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DICAS PARA FOTOGRAFAR EM VÍDEO

Danilo Tavares - @iculto_digital - http://icultodigital.blogspot.com/

A relação do diretor com o fotógrafo é: o diretor define e o fotógrafo


melhora o que foi escolhido, através do enquadramento, iluminação,
movimento de câmera e outros elementos visuais.

Onde, Como e Quando


Onde se coloca o refletor? Em que direção? Com que força? E de que tipo
ele é?
Para saber onde, como e quando, primeiro, tem que saber 'porquê'.
Se observarmos a natureza todas as luzes e efeitos estarão a mostra
para o olho educado: os efeitos dos filtros, os contrastes das luzes, as
densidades das cores etc.

Direção, a natureza, e a intensidade


Direção da luz pode vir de baixo ou de cima, da esquerda ou da direita,
pela frente ou por trás.
Natureza pode ser dura (luz direta ou filtrada) ou difusa (rebatida ou
difundida).
Intensidade pode ser forte, fraca ou correta.

Ataque, compensação e contra luz


O ataque é a luz principal, a primeira luz. Podemos comparar, a principio,
com o nosso sol durante o dia.
Compensação é a luz que ilumina as sombras projetadas pelo ataque.
Comparativamente, seria a luz que ilumina a sombra projetada pelo sol em
baixo de uma marquise, luz que vem do rebatimento dos raios solares nas
moléculas da atmosfera, nas paredes, no chão etc.
Contra luz é a luz que é colocada atrás do objeto, parte que não está
sendo vista pela câmera. Será visto só um fiapo de luz, uma auréola em volta
da cabeça da atriz.
Relação de contraste
Existe uma relação de intensidade entre as luzes (ataque, compensação,
contra luz). Definir que intensidade terá uma e outra e decidir a relação entre
as duas, escolhendo até que ponto será clara a luz que ilumina o rosto do ator
e até que ponto será escura a sua sombra.
“Nada deve ser acidental. E, para que assim seja, o fotógrafo deve ter
um método que responda a todas as situações e permita todas as medições.
Saber de que direção vem a luz e para que ela serve é o minimo que se exige
de um fotógrafo”.

Direção do Ataque
A direção do ataque é que define a forma de um rosto, dá relevo, modela
o objeto iluminado. Arredonda ou torna oval. A longa pra direita ou esquerda.
Uma grande fonte de luz difusa, colocada a pouca distância, no nível da
lente, não projeta sombra alguma.
O ataque deve vir sempre de uma única fonte. Deve projetar uma única
sombra. Deve-se definir por onde atacar: “O ataque eficaz é o que produz a
sombra desejada. E só ela.”
O cone da juventude é uma técnica utilizada para atacar sem fazer
sombras, usada em atrizes para deixar sua pele sem rugas e de aparência
macia. Para fazê-la é preciso muita luz difusa pela frente, por cima, por baixo,
pela esquerda e pela direita.
Estilo Blade Runer, é contra luz muito forte, compensação de baixo.
Ataque ideal vem da técnica que pintores desenvolveram utilizando a luz
vinda da janela, uma luz difusa, com forte intensidade e direção. Para nós
fotógrafos, reproduzimos isso com uma grande fonte de luz difusa com direção
diagonal até lateral. Um modo barato é montar geladeira de isopor e muita
potencia.

Direção da Compensação
Compensar pressupõe uma noção de equilibrar uma outra ação que já foi
exercida.
A compensação incidirá sobre as sombras, mas também sobre a luz dos
outros refletores.
A fonte de luz da compensação deve ficar atrás da câmera, Acima ou
abaixo, ou um pouco ao lado. Deve ser discreta, difusa, não produz sombras e
tem a função dosar a intensidade da sombra do ataque. Quanto mais sutil
melhor.

Direção do Contra luz


Tem a função histórica, nos filmes preto e branco, de separar o assunto
do fundo.
O contra luz se caracteriza por estar apontado na direção contrária
àquela da câmera. Em relação ao ator ele pode ficar à direita ou esquerda, ou
nos dois lados, mas sempre atrás.
Sem contra luz a fumaça só criará uma difusão no ar.

Natureza da Luz
A luz pode ter duas naturezas: duras ou difusas, e suas nuances.
Se for dura elá projetará sombras bem definidas.
Já a luz difusa, provoca sobras pouco definidas, com gradação entre a
parte mais iluminada e a menos iluminada.
A natureza da luz pode ser modificada através de filtros como gelatinas
de coloração ou de temperatura de cor, difusores e rebatedores de luz.

Refletores
Os mais usados são fresnel, PAR, soft.
Lampada HMI proporciona uma luz muito forte, porém é cara.
Não se deve usar refletores sem acessórios, os refletores são apenas
fonte de luz primária.

Rememorando
“... a luz tem três variáveis – direção, natureza e intensidade. A direção,
por sua vez, tem três outras variáveis: o ataque, a compensação e o contra
luz. Por seu lado, a intensidade só varia de três modos. Uma uma luz pode
estar bem exposta, subexposta ou superexposta. Quanto à natureza da luz,
esta também se decompõe em três. A luz, segundo a natureza, pode ser
direta, rebatida ou filtrada. Usando-se esse sistema, pode-se iluminar qualquer
cena em qualquer situação. Funciona assim: primeiro, resolve-se em que
direção vai-se atacar. Depois, qual natureza da luz. Coloca-se então a luz
nessa direção, com essa natureza, e mede-se a sua intensidade. Filma-se.
Uma coisa leva a outra, e todas se explicam mutuamente.”

Temperatura de cor
Quanto mais baixa for a temperatura de cor, mais vermelha será a sua
luz. Quanto mais alta mais azul.
O filtros e as gelatinas possuem a mesma função: deixa passar a sua cor
e absorve a cor complementar, a diferença é que o filtro fica na frente da lente
da câmera e tem boa qualidade ótica. A gelatina basta que seja uniforme e
resistente ao calor, é colocada na frente do fresnel.
O filtro modifica toda a luz que chega ao fotosensor da câmera,
modificando a coloração de toda a imagem captada. As gelatinas modificam a
luz daquele refletor especifico.
Em vídeo, com historias e atores, a fotografia não busca grandes efeitos
visuais. De modo geral, o importante é fazer a luz certa para uma certa
configuração de câmera. Queremos que a cor da pele e dos objetos se
pareçam com as cores reais que vemos todos os dias.
O que aconteceria com uma fotografia se o ataque estivesse correto e a
compensação estivesse verde?

temperatura, escala Kelvin


A luz considerada como de cor branca na verdade é uma mistura de
todas as cores básicas presentes no arco-íris: vermelho, alaranjado, amarelo,
verde, azul, indigo e violeta.
No entanto, nem sempre a proporção destas cores componentes é a
mesma, o que faz com que o resultado final, embora aparente ser branco para
o cérebro humano, na realidade tenda para tonalidades avermelhadas, azuis
ou intermediárias

 Luz de vela – 2000K

 Sol no horizonte - 2000K

 Lâmpada de vapor de sódio – 2000K

 Lâmpada doméstica – 2700

 Lâmpada de tungstênio – 3200

 Lâmpada fluorescente do tipo warm – 4500K


Exposição – bem, muito, e pouco
Exposição é a quantidade de luz que atinge o fotosensor. A luz refletida
pelos objetos e que não atingem a câmera não nos interessa, só importa para
nos os fótons de luz que atingem a lente e o foto sensor.
Exposição correta é o lugar do quadro que você deseja ter bem exposto
e a imagem visível. Quando se ilumina uma cena deve perguntar-se onde
estará a exposição correta. Sabendo o local de exposição correta saberemos
em qual posição colocar o diafragma da lente.
Toda vez que se abre o diafragma em um ponto, de 5,6 para 4, dobra-se
a quantidade de luz que chega ao fotosensor. Diafragmas funcionam em
progressão geométrica de razão dois (2x2).
É na relação entre a luz e a sombra que reside toda a beleza e a sutileza
da fotografia.
Continuidade da luz entre os planos e cenas se dá pela manutenção do
tipo de sombra, da temperatura de cor e da relação de contraste entre as
exposições – as partes bem expostas com as muito e pouco expostas.
Low Key, high Key e gradual tonalidade
Em uma cena low key a iluminação é composta por luzes que provocam
sombras nítidas. O contraste é mais acentuado.
A high key parece brilhante, utiliza luz suave e difusa provocando poucas
sombras.
Na gradual tonalidade é o uso de luz suave criando sombras difusas.

Enquadrar e compor
Uma fotografia bem composta conduz o olhar para o seu centro de
interesse.
Compor é limpar a imagem daquilo que não nos interessa mostrar, é
simplificar e organizar o número de informações visuais que existem dentro do
quadro, é induzir o olhar do espectador para onde queremos.

A Elétrica e o Gaffer
A equipe de elétrica é responsável por distribuir a força pelos refletores e
também de posicionar estes refletores nos seus lugares, definidos pelo diretor
de fotografia.
O gaffer é o chefe da equipe de iluminação no modo americano de
produzir filmes. Gaffer é mais que um chefe eletricista, além de ser
responsável pela eletricidade e logística da luz, faz as medições com
fotometro, colorímetro e faz uma parte do serviço do diretor de fotografia:
ilumina cenas secundárias e executa os pre lights.
Pre lights é fazer uma luz geral e básica dos grandes sets.
O Gaffer garante que todas as fontes de luz estarão com a mesma
temperatura de cor, oferendo ao fotógrafo um conjunto de luz confiável e
testada.
Bibliografia e pesquisa:

Moura, Edgar / 50 anos de Luz Câmera e Ação–3ª ed.–editora Senac/SP, 2005.

Segond, Cleumo e Schutz, André - Apostilas do Curso Intensivo de Direção de


Fotografia – Academia Internacional de Cinema/SP, 2010.

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