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Asset allocation: estratégia para tornar

seus investimentos mais eficientes


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Uma das melhores maneiras de tornar racional o investimento diversificado entre


vários ativos é o chamado asset allocation. Embora pareça mais um daqueles termos
complicados do economês, a ideia básica por trás do asset allocation é bem simples.
[tweetbutton] A tradução mais adequada do termo é “alocação de recursos”, e diz
respeito ao modo pelo qual o investidor deve distribuir seu dinheiro entre as várias
modalidades de investimento.

O fundamento central no qual se baseia essa metodologia é a de que o investidor deve


distribuir racionalmente seus recursos financeiros, a fim de obter um retorno adequado
tendo em vista a volatilidade de determinados ativos.

“Beleza, Fábio, você falou muito e não disse nada até agora. Como isso aí pode me

dar dinheiro?”

Como o leitor sabe, as várias modalidades de investimento têm volatilidades


particulares, isto é, seus preços variam de uma maneira maior ou menor ao longo do
tempo. A rentabilidade dos títulos do tesouro direto é relativamente estável, mas varia
de acordo com a mudança nas taxas de juros, o mercado de ações varia de acordo com
o humor dos investidores e os fundamentos das empresas, e o mercado
de imóveis também é relativamente estável, mas passa por momentos de maior ou
menor crescimento.

Como aproveitar, então, as melhores oportunidades em cada um desses mercados


específicos? Uma maneira de fazer isso é tentar seguir o “pensamento popular” (que
muitos ensinam, mas poucos seguem) de comprar ações quando o mercado está em
baixa e vendê-las na alta. A questão é: como saber se o mercado chegou a um patamar
no qual é racional comprar ações ou vendê-las? Se o mercado caiu 10%, não há
garantia nenhuma de que não cairão mais; e se elas subiram 20%, também não há
qualquer garantia de que não poderão subir mais. Em razão dessa incerteza, muitos
investidores que pretendem comprar na baixa e vender na alta acabam assumindo um
comportamento irracional e não conseguem por em prática sua estratégia.

Um modo de tentar resolver esse problema é automatizar o processo de decisão. Ao


invés de ter que decidir, a todo instante, se você vai comprar ou vender ações, você
estabelece tão-somente um parâmetro de decisão. Uma possibilidade muito utilizada é
a de definir um determinado percentual máximo para o investimento em determinado
ativo.

Existem diversas possiblidades de parâmetros. Vamos ver alguns exemplos: José define
que o percentual máximo ainvestir em ações é de 40% e que, no mínimo, 30% de sua
carteira estará investida em ações. Assim, sempre que ele tiver mais de 40% de
investimentos em ações, ele venderá o excedente para investir em renda fixa, e quando
seus investimentos em ações equivalerem a menos de 30% do total de seu patrimônio,
ele comprará mais ações.

Uma estratégia como essa é interessante porque garante a João que ele sempre vai
comprar ações quando elas estiverem em baixa e vendê-las quando estiverem na alta.
Digamos que, hoje, João tem 33% de sua carteira em ações. Em um ano no qual as
ações estejam em alta, a elevação no preço de cada ação vai aumentar, aos poucos, a
participação das ações na carteira de investimentos de João. Dois meses depois, elas
podem ter sua proporção aumentada para 36%, e depois para 39%, até que, algum
tempo depois, elas superam o parâmetro definido para João. Digamos que, sete meses
depois, as ações componham 46% de sua carteira. João, implementando sua estratégia,
pode vender os 6% excedentes para que a sua carteira de ações volte aos parâmetros
originais, aplicando o valor na renda fixa. Ou seja, ele assegurou uma parte dos ganhos
das ações, vendendo-as na alta.

Poderia também ter ocorrido o contrário. Em um mercado de baixa, a proporção das


ações poderia passar dos 33% originais para 26% da carteira de investimentos de João.
Ao invés de se lamentar e ficar desesperado para vender suas ações, João implementa
sua estratégia, se desfaz de uma parte de suas aplicações em renda fixa e compra mais
ações, até que a proporção volte aos 30% que ele definiu. Com isso, ele comprou ações
em um período de baixa do mercado.

“Gostei disso: assim eu não preciso ficar pensando quando comprar ou vender

ações. Mas como definir qual o percentual que eu devo ter de ações?”

Isso quem define é você. Se você quiser, pode ser um percentual baixo o suficiente para
que você se sinta confortável (algo em torno de 10%) ou alto o suficiente (80, 90%)
para que você tenha na renda fixa apenas um dinheiro necessário para poder comprar
ações em períodos de baixa. Apenas defina um patamar no qual você possa ficar
confortável com a volatilidade do mercado.

Para evitar vender e comprar a todo instante, nos meses em que as ações estiverem
ocupando um patamar próximo aos limites pré-definidos, você também pode
estabelecer momentos de reavaliação do seu portifólio. Por exemplo, você pode
estabelecer que reavaliará o seu patrimônio a cada 3 meses. Então, uma vez por
trimestre, você reavalia os percentuais e vende ou compra ações, conforme o caso.

A propósito, você não precisa alocar seu patrimônio apenas em ações e renda fixa.
Pode incluir outros ativos na análise, como imóveis (ou fundos imobiliários), por
exemplo. Em um momento no qual as ações estejam em baixa e os imóveis em alta,
você vende imóveis (ou quotas de fundos imobiliários), e quando a situação for a
contrária, você pode vender as ações e comprar um imóvel. Enfim, são muitas as
possibilidades.

As vantagens do asset allocation são muitas. A principal delas é que desonera o


investidor de tomar decisões a respeito de quando comprar ou vender um determinado
ativo – o que, muitas vezes, é a fonte de prejuízos nos investimentos. Basta seguir a
estratégia e esperar para colher os frutos no futuro.

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