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Título: Impacto de fatores institucionais e regulatórios na competitividade das empresas


do setor de iluminação por LED

Autoria: Maria Laura Ferranty Mac Lennan, Viviane Eiko Ito Yamasaki, Juliana Bittar de Souza,
Fabio Lotti Oliva

Resumo: O estudo analisa como fatores institucionais relacionados à vazios regulatórios e


normativos dificultam a adoção do LED como forma de iluminação energeticamente eficiente
no Brasil. Verificam-se quais as consequências e impactos competitivos advindos de tal
“vazio institucional” na competitividade das empresas. A metodologia utiliza abordagem
qualitativa, por meio de estudo de caso múltiplo em oito empresas, sejam importadoras ou
fabricantes. Os resultados indicam que dadas baixas barreiras de entrada e vulnerabilidades
causadas pela carência normativa há muita insegurança por parte das empresas em realizar
investimentos produtivos. Também se observam efeitos substanciais na dinâmica
concorrencial e implicações para o consumidor final.

Palavras chave: eficiência energética; LED; ambiente institucional; estratégia competitiva;


normatização.


 
 

Introdução:
O mercado de LED no Brasil e no mundo está em crescimento. McKinsey (2012) calcula que,
dentro de oito anos, a tecnologia LED passará dos atuais 7% de participação no mercado
mundial de iluminação para 50%. As novas lâmpadas seguiriam padrão de redução de preços
de produtos com tecnologia de ponta já observada em outros casos. Na década de 50, com o
início da popularização das TVs, as famílias americanas gastavam 10% de sua renda anual
para comprar um aparelho. Hoje, o preço de um produto comparável equivale a 0,8% da
renda. O mesmo ocorreria com a tecnologia LED (Ferrari, 2012).
O principal argumento que dá sustentação à ideia de que as lâmpadas mais eficientes vão se
difundir pelo mundo é o incentivo financeiro. Segundo Pinto (2008), a adoção do LED
apresenta vantagens como o seu baixo consumo energético, aumento da vida útil da
iluminação e diminuição do descarte de elementos químicos nocivos ao meio ambiente. Ao
aderir ao LED, os consumidores gastam menos com energia elétrica e com a reposição de
lâmpadas queimadas, por seu maior potencial de durabilidade (Muniz, 2014).
Contudo, o mercado brasileiro de LED não vem acompanhando outros mercados na mesma
velocidade. Estima-se que a tecnologia de iluminação LED represente na Europa 15% do
mercado de iluminação. Nos Estados Unidos seria 14% e na Ásia o LED conquistou 17% de
participação de mercado. No Brasil este número está estimado em 9% (McKinsey, 2012). A
partir desta realidade emerge a questão de pesquisa a ser abordada no artigo: Por que, dados
os benefícios econômicos, o Brasil não segue o crescimento e desenvolvimento do setor de
LED observado em outros mercados no mundo? Especificamente se busca compreender que
fatores do ambiente institucional local, normas e regulamentos dificultariam a adoção do LED
como forma de iluminação energeticamente mais eficiente.
De acordo com alguns autores, a perspectiva institucional, junto com a visão baseada na
indústria e a visão baseada em recursos é importante arcabouço teórico para explicar
estratégia e desempenho de empresas em mercados emergentes (Peng, Sun, Pinkham, &
Chen, 2009; Peng, Wang, & Jiang, 2008). Os mercados desenvolvidos e os emergentes
diferem muito sobre a forma como as estruturas de mercado estabelecem a competição entre
as empresas (Khanna & Palepu, 2011; Peng et al., 2008), por isso a compreensão do contexto
nacional é relevante no caso brasileiro. Já se estabeleceu na literatura que instituições, sejam
formais ou informais, são relevantes nos estudo em estratégia. O que importa estudar é o
“como” as características institucionais e regulatórias são determinantes da competitividade
das empresas em mercados emergentes (Peng et al., 2009; Peng et al., 2008). Nesse sentido, o
estudo contribui para a literatura acadêmica ao abordar, no mercado de iluminação por LED,
aspectos ligados às instituições, suas normas e regulamentos e relacionando-os com as
organizações e suas opções estratégicas. Especificamente o estudo discute o impacto da
presença de vazios institucionais na definição de padrões de normatização e fiscalização na
competitividade das empresas de atuação no mercado nacional de LED.
Pesquisas que relacionam aspectos institucionais ligados a normas e especificações técnicas
são escassas no Brasil (Vasconcelos & Oliveira, 2012) e este trabalho se propõe a contribuir
para preencher essa lacuna. No caso da iluminação por LED, por se tratar de um mercado
novo (McKinsey, 2012) e com norma em processo de construção, a pesquisa se justifica, pois
se pode verificar o posicionamento competitivo das empresas nacionais e multinacionais,
importadoras ou fabricantes, aos vazios regulatórios presentes no mercado brasileiro. Logo, o
artigo aborda desafios e oportunidades estratégicos no mercado de iluminação em LED,
ambiente em que as “regras do jogo” estão em alteração e não são completamente conhecidas
(Peng et al., 2008).
Como contribuição gerencial o estudo identifica e elenca elementos institucionais que
prejudicam a competitividade nacional no setor. Dado que a normatização e a metrologia
tornam-se assuntos estratégicos no contexto dos países emergentes (Gallina & Fleury, 2013),

 
 

o desconhecimento da importância desses temas e a não aplicação de seus princípios pode


gerar enormes perdas de competitividade. Assim, o estudo coopera com os responsáveis por
estabelecer e controle as normas brasileiras ao se compreender seus efeitos. Isso ao se
evidenciar os impactos do ambiente regulatório na competitividade das empresas e na sua
propensão em realizar investimentos produtivos localmente (Peng et al., 2008). Também se
evidenciam os impactos de tal realidade para os consumidores brasileiros.
1. Referencial teórico:
O referencial teórico desta pesquisa esta dividido em três sessões. A primeira parte é voltada à
discussão sobre o ambiente institucional e mercados emergentes. Essa sessão trata sobre como
questões regulatórias e normativas impactam na estratégia competitiva das empresas do setor
no contexto dos países emergentes. A segunda parte apresenta as instituições brasileiras
responsáveis pela normatização do setor elétrico e explica qual o estágio atual do processo de
regulamentação e normatização do mercado de LED no Brasil. Finalmente, a terceira parte
posiciona quais são os tipos de tecnologias disponíveis em lâmpadas e discute os benefícios e
limitações de cada uma, com atenção especial à discussão sobre eficiência energética e o
cronograma de descontinuação das lâmpadas incandescentes.

a. Ambiente institucional e mercados emergentes.


Diversos autores apontaram a importância da existência de instituições para um
funcionamento econômico eficiente e as consequências da sua ausência para o mercado
(North, 1990; 2006; Williamson, 1981). Para North (1990), instituições são as regras do jogo
que afetam o desempenho econômico porque impactam nos custos de transação e de
produção. O ambiente institucional é determinado pela estrutura legal e administrativa em que
indivíduos, empresas e governo interagem para gerar riqueza (Schwab & Sala i Martin, 2011).
As instituições são consideradas pelo Fórum Econômico Mundial um dos pilares da
competitividade de um país. Isto porque a qualidade das instituições influencia as empresas
nas suas decisões de investimento, organização dos fatores de produção e nos custos
incorridos ao se desenvolver estratégias empresariais (Schwab & Sala i Martin, 2011).
Aspectos institucionais abrangem não somente os aspectos legais, mas também questões
relacionadas à burocracia, corrupção, transparência, normas e regulamentos, independência do
sistema jurídico e proteção de direitos autorais e propriedade intelectual. A competitividade
de um país é afetada pela qualidade do seu ambiente institucional, na medida em que este
pode proporcionar ambiente de negócios justo onde as regras são claras e disputas são
resolvidas rapidamente (Mia, Austin, Arruda, & Araujo, 2009).
Scott (2008) analisa o ambiente institucional a partir de três pilares institucionais: regulatório,
normativo e cultural-cognitivo. Segundo North (1990), as instituições estão intimamente
relacionadas a aspectos regulatórios, tais como sistemas de regras e seus mecanismos de
execução e fiscalização. Um sistema regulatório é aquele capaz de estabelecer regras,
inspecionar conformidade com estas e, se necessário for, criar sanções para o seu
descumprimento (Scott, 2008). Scott (2008) afirma que um sistema regulatório possui caráter
frequentemente coercitivo. No entanto, as regras, leis e sanções se apoiam em outros
estímulos informais de conformidade, conferindo-lhes legitimidade. Estes estímulos informais
de conformidade estão ligados a fatores do pilar normativo. O pilar normativo é composto por
normas e valores que orientam como as coisas devem ser feitas, quais são os meios legítimos
para se alcançar determinados fins. Uma característica importante sobre as normas para o
objetivo deste trabalho é que elas representam expectativas dos atores envolvidos em um meio
social, setor econômico, por exemplo, podendo emergir formalmente ou informalmente
(Scott, 2008). Brunsson e Jacobsson (2000) chamaram essas normas presentes na sociedade e


 
 

em seus segmentos específicos de padrões de caráter voluntário e não mandatório. Estes


autores discutem ainda o potencial que os padrões e padronizações têm de influenciar
regulações. O principal motivo deste fenômeno está no fato de que os padrões são
fundamentais na coordenação de atividades em escala global e, consequentemente, podem
afetar a vantagem competitiva da empresa no mercado externo e interno.
A análise do ambiente institucional neste trabalho se concentrará nos fatores relacionados aos
pilares regulatório e normativo. Como dito, apesar de fundamentais para a competitividade de
um país, instituições eficientes que costumam regular os mercados ocidentais são fracas ou
ausentes em mercados emergentes (Peng et al., 2008). Para Riesenberger, Knight, e Cavusgil
(2010), as economias emergentes podem ser designadas a partir de critérios como renda baixa
ou média, potencial de crescimento elevado e nível de industrialização baixo. Por sua vez,
Khanna e Palepu (2011, p. 6) apontam estes mercados como os países que apresentam “vazio
institucional”, ou seja, carência de arenas transnacionais onde compradores e vendedores se
integram de modo eficiente. Neste contexto, empresas atuantes em países emergentes têm que
adaptar suas estratégias e assumir uma variedade de funções e responsabilidades a fim de
exercer seus negócios e preencher estes “vazios institucionais” (Khanna & Palepu, 2011;
Khanna, Palepu, & Bullock, 2010).
Longe de serem uniformes, os mercados emergentes tem em comum o fato de que em maior
ou menor grau carecem de instituições necessárias para apoiar operações básicas para os
negócios. Há três fontes principais para as falhas de mercado causadas pela carência de
instituições: problemas de informação adequada para compradores e investidores, sistemas
judiciais ineficientes incapazes de assegurar contratos de forma previsível e, por fim, os
desvios nas regulações, que são voltadas para alcance de objetivos políticos. A diferença
fundamental entre operar em mercados emergentes e operar em mercados desenvolvidos está
relacionada à este “vazio institucional” (Khanna & Palepu, 2011), que impactam nas
estratégias das empresas que atuam nesses mercados (Peng et al., 2008)
A assimetria de informação tem consequências no mercado de produtos, objeto deste trabalho.
Em mercados emergentes compradores e vendedores têm dificuldade em acessar a informação
necessária para, do lado dos vendedores, mostrar a qualidade dos seus produtos e, do lado dos
compradores, avaliar a qualidade dos produtos e serviços ofertados (Khanna & Palepu, 2011;
Khanna et al., 2010). Nesses mercados, por não terem como avaliar a qualidade dos produtos,
os compradores pagam mais por qualquer nível dado de qualidade (atribuído pelo preço mais
alto, não necessariamente com real qualidade) (Khanna & Palepu, 2011). Nesse cenário, os
únicos beneficiados são os vendedores oportunistas, ou seja, que vendem um produto de
qualidade inferior, a preços maiores, alegando uma qualidade superior. Os vendedores de
qualidade superior têm que aumentar seus preços, prejudicando clientes. Os clientes, por sua
vez, não possuem garantias caso efetuem a compra e o produto não corresponda à qualidade
ofertada (Khanna & Palepu, 2011).
As diferenças no ambiente competitivo dos países definem oportunidades e ameaças
enfrentadas pelas empresas. Uma das principais funções das instituições no contexto
competitivo é o de reduzir as incertezas do mercado, na medida em que se estabelecem as
normas para o comportamento empresarial e os limites do que é ou não é permitido (Peng et
al., 2009). Instituições intermediárias podem não só melhorar os mercados como afetar
negativamente os grupos oportunistas que se beneficiam dos “vazios institucionais”. Estes
grupos devem se opor à criação destas instituições, por isso, construir uma infraestrutura de
mercado é tido tanto uma questão econômica quanto política (Khanna & Palepu, 2011).
Para construir esta “infraestrutura de mercado”, os autores apontam duas dimensões
necessárias. A primeira seria a infraestrutura soft com alguns atores como associações de
clientes e de empresas e as redes varejistas. As associações forneceriam fonte de informação
confiável e, por vezes, isenta, para a avaliação da qualidade dos produtos. Já as redes

 
 

varejistas, teriam um papel intermediário de filtrar os produtos segundo atributos de qualidade


valorizados pelo consumidor. Além disso, com políticas de devolução bem definidas, os
varejistas cumprem seu papel em garantir a consumidor que os custos serão reparados caso a
qualidade não corresponda à ofertada (Khanna & Palepu, 2011).
A segunda dimensão da infraestrutura de mercado seria a “infraestrutura hard”, representadas
pelo sistema judiciário, tribunais e grupos de apoio aos consumidores. Ou seja, uma vez que
haja disputa, há meios de arbitragem para resolução destas, oferecendo mais uma garantia
para compradores e vendedores (Khanna & Palepu, 2011).
Os autores afirmam ainda que segmentos de mercado em mercados emergentes se distinguem
não só pela renda e preços, mas também pelas necessidades, gostos e características
psicográficas. Definir segmentos alvo requer capacidades particulares e conhecimento, não
envolve simplesmente a prática de preços diferentes. Isto indica que a padronização,
normatização local dos produtos é necessária para sua adaptação às condições locais e,
portanto, competitividade (Khanna & Palepu, 2011; Khanna et al., 2010).
O presente estudo aborda principalmente os aspectos relacionados à infraestrutura soft
descritos acima. Especificamente analisamos de que forma normas e regulamentos técnicos
podem afetar as estratégias adotadas pelas empresas de LED no país. Vale ressaltar a
importância de tais características, pois, com a adoção de normas e regulamentos são
necessárias mudanças em métodos e processos de produção para que as empresas dos países
em desenvolvimento cumpram um número crescente de normas e regulamentos técnicos
relacionados ao conteúdo dos produtos. A qualidade dos produtos normatizados passa a ser
exigida de forma mais objetiva e explícita, na medida em que a adequação a tais normas tem
que estar comprovada por medições, inspeções, ensaios, testes e certificações (Gallina &
Fleury, 2013).
b. Agências regulatórias, órgãos de normatização e regulação de LED
No Brasil, as agências reguladoras atuam de modo a auxiliar o governo na regulamentação e
fiscalização de empresas privadas. Existem dez agências governamentais que, além de
fiscalizar as empresas privadas, também criam regras para o setor. Estas atuam em setores
considerados estratégicos para o governo (Brasil, 2009). A agência diretamente ligada ao
setor elétrico é a Associação Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia criada em
1996 que regula e fiscaliza a geração, transmissão, distribuição e a comercialização da energia
elétrica. A agência é vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) (Brasil, 2009).
Além da ANEEL, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO)
atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (CONMETRO), colegiado interministerial, que é o órgão normativo do
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO). O
INMETRO é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), cuja missão é prover confiança à sociedade brasileira nas
medições e nos produtos através da metrologia e da avaliação da conformidade (Inmetro,
2012). O INMETRO é o órgão federal responsável pela execução das políticas nacionais de
metrologia e qualidade.
No Brasil temos também a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ABNT é o
organismo responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao
desenvolvimento tecnológico brasileiro (ABNT, 2006). Esta entidade privada, opera sem fins
lucrativos e é reconhecida como único Foro Nacional de Normalização. No segmento
eletroeletrônico a normalização técnica de empresas é amparada pelo COBEI (Comitê
Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações). O COBEI é uma
associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, com prazo de duração indeterminado.


 
 

Essa associação é regida por estatuto, sendo entidade delegada pelo CONMETRO para
estabelecer fórum de debate e execução de normas técnicas. O COBEI dessa forma suporta a
gestão do processo de elaboração de normas brasileiras, que posteriormente são publicadas
pela ABNT.
Outra entidade sem fins lucrativos que atua no setor é o Instituto Nacional de Eficiência
Energética (INEE). O objetivo do INEE é promover o aumento da eficiência na transformação
e na utilização de todas as modalidades de energia em benefício da economia, do meio
ambiente e da maior segurança quanto ao acesso à energia e bem estar da sociedade (INEE,
2013). A instituição visa auxiliar a reduzir as imperfeições do mercado energético, melhorar o
grau de informação sobre a eficiência e apoiar a criação de legislação, normas e regulamentos
através da promoção de programas, projetos e eventos.
Como se pode ver, não faltam agencias governamentais e entidades especializadas na
regulação e normalização do setor elétrico e de iluminação. Neste mercado as instituições e
órgãos que desempenham papel regulatório são ANEEL, INMETRO e ABNT. Todavia, ainda
é possível identificar “vazios institucionais” no setor (Khanna et al., 2010). Isto porque ainda
não se definiram normas para comercialização das lâmpadas de LED no Brasil. Contudo já há
iniciativas voltadas à resolução desta situação. As portarias do INMETRO RTP-477/2013 e
RTP-478/2013, em fase de audiência pública, estabelecem os parâmetros técnicos mínimos
referentes ao fluxo luminoso, potência, eficiência energética, dentre outros. As portarias
citadas também indicam os procedimentos de amostragem a ser conduzidos nos testes das
lâmpadas, de fabricação nacional ou importados, além de regular a qualidade das lâmpadas e
luminárias de LED de uso geral ou para iluminação pública viária (MDIC, 2013a, 2013b). A
audiência pública permite que cidadãos e sociedade civil participem dos processos de
normatização e regulamentação em andamento (Castro, 2013). Por estarem em audiência
pública, as portarias RTP-477/2013 e RTP-478/2013 ainda não estão aprovadas, ou se
conhece seu modo de fiscalização e cronograma de implantação. Importante lembrar que,
diferente da ABNT, cujas regras são de adoção voluntária, as normas do INMETRO devem
ser adotadas de modo compulsório pelas empresas do setor.
c. Tecnologias de lâmpadas utilizadas no mercado de iluminação
Uma vez apresentado o panorama normativo e regulatório do setor, convém detalhar as
tecnologias em lâmpadas disponíveis no mercado brasileiro. Estas podem ser classificadas
como lâmpadas incandescentes, halógenas, fluorescente compacta e LED (Muniz, 2014;
Pinto, 2008).
As lâmpadas incandescentes atualmente apresentam maior volume de vendas (versão de 60W)
e menor preço unitário (R$ 2,50) no mercado brasileiro (Muniz, 2014). Esta tecnologia
apresenta a possibilidade de dimerização, característica difícil de ser identificada entre as
tecnologias concorrentes. O fluxo luminoso ocorre instantaneamente, ou seja, ao ser acesa a
lâmpada já dá sua luminosidade máxima. Seu tom amarelado é confortável aos olhos
(temperatura de cor de 3000 k). Possui máximo índice de reprodução de cor (IRC): 100%.
Esta tecnologia apresenta vida útil curta: cerca de mil horas (Muniz, 2014). O maior problema
das lâmpadas incandescentes é o alto consumo de energia, o que torna a tecnologia pouco
eficaz. Apenas 8% da energia consumida é transformada em fluxo luminoso (INEE, 2013).
Um produto alternativo é a lâmpada halógena (lâmpada incandescente com adição de
halogenatos) que apresenta maior eficiência (lumen por watt) e vida útil superior a 2000
horas. O consumo de energia elétrica de uma lâmpada halógena de 42W equivale ao de uma
lâmpada incandescente de 60W, o que representa uma economia de energia no patamar de
30%. Assim como as incandescentes, essa aceita dimer com facilidade e seu fluxo luminoso
também é imediato. A lâmpada halógena oferece luz de suave tom amarelado (temperatura de


 
 

cor de 2.700k). Seu IRC é de 100%, entretanto sua durabilidade é baixa, equivalente à
encontrada no modelo incandescente (Muniz, 2014).
A lâmpada fluorescente compacta (ou lâmpada de vapor de mercúrio) é a tecnologia que
sucedeu a lâmpada incandescente. Esta contém mercúrio em seu processo de fabricação, o que
acarreta na necessidade de procedimentos de reciclagem e descarte para não poluir o meio
ambiente (INEE, 2013). As lâmpadas do tipo fluorescente compacta oferecem melhor
aproveitamento energético se comparada às incandescentes ou halógenas. Para obter o mesmo
resultado de uma incandescente de 60W, basta utilizar a versão fluorescente compacta de 15w
(80% de economia no consumo elétrico). Contudo, no Brasil é raro encontrar as opções desta
variedade que aceitam dimer. Para atingir seu máximo de iluminação as lâmpadas do tipo
fluorescente compacta necessitam entre um e dois minutos. Acender e apagar seguidamente
reduz sua durabilidade. Há mais opções de cores – desde as brancas até as amareladas. Esta
tecnologia apresenta bom IRC, em patamar de 80%. A durabilidade é estimada em por volta
de 8 mil horas (INEE, 2013; Muniz, 2014).
Finalmente se apresentam as lâmpadas de LED. Com o uso desta tecnologia são necessários
12W para iluminar o mesmo que a incandescente de 60W (economia de 80%). As versões
dimerizáveis custam quase o dobro das comuns. Assim que o LED acende, este alcança sua
capacidade total de clarear. Conta com opções de cor que vão das brancas até as amarelas. A
tecnologia LED apresenta bom IRC, em patamar de 80%. Dentre as variedades apresentadas,
o LED é a que oferece a maior vida útil: aproximadamente 25 mil horas (Muniz, 2014).
A tabela 1, a seguir, apresenta uma comparação entre os preços praticados no varejo para cada
uma das tecnologias apresentadas. Na tabela existe também uma estimativa do custo
financeiro de cada tipo de lâmpada, considerando o consumo de energia elétrica e a
durabilidade da tecnologia. Nota-se que a tecnologia LED apresenta ticket médio
consideravelmente maior se comparado a opção incandescente (preço 20 vezes maior).
Contudo, após 25 mil horas de utilização, o LED oferece ao consumidor economia da ordem
de 310% (Muniz, 2014). Todas as lâmpadas indicadas na tabela 1 proporcionam benefício
financeiro para o consumidor final derivado da sua melhor eficiência energética, em
comparação à lâmpada incandescente. Por isso, apesar do maior ticket médio, o investimento
do consumidor em tecnologia de iluminação mais eficiente é recuperado por meio da redução
do valor de sua conta de luz.

Tabela 1: Comparativo de preços e eficiência energética entre os tipos de lâmpada.


Tecnologia Preço unitário Eficiência energética Gasto em 25 mil
(R$) horas (R$)**
Incandescentes 2,50 Baixo - 8% do input de energia é convertido 512,50
em luz visível, o restante é dissipado em
calor.
Halógena 5,00 Até 30% de economia* 440,00
Fluorescente 10,00 Até 80% de economia* 142,50
compacta
LED 50,00 Até 90% de economia* 125,00
* em relação à lâmpada incandescente.
** *Considerando o custo de energia elétrica pelo preço de R$ 0,30 kWh, praticado na cidade de São Paulo em outubro de
2013.
Fonte: Adaptado de Muniz (2014) e INEE (2013).

As lâmpadas incandescentes transformam 90% da energia consumida em calor, e apenas uma


reduzida parcela da energia consumida (8%) é convertida em fluxo luminoso (INEE, 2013;
Pinto, 2008). Pode-se considerar que as lâmpadas incandescentes apresentam baixa eficiência
energética, em relação às outras tecnologias (Pinto, 2008). Tolmasquim (1998) define
eficiência energética como a realização da mesma tarefa com utilização de menos energia, ou

 
 

mantter o gasto energético


e e aprimorarr o rendimeento da tareffa. Logo, o conceito dee eficiênciaa
energgética buscaa a racionalização da ennergia consumida.
Por conta da suas ineficiêência energgética, as lââmpadas inncandescenttes serão reetiradas doo
merccado. A porrtaria interm
ministerial do
d MME n. 1007, de 31 de dezem mbro de 2010 prevê um m
cronoograma paara que lâmpadas incandesceentes, naccionais ouu importad das, sejam m
descoontinuadas (MME, 20110). Esta poortaria é de relevância para
p o setorr porque atu
ualmente see
estim
ma o tamanhho do merccado de lâm mpadas brassileiro em 1.683
1 milhõões de euro os em 20133
(McK Kinsey, 20112) e deste mercado,
m 11% corresponderia a lââmpadas inccandescentees. A figuraa
1 iluustra o cronnograma dee descontinnuação de lâmpadas
l inncandescenntes estabeleecido pelass
portaarias do MM
ME (MME, 2010, 2013).

Figuraa 1: Cronograama brasileirro de desconttinuação de lâ


âmpadas incaandescentes
Fontee: Autores, adaaptado de MM
ME (2010, 20113)

2 Metodollogia:
2.
Para responder o problem ma de pesquuisa, ou sejja, a identificação doss fatores do o ambientee
regullatório e noormativo loocal que difficultam a adoção
a do LED comoo forma de iluminaçãoo
energgeticamentee mais eficciente, realizou-se um estudo de caso de natureza exp ploratória e
aborddagem quallitativa (Coollis & Husssey, 2006). Optou-se pelo p estudo exploratório uma vezz
que se buscou a literaturaa que relaciiona as varriáveis em estudo – aambiente reegulatório e
instittucional e mercado
m de iluminaçãoo – porém, pouca
p literaatura foi enccontrada, nãão havendoo
arcabbouço teóriico robusto para se reealizar um estudo quaantitativo e descritivo o. O estudoo
buscou analisaar e interppretar inforrmações com diferenntes graus de profu undidade e
compplexidade.
A peesquisa, de natureza qualitativa
q ória adotouu a estratéggia de estud
e explorató do de casoo
múltiiplo. De accordo com YinY (1994),, o estudo ded caso é uma u metodoologia de peesquisa quee
invesstiga um evvento contem mporâneo, com
c base na
n experiênccia real. Essse método de d pesquisaa
possiibilita a annálise em profundidad
p de de umaa situação particular e a identifficação dass
variááveis e suuas inter-reelações quee, de outrra forma, poderiam passar desspercebidass
(Eiseenhardt, 19989). Os dados
d levanntados foramm obtidos a partir dde fontes primárias
p e
secunndárias (Yinn, 1994).
Para o levantam mento de daados primárrios foram realizadas
r e
entrevistas em profund didade comm
oito empresas business to business
b (B2B) que comercializam m o produtoo LED no Brasil.
B Estess
são empresas
e quue executam
m a montaggem dos LE EDs, importtam os proddutos para revenda ouu
operaam de form ma híbrida. As emprresas foram m divididas pelos autoores em do ois grupos::
fabricantes ou importadorres. São considerado
c os fabricanttes empressas responssáveis pelaa
coorddenação da montagem m de produtoos em LED, no Brasil ou no exterrior, mesmo o que a suaa
operaação seja terceirizada
t a (parcial ouo totalmen nte). Já os importadorres são em mpresas quee
adquuirem produutos no exteerior para seer revendidoo no Brasil. Na pesquiisa foram seelecionadass
8

 
 

quatro empresas de cada tipo, ou seja, quatro empresas importadoras (A) e quatro empresas
fabricantes (F). A seleção dos casos buscou balancear a amostra entre fabricantes e
importadores, de modo que se observasse replicação dos achados de pesquisa dentre os casos
(Eisenhardt, 1989; Langley & Abdallah, 2011). O recorte se justifica por que os autores
entendem que empresas fabricantes e importadores podem ter visões diferentes do impacto de
aspectos normativos e regulatórios abordados no estudo.
A tabela 2 apresenta o perfil das empresas utilizadas na pesquisa, além da posição dos
entrevistados:
Tabela 2: Perfil das empresas e entrevistados
Origem do Local de fabricação e Mercados
Cargo do Tipo de operação
Empresa capital montagem das LED e
entrevistado produtiva
societário lâmpadas LED aplicações
Desenvolvimento Iluminação
Diretor de Monta a lâmpada e a de produto e design profissional
F1 Nacional
Tecnologia luminária no Brasil. próprio, produção (industrial e
terceirizada. projetos).
Importa insumos de
fornecedores Desenvolvimento
Multinacional
Engenheiro de homologados na de produto, Iluminação
F2 de origem
Produto China, Bélgica e montagem e design automotiva.
francesa
Romênia, monta no próprio.
Brasil.
Desenvolvimento Iluminação
Monta a lâmpada no
Gerente de de produto, profissional
F3 Nacional Brasil, os insumos são
Negócios montagem e design (industrial e
importados da China.
próprio. projetos).
Importa produto Desenvolvimento Iluminação
acabado desde outras de produto, design automotiva,
Multinacional subsidiárias ou joint e produção profissional
CEO, Diretor
F4 de origem ventures do grupo na próprios, alocados (industrial e
de Marketing
norte-americana China, Hungria, em subsidiárias projetos) e
México, Estados especializadas por para consumo
Unidos e Canadá. aplicação. doméstico.
Importa produtos Lâmpadas de
Diretor de Controle de
A1 Nacional acabados e embalados consumo
Tecnologia qualidade próprio.
da China. doméstico.
Importa produtos Lâmpadas de
Analista de Controle de
A2 Nacional acabados e embalados consumo
Produto qualidade próprio.
da China. doméstico.
Importa produtos Lâmpadas de
Gerente Controle de
A3 Nacional acabados e embalados consumo
Comercial qualidade próprio.
da China doméstico.
Controle de
Importa de China e
qualidade próprio, Lâmpadas de
Gerente de Taiwam. Monta parte
A4 Nacional montagem de consumo
Produto de suas luminárias no
algumas doméstico.
Brasil.
luminárias.
Fonte: Autores
Além das empresas pesquisadas, dois diretores da ABILUX foram entrevistados em duas
ocasiões com o objetivo de se obter uma visão panorâmica do setor (Diretor Administrativo e
Diretor de Relacionamento com o Mercado). Dentre as empresas, F1, F3 e F4 participam da
ABILUX. Também se utilizou dados secundários, relacionados ao setor como acesso a
noticias, encartes e relatórios fornecidos pelas empresas e informações setoriais. Assim,
utilizaram-se diferentes fontes de evidências para respeitar os princípios de integridade na
triangulação de dados (Eisenhardt, 1989; Yin, 1994).


 
 

As entrevistas foram realizadas presencialmente pelos autores. Para fins de registro, os


autores tomaram nota durante as entrevistas (Collis & Hussey, 2006). Yin (1994) destaca que
as entrevistas constituem uma das mais importantes fontes de informações nos estudos de
casos. Os dados primários foram coletados por entrevistas centralizadas no problema e
analisados utilizando-se a técnica de análise interpretativa.
Pode-se caracterizar uma análise como interpretativa se essa assume que a via para se chegar
ao conhecimento da realidade é por meio de construções sociais como a linguagem, a
consciência, a interpretação de documentos, de textos, ferramentas e de outros artefatos (Gill,
2002; Klein & Myers, 1999; Kvale, 1996). Esta forma de interpretação de dados mostrou-se
adequada para análise em função da coleta ter sido realizada mediante entrevistas, em que se
considerou o conteúdo da fala. Para tal análise, não se delimitam variáveis dependentes ou
independentes, mas emerge a preocupação com o significado dos conceitos à medida que eles
se apresentam (Kaplan & Maxwell, 1994). Buscou-se identificar padrões e replicação interna
nos dados analisados, essencial na análise de estudos de caso múltiplos (Eisenhardt, 1989;
Langley & Abdallah, 2011). Para a elaboração das conclusões, os dados coletados foram
examinados e interpretados à luz dos conceitos identificados na teoria (Gill, 2002).
3. Análise de dados:
Inicialmente busca-se caracterizar as empresas importadoras e fabricantes analisadas nos
casos. No caso das empresas importadoras, predominam as importações de produtos
manufaturados na China e em Taiwan (A1, A2, A3 e A4). No caso de A4, a empresa monta
no Brasil algumas luminárias, mas a lâmpada de LED já vem montada desde seus
fornecedores asiáticos. As empresas importadoras afirmam trabalhar com muita sintonia com
seus fornecedores estrangeiros. Contudo, todas as empresas (A1, A2, A3 e A4) afirmam
possuir laboratórios de controle de qualidade no Brasil para assegurar o cumprimento das
especificações técnicas contratadas com seus provedores internacionais. A2, mesmo com
modelo operacional baseado em importações, aloca funcionário próprio na China, cuja função
consiste em inspecionar os seus fornecedores para garantir os critérios acordados para a
importação de produtos.
Os entrevistados de característica fabricante apresentam algumas particularidades entre si.
Dentre as empresa entrevistadas, F1 afirma montar localmente seus produtos, por meio de
fornecedor terceirizado. A empresa F1, de dois anos de existência, se especializou nas
atividades de design e inovação técnica voltada ao desenvolvimento de aplicações de
iluminação em LED. Já as empresas F2, F3 e F4 também comercializam outros tipos de
lâmpadas. F2 e F3 montam seus produtos de LED no Brasil em unidade produtiva própria. No
caso de F2, os projetos de novos produtos são desenvolvidos em conjunto com os clientes da
empresa no seu centro de pesquisa e desenvolvimento local. Finalmente F4 importa seus
produtos desde outras subsidiárias estrangeiras pertencentes ao mesmo grupo empresarial.
a. Mercado de iluminação no Brasil
De acordo com A1, o mercado de iluminação no Brasil passa por profunda transformação
desde o ingresso do LED. Esse apresenta alto valor agregado, o que, por consequência eleva
seu preço de venda para o consumidor. Contudo, o produto apresenta excelente relação custo-
benefício por seu potencial de economia de energia. As vendas de lâmpadas LED crescem
30% ao ano no Brasil, patamares considerados expressivos, mas compreensíveis dado que a
sua representatividade no mercado estimada para 2012 corresponde a 9% do mercado total de
lâmpadas no Brasil (McKinsey, 2012). “O governo tem apresentado comportamento
responsável ao descontinuar o uso de lâmpadas incandescentes, pois estas consomem muita
energia” (A1, F4), medida já adotada em outros mercados na América Latina e no mundo
10 
 
 

(F4). De acordo com McKinsey (2012), países da União Europeia, China, Japão e Estados
Unidos também apresentam cronograma de descontinuação de lâmpadas incandescentes e
estão em estágios mais avançados.
De acordo com o entendimento de A3, ao analisar o mercado de lâmpadas LED de uso
doméstico, não há uma marca forte estabelecida na mente dos consumidores. Na opinião de
A3 e A4, a definição de normas e padrões de qualidade pode representar uma futura
oportunidade de negócios. Isso porque parâmetros claros poderiam nortear as ações de
marketing sobre como informar o consumidor sobre os atributos do produto. Para A4 e F4, o
consumidor ainda não sabe como avaliar produtos em LED, há dificuldades no entendimento
especificações técnicas descritas nos rótulos de diversas marcas, que por sua vez não são
padronizados. Por isso se apresenta a necessidade de explicar para o consumidor como se
avaliam características de qualidade e durabilidade em lâmpadas de LED. Conforme citado
anteriormente, o mercado de produtos, e seus consumidores e vendedores, podem se
beneficiar de normas e padrões que definam e comuniquem o que é qualidade no setor e
garantam sua conformidade (Khanna & Palepu, 2011).
Uma vez estabelecidas às normas no mercado de LED (MDIC, 2013a, 2013b), as empresas
importadoras, teriam que, em diferentes graus, adequar as especificações de seus produtos. A4
entende que seus produtos já estão no patamar de excelência recomendado pela
regulamentação proposta. A1 também acredita que os produtos de sua empresa atendem todos
os requisitos técnicos necessários. Já A2 visualiza a necessidade de adequações as novas
demandas, pois percebe que nem todos os produtos atuais estariam em conformidade com os
padrões de qualidade indicados nos regulamentos propostos. A1, A3, A4 e A4 valorizaram a
normatização do mercado, ao indicar que esta pode representar oportunidade comercial para
as empresas. No caso de A2, a normatização é vista como um possível risco futuro, pois seus
produtos não seriam viáveis no mercado interno.
A assimetria de informações presente no mercado consumidor de lâmpadas LED de uso
doméstico não se observa no segmento automotivo. F2 afirma que as demandas do mercado
automotivo atualmente são mais exigentes com relação à tecnologia nos seus produtos do que
as normas de segurança que regulam o setor. A empresa vende no Brasil produtos mais
simples que os vendidos no exterior, pois comercializar itens com intensidade tecnológica no
padrão mundial reduziria a competitividade da empresa. Isso só ocorre, segundo F2, porque
os princípios locais de segurança são menos rígidos que as normas dos países desenvolvidos.
Brunson e Jacobson (2000) ressaltam que estabelecer padrões internacionais pode afetar a
vantagem competitiva da empresa no mercado externo e interno.
b. Aspectos regulatórios e normativos e seu impacto no setor.
Atualmente as lâmpadas de LED, diferente do que ocorre com os outros tipos de lâmpadas,
não possuem selo do INMETRO comprovando suas características técnicas (A2, A3, F1, F4).
Uma lâmpada fluorescente compacta, por exemplo, deve exibir no rótulo informações
relativas à eficiência energética, fluxo luminoso (lumen), potência (watt) e eficiência
luminosa (lumen por watt). A falta de alinhamento entre as informações no rótulo dos
produtos de diferentes marcas causam uma série de impactos para o consumidor final e o
mercado em geral. Como não há alinhamento dos indicadores de desempenho dos produtos
que devem constar nos rótulos, os entrevistados afirmam que produtos de baixa durabilidade
invadem o mercado doméstico, com preços muito convidativos, coerentes com a baixa
qualidade oferecida (F1, F4, A2 e A4). O “vazio institucional” ocasionado pela falta de
normas, ausência do INMETRO e fiscalização na avaliação deste produto, fortalece a atuação
de fabricantes de produtos com baixa qualidade e menor preço ou até mesmo a atuação de
oportunistas que vendem produtos de má qualidade alegando qualidade superior (Khanna &
Palepu, 2011). A2 questiona até mesmo se algumas informações técnicas que hoje constam
nos rótulos são verdadeiras. Ao se estabelecer as regras oficiais tal duvida, de acordo com ele,
11 
 
 

seria eliminada. F2 cita outro fenômeno que ocorre dada a ausência de regras e normatização
que é o surgimento de produtos piratas. Tais produtos não apresentam o desempenho
esperado, mas por não ser fiscalizados são vendidos normalmente. Percebe-se aqui que
estabelecer parâmetros para fabricação dos produtos, ou seja, atuar no pilar normativo do
ambiente institucional do setor (Scott, 2008) é fundamental. No entanto, as mudanças
normativas devem vir acompanhadas de mudanças regulatórias e de instrumentos de
fiscalização do atendimento às novas regras (Gallina & Fleury, 2013; Scott, 2008).
Os fabricantes F1 e F4 confiam que normas do INMETRO entrem em vigor ainda em 2014.
Tal regulamentação deve impulsionar uma série de ajustes técnicos no setor. A2 estima que
70% das fabricas chinesas hoje não estão preparadas tecnicamente para atender a
regulamentação proposta pelo INMETRO, o que vai desafiar os importadores que atuam
nesse mercado. F4 também entende que a maioria dos provedores chineses não estão
capacitados para atender as novas regras. Com estes novos regulamentos, A1, A2, A4, F1 e
F4 imaginam que o mercado vai ser radicalmente alterado. Eles imaginam que as normas irão
eliminar do mercado produtos de baixo desempenho e qualidade inferior. Isso causaria,
segundo estas empresas, também a eliminação de produtos de menor preço. Entretanto A1
indica que aumento no volume de vendas de produtos de qualidade pode ocasionar ganhos de
escala e reduções de preço para o mercado interno. O entrevistado A1 estima que crescimento
de 5 vezes no volume vendido no mercado local permitiria queda de 15% nos preços
praticados ao consumidor. Desta maneira, percebe-se que uma melhora das instituições de
LED podem diminuir os custos de transação dos fabricantes de produtos de melhor qualidade,
uma vez que inibiria a concorrência dos produtos de má qualidade e preço baixo, acarretando
em uma gestão de margens e de preços mais compatível com a realidade (North, 1990).
No mercado de varejo em materiais de construção, a venda de soluções de iluminação por
LED ainda está orientado a preço. Isto porque os consumidores possuem dificuldades na
avaliação de outros atributos do produto, como segurança ou eficiência energética (A1, A3,
F2, F4). O problema ressaltado por F4 é que não é fácil para o consumidor final diferenciar
produtos de diferente qualidade, dada falta de padronização dos rótulos dentre as empresas e
de suas informações. Por isto, na competição por preço baixo vencem produtos de qualidade
duvidosa. F2 entende que as falta de regulamentação permite o livre ingresso de novos
entrantes no mercado, mesmo sem qualidade. Esses, sem possuir capacidade tecnológica
desenvolvida competem por preço com oferta de produtos mais simples e, consequentemente,
forçam a sua empresa a reduzir sua margem de lucro. Os entrevistados concordam que a
formalização de normas pelo INMETRO criaria importante barreira de entrada de produtos de
qualidade insuficiente no mercado brasileiro (A1, A2, A3, A4, F1 e F4). Peng et al. (2008)
entendem que aspectos institucionais também podem constituir barreira de entrada em
mercados emergentes, sendo estes menos comuns que os de natureza mercadológica ou
produtiva. Dado que a regulamentação padronizaria as informações nos rótulos dos produtos
das várias marcas e, assim se garantiria a qualidade dos produtos ofertados no mercado
nacional, os entrevistados entendem que o consumidor final seria o principal beneficiário da
adoção de normas e padrões (A1, A2, A3, A4, F1, F3, F4).
Finalmente, os entrevistados opinaram sobre a abrangência das normas propostas para o setor.
Os importadores (A1, A2, A3 e A4) não demonstram amplo conhecimento do conteúdo das
portarias do INMETRO RTP-477/2013 e RTP-478/2013. Já F1, F3 e F4 afirmam que
participaram das discussões sobre essas portarias na ABILUX. Para F2, as regras propostas
atualmente não são suficientes, por não abranger todos os tipos de aplicações de iluminação
em LED, principalmente no mercado automotivo. Já F3 e F4 entendem que as normas
propostas pelo INMETRO são adequadas. F4 defende ainda a necessidade de se estabelecer
critérios de verificação dos parâmetros informados nos produtos, pois dessa forma os
produtos teriam suas especificações fiscalizadas por órgão independente. Segundo o
12 
 
 

entrevistado F4, um cenário de regulamentos com exigência de alto desempenho e baixa


fiscalização seria pior que não haver regulação alguma, isto porque nesse caso poderia ocorrer
concorrência desleal. A empresa de F4, por ser multinacional atende padrões internacionais
nos produtos que comercializa no Brasil. Esta afirma que garante a veracidade das
informações contidas nos seus rótulos, pois a empresa não pode comprometer a sua reputação
e sua marca. Caso exista uma regulamentação, a empresa atenderia. Já, na opinião de F4,
existem duvidas sobre as informações de qualidade dos produtos que são importados por
empresas sem marca estabelecida. Por isso o INMETRO tem importante papel, no sentido de
alinhar as condições competitivas no mercado de iluminação por LED.
c. Fatores produtivos – importar ou manufaturar localmente?
Os entrevistados de característica importadora (A1, A2, A3 e A4) ou fabricante (F3 e F4)
entendem que uma importante barreira para a montagem local de produtos de LED é a falta de
regulamentação específica do setor. A instalação de uma unidade produtiva no Brasil envolve
grande comprometimento financeiro (A1, F4), E nesse caso a normatização estabeleceria
parâmetros de competitividade para os produtos vendidos no Brasil. Por isso, F3 e F4
acreditam que a normatização é vital para estabelecer as “regras do jogo”, ou seja, igualar as
condições competitivas no mercado local, sem as quais não haveria disposição para correr
riscos em instalar manufatura localmente. Nesse sentido as normas e regulamentos do
INMETRO funcionariam como instrumento para a redução das incertezas no mercado de
iluminação por LED (Peng et al., 2009), favorecendo o investimento produtivo.
Outro impacto da carência de normalização técnica é a determinação das especificações
produtivas necessárias para atender o mercado local, o que desestimula a montagem de
equipamentos de LED no país (A3, A4, F1). De acordo com A3, ao se determinar a vida útil
da lâmpada (horas) mínima aceitável para o mercado brasileiro, se estipula a capacidade dos
reatores que comandariam a parte eletrônica da lâmpada. Especificações como a vida útil da
lâmpada impactam nas características fabris necessárias à manufatura, portanto tal indefinição
seria uma barreira ao investimento em fábrica local de lâmpadas de LED (A3, A1, F2). Como
a norma ainda não foi estabelecida, as empresas entrevistadas entendem que o mercado
apresenta grande instabilidade neste aspecto. Isto porque especificações advindas de normas e
regulamentos podem alterar ferramentais e estruturas produtivas necessárias para a fabricação
local (F1, F2), sendo por isso tema de importância central (Gallina & Fleury, 2013).
Verificou-se que há divergência de opiniões sobre a viabilidade da manufatura nacional de
LED entre os fabricantes e importadoras de produtos. Do lado dos importadores, A1 destaca a
falta de incentivos do governo e alta carga tributária como fatores que desestimulariam a
produção nacional. As empresas A3, A4 e A1 afirmam que já calcularam em suas empresas a
viabilidade econômica de montar lâmpadas de LED localmente. Segundo os cálculos destas
empresas, a opção pela produção local apresentou mais riscos que oportunidades. Por isso
estas empresas preferem permanecer com o modelo importador.
Os fabricantes, por sua vez, expressam cenário mais favorável à produção nacional. Sobre
aspectos fiscais e tributários, F2 acredita que a fabricação nacional é conveniente para as
empresas, pois além da menor carga tributária, essas podem contar com incentivos do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os incentivos para
investimento e nacionalização dos produtos fornecidos pelos BNDES são exemplos de como
o governo, parte da infraestrutura hard pode influenciar a infraestrutura soft (Khanna &
Palepu, 2011) a partir da exigência de atendimento à alguns requisitos técnicos em
contrapartida aos investimentos concedidos. Já F4 entende que carga fiscal sobre a produção
importada do exterior é menor e que aspectos mercadológicos são os mais relevantes em caso
de decisão de instalação de fábrica local. F3 entende que a produção local acarreta em maior

13 
 
 

segurança para o cliente. Isto porque se a empresa possui fábrica estabelecida no país, essa dá
maior segurança ao cliente sobre o cumprimento de garantias de manutenção dos produtos,
comuns às lâmpadas LED por sua alta durabilidade. O produto importado apresentaria maior
risco nesse sentido. A fabricação local é importante meio de expansão internacional
superando o modelo exportador na busca por mercados (Ernst & Kim, 2002). Portanto, a
proximidade com o consumidor e a segurança dada ao cliente pela reputação da empresa,
relacionados à imagem de marca e garantias nos produtos justificariam o investimento em
planta produtiva no Brasil (F1, F2, F3 e F4), assim que o mercado estivesse regulamentado
(F2, F4).

Conclusão:

A perspectiva institucional oferece importantes insights sobre como o contexto regulatório e


normativo em países emergentes afeta o seu ambiente competitivo (Peng et al., 2008). Este
estudo, a partir da premissa de que a iluminação por LED é a alternativa que oferece maior
eficiência energética dentre as disponíveis (Muniz, 2014; Pinto, 2008), analisa o impacto de
“vazios institucionais” que dificultam na sua adoção como forma de iluminação
economicamente mais eficiente no Brasil (Khanna & Palepu, 2011). O artigo explica o estagio
atual da regulamentação do mercado, as portarias do INMETRO RTP-477/2013 e RTP-
478/2013, em fase de audiência pública e as alterações em curso ao mostrar o cronograma de
descontinuação de lâmpadas incandescentes (figura 1). A partir desse panorama, o estudo
buscou compreender quais fatores do ambiente regulatório e normativo local que dificultariam
a adoção do LED como forma de iluminação energeticamente mais eficiente.
No referencial teórico foi dito que apesar de fundamentais para a competitividade de um país,
instituições que costumam regular os mercados ocidentais são fracas ou ausentes em
mercados emergentes (Khanna & Palepu, 2011; Peng et al., 2008). No caso investigado não se
pode concluir isso, pois as instituições existem (veja item b - Agências regulatórias, órgãos de
normatização e regulação de LED), porém elas ainda não conseguiram estabelecer as normas
e regras para a iluminação por LED no Brasil.
Tal situação, ou seja, um mercado carente de “regras do jogo” gera uma série de efeitos,
afetando a competitividade das empresas (Mia et al., 2009). O primeiro é que, dadas as
assimetrias de informações causadas pela dificuldade em comunicar para o consumidor quais
são os atributos das lâmpadas de LED (Khanna & Palepu, 2011), o mercado apresenta poucas
barreiras de entrada. Isso porque o mercado é novo (McKinsey, 2012), ainda não se
estabeleceram marcas fortes, e adicionalmente, não há nele normas e regulamentos que
limitem a venda de produtos de característica inferior. Nesse sentido, a publicação de normas
e seu modo de fiscalização poderia sanar esse “vazio” ao especificar parâmetros mínimos para
produtos adquiridos pelos consumidores.
Regular e normatizar o mercado imporia barreira de entrada de produtos, importados ou
nacionais, impedindo a venda fora das especificações. Conforme Peng et al. (2008), as
barreiras de entrada identificadas na literatura de negócios internacionais normalmente
abordam fatores mercadológicos ou produtivos, como aspectos ligados à marca ou à
economias de escala. Já o presente estudo relaciona de que forma estabelecer normas e
regulamentos pode criar uma barreira de entrada para produtos de baixa qualidade em
mercado emergente, como é o caso do Brasil. Essa barreira pode ser vista por alguns como
uma ameaça, como ocorre no caso de alguns dos importadores entrevistados. Eles precisariam
ajustar seus produtos aos novos parâmetros de qualidade dos produtos de LED vendidos no
Brasil buscando outros fornecedores que atendam os requisitos. Outros, como é o caso dos
fabricantes, poderiam aproveitar suas competências organizacionais obtidas localmente ou em
mercados mais avançados (Rugman, 2009) no desenvolvimento de produtos em LED e
14 
 
 

comercializar itens de melhor qualidade (Khanna & Palepu, 2011). Com as regras
estabelecidas, as condições competitivas seriam igualadas (Khanna & Palepu, 2011; North,
1990), permitindo a diferenciação dos produtos, o que eliminaria a assimetria de informações
existentes hoje nesse mercado, beneficiando principalmente os consumidores.
Ainda, a pesquisa revela que alguns dos fabricantes aguardam a definição de normas e
especificações para realizar investimentos produtivos no Brasil. Os fabricantes desejam a
segurança de que será possível diferenciar seus produtos e de que eles permanecerão
competitivos, em ambiente onde se inibem atitudes oportunistas resultantes de “vazios”
normativos e regulatórios. Logo, aspectos da infraestrutura hard como os estímulos do
BNDES à produção local serão efetivos na medida em que “vazios” da infraestrutura soft
forem resolvidos (Khanna & Palepu, 2011).
Devemos considerar esses resultados com algumas ressalvas. A primeira limitação é sobre o
viés dos pesquisadores e seus pré-conceitos que podem impactar os resultados, que foi
reduzido por meio de intensa pesquisa documental e revisão da literatura. A pesquisa foi
conduzida no setor de iluminação por LED. Como o setor e o sistema técnico de produção
importam como variáveis determinantes da capacidade competitiva das empresas (Kupfer &
Rocha, 2005), generalizações para outros setores e mercados devem ser feitas com cautela.
Como oportunidade de novos estudos, seria interessante abordar as opções estratégicas das
empresas que operam no mercado de iluminação por LED, dada a instabilidade do ambiente
institucional e normativo aqui já discutida. De acordo com Peng et al. (2009), estudos sobre
ambiente institucional não tem focado em compreender como o processo estratégico da
empresa é impactado pelos limites estabelecidos pelo ambiente competitivo, o que abre uma
interessante oportunidade de pesquisas futuras. Outro tema de interesse seria acompanhar o
mercado de LED após a regulamentação e verificar os seus efeitos. Dada a natureza
evolucionária das instituições e seus efeitos na estratégia empresarial (Peng et al., 2009), tal
pesquisa pode revelar aspectos interessantes sobre as respostas estratégicas das organizações
em ambiente de mudanças. Além disso, pode-se pesquisar se há e de que modo ocorre a
influência política das empresas sobre normas e regras e instituições nesse mercado.

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