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D.B.Silvaa , M. Thomasa
a Universidade Federal do Pampa - Campus Alegrete
Resumo
A técnica de Fotoelasticidade é uma importante e eficiente ferramenta na determinação de tensões no inte-
rior de materiais fotoelásticos. Em um equipamento denominado polariscópio, há um feixe de luz polarizada
que atravessa o modelo fotoelástico, e após o modelo ser submetido a um carregamento qualquer, obtém-
se imagens coloridas de franjas que servem para encontrar as diferenças de tensões existentes no modelo.
Quando submetidos a esforços externos, esses materiais transparentes também apresentam a propriedade da
birrefringência temporária ou dupla refração, decorrente das alterações que ocorrem nos estados de polariza-
ções da luz que é transmitida através da sua estrutura. Com base nisso, o presente trabalho busca apresentar
uma breve revisão teórica sobre o método de análise experimental da fotoelasticidade, destacando a sua im-
portância no âmbito científico e tecnológico.
Palavras-chave: análise experimental, fotoelasticidade, campo completo, tensão/deformação
Fonte: http://alunosonline.uol.com.br/quimica/luz-polarizada-nao-polarizada.html
Fonte:http://umaventuracomasaudeambiental.blogspot.com.br
Fonte: http://alunosonline.uol.com.br/quimica/luz-polarizada-nao-polarizada.html
Fonte: http://solphisics.blogspot.com.br/2016/01/polarizacao-de-ondas-luminosas.html
Ao incidir uma luz polarizada plana em uma placa • Sensibilidade ótica: o material deve possuir
birrefringente, o vetor luminoso acaba causando um um elevado número de franjas isocromáticas,
ângulo β com o Eixo 1, denominado de eixo rápido, além de uma boa sensibilidade à deformação,
fazendo-se que haja a divisão de duas componentes que se traduz em um valor baixo do coeficiente
de acordo com os eixos da placa. Essas componen- de franja (f);
tes acabam propagando através da espessura h, emer-
gindo do outro lado da placa em instantes distintos, • Fluência: necessita-se que o material não apre-
devido à diferença de velocidade entre elas. sente características suscetíveis à fluência;
Segundo [6] quando há a ocorrência do fenômeno • Comportamento linear: espera-se que o mate-
de elasticidade, observa-se a manifestação de alter- rial apresente uma linearidade entre os estados
nância de franjas. Essas franjas se dividem em dois de tensão e deformação, ocorrendo a mesma
tipos: franjas isocromáticas, que são coloridas quando situação entre o estado de tensão e as proprie-
do uso da cor branca e que são pretas quando do uso dades óticas do material;
de luz monocromática, são constituídas por pontos
que possuem a mesma cor e representam pontos cuja • Rigidez: busca-se materiais que possuam um
intensidade de diferença das tensões principais é a elevado módulo de elasticidade para que o mo-
mesma, e franjas isoclínicas, compostas por pontos delo não apresente distorções e mantenha sua
em que as direções das tensões principais são as mes- forma constante;
mas (Figura 6).
A análise manual através das franjas pode ser uma • Sensibilidade às variações de temperatura: o
tarefa um pouco trabalhosa, entretanto, já existem material deve manter suas propriedades cons-
softwares que processam as imagens por toda exten- tantes, independentemente das variações de tem-
são do componente agilizando o processo. peratura que houver;
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• Compatibilidade de deformações: é de extrema xima confiabilidade e precisão em determinadas con-
importância que o material mantenha a ordem dições de ensaios aliados ao baixo custo. [3] apre-
de grandeza das deformações do modelo plás- senta algumas condições para a escolha desses mate-
tico e do protótipo. riais de revestimento fotoelástico:
Ainda que praticamente todos os materiais trans- • Método de aplicação do revestimento na super-
parentes exibam birrefringência, grande parte deles fície do ensaio;
não apresentam um grau de sensibilidade que seja su-
ficiente para sua aplicação em fotoelasticidade. As- • Sensibilidade;
sim, [4] lista os materiais mais adequados para este
• Efeito de Reforço;
fim:
• Deformação máxima.
• Bakelite BT-61-893: material que possui ex-
celentes propriedades mecânicas e óticas. É Com relação ao mecanismo de ensaio, pode-se
uma resina gliptálica obtida através da reação dizer que os polariscópios são equipamentos ópticos
da glicerina com anidrido ftálico; aplicados na análise de variações das características
ópticas do elemento quando este é submetido à uma
• Castolite: obtida através da moldagem entre
tensão. Existe em duas formas: plano e circular.
duas lâminas de vidro, a castolite é uma re-
Cada qual refere-se ao tipo de luz polarizada à qual
sina de poliéster, transparente e de sensibili-
se destina. Dividem-se ainda em polariscópios de
dade média;
transmissão, conforme ilustra a Figura 7 (referente
• Resina Columbiana (CR-39): se caracteriza por à compreensão de unidades transparentes de materi-
ser um material frágil e de difícil trabalhabi- ais fotoelásticos) e reflexão como apresentado pela
lidade. É composto por um carbono digligo- Figura 8 (modelo propriamente dito com camada de
allyco, podendo ser moldado sob formas de cobertura em componente fotoelástico).
placas, obtendo um ótimo acabamento super- No momento que a estrutura se deforma, essa
ficial juntamente com uma transparência per- camada superficial segue tal deformação, origindo
feita; uma série de franjas isocromáticas as quais podem
ser analisadas através do polariscópio e fornecer in-
• Resina Epóxi (Araldites): de fácil trabalhabili- dícios sobre a disposição das deformações sobre a
dade, possui excelentes propriedades mecâni- superfície do material em questão. Contanto que essa
cas e elevada sensibilidade ao efeito fotoelás- camada tenha uma espessura suficientemente dimi-
tico; nuta, admite-se que tanto a estrutura sob análise e a
camada superficial de revestimento sofrem a mesma
• Borracha de poliuretano: possui um baixo mó-
deformação sem nenhum tipo de desvio.
dulo de elasticidade e elevada sensibilidade (é
A fotoelasticidade pode ser útil nos seguintes ca-
cerca de cinquenta vezes mais sensível que as
sos:
resinas epóxi.
• Aferição de concentradores de tensão tanto em
Conforme apontado em [5], dentre os materiais
situações biaxiais como triaxiais.
citados, os que mais se aproximam de um material
perfeito para ser utilizado na fotoelasticidade são as • Análise qualitativa e quantitativa da distribui-
resinas epóxi, pois possuem uma alta sensibilidade ção da tensão, apontando as regiões mais soli-
ótica em conjunto com a deformação, podem ser fun- citadas,bem como a máxima tensão de cisalha-
didos em grandes espessuras e complicados mode- mento presente no plano e suas direções prin-
los podem ser fabricados através de usinagem (Fi- cipais.
gura [??]). Já para a seleção do revestimento fotoe-
lástico, busca-se utilizar materiais que forneçam má- • Estimar tensões residuais.
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Figura 7: Polariscópio de Transmissão Figura 9: Tensões principais a) simulação numérica placa de
alo; b) padrão de franjas placa PC; c) e d) imagens fotoelásticas
placa PC.
Fonte: (Fakhouri,2009)
Fonte: (Vieira Jr et al,2002)
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uma melhor compreensão dos resultados provenien-
tes da análise experimental.
A metodologia se mostrou muito interessante, por
envolver mecanismos relativamente simples, ser uma
técnica não destrutiva e por oferecer uma visualiza-
ção de campo completo - demostrando ser uma ótima
alternativa em análises qualitativas e quantitativas-.
Entretanto, a compreensão do resultados fornecidos
pela mesma exige um certo grau de conhecimento e
experiência do operador, uma vez que envolve a in-
terpretação das franjas e sua correlação com as ten-
sões e deformações.
É importante destacar que um cuidado especial
deve ser tomado em relação ao material selecionado
para ser utilizado, este deve seguir as características
apresentadas ao longo do trabalho.
Referências
[1] M. A.; da Silva C. R.; Toffoli D. J. da Silva, S. Leal;
de Jesus and U.N. Camargo. Análise quantitativa de ten-
sões em amostras fotoelásticas por meio de fotoelastici-
dade. Revista Brasileira de Física Tecnológica Aplicada,
4(1), 2017.
[2] W. F Dally, J. W.; Riley. Experimental stress analysis.
1965.
[3] S.V. Fleury and A.P. ASSIS. Análise da distribuição de
tensões em descontinuidades de rocha utilizando a técnica
da fotoelasticidade. PhD thesis, Dissertação (Mestrado em
Geotecnia)-Universidade de Brasília, Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 147 f. Bra-
sília, DF, 2001.
[4] J.F. Silva Gomes. Análise experimental de tensões por fo-
toelasticidade. 1984.
[5] H.A. Gomide and P. Smith. Material de rápida obtenção
para fotoelasticidade tridimensional. 6o Congresso Brasi-
leiro de Ciências dos Materiais.
[6] P.G. Marting. Fotoelasticidade, primeiros passos. 2005.
[7] E.A. Patterson. Digital photoelasticity: principles, practice
and potential. Strain, 38(1):27–39, 2002.
[8] A. e Rade D.A. Vieira Jr, A.B. e Scotti. Avaliação inicial
da aplicação de fotoelasticidade e soldagem de plásticos no
estudo de tensões residuais em placas soldadas, 2002.