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INTRODUÇÃO
Nesta Lição, estudaremos alguns aspectos do cativeiro de Israel – Reino do Norte (constituído
de dez tribos) e o reino do Sul (constituído de duas tribos). Veremos como, mesmo em
situações adversas, Deus ergue seus mensageiros e líderes. Mesmo “no vale”, Deus levantou
homens para influenciar aquela geração. Foi com o auxílio desses servos que o Senhor pôde
preparar um remanescente fiel, apesar de toda a provação por que passaram. Veremos que o
cativeiro, principalmente o babilônico, serviu de cura da idolatria do povo, consubstanciou
fortes interesses em reunir e preservar as Escrituras Sagradas que haviam sido inspirados por
Deus. Este resultado sem dúvida trouxe grandes benefícios para nós, integrantes da Nova
Aliança. Sem dúvida, o cativeiro de Israel nos trás preciosas lições para a nossa edificação
espiritual.
I. O CATIVEIRO
O cativeiro de Israel abrangeu os dois reinos: Judá – reino do Sul e Israel – reino do Norte. A
constituição da monarquia, em atenção ao anseio do povo, trouxe grandes prejuízos para os
descendentes de Jacó, haja vista que após 120 anos, ou seja, após o reinado de Salomão,
principalmente no inicio do reinado de Roboão, a nação foi dividia em duas partes. A idolatria, a
injustiça social e a degradação moral do povo estão na base da divisão do reino de Israel (1Rs
11:33). Deus havia advertido a Salomão por duas vezes sobre a adoração de deuses
estrangeiros, mas o rei não levou isso em consideração (1Rs 11:10). Por esse motivo o Senhor
disse-lhe que o reino lhe seria tirado, embora não durante a sua vida.
Isso nos trás uma grande lição: A obediência a Deus é a base fundamental do progresso, da
prosperidade do povo de Deus. Obedecer à Palavra de Deus é o que faz a diferença no reino de
Deus (Mt 5:16).
Os reinos do norte e sul tornaram-se independentes e poderosos durante os reinados de
Jeroboão II e Uzias, respectivamente. Mas os profetas, como, por exemplo, Isaias, Amós e
Oséias, condenaram a corrupção e o materialismo deles.
1. O cativeiro de Israel - Reino do Norte.
Cronologia
A queda de Samaria e a deportação de sua população foram o claro resultado dos pecados
cometidos contra Jeová (2Rs 17:7). O povo de Deus tornou-se infiel para com o Senhor que os
livrara do Egito, adorando e servindo a outros deuses (2Rs 17:15-17). E fizeram isto apesar dos
constantes avisos dos profetas de Deus de que tal atitude consistia em grave traição. O
resultado inevitável foi o julgamento de Deus, um juízo que se manifestou na forma de exílio,
expulsando os israelitas de sua terra prometida.
Mas, Judá não estava melhor. Depois de ver seus irmãos levados para o exílio, o povo de
Judá ainda cai em pecado. Ezequias e Josias começaram muitas reformas, mas isto não foi o
bastante para converter permanentemente a nação a Deus. Judá é derrotada pelos babilônios,
que enviam muitos deles para o exílio, mas não são espalhados, e a terra não é repovoada -
“Até Judá não guardou os mandamentos do SENHOR, seu Deus; antes, andaram nos
estatutos que Israel fizera” (2Rs 17:19). Às vezes não aprendemos com os exemplos de
pecado e tolice que ocorrem à nossa volta.
Compreendendo melhor...
Nabopolassar, governador da região do Golfo Pérsico, libertou Babilônia dos assírios e
em 626 a. C. foi proclamado rei. Continuou a obter vitórias sobre os assírios até que finalmente
em 612 a. C., os Babilônicos e os Medos tomaram Nínive, a capital da Assíria. Não se
concentraram em dominar a Assíria propriamente dita, mas partiram para a conquista de todo o
império Assírio. Os egípcios temendo pela sua segurança marcharam para o norte a fim de
ajudar os Assírios. O rei Josias de Judá tentou interceptá-los em Megido, mas na batalha que
se travou foi morto e Judá foi subjugada ao Egito (2Rs 23:29-33).
Quatro anos mais tarde, em 605 a. C., o exército babilônico, comandado por
Nabucodonosor, derrotou os egípcios em Carquêmis (Jr 46:1,2), ampliando o império da
Babilônia. Neste mesmo ano, pela primeira vez, Jerusalém submeteu-se ao poderio de
Babilônia, período esse considerado o marco inicial para contagem dos setenta anos preditos
pelo profeta Jeremias. Um período encerrado com a queda e rendição da cidade de Babilônia
em 538 a.C.
Os longos anos em que a elite política, militar e religiosa de Judá esteve longe de sua terra são
popularmente conhecidos como o exílio na literatura moderna, um termo singularmente
apropriado, uma vez que não apenas sugere a remoção forçada da população de judeus para a
Babilônia, como também comunica a ausência de Jeová durante o processo.
A tragédia do exílio não pode ser interpretada como apenas a deportação de um povo
para outra terra, ou a destruição de uma cidade e seu santuário central. Na verdade, Deus
havia se retirado do meio de seu povo, uma ausência simbolizada por uma das visões de
Ezequiel, na qual a Shekinah movia-se do Templo (Ezequiel - cap 1). De certa forma,
portanto, o fim do cativeiro dos judeus em 539/538 não pode ser sinônimo do fim do exílio,
porque Jeová não retornou na ocasião para habitar no Templo. Pelo contrário, os profetas
predisseram que seu retorno aconteceria apenas na era escatológica, quando o próprio Messias
seria a glória de Deus (Ag 2:7-9).
A deportação de Judá para a Babilônia deu-se em três fases. Assim como Israel foi
atacado pelos assírios três vezes, Judá também foi invadido pelos babilônios de igual modo
(2Rs 24:10; 25:1). Mais uma vez, Deus demonstrou sua misericórdia diante do julgamento
merecido e concedeu ao povo repetidas oportunidades de arrependimento.
- A primeira fase foi simultânea com a ascensão de Nabucodonosor (605-562) ao trono de
Babilônia. Esse jovem príncipe, derrotando os egípcios na batalha de Carquêmis em 605 (Jr
46:1,2), foi, mediante a inesperada morte de seu pai, obrigado a abandonar o propósito de
expulsar os egípcios de suas terras. Mesmo assim, no caminho de retorno, Nabucodonosor
saqueou Jerusalém, conduzindo muitos judeus em cativeiro para a capital do império, dentre
esses judeus estavam Daniel e seus três companheiros (2Cr 36:5,6; Dn 1:1-6). Deixou
no trono de Judá o rei Jeoaquim, que veio a rebelar-se, forçando o retorno de Nabucodonosor
em 601.
- O Egito encorajou Jeoaquim, rei de Judá, a se rebelar contra a Babilônia em 600 a. C.,
provocando outra invasão babilônica em 598. Joaquim o sucedeu no trono de Judá e entregou
Jerusalém à Babilônia em 597. Ele e muitos judeus proeminentes foram deportados para a
Babilônia, dentre eles estava Ezequiel (2Rs 24:14-16).
- Enquanto isso, Zedequias, irmão de Joaquim, foi estabelecido no trono de Judá (2Rs
24:18). Também esta ação foi malsucedida, pois Zedequias era instável e de pouca confiança.
Judá foi persuadido a rebelar-se mais uma vez. Desta feita, Nabucodonosor decidiu retornar
para Jerusalém, desta vez para destruí-la completamente, em 586 a.C. Os babilônios invadiram
Judá e sitiaram Jerusalém; o assédio durou dezoito meses. Finalmente, abriram uma brecha
nos muros e Jerusalém foi tomada. Zedequias foi feito prisioneiro e teve os olhos
furados. Os objetos de valor do Templo foram levados para Babilônia. Também, o Templo foi
destruído e a maior parte do povo restante foram levados para a Babilônia. Só foram deixadas
as pessoas mais pobres para cultivar a terra (2Rs 25:1-21).
Os judeus na Babilônia
Os judeus que sobreviveram à longa jornada para a Babilônia certamente foram colocados em
assentamentos separados dos babilônios e receberam permissão de se dedicar à agricultura e
trabalhar para sobreviver (Ez 3:15; Ed 2:59; 8:17; Jr 29:5), mas o trauma do exílio é
expressado claramente pelo salmista: “às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos
e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas
harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que
fossemos alegres, dizendo: entoai-nos algum dos cânticos de Sião. Como, porém, haveríamos
de entoar o canto do Senhor em terra estranha?”(Sl 137:1-4).
Ciro, o grande dominador do novel império Medo-persa, tratou bem os babilônios. Na verdade,
ele procurou tratar com respeito todos os seus súditos leais, inclusive os judeus.
Daniel, ciente da profecia de Jeremias, segundo a qual a desolação de Jerusalém duraria
setenta anos, ele pediu a Deus para intervir (Dn 9:2,18b,19). As orações de Daniel foram
respondidas prontamente. Em 538 a. C., Ciro fez uma grande proclamação, registrada no final
de 2Crônicas: “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: o Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos
da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá; quem
entre vós é de todo o seu povo, que suba, e o senhor, seu Deus, seja com ele ” (2Cr 36:23; Ed
1:2-3a). O salmo 126 é um cântico de louvor a Deus porque fez retirar do cativeiro o seu
povo. Cumpriu-se, desse modo, a predição feita pelo profeta Isaías há, aproximadamente, 160
anos antes acerca de Ciro, o ungido do Senhor (Is 44:28).
Entretanto, a maioria dos judeus da dispersão preferiu permanecer em suas casas,
especialmente os que moravam em Babilônia, mas aqueles que tinham seus olhos voltados
para o propósito eterno de Deus viram no cativeiro um instrumento de correção. E o retorno à
pátria era o sinal de que ainda tinham um papel redentor a desempenhar.
O reino terreno de Judá estava absolutamente destruído. Mas através de profetas, como
Ezequiel e Daniel, que também eram exilados, Deus pôde manter seu reino espiritual vivo nos
corações do muitos judeus.
1. Profeta Daniel.
Levado à Babilônia no primeiro cativeiro dos judeus, por volta de 605 a.C., na primeira
campanha de Nabucodonosor, Daniel e outros príncipes judeus foram escolhidos, por serem de
linhagem nobre e de boa formação, para o serviço governamental.
Os 19 anos iniciais do cativeiro de Daniel também foram os últimos do reino de Judá, sob
domínio da Babilônia. A resistência judia ao jugo babilônico causou muitas represálias por parte
do reino dominante.
Daniel e seus amigos (Hananias, Misael e Azarias) receberam, durante anos, uma nova
educação babilônica, a fim de melhor servirem ao governo. Chegaram a compor o
chamado grupo dos sábios do reino, servindo ao rei como conselheiros. Por isso, Daniel teve a
chance de interpretar os sonhos que atormentavam o confuso rei Nabucodonosor e de
expressar suas próprias visões. Daniel ficou no cargo por décadas (Dn 1:21; 6:28), o que lhe
permitiu fazer com que os reis babilônicos conhecessem o poder do verdadeiro Deus, O
temessem e respeitassem.
Daniel testemunhou vários reis no trono da Babilônia e chegou a ver o fim daquele império em
538 a.C., tomado por Ciro, que, influenciado pelo conselheiro judeu, libertou seu povo judeu e
o devolveu à terra de origem.
2. Profeta Jeremias.
Jeremias, certamente, foi a maior e mais informativa voz dentre todos os profetas da geração
pré-exílica de Judá. A Palavra de Deus lhe veio no décimo terceiro ano do reinado de Josias, ou
seja, em 627 a.C (Jr 1:2). Seu ministério público continuou por todos os reinados de Jeoacaz,
Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, alcançando o fim do reino em 586 a.C., e até mesmo além
disto. Portanto, ele foi testemunha dos principais acontecimentos da nação de Judá em seus
quarenta anos finais. Sabe-se que Jeremias continuou a profetizar mesmo depois do
cataclísmico julgamento de Jerusalém, pois foi lhe oferecida a condição de permanecer em
Judá, ao invés de ir em cativeiro junto com os demais habitantes da cidade para a Babilônia.
Uma vez que sua escolha foi permanecer em Jerusalém por um tempo, ele foi para o Egito,
indubitavelmente contra sua vontade.
Deus nunca age antes de comunicar suas ações aos seus profetas. O profeta Jeremias foi
enviado para mostrar os pecados do povo e caso eles não se arrependessem seriam destruídos.
Jeremias detalhou como seria essa punição, mas o povo não deu ouvido e as profecias se
cumpriram. Seu ofício profético ampliou-se por mais de quarenta anos.
Jeremias recebeu a desagradável tarefa de advertir sobre os envolvimentos e destruições que
um poderoso inimigo, que não dava quartel, haveria de impor. Os falsos profetas, porém, eram
sempre otimistas, predizendo o bem, embora falsamente, para a nação de Judá. Jeremias por
sua vez anunciava a terrível verdade. A exatidão de suas predições era tão grande que seus
compatriotas sentiam que, de algum modo, ele era responsável pelos acontecimentos adverso,
perseguindo-o como se fosse traidor. Porém Jeremias nunca se esquivou da tarefa, mesmo
diante de falsas acusações e de ameaças de morte. Seu senso de missão era muito forte e ele
serviu com grande zelo até o fim, um fim que, segundo alguns, foi a morte de um mártir, às
mãos de sua própria gente.
O intuito de Jeremias era conclamar o povo de Judá ao arrependimento, visto que ele via a
potência do norte, Babilônia, erguer-se, pela providência divina, para castigar uma nação
desobediente como era Judá. Ele exortou os habitantes de Jerusalém a abandonarem sua
idolatria e apostasia. Jeremias via um cativeiro de setenta anos no horizonte (Jr. 25:1-14). Ele
via que o conflito entre três potências mundiais – o Egito, a Assíria e a Babilônia -, terminaria
em triunfo desta última. E advertiu os judeus acerca dos pactos firmados com o Egito, que
redundariam em desastre a longo prazo.
Visto que Jeremias viu um resultado desfavorável para Judá, que era um pequeno reino,
entalado em meio de lutas de poderes gigantescos, esse profeta acabou merecendo a
desconfiança de seu próprio povo e foi desprezado. Suas profecias de condenação soavam
estranhas, quando comparadas com as palavras consoladoras dos profetas falsos. Todavia a
esperança messiânica resplandece em seus escritos, onde é prometida a restauração e a glória
finais, para Israel e para Judá juntamente (Jr 23:5; 30:4-11; 31:31-34; 33:15-18).
a) No governo do rei Josias, Jeremias foi de grande importância, pois auxiliou esse rei no
estabelecimento de uma cuidadosa reforma espiritual da nação. Com a envolvência dessa
reforma religiosa, notadamente o povo prometeu obedecer à lei do Senhor e com isto o povo
passou a remover do templo os vestígios do paganismo. Josias destruiu também o ídolo Tofete,
utilizado para sacrifício humano (2Rs. 23:10). Retirou os altares pagãos do monte das oliveiras,
que estava infestada de ídolos. A purificação nacional abrangeu a eliminação de médiuns
espíritas, falsos sacerdotes e terafins (ídolos domésticos) (2Rs. 23:24). Num confronto fatídico,
na Batalha de Carquêmis, quando fora a caminho do Egito em 609 a.C. para impedir que o rei
do Egito agisse contra a babilônia, inesperadamente morre. Quatro anos após sua morte,
Babilônia invade ao Egito e leva a primeira leva de cativos em 605 a.C.
Observação: Josias reinou por um período de 31 anos em Jerusalém e fez o que era reto
perante o Senhor. É considerado um dos reis mais justos e devotados a Deus. As
consequências do reinado de seu pai e de seu avô influenciaram muito sua vida, para que
odiasse o pecado. Foi coroado aos oito anos de idade e buscou a face do Senhor desde o início.
Aos vinte anos de idade ele liderou uma reforma religiosa nacional, e aos 26 iniciou a reforma
do Templo. É considerado como um rei bom (2Rs 23:25), destruiu os focos de idolatria em
Judá, reconstruindo o Templo de Deus. Na reconstrução foi achado o Livro da Lei (2Cr 34:15),
que tudo indica era a réplica ou cópia fiel escrita por Moisés. Ao ouvir as palavras do livro,
Josias, chorou seus pecados e os de seu povo, e se humilhou perante Deus. Com esta atitude o
Senhor protelou a Josias de ver o castigo daquela geração (2Rs 22:19-20).
b) No governo de Jeoaquim (de 608 a 597 a.C), Jeremias era o principal representante do
grupo que favorecia a supremacia dos caldeus. Isso o expôs a um grande perigo, por isso foi
aprisionado. Chegou a ser proposto a pena de morte (Jr. 26:11). Alguns dos príncipes de Judá
tentaram protegê-lo, apelando para o precedente estabelecido por Miquéias, que havia
profetizado tempos antes de Jeremias. Os oráculos de Jeremias contra o Egito (Jr 46:3-12)
atraíram muitas perturbações contra ele; mas ele estava apenas denunciando os pecados do
povo judeu, e isso servia para aumentar o ódio por ele.
**c) No governo de Joaquim (sucessor de Jeoaquim), Jeremias vaticinou a sorte desse
monarca, que o profeta lamentou (Jr. 22:24-30).
Observação: Em Jr 22:24,28 e 24:1 o nome Joaquim aparece como Jeconias. Ele sucedeu o
trono de seu pai Jeoaquim e colheu a péssima colheita que fora semeada por Judá e seus
governantes anteriores. Tinha apenas dezoito anos de idade quando assumiu o trono e ficou ali
durante três meses (2Rs 24:8). Jerusalém se rendeu em 597 a.C. e Joaquim e muita gente de
Judá foram levados para o cativeiro. Trinta e seis anos mais tarde Joaquim foi libertado, pelo
filho e sucessor de Nabucodonozor (2Rs 25:27-30).
d) No governo de Zedequias, Jeremias foi mais incisivo em suas profecias. Esse rei começou
a ouvir mais a Jeremias do que seus antecessores; porém era tarde demais para isso fazer
qualquer diferença.
Observação: Nabucodonozor nomeou para o trono a Zedequias. Ele era o filho mais novo de
Josias, e foi o ultimo rei de Judá. Foi um governante fraco, que procurava contrabalançar as
facções adversárias que lutavam pelo poder, em Judá. Zedequias governou por dez anos,
pagando tributos a Babilônia. Quando Zedequias deixou de pagar tributo e firmou um acordo
com o Egito, Nabucodonozor perdeu a paciência e mandou um exercito para destruir a cidade
de Jerusalém.
3. Profeta Ezequiel
A melhor percepção da vida no exílio da Babilônia é encontrada em Ezequiel, que passou
todos os anos de seu ministério público no local. Como Jeremias, ele era sacerdote, conforme
atesta seu testemunho (Ez 1:3) e seu grande interesse pelo culto.
O profeta inicia o relato definindo o cenário – ele estava com os exilados próximo do rio
Quebar, no décimo terceiro ano. O Quebar é o nar kabari mencionado pelos registros
babilônicos, um canal que forma uma extensão do rio Eufrates. O “décimo terceiro ano”
provavelmente é uma referência ao seu décimo terceiro ano. Era 593 a.C, o décimo quinto ano
do cativeiro de Joaquim, como informa o profeta (Ez 1:2). O hábito de datar os acontecimentos
baseado no cativeiro de Joaquim corrobora a opinião de que Joaquim, e não Zedequias, era
considerado o verdadeiro herdeiro do trono de Davi.
Ezequiel fora comissionado por Jeová para ministrar à comunidade exilada que vivia
próxima ao Quebar, especialmente os que estavam nos acampamentos de Tel Abibe (Ez 3:15).
Sua mensagem para o povo centrava-se na iminente destruição de Jerusalém. Sem dúvida eles
pensavam que a cidade santa sobreviveria, ainda que de lá fossem deportados. Eles precisavam
entender, porém, que Jerusalém era invencível apenas enquanto o povo fosse fiel para com
Deus. E de acordo com os fatos, eles falharam em permanecer fiéis. Como consequência, viria
sobre Jerusalém o iminente e irremediável julgamento. Através de uma série de ilustrações –
representando o cerco a Jerusalém (Ez 4:1-3), raspando sua cabeça (Ez 5:1-4) e preparando
algemas (Ez 7:23-27) – Ezequiel preconiza a iminente destruição de Sião.
No sexto ano, 592 a.C., Ezequiel estava em sua própria casa justamente com um concilio de
anciãos de Judá, quando repentinamente o Senhor conduziu-o em visão até Jerusalém, onde
ele testemunhou uma série de abominações cometidas pelos líderes de Judá no santo Templo
de Deus (Ez cap. 8). O resultado foi a partida dos querubins e da glória de Deus do Templo,
ficando suspensos sobre o monte das Oliveiras. Isto significava que a aniquilação da cidade
estava próxima. Mas, antes que a glória de Deus se afastasse do Santo Templo, o profeta ouviu
a mesma promessa que todos os seus antecessores ouviram: o povo de Deus passaria por um
amargo cativeiro e escravidão por causa de seus pecados, mas Ele mesmo iria dar-
lhes um coração novo, para que verdadeiramente o adorassem e servissem, de modo que
retornariam para sua terra. Como ossos secos que foram trazidos à vida, eles rejuvenesceriam
e se uniriam novamente – Israel e Judá – e o próprio Davi reinaria sobre ambos (Ez 11:4-21;
cap. 37). (1)
4. Ester – Hadassa(Et 2:7)
Ester era filha adotiva e prima de Mordecai ou Mardoqueu. Sendo judia, fora criada e instruída
nas tradições judaicas. Tornou-se rainha de Xerxes – conhecido também como Assuero - e foi a
responsável pela preservação dos judeus.
Apesar da permissão de Ciro para retornarem à sua terra de origem, muitos judeus
preferiram continuar vivendo nas terras estrangeiras, haja vista a vida estruturada que
levavam; fazendo, assim, surgir os “judeus da diáspora”, ou seja, os judeus que andam
dispersos pelo mundo, fora da Terra Prometida.
Mesmo hoje, após 65 anos de restauração do Estado de Israel, ainda há mais judeus vivendo
fora da Terra Prometida do que dentro dela. Estima-se que, dos 14 milhões de judeus que há
no mundo, 8 milhões morem fora de Israel na atualidade. Este era o caso de Mardoqueu (ou
Mordecai), que vivia na fortaleza de Susã, cidade persa que foi escolhida como capital do reino
da Pérsia por Dario I, em 529 a.C.
Hadassa, ou Ester, surge no texto sagrado como uma menina judia órfã, sem pai nem mãe,
que precisou ser acolhida por seu primo Mardoqueu. Apesar de ser apresentada como sendo
chamada “Hadassa” em Et.2:7, é a única vez em que Ester é assim denominada, sendo, então,
dali por diante chamada de “Ester”, nome também hebraico, que significa “estrela” e que dá a
entender que a pessoa que tem tal nome é uma “pessoa cativante, charmosa e sensual”. O
texto sagrado não diz o motivo destes dois nomes, mas entendem os estudiosos da Bíblia que o
nome de Ester deve ter sido dado a Hadassa pelos funcionários do rei quando a levaram para a
casa do rei da Pérsia. Por ser moça bela de parecer e formosa à vista, foi-lhe dado o nome de
“Ester”, que é, certamente, a versão hebraica do nome persa que se lhe deu e cujo significado
era “estrela”.
A miraculosa história da rainha Ester inicia-se no terceiro ano do reinado de
Assuero, em 483 a.C. - 103 anos após Nabucodonozor ter levado cativos os judeus(2Rs 25),
54 anos após Zorobabel ter guiado os primeiros grupos de exilados de volta a Jerusalém(Ed.
1:2), e 25 anos antes de Esdras guiar o segundo grupo para Jerusalém(Ed 7).
Ester viveu no reinado da Pérsia, o reino dominante do Oriente Médio após a queda da
Babilônia em 539 a. C.. Os parentes de Ester deveriam estar entre os exilados que preferiram
não voltar para Jerusalém, embora Ciro, o rei da Pérsia, tenha expedido um decreto permitindo
que eles voltassem. Os exilados judeus desfrutavam de uma grande liberdade na Pérsia, e
muitos permaneceram porque haviam se estabelecido ali ou temiam a perigosa jornada de volta
à sua terra natal.
A beleza e o caráter de Ester conquistaram o coração de Assuero(ou Xerxes), e assim o rei
fez de Ester sua rainha. Mesmo em sua posição tão favorecida, ela arriscou a própria vida,
entrando à presença do rei sem ser chamada. Não havia sequer a garantia de que o rei a
receberia. Embora fosse a rainha, não estava completamente segura. Mas, com cautela e
coragem, Ester decidiu arriscar sua vida, abordando o rei a favor de seu povo. Ela elaborou
seus planos cuidadosamente. Pediu aos judeus que jejuassem e orassem com ela antes de
entrar à presença do rei. Então, no dia escolhido, Ester foi à presença de Assuero, e este lhe
pediu que se aproximasse e falasse. Porém, em vez de expressar seu pedido de forma direta,
Ester convidou o rei e Hamã para um banquete. Assuero era suficientemente sagaz para
perceber que a rainha tinha algo em mente; no entanto, ela transmitiu a importância da
questão, insistindo em um segundo banquete. Nesse ínterim, Deus estava trabalhando “nos
bastidores”. O Senhor fez com que o rei lesse os registros históricos do reino à noite, e
descobrisse que Mardoqueu certa vez salvou a sua vida. Assuero não perdeu tempo para
honrar Mardoqueu por tal ato (ver Et 6:1- 13). Durante o segundo banquete, Ester revelou ao
rei a conspiração de Hamã contra os judeus, e este foi sentenciado (Et 7).
Existe uma rigorosa justiça na morte de Hamã na forca que ele mesmo havia construído para
Mardoqueu, e parece muito adequado que o dia em que os judeus deveriam ser assassinados
tenha se tornado o dia da morte de seus inimigos. O risco que Ester correu confirmou que Deus
era a fonte de segurança.
Lições que podemos tirar: a) Servir a Deus frequentemente exige que arrisquemos a nossa
própria segurança; b) Deus tem sempre um propósito para as situações em que nos coloca; c)
Embora a coragem seja sempre uma qualidade vital, ela não substitui o cuidadoso
planejamento.
CONCLUSÃO
Os pecados de Israel- Reino do Norte e Reino do Sul – os alcançaram. Deus suscitou dois
impérios mundiais – Assírio e Babilônio – e permitiu que eles derrotassem e dispersassem o seu
povo. O povo do Reino do Norte foi levado em cativeiro e absorvido pelo poderoso e mau
império Assírio. Como eu disse anteriormente, às vezes não aprendemos com os exemplos de
pecado e tolice que ocorrem à nossa volta. A iniquidade saturara o Reino do Sul, e a ira de
Deus inflamou-se contra os judeus. A Babilônia conquistou a Assíria e tornou-se a nova
potência mundial. O exército caldeu marchou contra Jerusalém, queimou o Templo, derrubou
os grandes muros da cidade e levou o povo cativo para a Babilônia. O pecado sempre traz
disciplina e as suas consequências são às vezes irreversíveis. Pense nisso!