas no TEA.

3.O cérebro social e a percepção social

A percepção social refere-se aos estágios iniciais de avaliação das intenções: direção
do olhar, movimentos corporais, gestos, expressões faciais e outros estímulos biológicos;
- Os neurocientistas se interessaram profundamente pela percepção social quando
descobriram que os neurônios dentro do córtex temporal e da amidala dos macacos eram
sensíveis e seletivos para objetos sociais (por exemplo, faces e mãos) e estímulos sociais
complexos;
- O rótulo "o cérebro social" foi cunhado por Leslie Brothers (1990);
- O cérebro social é definido como a complexa rede de áreas que nos permite reconhecer
outros indivíduos e avaliar seus estados mentais (por exemplo, intenções, disposições,
desejos e crenças);
- Num modelo inicial e influente do cérebro social, Brothers (1990) enfatizou as
contribuições do sulco temporal superior (STS), da amígdala, do córtex frontal orbital
(CFO) e do giro fusiforme (GFF) para a percepção social;
- Em humanos, a região STS, particularmente o STS posterior no hemisfério direito,
analisa sinais de movimento biológico, incluindo olho, mão e outros movimentos do
corpo, para interpretar e prever as ações e intenções de outros;
- O GFF, localizado no córtex occipitotemporal anterior, contém uma região denominada
área facial fusiforme (AFF), que tem sido implicada na detecção de face (identificando
uma face como uma face) e reconhecimento facial (identificando um amigo versus um
estranho);
- O CFO tem sido fortemente implicado nos processos de reforço social e recompensa de
forma mais ampla;
- A amígdala, uma estrutura complexa que é altamente interconectada com estruturas
cerebrais corticais e outras subcorticais, tem sido implicada em ajudar a reconhecer os
estados emocionais de outros através da análise de expressões e em aspectos da
experiência e regulação da emoção
- Muito se sabe sobre os papéis desempenhados pelas regioes do cérebro, mas pouco é
conhecido sobre as formas em que eles estão interligados, e, portanto, menos ainda é
conhecido sobre como eles interagem funcionalmente;
-No entanto, sabe-se que a região STS tem conexões recíprocas com a amígdala;
- A amígdala, por sua vez, está conectada ao CFO;
-O STS também está conectado com o CFO;
- CFO é conectado ao córtex pré-frontal, que está conectado ao córtex motor e aos
gânglios da base, completando assim, um caminho da percepção à ação.

4.O papel da região do STS na percepção

Em um estudo inicial de RMF de adultos jovens em desenvolvimento típico, comparamos


a resposta do STS posterior a quatro tipos diferentes de movimento transmitidos por meio
de personagens animados de realidade virtual. Os participantes foram expostos a ver: 1.
Caminhada, um movimento biológico transmitido por um robô; 2. Um movimento não-
biomédico, não significativo, mas complexo, na forma de uma figura mecânica
desarticulada; 3. um movimento não biológico complexo, significativo, envolvendo os
movimentos de um relógio de pêndulo. Resultado: encontramos atividade forte e
equivalente no STS posterior do hemisfério direito para o andar humano robotizado e
pouca atividade para o relógio em movimento e a figura mecânica. Concluímos que o
STS posterior processa seletivamente o movimento biológico. Esse achado nos levou
a começar a ver o STS posterior como um componente do sistema neural que suporta
a percepção social, por meio de sua identificação e representação das ações humanas
observadas em comparação com os movimentos de outros objetos.
-o STS posterior exibe diferenças na atividade dependendo do contexto emocional
anterior relacionado à compreensão das preferências do outro, o que informaria o
espectador sobre as intenções subjacentes dessa pessoa;
- O STS posterior direito é sensível ao contexto emocional prévio.
- O STS não representa apenas as características superficiais do movimento biológico,
mas também participa da integração do movimento biológico, ou ações, com o contexto
social e / ou físico e, portanto, desempenha um papel na análise e interpretação das
intenções subjacentes.
- A a região STS posterior está envolvida na atribuição de atenção espacial em resposta a
pistas visuais;
- Um grande conjunto de pesquisas demonstra que indivíduos com TEA exibem déficits
característicos e de aparecimento precoce no uso de informações do olhar para entender
as intenções e estados mentais de outros, bem como para coordenar a atenção conjunta.
- Lateralidade de respostas e hipoativação do giro temporal superior esquerdo (Boddaert
et al., 2003), e um estudo com RMF observou respostas anormais no STS para vozes
humanas (Gervais et al., 2004); Boddaert e colegas (2004) relataram volumes no STS
anormais no TEA.
Contribuições da amígdala e do giro fusiforme para a percepção disruptiva da face
no TEA
- A hipoativação da amígdala (por exemplo, Baron-Cohen et al., 1999; Ogai et al., 2003;
Pelpey et al., 2007) e FFG (por exemplo, Critchley et al., 2000; Pelphrey et al., 2007;
Schultz et al., 2000) têm sido frequentemente observada em pessoas com TEA em relação
a participantes tipicamente em desenvolvimento;
- No entanto, a questão de se a hipoativação nessas regiões é ou não um aspecto do
fenótipo cerebral no TEA permanece aberta e amplamente debatida;
- Em um estudo recente (Perlman, Hudac, Pegors, Minshew, & Pelphrey, 2010),
manipulou experimentalmente a atividade no sistema de processamento facial de
indivíduos com TEA, obrigando-os a olhar para os olhos de uma face em diferentes graus.
A comparação da ativação durante a visualização livre revelou hipoativação do GFF
direito e amígdala bilateral no grupo de TEA em relação aos participantes neurotípicos.
- A atividade no GFF direito de indivíduos com TEA aumentou de uma resposta
levemente negativa durante a fixação central para uma forma robusta. resposta positiva
para cada uma das condições de fixação ocular.
- Em contraste, a fixação central reduziu a atividade em participantes neurotípicos,para
níveis abaixo de zero, sugerindo uma inibição da atividade no GFF quando indivíduos
“normais” têm seus olhar restritos artificialmente.
- Várias pesquisas anteriores conceituam o papel da amígdala como direcionando a
atenção para estímulos ambientais salientes, como os olhos das faces (por exemplo,
Adolphs et al., 2005).
- É possível que não observemos a atividade da amígdala quando restringimos os
movimentos oculares de participantes neurotípicos, porque estamos evitando a
necessidade de a amígdala direcionar os movimentos oculares em resposta à apresentação
de uma face emocionalmente expressiva.
5. Comparando TEA e esquizofrenia
Adolphs e seus colegas (1998): A tarefa exigia que os participantes olhassem para uma
série de imagens frontais em escala de cinza dos rostos e como uma tarefa de controle, os
participantes viam o mesmo tipo de rostos, mas julgavam a idade, classificando os rostos
como "30 anos de idade ou mais jovens" ou "acima de 30 anos ".1 O desenho foi
parcialmente modelado após um estudo de ressonância magnética que encontraram
julgamentos de confiabilidade explícitos para ativar robustamente os principais
componentes do cérebro social, incluindo o STS posterior direito, VLPFC / AI bilateral,
amígdala e GFF.
- Os resultados comportamentais indicaram que os grupos não diferiram nos
julgamentos de fidedignidade ou idade em relação às porcentagens classificadas como
fidedignas / acima dos 30 anos de idade, nem diferiram nos tempos de reação.
- O grupo com TEA e o grupo com esquizofrenia paranoide exibiram atividade
significativamente reduzida na amígdala direita,
- Menos atividade da Amidala esquerda em comparação aos adultos com
desenvolvimento típico
- A atividade no STS posterior direito distinguiu os participantes com TEA dos outros
participantes. Isto é, durante os julgamentos de confiabilidade, a ativação do STS
posterior direito foi observado para os participantes neurotipicos e esquizofrênicos, mas
não no grupo com participantes com TEA. Isso sugere que a disfunção nessa região pode
representar uma "assinatura neural" do TEA.
CONCLUSÃO
-Dada a natureza dos distúrbios do neurodesenvolvimento, espera-se que a expressão da
CIA seja heterogênea, particularmente devido às interações cruciais entre gene, cérebro e
comportamento ao longo do desenvolvimento;
- Esforços focalizados para explorar os mecanismos genéticos e neurais dos componentes
homogêneos do TEA e os déficits em ferramentas para o engajamento social são
necessários para elucidar essa complexa e devastadora família de transtornos do
neurodesenvolvimento;
- O trabalho futuro nessa área deve se concentrar em identificar os primeiros desvios do
desenvolvimento típico do cérebro social e seguir as interações complexas entre genes,
cérebro e comportamento que impulsionam e restringem o desenvolvimento atípico do
cérebro social no TEA.

The role of emotion regulation in Autism Spectrum Disorder (2º artigo)

Pesquisas recentes sobre temperamento


Diferença entre temperamento (diferenças individuais: Afetividade, atenção, reatividade
das respostas emocionais) e emoção (deriva de uma avaliação individual)
Reatividade emocional (força, velocidade e intensidade da reposta emocional)
Regulação Emocional: Esforço para modificar ou controlar a intensidade da reação
emocional. Depende da atenção, motivação, comportamento, experiencias subjetivas e
processos fisiológicos
Estudos com RMF podem esclarecer o circuito da Regulação Emocional em neurotipicos
ou não;
SNA: Avaliação objetiva da RE (taxa da frequência cardíaca)
HRV: Variação da Frequência Cardíaca (VFC) e Arritimia Sinusal Respiratória (ASR)
Maior flexibilidade nas respostas emocionais;

Regulação Emocional no TEA


AS pesquisas em TEA tem focado mais na experiencia emocional do que na RE (devido
a dificuldade no leque de interesses, engajamento e prejuízos cognitivos);
60% das crianças com TEA são medicadas com psicotrópicos apensar da escassa
evidência que atenua as características principais do transtorno;
Adultos com TEA usa menos repertorio cognitivo e maior repertorio punitivo compardo
a adultos neurotipicos; Dificuldades em identificar e descrever emoções
Crianças com o desenvolvimento típico utilizam mais estratégias de enfretamento do que
crianças com TEA;
Nenhum estudo de RE tem incluído adolescentes;
Poucos estudos avalia a RE em TEA;
Vários estudos avaliam processos internos em populações não-TEA através de entrevistas
e questionários. A entrevista descreve as estratégias de modo mais subjetivo e ampliado,
já os questionários são mais limitados devido as suas propriedas psicométricas.

Fatores de riscos
Modelo tripartide: Angustia geral (fator compartilhado), ansiedade (hiperatividade) e
depressão (anedonia); hiperatividade aumento na taxa da frequência cardíaca e
diminuição na variação do HRV e RSA.

Neurociência Afetiva
RE ativa várias áreas do córtex pré frontal (PFC); O córtex Cingular Anterior(ACC) tem
um papel importante para a modulação da experiencia afetiva. A modulação da amidala
(envolve a experiencia da emoção) pelo Cortex pre frontal ventro medial (vmPFC),
incluindo o ACC) é um tema proeminente em neurociência afetiva. Anormalidades no
vmPFC/amidala implicam em desordens no humor e na ansiedade.

A RE também está relacionada ao PFCventrolateral e mais a aspectos superiores do PFC


medial.

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