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Direito Constitucional - Resumo

PODERES DO ESTADO

A Constituição Federal de 1988, como de tradição, adotou o sistema tripartido


de separação dos poderes, que são as de administrar, legislar e julgar. No Brasil,
essas três funções são exercidas pelo PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO E
JUDICIÁRIO, respectivamente. Essa separação procura, principalmente, evitar
abusos de poder, já que um poder fiscaliza e limita a atuação do outro. Esse
sistema denomina-se “pesos e contrapesos”. A divisão dos poderes, no entanto,
não é absoluta, sendo que cada um dos poderes exerce, em menor ou maior grau,
todas as funções.

 PODER EXECUTIVO

No Brasil, o Poder Executivo será exercido pelo Presidente da


República, auxiliado pelos Ministros de Estado. As atribuições do Presidente da
República estão listadas no art. 84 da Constituição Federal, citadas as principais:

o Nomear e exonerar seus Ministros de Estado;


o Exercer a direção superior da administração federal;
o Proceder à iniciativa de leis;
o Sancionar, promulgar e fazer publicar leis;
o Vetar projetos de lei;
o Editar decretos sobre a organização e o funcionamento da Administração
federal (desde que não aumente despesa, crie ou extinga órgão público);
o Declarar, por decreto, a extinção de cargos públicos, quando esses estiverem
vagos;
o Manter relações diplomáticas com Estados estrangeiros;
o Celebrar tratados internacionais, que serão posteriormente votados no
Congresso Nacional;
o Decretar Estado de Defesa, Estado de Sítio e Intervenção Federal;
o Exercer o comando supremo das Forças Armadas (Exército, Marinha e
Aeronáutica);
o Nomear os Ministros do Supremo e dos Tribunais Superiores, Governadores de
Território, Procurador-Geral da República, Ministros do Tribunal de Contas e o
Presidente e Diretores do Banco Central;
o Declarar a guerra e celebrar a paz;
o Prestar contas ao Congresso;
o Editar Medidas Provisórias.

São delegáveis aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao


Advogado-Geral da República as atribuições de expedir decretos sobre a
organização da administração federal, conceder indulto ou comutar penas, prover
os cargos públicos e, por fim, extingui-los, quando vagos.
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Caso o Presidente da República cometa algum crime, só poderá ser


processado se a Câmara dos Deputados autorizar (por dois terços de seus
membros). Em se tratando de crimes comuns (previstos no Código Penal), será ele
julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nas hipóteses de crime de responsabilidade,
o Presidente da República será julgado pelo Senado. São crimes de responsabilidade
todos aqueles atos que atentem contra a Constituição.

. MINISTROS DE ESTADO

Os Ministros de Estado terão a função de auxiliar o Presidente da República,


orientando os órgãos da administração relacionados à sua área de atuação,
expedindo decretos e resoluções, e praticando os demais atos que lhes sejam
designados. Serão escolhidos pelo Presidente da República, dentre quaisquer
brasileiros com mais de vinte e um anos de idade e que detenham seus direitos
políticos.

. CONSELHO DA REPÚBLICA

Trata-se de um órgão de consulta superior do Presidente, que terá a função


de se pronunciar sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de
sítio, além de tratar de quaisquer questões relevantes para a estabilidade
das instituições democráticas.

. CONSELHO DA DEFESA

Esse conselho também será um órgão de consulta do Presidente, com a


diferença de que tratará das questões relativas à soberania nacional e à
defesa do Estado. Competirá a esse conselho: opinar sobre as declarações de
guerra e de paz, opinar sobre a intervenção federal, o estado de defesa e o estado
de sítio e, por fim, propor medidas que visem uma melhor defesa do território
nacional, com o propósito de garantir a independência nacional e a defesa do
Estado Democrático.

 PODER JUDICIÁRIO

Caberá ao Poder Judiciário, aplicando a lei e todas as fontes de direito,


solucionar conflitos existentes na sociedade ou conflitos entre os próprios
poderes. O Judiciário É AUTÔNOMO, não se subordina a nenhum outro poder. Por
conta disso, ele mesmo elabora seus orçamentos. O Supremo Tribunal Federal,
órgão de cúpula do Poder Judiciário, poderá, exercendo seu poder de iniciativa,
propor o Estatuto da Magistratura (esse estatuto é a LOMAN, Lei Orgânica da
Magistratura).
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Os juízes possuem determinadas garantias que visam dar-lhes a segurança


necessária para que exerçam sua atividade de forma justa, sem se preocupar com
pressões. São elas:

o Vitaliciedade, adquirida, pelos juízes concursados, após dois anos de


atividade. Com essa garantia, só por sentença judicial transitada em julgado
será declarada a perda do cargo. Constitui requisito para o vitaliciamento a
participação em curso oficial ou reconhecido pela escola nacional de formação
e aperfeiçoamento de magistrados;
o Inamovibilidade, que significa que o magistrado não pode ser lotado em
outra localidade sem que haja o seu consentimento, salvo se o Tribunal assim
decidir, por voto de dois terços, em razão do interesse público;
o Irredutibilidade de subsídio (remuneração), que garante a impossibilidade
de se diminuir a quantia recebida pelos juízes em virtude do seu trabalho.

Aos magistrados É PROIBIDO:

o Exercer outro cargo público, salvo o de professor;


o Receber dinheiro ou outra vantagem por conta dos processos;
o Dedicar-se à atividade político-partidária;
o Receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou entidades públicas ou
privadas, salvo os casos previstos em lei;
o Exercer a advocacia, nos três anos após a sua aposentadoria ou exoneração,
junto ao Tribunal ou juízo no qual atuou.

. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO

O Poder Judiciário é formado pelos seguintes órgãos:

o Supremo Tribunal Federal;


o Conselho Nacional de Justiça;
o Superior Tribunal de Justiça;
o Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
o Tribunais e Juízes do Trabalho;
o Tribunais e Juízes Eleitorais;
o Tribunais e Juízes Militares;
o Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais


Superiores terão sede em Brasília. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais
Superiores têm jurisdição (poder de dizer o direito) em todo o território nacional. É
inerente à atividade judiciária a autonomia administrativa e financeira,
consubstanciada na capacidade de elaborar seus próprios orçamentos e
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gerenciá-los. Os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça são os
órgãos de segunda instância do Poder Judiciário, ou seja, julgam os recursos
interpostos de sentença dos juízes de primeiro grau. Por conta de sua importância,
determina a Constituição que um quinto das vagas dessas cortes é reservado a
membros do Ministério Público e Advogados, ambos com, pelo menos, dez anos de
carreira. Esse é o chamado “quinto constitucional”.

As decisões dos juízes (sentenças) não são absolutas. Quase sempre há


a possibilidade de revisão por um órgão superior a este. Assim sendo, os tribunais
têm a função maior de revisar os julgados das sentenças dos juízes.

 PODER LEGISLATIVO

O Poder Legislativo federal é bicameral, composto por duas câmaras, exercido


pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal. Não há hierarquia entre as casas, sendo que o que uma decidir será revisto
pela outra.

Cabe ao Poder Legislativo a função precípua de elaborar leis, ou seja,


legislar. Além dessa função, também cabe ao Legislativo a fiscalização e o
controle dos atos do Executivo, função esta exercida com apoio do Tribunal de
Contas.

O Congresso Nacional é um órgão que representa o Poder


Legislativo, sendo formado pelo conjunto de duas casas, quais seja, a Câmara
dos Deputados e o Senado Federal, cada qual com seus regimentos internos
próprios. Existem dois tipos de competências previstas para o Congresso Nacional:

O primeiro tipo de competência trata-se da COMPETÊNCIA LEGISLATIVA, que


será exercida visando à formação de leis, sendo, portanto, sujeitas à sanção
presidencial. Esse dispositivo demonstra que cabe ao Congresso dispor sobre
aquelas matérias tidas como de competência legislativa da União. O segundo
compõe as COMPETÊNCIAS DELIBERATIVAS do Congresso Nacional, que se referem
aos atos que o Congresso Nacional irá exercer sem a necessidade de sanção do
Presidente da República, por meio de decretos. Dessas atribuições destacam-se as
seguintes (art. 49, CF/88):

• Resolver sobre tratados internacionais que resultem em encargos ao patrimônio


nacional;
• Autorizar o Presidente a declarar guerra ou celebrar a paz;
• Autorizar o Presidente a se ausentar do país por um período superior a 15 dias;
• Julgar, anualmente, as contas prestadas pelo Presidente da República;
• Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
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• Autorizar referendo e convocar plebiscito.

A CÂMARA DOS DEPUTADOS compõe-se de representantes do povo,


eleitos pelo sistema proporcional, segundo o qual o número de deputados varia
de acordo com a população do Estado, respeitando-se o limite mínimo de oito e
o máximo de setenta Deputados Federais por Estado. A Constituição cita as
competências privativas da Câmara dos Deputados (art. 51), sendo as principais:

• autorizar a instauração de processo contra o Presidente da República;


• elaborar seu regimento interno;
• dispor sobre sua organização e seus servidores;
• eleger membros do Conselho da República.

O SENADO é a casa legislativa que representa os Estados, sendo que,


ao invés de seguir o sistema proporcional, segue o princípio majoritário.
Cada Estado e o Distrito Federal elegem três senadores. O art. 52 da Constituição
Federal de 1988 enumera as atribuições do Senado Federal, sendo que as principais
são:

• processar e julgar o Presidente da República e o Vice-Presidente da República nos


crimes de responsabilidade (quando um Ministro de Estado ou Comandante das
Forças Armadas praticar um crime conexo com o Presidente da República e Vice-
Presidente, também é julgado pelo Senado, ao invés de ser processado junto ao
Supremo Tribunal Federal);
• processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade;
• aprovar a escolha de alguns magistrados, Ministros do Tribunal de Contas da
União, Procurador-Geral da República.
• estabelecer limites globais para a dívida dos Estados, Distrito Federal e
Municípios;
• elaborar seu Regimento Interno;
• dispor sobre sua organização e seus servidores;
• eleger membros do Conselho da República.

Uma das principais garantia de independência do Poder Legislativo é a


capacidade de auto-organização das casas legislativas. A Câmara dos Deputados, o
Senado Federal e o Congresso Nacional terão Regimentos Internos próprios, que
seguirão algumas regras previstas na própria Constituição.

. COMPOSIÇÃO DAS MESAS

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Cada órgão terá sua mesa, eleita dentre seus membros para mandato de dois
anos. A Constituição determina que o Presidente do Senado Federal irá presidir a
mesa do Congresso Nacional, e os demais lugares serão ocupados alternadamente,
pelos devidos ocupantes das mesas do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados.

. QUORUM PARA DELIBERAÇÃO

Via de regra, as deliberações serão tomadas por maioria simples,


presente a maioria absoluta dos membros da casa. Em casos excepcionais, é
necessário quorum qualificado, exigindo-se, por exemplo, maioria absoluta para
cassar mandato parlamentar, aprovar lei complementar, exonerar ou aprovar o
Procurador-Geral da República e aprovar nomes indicados para Ministro do Supremo
Tribunal Federal. Exige-se, por sua vez, maioria de dois terços da Câmara dos
Deputados para autorizar instauração de processo por crime de responsabilidade,
três quintos para aprovar Emenda Constitucional e dois quintos para cancelar
concessão de rádio e TV, que são exemplos de maiorias qualificadas.

. SESSÕES LEGISLATIVAS

Cada legislatura dura quatro anos, compreendendo quatro sessões


legislativas (uma a cada ano). As sessões legislativas são divididas em dois
períodos, o primeiro de 15 de fevereiro a 30 de junho e o segundo de 1º de agosto a
15 de dezembro. Pode haver sessões legislativas extraordinárias no período de
recesso, convocadas pelo Presidente do Senado nos casos de intervenção federal,
estado de defesa ou estado de sítio e convocadas pelo Presidente da República, do
Senado ou da Câmara em caso de extrema urgência. Nessas sessões, serão
decididas apenas as matérias para as quais foram convocadas, salvo se existirem
medidas provisórias, que serão automaticamente inseridas na pauta de votação.

. COMISSÕES PARLAMENTARES

O Congresso Nacional e suas casas possuirão comissões, com formação e


competências próprias. Essas comissões se dividem em permanentes e
temporários. Os permanentes possuirão a mesma formação durante a legislatura e
tratarão de assuntos predeterminados. As comissões temporárias serão constituídas
por tempo determinado para tratarem de matérias específicas, sejam quais forem.
As comissões poderão:

- Votar matérias que dispensem a apreciação do plenário;


- Convocar Ministros de Estado para prestarem informações (vide art. 50, CF/88);
- Receber reclamações de entidades públicas;
- Solicitar depoimentos;
- Apreciar planos e programas nacionais ou regionais.
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A Constituição estipula duas comissões que terão um papel extremamente


importante nas atividades do Congresso Nacional. São elas: a Comissão
Representativa e as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s).

. PRERROGATIVAS PARLAMENTARES (Estatuto dos Congressistas)

Os parlamentares (Deputados e Senadores) possuem certas garantias que


visam dar-lhes a devida proteção no exercício de sua função. As principais dessas
garantias são as IMUNIDADES, que se classificam em Imunidade Parlamentar
Material (o parlamentar não comete crime de opinião, não podendo ser
responsabilizado por suas palavras, votos, etc.) e Imunidade Formal (parlamentar
terá de ter seu processo-crime sustado por sua casa legislativa, a pedido de seu
partido político ou da maioria dos seus membros. Além disso, em virtude dessa
imunidade, o parlamentar não pode ser preso, salvo em caso de flagrante delito de
crime que não admita fiança).

. INCOMPATIBILIDADES

As incompatibilidades (situações que impossibilitam sua investidura no


cargo) dos deputados e senadores são apuradas em dois momentos: em primeiro
lugar, na EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA (Manter contrato ou exercer cargo, função ou
emprego remunerado em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço
público) e, em segundo lugar, quando da POSSE (Ser proprietário, diretor, ocupar
cargo, função ou patrocinar causa relativa às empresas anteriormente citadas, Ser
titular de mais de um cargo público eletivo).

o PROCESSO LEGISLATIVO

O processo legislativo corresponde a uma série de atos que visam à


confecção das espécies legislativas, quais sejam, as emendas constitucionais,
leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos
legislativos e resoluções. Várias são as etapas que compõem a atividade legislativa,
vejamos:

. INICIATIVA

A iniciativa é o ato que dá início ao processo legislativo por meio de


um projeto de lei. Várias são as pessoas que podem dar início ao processo
legislativo, dentre elas os próprios parlamentares, o Presidente da República, o
Procurador Geral da República, o Supremo Tribunal Federal e o povo. A iniciativa
popular tem como requisito a assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído
pelo menos por cinco Estados com, no mínimo, 0,3% dos eleitores de cada um
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deles. Algumas leis só podem ser iniciadas pelo Presidente da República. São elas
as que disponham sobre: fixação do efetivo das Forças Armadas e Regime Jurídico
dos Militares; cargos públicos e seus regimes jurídicos; organização dos serviços
públicos; organização do Ministério Público e Defensoria Pública da União e regras
gerais para os Estados, DF e Territórios; criação e extinção de Ministérios e órgãos
da administração pública.

. VOTAÇÃO

A discussão e a votação do projeto serão feitas nas duas Casas


Legislativas. Via de regra, o projeto é iniciado na Câmara dos Deputados, salvo
quando sua iniciativa venha de um Senador, oportunidade em que a votação será
iniciada no Senado. Temos, assim, a atuação de duas casas na votação do projeto, a
casa iniciadora e a revisora. Podem ocorrer três hipóteses:

1ª) A casa iniciadora e a casa revisora aprovam. Resultado: o projeto é


encaminhado ao presidente para a sanção.
2ª) Casa iniciadora aprova e casa revisora desaprova. Resultado: o projeto é
arquivado.
3ª) Casa iniciadora aprova e casa revisora emenda. Resultado: o projeto é
reencaminhado à casa iniciadora para a votação das emendas.

. SANÇÃO

Sanção significa a concordância, a aceitação do Presidente da


República, aplicada ao projeto de lei. Somente irão para o Presidente os
projetos aprovados pelas duas casas. Existem duas formas de sanção: a expressa e
a tácita. O Presidente terá quinze dias para sancionar expressamente sua
aquiescência ao projeto, caso não o faça, considerar-se-á que ele o aceita, ou seja,
ocorrerá a sanção tácita.

. VETO

Nos quinze dias de que o Presidente dispõe para sancionar, ele também pode,
ao invés disso, vetar, ou seja, recusar o projeto, total ou parcialmente. Caso seja
parcial, não poderá alcançar somente palavras ou expressões, mas deverá abolir
por completo um artigo, parágrafo, inciso ou alínea. O veto, no entanto, NÃO É
ABSOLUTO, sendo apreciado posteriormente pelo Congresso Nacional, que poderá
derrubar esse veto desde que assim o entenda por maioria absoluta de seus
membros.

. PROMULGAÇÃO

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A promulgação é o ato que declara a existência da lei, dando validade a
ela.

. PUBLICAÇÃO

Com a publicação da lei, dá-se a ciência à sociedade da existência e do conteúdo


dessas no mundo jurídico. Caberá, à autoridade que promulgou a lei, publicá-
la. O espaço de tempo entre a publicação e a vigência, se houver, é chamado de
VACATIO LEGIS, ou VACÂNCIA DA LEI, que é um período de adaptação à nova
lei, definido pelo legislador.

o ESPÉCIES LEGISLATIVAS

As espécies legislativas são os objetos do processo legislativo, podendo se


manifestar das seguintes maneiras:

. EMENDAS CONSTITUCIONAIS

Emendas à Constituição, inserem, no texto constitucional, novas


determinações, estando o legislador atuando como constituinte derivado. Podem
dar início a uma emenda um terço, no mínimo, dos membros de qualquer das casas
legislativas (Câmara ou Senado), o Presidente da República ou mais da metade das
Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma
delas, pela maioria relativa de seus membros. A proposta de emenda constitucional
será votada e discutida em cada uma das casas legislativas e será considerada
aprovada se obtiver voto favorável de pelo menos três quintos dos votos de seus
parlamentares. Assim sendo, não será objeto de votação a emenda que queira
acabar com:

- a forma federativa do Estado;


- o voto direto, secreto, universal e periódico;
- a separação dos Poderes;
- os direitos e garantias individuais.

. LEIS COMPLEMENTARES

As leis complementares são leis para as quais o constituinte reservou certas


matérias, consideradas de maior importância. Essas leis exigirão, para que
sejam aprovadas, os votos da maioria absoluta das respectivas casas.

. LEIS ORDINÁRIAS

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As leis ordinárias, como o próprio nome diz, são aquelas que tratam de
todas as matérias possíveis, sem qualquer rito especial para sua aprovação
(requer somente maioria simples, que significa mais da metade dos presentes).
Existem basicamente duas limitações às leis ordinárias, quais sejam, NÃO PODEM
DISPOR sobre matérias reservadas a lei complementar nem tratar sobre assuntos
de competência privativa das casas legislativas (tratadas por decretos legislativos).

. LEIS DELEGADAS

Leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, mediante


autorização expedida pelo Congresso Nacional, para determinados
assuntos. O Congresso Nacional pode, quando da autorização, determinar que a lei
fique condicionada a uma posterior votação, que será única e sem a possibilidade
de emendas. Não podem ser objeto de leis delegadas:

- Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional ou de qualquer de suas


casas;
- Organização do Judiciário ou do Ministério Público;
- Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
- Questões orçamentárias.

. MEDIDAS PROVISÓRIAS

A faculdade de que o Presidente da República dispõe de expedir medidas


provisórias permite a ele que tome medidas com força de lei, quando houver
uma grande urgência e relevância. Depois de publicada, a medida provisória é
encaminhada ao Congresso para que se decida se transforma a medida em lei ou se
será derrubada. Esse instrumento, porém, sofre uma série de modificações
inerentes a sua característica de urgência, como por exemplo:

- não pode tratar de: nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos,
direito eleitoral, direito penal, direito processual penal e processual civil,
organização do Judiciário e do Ministério Público, matérias orçamentárias, seqüestro
de bens ou aplicações financeiras;
- não pode dispor sobre matérias reservadas às leis complementares, nem matérias
já disciplinadas pelo Congresso Nacional e pendentes de sanção presidencial.
- terão duração de, no máximo, sessenta dias, prorrogável por mais sessenta;
- se a medida não for apreciada pelo Congresso em quarenta e cinco dias, será
incluída em caráter de urgência na pauta de votação, nada mais podendo ser
votado, caso não seja votada a Medida Provisória;
- Não se pode reeditar medida provisória que já tenha sido rejeitada ou que tenha
perdido sua eficácia por não ter sido apreciada.

. DECRETOS LEGISLATIVOS E RESOLUÇÕES


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Os decretos legislativos, na verdade, são leis que não precisam de sanção


do presidente. Serão sempre utilizados quando se tratar de questões referentes
às competências exclusivas da casa Legislativa, tendo sempre uma força normativa
para toda a sociedade (externa). São elaborados pelo Congresso Nacional, com
tramitação por ambas as casas e aprovados por maioria relativa.

As resoluções, por sua vez, são atos de caráter interno, que visam
regular o bom funcionamento das atividades legislativas. São elaboradas
pelo Congresso Nacional ou por cada casa legislativa de forma isolada, sempre por
maioria relativa. Essa espécie legislativa também prescinde de sanção presidencial.

HIERARQUIA DAS NORMAS

Na hierarquia federativa das normas, podemos distinguir a seguinte ordem:

1. Constituição Federal, norma maior e que estipula as demais competências;


2. Constituições Estaduais e Lei Orgânica do Distrito Federal, que se
subordinam à Constituição Federal e com ela devem guardar similitude
(princípio da simetria);
3. Leis Orgânicas dos Municípios, sujeitas à Constituição Federal e às
Constituições Estaduais.

A ORDEM HIERÁRQUICA DAS NORMAS FEDERAIS pode ser assim


enumerada:

1. Constituição Federal, Revisões Constitucionais e Emendas Constitucionais,


sendo que as duas últimas não podem contrariar a primeira;
2. Leis Complementares;
3. Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos,
Resoluções Legislativas e Tratados Internacionais;
4. Atos Normativos editados pela Administração Pública que têm força
normativa, mas não podem inovar nem criarem direitos e obrigações.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CF/88

. SOBERANIA

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Esse princípio subdivide-se em nacional e popular (direta e indireta). A
SOBERANIA NACIONAL determina a não-sujeição de um País a qualquer
ordem que não derive de seu governo. Não deve o Brasil obedecer a ordens de
quaisquer outros países, por exemplo, não deve se subordinar a nenhum outro
organismo internacional. Além disso, soberania também significa a capacidade de
estabelecer as divisões internas de competência. Já a SOBERANIA POPULAR é
aquela que o povo exerce, sendo direta quando o povo o faz sem
intermédio, dizendo o que realmente quer, como no plebiscito ou na
iniciativa popular de leis. Por sua vez, será indireta quando exercida por meio de
representantes eleitos democraticamente.

. CIDADANIA

Em primeira análise, esse princípio corresponde a uma série de direitos e


deveres reservados àqueles que detêm a capacidade eleitoral ativa e
passiva, o que, em outras palavras, quer dizer poder de votar e ser votado.

. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Significa que todos terão direito a serem tratados de forma digna,


respeitosa e honrosa. Tal princípio traz uma série de reflexos, como a proibição
de tortura, de penas perpétuas, de penas de morte, etc.
. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E A LIVRE INICIATIVA

Ao se respeitar não só os valores econômicos, que significam alcançar o maior


lucro possível em menor tempo, mas também os valores sociais do trabalho, o
constituinte busca proteger o trabalhador das arbitrariedades, da despedida
arbitrária, dos trabalhos indignos, enfim, uma série de garantias que valorizem
o trabalhador na sociedade e não que o tratem como mera mercadoria. Por
sua vez, a defesa da livre iniciativa visa impedir que algum grupo
monopolize o mercado, usando de seu poderio econômico para impedir
novas iniciativas de empresas de menor porte.

. PLURALISMO POLÍTICO

Significa que poderão existir várias concepções, várias idéias, vários


grupos políticos, mesmo que contrários às idéias do governo.

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

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Também conhecidos como Liberdades Públicas, Direitos Humanos, os Direitos
e Garantias funcionam como freios e limitadores ao poder do Estado frente às
pessoas, bem como de uma pessoa contra outra.

DIREITOS são prerrogativas legais que visam concretizar a convivência


digna, livre e igual de todas as pessoas. Representam, por si só, certos bens e
vantagens prescritos na norma constitucional. São também conhecidas como
disposições meramente declaratórias, pois apenas imprimem existência legal aos
direitos reconhecidos.

GARANTIAS destinam-se a assegurar a fruição desses bens. Os direitos


são principais, as garantias são acessórias. São as disposições assecuratórias, pois
se colocam em defesa dos direitos, limitando o poder do Estado ou de outra pessoa.

Enquanto os direitos identificam-se pelo caráter declaratório e


enunciativo, as garantias caracterizam-se pelo seu caráter instrumental.

 DIREITOS FUNDAMENTAIS

1. Direitos Individuais (art. 5º)


2. Direitos Coletivos (art. 5º).
3. Direitos Sociais (art. 6º a 11 e art. 193 e seg.)
4. Direitos à Nacionalidade (art. 12)
5. Direitos Políticos (art. 14 a 17)

o CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

. DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO

São os direitos de defesa do indivíduo perante o Estado, consagrando as


liberdades públicas (direitos civis) e os direitos políticos, garantindo o direito à vida,
à liberdade e à propriedade. São denominados direitos negativos, pois exige do
Estado um comportamento de abstenção, evitando atentar contra a vida, turbar a
propriedade ou praticar prisões indevidas. Inspiraram-se no direito à liberdade.

. DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO

São os direitos sociais, tais como o direito ao trabalho, à greve, à saúde, à


educação, e também os direitos econômicos e culturais. Buscam a satisfação das
carências coletivas do ser humano. São denominados de direitos positivos, pois,
diferentemente dos de primeira geração, não requer abstenção do Estado, mas lhe
estabelece obrigações. Inspiraram-se no direito à igualdade.

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. DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO

Surgiu com a necessidade do preservacionismo ambiental, a paz no mundo, o


desenvolvimento econômico dos países, etc. Enquanto os direitos de primeira
geração se voltam para a individualidade e os de segunda para a coletividade, os
de terceira visam os interesses difusos. Levam em conta que o ser
humano é inserido em uma coletividade e passa a ter direitos de
solidariedade (ou fraternidade).

. DIREITOS DE QUARTA GERAÇÃO

Apontam para os avanços da engenharia genética que terminam por


colocar em risco a própria existência humana.

o CARACTERISTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

1. Universalidade - Destinam-se a todos os seres humanos,


indiscriminadamente, que se encontre em solo brasileiro.

2. Limitabilidade - Não são absolutos, pois são passíveis de conflitos com


outros direitos. Nessas hipóteses cabe ao magistrado ou intérprete decidir
qual direito deverá prevalecer, levando em conta o princípio maior a ser
preservado. Há uma limitação recíproca de um para com o outro.

3. Concorrência - Pode ser exercida cumulativamente, quando, por exemplo,


o jornalista transmite uma notícia (direito de informação) e, juntamente,
emite uma opinião (direito de opinião).

4. Irrenunciabilidade - O que pode ocorrer é o seu não-exercício, mas nunca


a sua renuncia.

5. Inalienalibilidade - Como são conferidos a todos, são indisponíveis, não se


podendo aliená-los por não possuírem conteúdo econômico-patrimonial.

6. Imprescritibilidade - Prescrição é um instituto jurídico que somente atinge


a exigibilidade dos direitos personalíssimos. Se forem sempre exercíveis e
exercidos, não há intercorrência temporal de não exercício que fundamente
a perda da exigibilidade pela prescrição.

o DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

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O rol de direitos e garantias individuais e coletivos baliza e estrutura o
convívio social, além de, ao mesmo tempo, por serem consagrados
constitucionalmente, apresentarem-se como marcos perenes a obstacularem injusta
investida do Estado ou de outro particular contra a liberdade, a segurança ou o
patrimônio de outrem.

Tais direitos são constituídos de direitos explícitos e implícitos. Estes últimos


são “decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Os explícitos,
por sua vez, são de cinco categorias, cujos objetivos imediatos são a vida, a
igualdade, a liberdade, a segurança e a propriedade, já que, o objeto mediato
de todas é sempre a liberdade. Assim dispostos, a proibição da pena de morte
(inciso XLVII); a proteção à dignidade humana (inciso III), se refere à proteção do
direito à vida, já o princípio da isonomia (art. 5°, caput e inciso I) constitui
proteção ao direito à igualdade, o direito de locomoção (incisos XV e LXVIII); de
pensamento (incisos IV, VI, VII, VIII e IX); de reunião (inciso XVI); de associação
(incisos XVII A XXI); de profissão (inciso XIII); de ação (inciso II), são direitos que
visam assegurar a liberdade; enquanto do domicílio (inciso XI); em matéria
penal (incisos XXXVII a LXVII); dos direitos subjetivos em geral (inciso XXXVI), são
direitos que visão assegurar a segurança, e a propriedade em geral (inciso
XXII); de propriedade artística, literária e científica (incisos XXVII a XXIX); hereditária
(XXX e XXXI), são direitos que visão assegurar a propriedade.

o DIREITOS SOCIAS

Dedica à constituição um capítulo inteiro aos direitos sociais, quais seja, a


educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência
aos desamparados.

o DIREITOS À NACIONALIDADE

Nacionalidade é o laço de caráter político e jurídico que liga um


indivíduo a um determinado estado, de forma a qualificá-lo como parte
integrante do povo. Esse laço impõe muitos direitos e muitos deveres àqueles
que o integram. Existem duas espécies de nacionalidade:

- Primária ou originária, aquela que resulta do nascimento.


- Secundária ou adquirida, a que se adquire após o nascimento.

. PRIMARIA

No Brasil, a constituição denominou natos aqueles brasileiros que


adquirem a nacionalidade primária. A nacionalidade primária pode ser
15
Direito Constitucional - Resumo
estabelecida pelo “ius soli”, que é aquele determinado pelo local de nascimento, ou
pelo “ius sanguinis”, quando a aquisição se dá pela descendência, ou seja, pelo
sangue. São brasileiros natos:

1º caso:

- Nascidos no Brasil;
- Mesmo que de pais estrangeiros, desde que ambos não estejam a serviço de seu
país de origem.

2º caso:

- Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro (não importa se nato ou


naturalizado), a serviço do Brasil. Por exemplo, o filho de uma diplomata brasileira a
serviço em cuba.

3º caso:

- Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde que;

a) Venha morar no Brasil (não há limite de tempo, bastando que se concretize a


vontade de estabelecer residência) e ainda;
b) Optem pela nacionalidade brasileira (essa opção só poderá ser exercida após
seja atingida a maioridade perante um juiz federal). A jurisprudência do STF diz que
nesse caso a nacionalidade é primária, pois existe desde o nascimento, ficando
apenas sujeita a uma condição para o seu implemento.

. SECUNDÁRIA

Existem duas formas de se adquirir a nacionalidade brasileira. São brasileiros


naturalizados:

1º caso (naturalização ordinária):

- Estrangeiros originários de país de língua portuguesa;


- Residam a pelo menos um ano, sem interrupção, no Brasil (não configura
interrupção, por exemplo, uma viagem de férias, etc.).
- Idoneidade moral, ou seja, tenha uma conduta moralmente correta perante a
sociedade.

2º caso (naturalização extraordinária):

- Estrangeiros de qualquer nacionalidade;


- Residentes no Brasil há pelo menos quinze anos, sem interrupção;
16
Direito Constitucional - Resumo
- Não possuam condenação penal;
- Requeiram a naturalização.

O primeiro caso de naturalização depende de um ato discricionário do


presidente da república, enquanto o segundo caso configura um direito
subjetivo do estrangeiro, ficando o estado brasileiro obrigado a concedê-la caso
todos os requisitos estejam preenchidos.

Aos portugueses residentes no Brasil serão atribuídos os mesmos direitos


reservados aos brasileiros, não importando o tempo que aqui residam, desde que
Portugal assim proceda com os brasileiros lá residentes. Essa é a chamada quase-
nacionalidade, que não abrange o acesso aos cargos privativos de brasileiros natos.

Não poderá haver distinções entre brasileiros natos e naturalizados, salvos os


previstos na constituição, como, por exemplo, as possibilidades de extradição dos
brasileiros natos, as restrições quanto à propriedade de empresas de comunicação
social e os cargos privativos de brasileiros natos.

São cargos privativos, ou seja, reservados apenas aos brasileiros natos:

17
Direito Constitucional - Resumo

- Presidente e Vice-presidente da - Carreira Diplomática; - Oficial das


República; Forças Armadas
- Presidente da Câmara dos - Ministro de Estado da Defesa.
Deputados; - Membros do Conselho da
- Presidente do Senado Federal; República (art. 89, VII)
- Ministro do Supremo Tribunal
Federal;

o DIREITOS POLÍTICOS

Esta parte da constituição prevê uma série de regras destinadas a


delimitar a forma de atuação do indivíduo nas decisões do estado.
Aquele que se enquadra dentro dos requisitos impostos pela constituição
para atuar ativamente na vida política do país recebe a denominação
“cidadão”. A atuação política é um direito público subjetivo que confirma a
opção feita no parágrafo único do art. 1°, de um regime político democrático
onde “o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição”.

Segundo o art. 60, § 4°, o voto direto, secreto, universal e


periódico é cláusula pétrea, ou seja, algo que não pode ser extinto
da constituição. Cabe ressaltar que não é cláusula pétrea o voto
obrigatório, o que nos leva a pensar que podemos um dia vir a ter uma
emenda constitucional que institua o voto facultativo para todos.

A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo


voto direto e secreto, com valor igual para todos. Outras formas de
exercício da soberania popular são o plebiscito, o referendo e a
soberania popular. Tanto o plebiscito quanto o referendo são formas de
perguntar aos cidadãos o que eles pensam sobre determinada opção política
do estado. A grande diferença entre o plebiscito e o referendo é que naquele
o estado primeiro pergunta ao cidadão e depois age, ao contrário do
referendo, em que primeiro o estado age e depois questiona os cidadãos se
eles aceitam determinado ato. A iniciativa popular de lei é uma forma de os
cidadãos iniciarem um projeto de lei, que será votado pelo congresso
nacional, pelas assembléias legislativas ou pela câmara municipais de
vereadores, conforme a iniciativa seja de ato legislativo federal, estadual ou
municipal, respectivamente.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

18
Direito Constitucional - Resumo

Do ponto de vista político-administrativo, a República Federativa do


Brasil se divide em UNIÃO (não confundir com governo federal), ESTADOS,
DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS, sendo todos os entes autônomos, ou
seja, possuem capacidade de auto-organização, auto-governo e de auto-
administração.

. VEDAÇÕES

Nenhum dos entes políticos anteriormente citados pode:

1º) Estabelecer, patrocinar, impedir o funcionamento e/ou criar dependência


a cultos religiosos ou igrejas.
2º) Recusar fé a documentos públicos. Os documentos públicos são dotados
de presunção de legitimidade, o que significa que se presumem verdadeiros
os dados neles constantes. Não pode, portanto, qualquer órgão da
administração negar validade a um documento público, como, por exemplo,
uma certidão de nascimento ou uma escritura de imóvel, salvo se provada
alguma irregularidade.
3º) Criar regras que estabeleçam privilégios para alguns brasileiros, em
detrimento do restante do povo, ou entre os entes autônomos entre si.

o UNIÃO

A União, ente político dotado de autonomia, constitui uma pessoa


jurídica de direito público interno com função político-administrativa
em todo o território nacional. Não devemos confundir a União com a
República, já que a primeira é dotada de mera autonomia, enquanto a
segunda, de soberania. Em alguns momentos, a União exerce funções de
soberania, como manter relações com outros Estados ou declarar guerra e
celebrar a paz, mas a titularidade da soberania continua com a República
Federativa do Brasil.

. BENS DA UNIÃO

A Constituição Federal determinou, em seu art. 20, os bens da União,


que são: os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos; as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei; os lagos, rios e quaisquer correntes
de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; as
ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
19
Direito Constitucional - Resumo

marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas destas as áreas


referidas no art. 26, II; os recursos naturais da plataforma continental e da
zona econômica exclusiva; o mar territorial; os terrenos de marinha e seus
acrescidos; os potenciais de energia hidráulica; os recursos minerais,
inclusive os do subsolo; as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos e, por fim, as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios. Essa é uma enumeração exemplificativa, não
impedindo que a União venha a adquirir outras modalidades de bens.

. COMPETÊNCIAS

A Constituição Federal de 1988 determinou as competências da União,


de forma a estipular sua área de atuação tanto na área administrativa como
na legislativa. Dessa maneira, dividiram-se as competências em dois grupos,
quais sejam as competências ADMINISTRATIVAS, que são aquelas tarefas
que o governo executará na condição de gerente das contas
públicas, e, por fim, as competências LEGISLATIVAS, que são as áreas que
a União poderá disciplinar por meio de leis elaboradas pelo
Legislativo Federal, representado pelo Congresso Nacional.

o ESTADOS FEDERADOS

Os Estados Federados, como analisado na Parte I, Capítulo III, são


entes políticos dotados de autonomia, caracterizada por três elementos:

- Auto - Organização
- Auto - Governo
- Auto - Administração

Devemos ressaltar que a competência dos Estados se define


como remanescente, visto que caberão aos Estados todas as atribuições
que a Constituição não proíba. Além, é claro, das competências
administrativas comuns e legislativas concorrentes citadas anteriormente.
Um exemplo de caso de competência expressa ao Estado-membro é a
atribuição de explorar os serviços locais de gás canalizado.

. AUTO-ORGANIZAÇÃO

É a previsão de que os Estados estabelecerão suas próprias


constituições e suas próprias leis, seguindo sempre os preceitos
maiores previstos na Constituição. Essa capacidade será exercida
primordialmente pelo Poder Legislativo Estadual.

20
Direito Constitucional - Resumo

. AUTOGOVERNO

É a capacidade de escolher seus próprios governantes, que, no


caso, serão os próprios Deputados Estaduais, Governador e Vice. Os cargos
do Executivo (Governador e Vice) seguirão as seguintes regras:

- As eleições serão realizadas no primeiro domingo de outubro e no último,


se houver segundo turno, sempre no ano anterior à posse.
- O mandato será de quatro anos, permitida a reeleição apenas uma única
vez.
- A posse será em 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição.
- O Governador não pode assumir outro cargo ou função pública, salvo em
virtude de concurso público, sob pena de perda do mandato.
- Os subsídios (remuneração) do Governador, Vice e Secretários serão
definidos por Lei Estadual.

. AUTO-ADMINISTRAÇÃO

A capacidade de auto-administração dos Estados é evidente diante da


grande função Estadual de administrar recursos e serviços públicos. Diante
disso, verifica-se a capacidade constitucionalmente instituída, por
exemplo, de organizar regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, visando um melhor planejamento.

Constituem-se bens dos Estados todos aqueles elencados no art. 26 da


Constituição Federal de 1988, quais sejam:

• As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em


depósito, ressalvadas, nesse caso, na forma da lei, as decorrentes de obras
da União;
• As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União, de Municípios ou de terceiros;
• As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; e
• As terras devolutas não compreendidas entre as da União.

o MUNICIPIOS

Assim como os Estados, os Municípios possuem plena autonomia,


constituída pela capacidade de se auto-organizar, autogovernar e
auto-administrar. Os municípios podem ser criados, incorporados ou
desmembrados, desde que haja uma lei estadual autorizando tal
procedimento e tenha havido um plebiscito (consulta prévia) com a
21
Direito Constitucional - Resumo

população dos municípios envolvidos. Outro requisito para a criação,


incorporação de um Município ou o seu desmembramento é a divulgação de
Estudos de Viabilidade Municipal. O período em que será possível tal
procedimento será definido em lei complementar federal. A auto-
organização, que é a capacidade de criar normas próprias, compreenderá,
nos Municípios, as suas próprias leis e a Lei Orgânica do Município, que será
votada em dois turnos, com um espaço de tempo de pelo menos 10 dias e
aprovada por 2/3 da Câmara Municipal.

Todo Município tem sua Lei Orgânica, que, respeitando a Constituição


Federal e a Constituição Estadual respectiva, irá definir a forma de
organização do Município.

o DISTRITO FEDERAL

O Distrito Federal é mais um ente político dotado de autonomia,


que, ACUMULANDO COMPETÊNCIAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS, terá as
seguintes características:

• Será regido por uma Lei Orgânica.


• O Executivo é representado pelo Governador, e o Legislativo, pela Câmara
Legislativa, formada por Deputados Distritais.
• As eleições seguem as mesmas regras das eleições dos Estados, inclusive
quanto à duração dos mandatos.
• A Câmara Legislativa acumula as competências legislativas dos Estados e
dos Municípios.
• É proibida a divisão do Distrito Federal em Municípios (a Lei Orgânica do
Distrito Federal, que tem status de constituição estadual, determina a
divisão do DF em regiões administrativas).
• O Poder Judiciário do Distrito Federal, assim como sua Defensoria Pública e
seu Ministério Público, serão organizados e mantidos pela União.

o TERRITÓRIOS

Os territórios são meras unidades administrativas, previstas


constitucionalmente, com status de autarquia federal, NÃO POSSUINDO,
portanto, AUTONOMIA. Poderão ter poderes próprios, ter divisão em
Municípios e elegerão quatro Deputados Federais. Suas contas serão
submetidas ao Congresso Nacional. Apesar da previsão constitucional,
atualmente não existem territórios, sendo que os últimos (Fernando de
Noronha, Amapá e Roraima) ou foram transformados em Estados, ou
incorporados.

22
Direito Constitucional - Resumo

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os fins da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA resumem-se num único objetivo:


o bem comum da coletividade administrada. Toda atividade do
administrador público deve ser orientada para esse objetivo. Se dele o
administrador se afasta ou desvia, trai o mandato de que está investido,
porque a comunidade não institui a administração sendo como meio de
atingir o bem-estar social. Ilícito e imoral será todo ato administrativo que
não for praticado no interesse da coletividade.

o PRINCÍPIOS (LIMPE)

. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (L)

 Segundo ele, todos os atos da Administração têm que estar em


conformidade com os princípios legais. Este princípio observa não só as
leis, mas também os regulamentos que contém as normas administrativas
contidas em grande parte do texto Constitucional. Quando a Administração
Pública se afasta destes comandos, pratica atos ilegais, produzindo, por
conseqüência, atos nulos e respondendo por sanções por ela impostas
(Poder Disciplinar). Os servidores, ao praticarem estes atos, podem até ser
demitidos.

Um administrador de empresa particular pratica tudo aquilo que a lei


não proíbe. Já o administrador público, por ser obrigado ao estrito
cumprimento da lei e dos regulamentos, só pode praticar o que a lei permite.
É a lei que distribui competências aos administradores.

. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE (I)

No art. 37 da CF o legislador fala também da impessoalidade. No


campo do Direito Administrativo esta palavra foi uma novidade. O legislador
não colocou a palavra finalidade. Surgiram duas correntes para definir
“IMPESSOALIDADE”:

23
Direito Constitucional - Resumo

o Impessoalidade relativa aos administrados: segundo esta corrente, a


Administração só pode praticar atos impessoais se tais atos vão
propiciar o bem comum (a coletividade). A explicação para a
impessoalidade pode ser buscada no próprio texto Constitucional
através de uma interpretação sistemática da mesma. Por exemplo, de
acordo com o art. 100 da CF, “à exceção dos créditos de natureza
alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda .....far-se-ão na
ordem cronológica de apresentação dos precatórios ..” . Não se pode
pagar fora desta ordem, pois, do contrário, a Administração Pública
estaria praticando ato de impessoalidade.

o Impessoalidade relativa à Administração : segundo esta corrente, os


atos impessoais se originam da Administração, não importando quem
os tenha praticado. Esse princípio deve ser entendido para excluir a
promoção pessoal de autoridade ou serviços públicos sobre suas
relações administrativas no exercício de fato, pois, de acordo com os
que defendem esta corrente, os atos são dos órgãos e não dos agentes
públicos;

. PRINCÍPIO DA MORALIDADE (M)

Este princípio está diretamente relacionado com os próprios


atos dos cidadãos comuns em seu convívio com a comunidade,
ligando-se à moral e à ética administrativa, estando esta última sempre
presente na vida do administrador público, sendo mais rigorosa que a ética
comum. Por exemplo, comete ATO IMORAL o Prefeito Municipal que
empregar a sua verba de representação em negócios alheios à sua condição
de Administrador Público, pois, É SABIDO QUE O ADMINISTRADOR PÚBLICO
TEM QUE SER HONESTO, TEM QUE TER PROBIDADE E, QUE TODO ATO
ADMINISTRATIVO, ALÉM DE SER LEGAL, TEM QUE SER MORAL, sob pena de
sua nulidade.

Nos casos de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, os governantes


podem ter suspensos os seus direitos políticos, além da perda do
cargo para a Administração, seguindo-se o ressarcimento dos bens
e a nulidade do ato ilicitamente praticado. Há um sistema de
fiscalização ou mecanismo de controle de todos os atos administrativos
praticados. Por exemplo, o Congresso Nacional exerce esse controle através
de uma fiscalização contábil externa ou interna sobre toda a Administração
Pública.

. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE (P)


24
Direito Constitucional - Resumo

É a divulgação oficial do ato da Administração para a ciência do


público em geral, com efeito de iniciar a sua atuação externa, ou seja, de
gerar efeitos jurídicos. Esses efeitos jurídicos podem ser de direitos e de
obrigações. Por exemplo, o Prefeito Municipal, com o objetivo de preencher
determinada vaga existente na sua Administração, NOMEIA ALGUÉM para o
cargo de Procurador Municipal. No entanto, para que esse ato de nomeação
tenha validade, ELE DEVE SER PUBLICADO. E após a sua publicação, o
nomeado terá 30 dias para tomar posse. Esse princípio da publicidade é uma
generalidade. TODOS OS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TÊM QUE SER
PÚBLICOS.

A PUBLICIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS sofre as seguintes


exceções:

o Nos casos de segurança nacional (seja ela de origem militar,


econômica, cultural, etc.). Nestas situações, os atos não são tornados
públicos. Por exemplo, os órgãos de espionagem não fazem
publicidade de seus atos; nos casos de investigação policial: onde o
Inquérito Policial é extremamente sigiloso (só a ação penal que é
pública);

o Nos casos dos atos internos da Adm. Pública: nestes, por não haver
interesse da coletividade, não há razão para serem públicos.

Por outro lado, embora os processos administrativos devam ser


públicos, a publicidade se restringe somente aos seus atos
intermediários, ou seja, a determinadas fases processuais. Por outro
lado, a Publicidade, ao mesmo tempo em que inicia os atos, também
possibilita àqueles que deles tomam conhecimento, de utilizarem os
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS contra eles. Assim, com base em diversos
incisos do art. 5° da CF, o interessado poderá se utilizar do Direito de
Petição, do Mandado de Segurança (remédio heróico contra atos ilegais
envoltos de abuso de poder), da Ação Popular, Hábeas Data e Hábeas
Corpus.

 A publicidade dos atos administrativos é feita tanto na esfera federal


(através do Diário Oficial Federal) como na estadual (através do Diário Oficial
Estadual) ou municipal (através do Diário Oficial do Município). Nos
Municípios, se não houver o Diário Oficial Municipal, a publicidade poderá ser
feita através dos jornais de grande circulação ou afixada em locais
conhecidos e determinados pela Administração. Por último, a Publicidade
deve ter objetivo educativo, informativo e de interesse social, não podendo
25
Direito Constitucional - Resumo

ser utilizados símbolos e imagens que caracterizem a promoção


pessoal do Agente Administrativo.

. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA (E)

Exige resultados positivos para o serviço público e satisfatório


atendimento das necessidades dos administrados (público). Trata-se de
princípio meramente retórico. É possível, no entanto, invocá-lo para
limitar a discricionariedade do Administrador, levando-o a escolher a melhor
opção. Eficiência é a obtenção do melhor resultado com o uso racional dos
meios. Atualmente, na Administração Pública, a tendência é prevalência do
controle de resultados sobre o controle de meios.

. OUTROS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Princípio da Finalidade: É relacionado com a impessoalidade relativa à


Administração, este princípio orienta que as normas administrativas têm que
ter SEMPRE como OBJETIVO o INTERESSE PÚBLICO. Assim, se o agente
público pratica atos em conformidade com a lei, encontra-se, indiretamente,
com a finalidade, que está embutida na própria norma.

Supremacia do Interesse Público: Os interesses públicos têm supremacia


sobre os interesses individuais; é a essência do regime jurídico
administrativo.

Presunção de Legitimidade: Os atos da Administração presumem-se


legítimos, até prova em contrário (presunção relativa ou juris tantum – ou
seja, pode ser destruída por prova contrária.)

Autotutela: A Administração tem o dever de zelar pela legalidade e eficiência


dos seus próprios atos. É por isso que se reconhece à Administração o poder
e dever de anular ou declarar a nulidade dos seus próprios atos praticados
com infração à Lei. Em suma, a autotutela se justifica para garantir à
Administração: a defesa da legalidade e eficiência dos seus atos; nada mais
é que um autocontrole;

Continuidade dos Serviços Públicos: O serviço público destina-se a atender


necessidades sociais. É com fundamento nesse princípio que nos contratos
administrativos não se permite que seja invocada, pelo particular, a exceção
do contrato não cumprido.

Razoabilidade: Os poderes concedidos à Administração devem ser exercidos


na medida necessária ao atendimento do interesse coletivo, sem exageros.
26
Direito Constitucional - Resumo

o ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Existem inúmeras atividades constitucionais e infraconstitucionais que


estão a cargo do Estado, e ao lado desses serviços públicos, existem outros
chamados genericamente de atividades estatais – obras públicas e
atividades do Poder de Polícia. Esses serviços e atividades podem ser
prestados pelo Estado DIRETA ou INDIRETAMENTE. Portanto, são formas
técnicas da Organização Administrativa:

. CENTRALIZAÇÃO

É a prestação de serviços diretamente pela pessoa política


prevista constitucionalmente, sem delegação a outras pessoas. Diz-
se que a atividade do Estado é centralizada quando ele atua diretamente,
por meio de seus órgãos. Se os serviços estão sendo prestados pelas
Pessoas Políticas constitucionalmente competentes, estará havendo
centralização.

. DESCENTRALIZAÇÃO

É a transferência de execução do serviço ou da titularidade do


serviço para outra pessoa, quer seja de direito público ou de direito
privado. A transferência de execução do serviço pode ser feita para
entidades de direito público ou privado, diretamente ligadas à
Administração, bem como para particulares.

São entidades descentralizadas de direito público: Autarquias e


Fundações Públicas.
São entidades descentralizadas de direito privado: Empresas
Públicas, Sociedades de Economia Mista.

Pode, inclusive, a execução de o serviço ser transferida para entidades


que não estejam integradas à Administração Pública, como: Concessionárias
de Serviços Públicos e Permissionárias. A descentralização, mesmo que seja
para entidades particulares, não retira o caráter público do serviço, apenas
transfere a execução. A transferência da execução do serviço público pode
ser feita por OUTORGA ou por DELEGAÇÃO.

o Outorga: implica na transferência da própria titularidade do serviço.


Outorga significa, portanto, a transferência da própria titularidade do
serviço da pessoa política para a pessoa administrativa, que
desenvolve o serviço em seu próprio nome e não no de quem
27
Direito Constitucional - Resumo

transferiu. É sempre feita por lei e somente por outra lei pode ser
mudada ou retirada.

o Delegação: implica na mera transferência da execução do serviço.


Realiza-se por ato ou contrato administrativo. São as concessões e
permissões do serviço público. Pode ser retirada por um ato de mesma
natureza e deve ser autorizada por lei.

. DESCONCENTRAÇÃO

Existe quando as atividades estiverem distribuídas entre os órgãos de


uma mesma pessoa – quando forem as atribuições transferidas dos órgãos
centrais para os locais/periféricos.

. CONCENTRAÇÃO

Ocorre o inverso da desconcentração. Há uma transferência das


atividades dos órgãos periféricos para as centrais.

Tanto a concentração como a desconcentração poderá ocorrer na estrutura


administrativa centralizada ou descentralizada.

Administração Direta e Administração indireta

Administração Direta: corresponde à centralização.


Administração indireta: corresponde à descentralização.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

No âmbito federal é o conjunto de órgãos integrados na estrutura


administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. No âmbito
estadual é o conjunto de órgãos integrados na estrutura administrativa do
Governo do Estado e das Secretarias Estaduais. No âmbito municipal é o
conjunto de órgãos integrados na estrutura administrativa do Governo
Municipal e das Secretarias Municipais.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Do ponto de vista da Constituição Federal de 1988, abrange as


Autarquias, as Empresas Públicas, as Sociedades de Economia Mista
e as Fundações Públicas. Haverá administração indireta em todos os
casos de descentralização administrativa. A descentralização também
abrange os particulares, como os permissionários e os concessionários,
28
Direito Constitucional - Resumo

portanto, estes fazem parte da administração indireta e não foram


contemplados pelo conceito legal. Para a doutrina, só as empresas públicas e
sociedades de economia mista que prestam serviços públicos é que são da
administração indireta. Todas as entidades da administração indireta estão
sujeitas:

1. À necessidade da lei para a sua criação;


2. Aos princípios da administração pública;
3. À exigência de concurso público para admissão do seu pessoal;
4. À licitação para suas contratações.

 Autarquia (Exemplos de autarquias: INSS, DNER, IBAMA)

Pessoa jurídica de direito público. É criada por Lei – a pessoa jurídica


surge da própria Lei, sem necessidade de registro. Não pode ser criada por
decreto – ato administrativo, mas apenas por lei no sentido formal e material
– lei do Poder Legislativo. As autarquias são criadas para
desempenharem atividades típicas da administração pública e não
atividades econômicas.

As autarquias gozam das prerrogativas da Fazenda Pública:

1. Podem constituir seus próprios títulos executivos. Através de processo


administrativo, garantindo o direito de defesa, inscrevem os créditos na
Dívida Ativa. O título executivo é constituído unilateralmente.
2. Gozam da prerrogativa da impenhorabilidade de seus bens. O processo
de execução contra a autarquia é o mesmo previsto contra a Fazenda
Pública – não se faz citação para pagar, faz-se para Embargos. O
pagamento é realizado através de precatório.
3. Imprescritibilidade – impossibilidade de aquisição dos bens por
usucapião.
4. Privilégios Processuais da Fazenda Pública: Prazos quádruplos para
contestar e duplo para recorrer, duplo grau de jurisdição obrigatório.

A extinção da autarquia depende de lei, da mesma forma que a


sua criação. Os Conselhos profissionais eram considerados autarquias, mas
atualmente, são pessoas jurídicas de direito privado, embora esteja sendo
questionada no STF a norma legal que assim determinou. (Lei nº. 9.649/98 –
art. 58)

- Agências Reguladoras e Executivas

29
Direito Constitucional - Resumo

A Reforma Administrativa ora sendo implantada previu a criação de


autarquias especiais que vão exercer o papel de poder concedente
relativamente aos serviços públicos transferidos para particulares através do
contrato de concessão de serviços públicos. São as Agências Reguladoras
que vão receber maior autonomia administrativa , orçamentária e financeira
mediante contratos de gestão firmados pelos seus administradores com o
poder público. Já foram criadas algumas Agências Reguladoras, como por
exemplo a ANATEL e a ANEEL.

As Agências Executivas também são autarquias que vão desempenhar


atividades de execução na administração pública, desfrutando de autonomia
decorrente de contrato de gestão. É necessário um decreto do Presidente da
República, reconhecendo a autarquia como Agência Executiva. Ex.: INMETRO.

 Empresas Públicas

As empresas públicas têm criação autorizada por lei, têm


personalidade jurídica de direito privado, são formadas com capital
exclusivamente público, sofrem possibilidade de penhora dos bens e nelas
ocorre a inexistência das prerrogativas da Fazenda Pública.

A autarquia adquire a personalidade jurídica diretamente da lei que a


criou, inexistindo necessidade de registro. As empresas públicas
necessitam, para adquirir a personalidade jurídica, na forma do direito
privado, de registro dos seus atos constitutivos perante o órgão
competente. Outra diferença das empresas públicas em relação às
autarquias é que estas têm personalidade jurídica de direito público,
enquanto aquelas são pessoas jurídicas de direito privado.

Os contratos que celebram as empresas públicas podem ser de


DIREITO ADMINISTRATIVO, se forem prestadoras de serviços públicos, no
entanto, se explorarem atividades econômicas, os contratos que celebrarem
estarão regidos pelo DIREITO PRIVADO e , nesse caso, elas não poderão
gozar de nenhum privilégio (próprio dos contatos de direito público),
devendo concorrer em igualdade de condições. Em qualquer caso, mesmo as
que prestam serviços públicos, terão em seus quadros servidores regidos
pela CLT, submetidos ao regime trabalhista. Pode, a empresa pública,
revestir-se de qualquer das formas societárias admitidas em direito: S/A,
Sociedade Por Cotas, Forma Societária Específica.

O capital da empresa pública é exclusivamente público, não há


participação de particulares na formação do capital. Será o capital
integralmente subscrito por entidades ligadas à administração pública. Em
30
Direito Constitucional - Resumo

conseqüência da personalidade jurídica de direito privado, não


gozam das prerrogativas da Administração Pública. Os seus bens
podem ser penhorados para a satisfação das suas dívidas. Enquanto as
pessoas jurídicas de direito público submetem-se a um procedimento
específico (art. 730, do CPC), a pessoa jurídica de direito privado – Empresas
Públicas – respondem como qualquer devedor particular, ao processo de
execução comum. É possível também adquirir-se, por usucapião, os bens da
empresa pública. Em relação à penhora dos bens, vale ressaltar que existe
um Decreto-Lei que estabelece a impenhorabilidade dos bens dos Correios,
que é uma empresa pública.

 Sociedade de Economia Pública (Petrobras, Telebrás, Banco do Brasil)

Existe necessidade de lei autorizando sua criação, conjuga capitais


públicos e privados, forma sempre Sociedade Anônima. Têm personalidade
jurídica de direito privado, ausência das prerrogativas do poder público e
possibilidade de penhora dos bens.

Aspectos comuns às Sociedades de Economia Mista e às Empresas


Públicas:

1. A necessidade de lei autorizando a sua criação;


2. Personalidade jurídica de direito privado;
3. Ausência das prerrogativas do Poder Público;
4. Possibilidade de penhora dos bens.

A PRINCIPAL DIFERENÇA entre sociedades de economia mista e as


empresas públicas está na formação do capital social que, no caso das
sociedades de economia mista, é subscrito por entidades vinculadas à
administração pública e por particulares, devendo, no entanto, haver o
controle acionário pela entidade vinculada à administração pública.

Uma outra distinção básica é a forma societária que, no caso da


sociedade de economia mista, só pode ser a sociedade anônima. As
sociedades de economia mista não estão sujeitas à falência. A Lei das S/A, n°
6404/76 exclui expressamente a possibilidade da falência das sociedades de
economia mista, pelo pressuposto de existir uma responsabilidade
subsidiária da entidade controladora.

 Fundações Públicas

O posicionamento das Fundações Públicas sempre foi variado. Hoje,


com o advento da CF/88, foi encerrada essa dubiedade de posicionamento
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Direito Constitucional - Resumo

quando determina que a Fundação Pública é submetida ao regime da


administração indireta. As Fundações Públicas foram equiparadas às
Autarquias. Possuem personalidade jurídica de direito público. Hoje, não mais
existe justificativa para se manter a diferença entre as Fundações e as
Autarquias.

 Organizações Sociais

Entidades de Direito Privado, disciplinadas pela Lei n° 9.637 de 15 de


maio de 1998, sem finalidade lucrativa e destinadas a atuarem em
atividades de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico,
proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. Tais entidades
são assim qualificadas pelo Poder Executivo e celebram contrato de gestão
pelo qual poderão receber recursos orçamentários, bens públicos e cessão
de servidores públicos. Não integram a chamada Administração Indireta,
podendo ser classificadas como entes de cooperação.

 Particulares em Concessão com a ADM. Pública

1. PERMISSIONÁRIOS;
2. CONCESSIONÁRIOS.

O conceito doutrinário de administração indireta é mais amplo do que


o legal, pois inclui as Permissionárias e as Concessionárias como integrante
da administração indireta, ao contrário do legal. A Constituição prevê, no
artigo 175, a prestação de serviços públicos, mediante concessão ou
permissão, na forma da Lei e sempre através de licitação. A Lei n°8.987, de
13.02.95, regulamentou tal norma constitucional.

Antes, distinguia-se permissão e concessão, afirmando o caráter


unilateral da primeira e o caráter contratual da Segunda. Após a Lei n°
8.987/95, ambas são formalizadas por contrato. A concessão requer
concorrência, e a permissão pode adotar qualquer modalidade de licitação. A
concessão somente pode ser outorgada a pessoa jurídica, enquanto a
permissão pode ser atribuída à pessoa física ou jurídica.

o SERVIDORES PÚBLICOS

A atividade dos agentes públicos envolve dois conceitos


importantes: CARGO PÚBLICO E FUNÇÃO PÚBLICA. Funções públicas são
atribuições ou encargos destinados à realização de uma determinada
finalidade estatal. Cargo público é o conjunto de atribuições e
responsabilidades de um agente público. Os cargos públicos somente podem
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Direito Constitucional - Resumo

ser criados por lei e com denominação própria. Pode existir função pública
não vinculada a cargo público, mas nunca um cargo sem função pública. Por
exemplo, se houver uma função ligada a um agente temporário (mesário de
eleições, por exemplo), haverá uma função, mas não um cargo público.

Se o cargo público for de provimento efetivo (estável, diferente do


cargo em comissão), será obrigatória a exigência de concurso público
de provas ou de provas e títulos. O concurso público terá validade de até 2
(dois) anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo período. A ordem de
chamada dos concursandos deve seguir a lista de aprovação. Se essa ordem
de chamada for desobedecida, haverá direito líquido e certo do preterido de
ser nomeado. As funções comissionadas, destinadas aos cargos de direção,
chefia e assessoramento são exercidas somente por servidores de carreira
efetivos. Os cargos em comissão (demissíveis ad nutum, a qualquer
momento) podem ser exercidos por qualquer pessoa que preencha os
requisitos para acesso a cargos públicos, mesmo sem concurso, devendo ser
reservado um percentual para os servidores efetivos.

É direito do servidor público civil: livre associação sindical, greve


(matéria pendente de regulamentação); subsídio ou remuneração fixado em
lei, revisado anualmente e irredutível. A “remuneração” do servidor
representa a soma dos vencimentos com as vantagens a que ele tem direito.
Certos cargos possuem um regime especial de pagamento chamado
subsídio, como, por exemplo, os magistrados, os membros do Ministério
Público, os defensores públicos, policiais, cargos eletivos, Ministros de
Estado, etc. A diferença entre a remuneração e o subsídio é que este é pago
necessariamente em parcela única, vedando-se qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio ou verba de representação. O teto, ou seja, o valor
máximo das remunerações, subsídios e aposentadorias, é o valor do subsídio
mensal que recebem os Ministros do Supremo Tribunal Federal. Esse teto
deve ser definido por lei de iniciativa conjunta dos três poderes.

A política de remuneração dos servidores deverá, na fixação dos


padrões de vencimento e vantagens, observar:

a) natureza, grau de responsabilidade e complexidade da função;


b) requisitos para investidura; e
c) peculiaridades dos cargos.

O valor das remunerações e dos subsídios deve ser publicado


anualmente (princípio da publicidade). Devem ser previstos cursos e
programas de aperfeiçoamento dos servidores públicos, o que deve ser
requisito para promoção na carreira. Somente em quatro casos será
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Direito Constitucional - Resumo

possível a acumulação de cargos e aposentadorias na Administração


Pública Direta ou Indireta, quais sejam:

- dois cargos de professor;


- dois cargos na área de saúde;
- um cargo de nível superior com outro de professor; e
- um cargo de vereador com outro cargo público, desde que haja
compatibilidade de horários.

Ao servidor público federal, estadual ou distrital da Administração


Direta, autárquica ou fundacional que assumir cargo público eletivo, serão
aplicados as seguintes regras:

- Ficará afastado do seu cargo, emprego ou função, exceto se for vereador,


hipótese na qual, havendo compatibilidade de horários, o servidor pode
continuar a exercer sua função, recebendo os proventos de ambos os cargos.
- Se for investido no cargo de prefeito ou vereador sem compatibilidade de
horários, o servidor será afastado do cargo, mas pode fazer a opção de qual
provento (remuneração ou subsídio) deseja receber: o do seu cargo ou do de
prefeito.
- No caso de afastamento, o tempo de serviço será contado como se o
servidor estivesse em exercício, inclusive para fins previdenciários, exceto
para o fim de promoção por merecimento, obviamente.

A estabilidade do servidor público significa que ele só perderá o cargo


em três hipóteses:

a) sentença judicial transitada em julgado;


b) processo administrativo;
c) avaliação periódica de desempenho.

Ao contrário do que alguns pensam, o prazo do estágio probatório,


previsto na Lei nº. 8.112/90 em 24 meses, não foi alterado pela EC nº.
19/98, que alterou o prazo para estabilidade de 2 para 3 anos. O
Supremo Tribunal Federal já assentou pacificamente a distinção entre esses
dois institutos, sendo a avaliação especial de desempenho, realizada no
estágio probatório, mera condição para a aquisição da estabilidade. Antes da
estabilidade, será exonerado o servidor que não for aprovado no estágio
probatório ou que tomar posse, mas não entrar em exercício. Existe ainda
outro caso de perda do cargo – inserido no texto constitucional pela Emenda
Constitucional nº. 19/98 – que ocorrerá para adequar as finanças do Estado
aos percentuais previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, podendo
alcançar inclusive servidores já estáveis. Nesse caso, deverão ser reduzidos,
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Direito Constitucional - Resumo

primeiramente, 20% dos cargos em comissão e os dos servidores não


estáveis. Não sendo o bastante, deverão perder o cargo os servidores já
estáveis, sendo devida a indenização de uma remuneração por ano de
serviço.

o DISPOSIÇÕES GERAIS

As compras e contratações de serviços por parte da Administração


dependerão de licitação pública, que é o processo regido pela Lei nº.
8.666/93 e que assegura aos concorrentes iguais condições para fornecer
seus produtos ou serviços. Portanto, são proibidas exigências
desnecessárias, o que poderia beneficiar um ou outro concorrente,
já que, caso contrário, poderia ser pedido uma determinada marca que só
um fornecedor possui. Com essas regras, os princípios da impessoalidade e
eficiência estão protegidos, pois permitirão à Administração optar pela
melhor forma de contratação.

Quando a Administração Pública se utiliza dos meios de comunicação


para fazer publicidade de obras ou programas, esta terá de ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social para evitar que as autoridades
usem dinheiro público para fazer marketing pessoal. Visando o respeito ao
princípio da moralidade, entre outros, a Constituição Federal prevê a punição
dos atos de improbidade administrativa, que são aqueles que importam em
enriquecimento ilícito, dano ao erário (tesouro público) ou violação de
princípios da Administração. A improbidade administrativa é prevista tanto
na constituição quanto na Lei nº. 8.429/92 (Lei do colarinho branco) e será
punida com a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sendo a última
penalidade, imprescritível.

A responsabilidade civil, ou seja, o dever de indenizar um dano


moral ou material, também pode ser atribuída ao Estado quando
houver dano causado por algum de seus agentes. Quando um
particular causa um dano, ele só será obrigado a indenizar se for
comprovada a culpa em sentido amplo (dolo ou culpa em sentido estrito –
imprudência, negligência ou imperícia), essa é a responsabilidade subjetiva.
Por sua vez, quando o dano é causado por um agente público no exercício de
sua função pública, o dever de indenizar do Estado nasce mesmo que o
agente não tenha agido com culpa, ou seja, independentemente de
imprudência, negligência ou imperícia (culpa em sentido estrito) ou dolo.
Caso o agente tenha agido com culpa, caberá ao Estado ingressar com uma
ação judicial denominada ação regressiva, na qual o Estado pode cobrar do
agente uma indenização, se provar a culpa deste. Havendo o dano e o nexo
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Direito Constitucional - Resumo

causal entre a ação e o resultado, o Estado deve pagar. Se houver culpa


exclusiva da vítima, o Estado não será obrigado a indenizar o dano.
Por exemplo, se um motorista do Ministério da Fazenda dirige bêbado
e bate no carro de uma empresa que estava estacionado, o Estado deverá
indenizar essa pessoa jurídica, mesmo que ela não prove que o motorista foi
negligente. Se, porém, o motorista bateu no carro da empresa porque este
vinha na contramão, não haverá obrigação de indenizar, pois houve
imprudência por parte do particular.

ORÇAMENTO PÚBLICO

O Orçamento Geral da União (OGU) prevê todos os recursos e fixa


todas as despesas do Governo Federal, referentes aos Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário. As despesas fixadas no orçamento são cobertas
com o produto da arrecadação dos impostos federais, como o
Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), bem como das contribuições, como o da Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social - COFINS, que é calculado sobre o
faturamento mensal das empresas, nas vendas de mercadorias, de
mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza, e bem assim do
desconto na folha que o assalariado paga para financiar sua aposentadoria.
Os gastos do governo podem também ser financiados por operações
de crédito - que nada mais são do que o endividamento do Tesouro
Nacional junto ao mercado financeiro interno e externo. Este mecanismo
implica o aumento da dívida pública.

As receitas são estimadas pelo governo. Por isso mesmo, elas


podem ser maiores ou menores do que foi inicialmente previsto. Se a
economia crescer durante o ano, mais do que se esperava, a arrecadação
com os impostos também vai aumentar. O movimento inverso também pode
ocorrer. Com base na receita prevista, são fixadas as despesas dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário. Depois que o Orçamento é aprovado pelo
Congresso, o governo passa a gastar o que foi autorizado. Se a receita do
ano for superior à previsão inicial, o governo encaminha ao Congresso um
projeto de lei pedindo autorização para incorporar e executar o excesso de
arrecadação. Nesse projeto, define as novas despesas que serão custeadas
pelos novos recursos. Se, ao contrário, a receita cair, o governo fica
impossibilitado de executar o orçamento na sua totalidade, o que exigirá
corte nas despesas programadas.

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Direito Constitucional - Resumo

o PRINCIPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e


controle do orçamento, que estão definidas na Constituição, na Lei nº. 4.320,
de 17 de março de 1964, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes
Orçamentárias. A Lei nº. 4.320/64 estabelece os fundamentos da
transparência orçamentária (art. 2o):

A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa,


de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa
de trabalho do governo, obedecidos os princípios da unidade,
universalidade e anualidade.

. PRINCÍPIO DA UNIDADE

Cada entidade de direito público deve possuir apenas um orçamento,


fundamentado em uma única política orçamentária e estruturado
uniformemente. Assim, existe o orçamento da União, o de cada Estado e o
de cada Município.

. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE

A Lei orçamentária deve incorporar todas as receitas e despesas, ou


seja, nenhuma instituição pública deve ficar fora do orçamento.

. PRINCÍPIO DA ANUALIDADE

Estabelece um período limitado de tempo para as estimativas de


receita e fixação da despesa, ou seja, o orçamento deve compreender o
período de um exercício, que corresponde ao ano fiscal.

. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE

O orçamento deve conter apenas matéria orçamentária, não incluindo


em seu projeto de lei assuntos estranhos.

. PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO

Visa vedar as autorizações de despesas globais, isto é, as despesas


devem ser classificadas com um nível de desagregação tal que facilite a
análise por parte das pessoas.
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Direito Constitucional - Resumo

. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O conteúdo orçamentário deve ser divulgado através dos veículos


oficiais de comunicação/divulgação para conhecimento público e para e para
eficácia de sua validade enquanto ato oficial de autorização de arrecadação
de receitas e a execução de despesas. A publicação deve ser feita no Diário
Oficial da União. Além disso, a Constituição Federal, em seu artigo 165,§ 3º,
exige a publicação até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.

. PRINCÍPIO DE EQUILÍBRIO

O equilíbrio orçamentário estabelece, de forma extremamente


simplificada, que as despesas não devem ultrapassar as receitas previstas
para o exercício financeiro. O equilíbrio, assim como alguns outros princípios,
não é uma regra rígida e visa deter o crescimento dos gastos
governamentais.

. PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO

Este princípio estabelece que todas as parcelas de receita e despesas


devem constar do orçamento em seus valores brutos, sem qualquer tipo de
deduções. Busca-se com esta regra impedir a inclusão de importâncias
líquidas, ou seja, descontando despesas que serão efetuadas por outras
entidades e com isto gravando o orçamento e impedindo sua completa
visão, conforme preconiza o princípio de universalidade.

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