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COMPRAS

GOVERNAMENTAIS

Como fornecer para a Administração Pública


e Reduzir os Riscos

Módulo 1

Compras
1 Governamentais

MÓDULO 1
INTRODUÇÃO

Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso Compras Governamentais – Como


fornecer para a Administração Pública e Reduzir os Riscos. Eu
sou o Paulo e acompanharei você durante a realização deste
curso, desenvolvido pelo SEBRAE especialmente para você,
fornecedor, empresário de micro e pequeno negócio,
empreendedor, representante comercial, contador,
representante de entidade de classe, cooperado,
associado e pessoa que possui interesse em
fornecer produtos e serviços para a administração
pública federal, estadual, distrital ou municipal, bem
como compreender o fornecimento para a administração pública
como uma nova oportunidade de negócio.

Bons estudos!

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MÓDULO 1
Competências

• Compreender como a Lei Complementar nº 123/2006 (Lei Geral das Micro


e Pequenas Empresas) garante o tratamento diferenciado, simplificado e
favorecido às MPEs em licitação pública.

• Compreender a importância das inovações nos processos de licitação pública


como instrumento para o desenvolvimento local.

• Adquirir autoconfiança suficiente para que possa participar de um processo


de licitação.

• Operar os procedimentos imprescindíveis para participar sem risco de uma


licitação pública.

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MÓDULO 1
Estrutura do Curso

Confira os temas que serão abordados durante o curso:

Módulo 1 – Licitação: Uma Nova Oportunidade para o seu Negócio


• Unidade 1 – Papelaria São Francisco
• Unidade 2 – Fornecer para a Administração Pública: Uma Nova Oportunidade para o seu
Negócio
• Unidade 3 – Diagnosticar a fim de Fornecer para Administração Pública

Módulo 2 – A MPE na Licitação Pública – Conhecer as Leis para Controlar os Riscos


• Unidade 1 – Análise de Risco para Participar de uma Licitação
• Unidade 2 – Capítulo V da Lei Geral nº 123/2006
• Unidade 3 – Os avanços da Lei Complementar 147/2014 nas Compras Públicas

Módulo 3 – Aprender a Licitar Minimizando Riscos – Parte I


• Unidade 1 – Simulação de uma Licitação por Convite
• Unidade 2 – Aprender a Licitar sem Riscos – Lei nº 8.666/1993

Módulo 4 – Aprender a Licitar Minimizando Riscos – Parte II


• Unidade 1 – Licitação por Pregão Presencial
• Unidade 2 – Pregão Presencial e Registro de Preços

Módulo 5 – Encontrando Novas Oportunidades para o seu Negócio


• Unidade 1 – Aprendendo a buscar via Portal de Compras Governamentais do Governo
Federal
• Unidade 2 – Credenciamento no Portal de Compras Governamentais do Governo Federal
• Unidade 3 – Cotação Eletrônica
• Unidade 4 – Pregão Eletrônico

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MÓDULO 1
Módulo 1
Licitação: Uma Nova Oportunidade
para o seu Negócio

INTRODUÇÃO

Neste Módulo, você perceberá como uma licitação pode representar uma nova
oportunidade para o seu negócio! Veja abaixo como o conteúdo está organizado:

Módulo 1 – Licitação: Uma Nova Oportunidade para o seu Negócio


• Introdução
• Unidade 1 – Papelaria São Francisco
• Unidade 2 – Fornecer para a Administração Pública: Uma Nova Oportunidade para o seu
Negócio
• Unidade 3 – Diagnosticar a fim de Fornecer para Administração Pública
• Encerramento

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MÓDULO 1
Competências

• Compreender o fornecimento para a Administração Pública como uma nova


oportunidade de negócio.

• Predispor-se a fornecer para a Administração Pública.

• Checar o potencial do seu negócio, a fim de fornecer para a Administração


Pública.

Vamos iniciar o módulo compreendendo a nova realidade das licitações.

Mudança de visão sobre licitação

A licitação pública sempre foi vista como um procedimento complexo.

Hoje em dia, com a simplificação dos processos licitatórios, a existência de sistemas


eletrônicos, a aplicação de novas leis que permitem tratamento simplificado,
diferenciado e favorecido para as MPEs, o fornecimento para a Administração Pública
se transforma em um novo canal de negócios.

Quem pode participar?

Passar a ser fornecedor da Administração Pública é profundamente acessível aos


empresários que nunca pensaram em fornecer para governos e órgãos públicos.

A obrigatoriedade, por exemplo, de que todas as aquisições de bens e serviços até R$


80.000,00 da Administração Pública sejam realizadas exclusivamente das MPEs
já seria um estímulo para se conhecer os procedimentos para garantir a
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MÓDULO 1
atuação com esse grande comprador potencial.

Abrangência nacional

Os órgãos compradores deverão aplicar benefícios como os do empate ficto, que


considera empatada uma MPE com proposta 10% acima de uma oferta feita por uma
grande empresa (ou 5% para pregão), dando à MPE o direito de efetuar uma oferta
mais baixa para se sagrar vencedora.

A abrangência é vinculada aos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. A Lei


complementar nº 123/2006 já define isso em seu capítulo primeiro. Além disso, os
benefícios também são válidos para as administrações diretas, indiretas, autárquicas
e fundacionais da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Com isso,
todos os compradores públicos precisam aplicar os benefícios a favor das MPEs, tanto
os que estão previstos na Lei Complementar nº 123/2006 quanto os da Lei 8.666/1993.
Essa aplicação é imediata e não depende de regulamentação local.

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Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas

Você já ouviu falar a respeito da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e dos seus
aspectos referentes às compras públicas?

A partir da aprovação da Lei Complementar nº 123/2006 (A Lei Geral das Micro e


Pequenas Empresas – MPE), foram criados, no Capítulo V – Do Acesso aos Mercados,
vários mecanismos diretos para garantir tratamento diferenciado às MPEs nas compras
governamentais.

A lei criou um novo paradigma de compras que alterou todas as modalidades e


processos de compras públicas existentes em nosso país.

A mudança não foi pequena. A partir de agora, a participação das MPEs deixa de ser
exceção e passa a ser a regra.

A MPE deverá ser considerada em todo edital de licitação.

Os órgãos compradores deverão aplicar benefícios como os do empate ficto, que


considera empatada uma MPE com proposta 10% acima de uma oferta feita por uma
grande empresa (ou 5% para pregão), dando à MPE o direito de efetuar uma oferta
mais baixa, para se sagrar vencedora.

Podem ainda regulamentar procedimentos próprios prevendo


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licitações exclusivas para as MPEs, percentuais de participação em subcontratações
e outras inovações.

Os órgãos públicos também poderão, justificadamente, contratar bens, serviços e


obras até 10% acima do menor preço válido para MPE local ou regional.

A partir de agora, os produtos do município e da região poderão ser priorizados.

Além disso, as compras de até 80 mil reais deverão ser feitas obrigatoriamente de
MPE.

Para todos os produtos divisíveis, os órgãos estarão obrigados a elaborar uma cota
exclusiva de 25% dos itens para as MPE, e poderá ser exigida a subcontratação de
MPE nas obras e serviços da administração pública.

Essa regra vale para todos os compradores públicos da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, tanto no Executivo, quanto no Legislativo e Judiciário.

O vigoroso poder de compra da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios
e, enfim, de toda a administração direta e indireta desses entes, causará impactos
significativos na realidade nacional.

As MPEs têm garantido um novo canal de negócios.

Deste modo, é preciso que as micro e pequenas empresas brasileiras


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estejam preparadas e tenham condições de participar dessa grande mudança, a fim
de que possam usufruir das vantagens e dos benefícios para que tenham sucesso em
seus negócios.

As MPEs precisam sempre ser consideradas nos processos de contratação pública.

Os editais precisarão prever um tratamento favorecido e diferenciado para esse


segmento, bem como para os Microempreendedores Individuais – MEI, para os
Agricultores Familiares e para os Agricultores Rurais Pessoas Físicas.

As mudanças trazidas pela Lei Complementar nº 147/2014 ampliaram os avanços e


os benefícios, colocando as MPEs como o principal segmento a ser estimulado nas
contratações públicas para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável.

A lei agora é válida para todos e não depende de regulamentação local.

Se você pretende fornecer para um órgão público, ele estará com um conjunto de
benefícios específicos descritos no edital justamente para favorecer a sua participação.

Muito bem, diante desse contexto, você pode perceber a importância do curso
Compras Governamentais – Como Fornecer para a Administração Pública e Reduzir
os Riscos, proposto pelo SEBRAE.

Apresentaremos para você, de forma direta e pragmática, as alternativas para


a micro e pequena empresa operar sem risco.
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MÓDULO 1
Este é um curso inovador, que mudará de maneira definitiva a forma como as MPEs
participam das licitações, pois trará os riscos para níveis adequados e seguros.

Agora que você já conheceu melhor a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas,
percebeu os benefícios e as oportunidades que pode conseguir participando das
licitações? Não perca tempo! Trace planos para iniciar suas vendas para o governo.

UNIDADE 1
Papelaria São Francisco

O Sr. Francisco é um dos pioneiros no ramo de papelaria em uma cidade de apenas


15.000 habitantes.

Sempre desejou ampliar seu negócio, mas, por se tratar de uma cidade localizada
numa região sem nenhum estímulo econômico, não sabia como realizar este sonho.

Francisco conta com a ajuda da esposa, dos filhos e de um funcionário. Ele é casado com
Elza, que é costureira. Possuem dois filhos, João e Lúcia que ajudam no orçamento da
família. A loja conta com um único funcionário, o Zito, que é o “faz tudo” na papelaria.

Em um aniversário da cidade, o Sr. Francisco encontrou o prefeito e ficou sabendo


de uma ótima novidade!
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Nas comemorações do aniversário da cidade, soube pelo prefeito que o município
estava tomando uma série de medidas para a prefeitura economizar dinheiro e
contribuir com o desenvolvimento do comércio local.

A principal medida foi a aprovação da Lei Municipal que regulamentava o tratamento


diferenciado, simplificado e favorecido para as Micro e Pequenas Empresas (MPE). A
Lei municipal foi uma decorrência do que está determinado pela Lei Geral nº 123/2006.

– Mesmo com essa ótima notícia, o Sr. Francisco ainda ficou em dúvida.

– Sr. Francisco ficou meio desconfiado, pois já havia tentado participar do processo
licitatório em outra gestão municipal, porém não obteve êxito, devido a problemas de
documentação.

Este fato marcou Sr. Francisco, pois ele percebia que este era o único caminho para
ampliar seus negócios.

Mas Sr. Francisco não desanimou e foi em busca de seu objetivo.

– Certo de que deveria vencer este desafio, resolveu ir à prefeitura para buscar
informações sobre a nova lei e também sobre a licitação por convite.

Depois da última experiência, que foi muito traumática, ele analisou a lei e também o
edital antes de participar do processo licitatório.

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MÓDULO 1
Tendo as dúvidas esclarecidas, Sr. Francisco tratou de agir logo.

Ao analisar ambos os documentos, percebeu que se tratava de uma oportunidade


muito interessante para a sua papelaria.

Assim, regularizou todos os impostos atrasados, conseguiu todas as certidões que


faltaram ou estavam irregulares, na sua tentativa de participar da primeira licitação, e
fez uma lista de todas as pendências. Em seguida, resolveu cada uma delas.

Sr. Francisco colocou tudo no papel: custos, margens e prazos.

Além disso, previu que teria um custo de R$ 30.000,00 e que venderia seus produtos
por R$ 36.000,00, com uma margem de 20%.

Afinal, uma rentabilidade de R$ 6.000,00 em um mês, já no seu primeiro processo de


licitação, era o suficiente para lhe deixar confiante.

Havia estoque suficiente para atender à licitação, pois o Sr. Francisco havia comprado
no mês passado. Portanto, tinha estoque, mas havia também o pedido a ser pago em
seis parcelas aos fornecedores.

– Sr. Francisco, ao analisar seu estoque, chegou à seguinte conclusão: considerando


que era época de volta às aulas e que havia feito uma boa compra para atender os
seus clientes tradicionais (escolas e colégio da região, bem como a freguesia
do bairro), concluiu que possuía material suficiente e que, portanto,
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MÓDULO 1
poderia utilizar na licitação.

Os produtos relacionados no edital eram equivalentes ao volume de estoque do Sr.


Francisco.

Inclusive, no mês anterior, ele havia feito uma compra no valor de R$ 30.000,00
parcelada em 6x de R$ 5.000,00.

Sr. Francisco, pontualmente, estava na prefeitura conforme planejado.

No dia e hora marcados da licitação, Sr. Francisco e Zito foram à prefeitura.

Dessa vez, eles estavam muito bem preparados, mas havia 15 outros fornecedores
decididos a vencer a licitação. A maioria de cidades vizinhas.

– Sr. Francisco já tinha ouvido dizer que, com a Lei Complementar 123/2006, a
prefeitura, justificadamente, poderia garantir a promoção do desenvolvimento
econômico local de maneira sustentável, realizar as contratações de empresas locais
e regionais, mesmo que o valor fosse até 10% acima do menor preço válido obtido
durante a licitação.

Sabia que as chances e oportunidades estavam a seu favor.

Sr. Francisco estava realmente decidido a ganhar. Porém, agiu impulsivamente


para baixar o preço.
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MÓDULO 1
Resolveu baixar sua proposta para R$ 32.000,00. Ele estava realmente decidido a
ganhar essa venda.

Na última hora, antes da licitação, trocou o envelope da proposta de preços por outro
com o novo valor decidido no impulso. Zito ficou apreensivo, preocupado com a
reposição do estoque, mas não questionou o patrão.

E o processo licitatório teve seu ganhador declarado. Evidentemente, foi o Sr. Francisco!

– O processo teve início, e a participação de Sr. Francisco foi exemplar.

Chegou no horário, cumpriu todos os procedimentos corretamente, mostrou todas as


certidões em dia, apresentou o menor preço e, ao final, foi declarado vencedor.

Como não houve recurso por parte dos demais participantes, Sr. Francisco foi chamado
na semana seguinte para assinar o contrato que previa “entrega do material em até 5
dias após a assinatura”.

O Sr. Francisco finalmente assinou o contrato com a prefeitura. Conforme firmado, ele
entregou os produtos.

Ainda contente, Sr. Francisco pegou todo o estoque que tinha disponível na papelaria
e entregou o material para a prefeitura no prazo.

Ele acreditava que havia aprendido o caminho das pedras. Sabia, enfim,
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o segredo para ganhar uma licitação.

– Veja que a situação necessitava ser melhor avaliada, tanto pelo Sr. Francisco quanto
pelo Zito.

– Zito ficou preocupado, pois as escolas particulares entregariam na semana seguinte


a lista de compra dos materiais obrigatórios, e os estoques da papelaria estavam
acabando.

Sr. Francisco não tardou e fez um pedido de urgência para repor toda a mercadoria
que havia entregado na prefeitura. Sem estoque, a solução, então, foi solicitar novos
orçamentos aos fornecedores. Mas o Sr. Francisco foi surpreendido.

O preço saltará de R$ 30.000,00 para R$ 33.000,00. Como realizou um pedido “com


urgência de entrega”, foi cobrada uma taxa adicional de R$ 1.000,00 que ele havia se
esquecido de contabilizar.

O custo total saíra R$ 34.000,00. Ainda assim os fornecedores precisariam de 15 a 30


dias para entregar a mercadoria.

Sem estoque, como o Sr. Francisco atenderia aos pedidos e a todas aquelas listas?

Na semana seguinte, as escolas locais liberaram as listas de compras e a papelaria do


Sr. Francisco não possuía material para atendê-las.
Todos tiveram de recorrer aos concorrentes ou até tiveram de comprar
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MÓDULO 1
nos municípios vizinhos.

O pagamento da prefeitura estava previsto para 30 dias após a entrega.

Nesse meio tempo, começaram a vencer as parcelas de R$ 5.000,00 do material que


estava em estoque e o Sr. Francisco não possuía fluxo de caixa para pagar as contas
nem o material para efetuar novas vendas.

Veja, a seguir, que o Sr. Francisco enfrentou mais dificuldades financeiras.

Com isso, ele precisou entrar no cheque especial.

Mesmo assim, não conseguiu pagar os novos impostos, pois a papelaria ficou sem
capital de giro.

Ao final de 30 dias, cumprindo rigorosamente em dia o contrato, a prefeitura tentou


pagar a parcela devida à papelaria do Sr. Francisco, mas não pôde efetuar o pagamento,
pois ela estava com os impostos atrasados.

Sem contar que agora o Sr. Francisco tinha o estoque abastecido, mas não tinha mais
listas para atender. Que situação, hein!?

Quando o material solicitado finalmente chegou, já havia passado a semana de


compras das listas obrigatórias de material escolar e a papelaria do Sr.

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MÓDULO 1
Francisco ficou com uma grande quantidade de material estocado, porém encalhado,
sem perspectiva de venda no curto prazo.

Veja a única solução encontrada pelo Sr. Francisco.

Para resolver o grave problema do estoque e a ausência de recursos para pagar os


impostos, Sr. Francisco teve de fazer promoções das suas mercadorias, vendendo
abaixo do preço de custo.

Foi a saída que encontrou para conseguir algum dinheiro, cobrir o cheque especial,
pagar os impostos e, assim, conseguir receber o pagamento da prefeitura.

Reflexão: caso papelaria São Francisco

A história do Sr. Francisco é bem interessante, não é mesmo?


Podemos aprender algumas lições com ela.

Agora, faça uma reflexão sobre esse caso. Escreva um texto


apontando pelo menos três falhas do Sr. Francisco e quais
deveriam ser as atitudes corretas.

Lembre-se que esse momento de aprendizado individual é importante para


que você tenha plena consciência das precauções necessárias nas compras
governamentais.
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MÓDULO 1
10 passos do Sr. Francisco

Para lhe ajudar a entender melhor as situações apresentadas, iremos relembrar os dez
passos dados pelo Sr. Francisco no processo licitatório.

Fique atento! Muitas coisas foram corretas, mas alguns pequenos detalhes acabaram
fazendo o Sr. Francisco ter muito prejuízo.

• Compreendeu que fornecer para a administração


pública poderia significar uma nova oportunidade para
o seu negócio.

• Estudou e analisou todos os procedimentos


e regras de licitação (leis, cartilhas, etc.), a fim de
fornecer para a administração pública.

Lembre-se: certos procedimentos mudam de acordo


com o órgão comprador ou com o sistema eletrônico
utilizado.

Por exemplo, fornecer para o Governo Federal pode ter diferentes procedimentos
do que fornecer para o Governo do Estado, ou do município, ou para o sistema S –
SEBRAE, SENAI, SENAC, SENAR e SESI.

• Leu e compreendeu todos os detalhes relativos ao produto, à data,


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MÓDULO 1
aos valores, ao tipo de licitação, à forma de pagamento,
ou seja, às exigências do edital.

O conhecimento prévio das regras do processo


licitatório e o cumprimento dos procedimentos
são imprescindíveis para tornar-se fornecedor da
Administração Pública, inclusive em seus diferentes níveis.

Providenciou a regularização da documentação da empresa para participar da licitação.

• Fornecer por meio de licitação pública é um processo em que as MPEs podem e


devem participar, pois possuem preferência e vantagens previstas no Capítulo V
da Lei n° 123/2006.

Para valores até 10% acima do melhor lance de uma grande empresa e 5% para o caso
de pregão, é caracterizado empate e, assim, a MPE pode apresentar nova proposta.

Além disso, as MPEs possuem tempo adicional para


regularização de certidões vencidas.

• Preparou e montou a proposta comercial de acordo


com as regras e procedimentos da Lei de Licitações.

• Participou da licitação no horário e com proposta comercial competitiva.

• Mudou o valor de última hora para conseguir ganhar a licitação.


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MÓDULO 1
• Alcançou seu objetivo: ganhou a licitação e assinou o contrato.

• Executou e cumpriu o contrato, efetivando a


entrega da mercadoria.

• Cumpriu rigorosamente o que estabelecia o


edital, pagando todos os impostos, inclusive o que se
referia a esta nova venda.

O Sr. Francisco cumpriu tudo o que estava estabelecido


nas cláusulas do edital, mas ainda assim teve prejuízo.

Além de rever os dez passos dados pelo Sr. Francisco,
é importante também identificar quais foram os erros
cometidos por ele.

A identificação dos erros auxilia na tomada de decisão


na hora de participar ou não de um processo licitatório.

Note que existiram erros visíveis e invisíveis.

Portanto, os erros podem ser visíveis, no que se refere ao que podemos identificar
facilmente, e os invisíveis se referem à experiência no fornecimento para a
Administração Pública.

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MÓDULO 1
Decidiu participar de uma licitação acima de sua capacidade financeira (sem capital
de giro para suportar eventualidades).

O Sr. Francisco estava motivado o suficiente para fornecer, mas não estava realmente
preparado para tornar este tipo de fornecimento uma alternativa lucrativa para seu
negócio.

Utilizou matéria-prima de outros clientes para a entrega do pedido da licitação, sem


considerar os custos e os impactos do tempo de reposição para esses clientes.

Ao utilizar todo o estoque, perdeu parte da sua clientela tradicional no melhor período
de vendas de sua papelaria, devido à ausência de planejamento das vendas e por falta
de produtos.

Mudou o preço por impulso antes da licitação. Tentou ganhar a licitação a “qualquer
custo”, com uma margem muito baixa. “Ganhar a licitação” é apenas a primeira fase
do processo.

Em seguida, a empresa tem que estar preparada para gerir o contrato decorrente
e entregar os produtos e serviços de acordo com o que foi estabelecido no edital.
Desconsiderou a realidade de seus clientes tradicionais.

Por via de regra, são eles que garantem a manutenção da saúde financeira da empresa.
Em hipótese alguma, a MPE pode desconsiderar seus clientes tradicionais, tendo
em vista que são eles que garantem a manutenção da saúde financeira da
empresa.
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MÓDULO 1
Muitas vezes, os problemas em se fornecer para a Administração Pública estão
atrelados a problemas que não são perceptíveis em uma análise superficial.

Portanto, é preciso aprender e refletir melhor sobre o tema, e ganhar experiência no


processo para passar a conhecer os problemas invisíveis (e os modos de resolvê-los).

Ignorou que a participação em licitações deverá ser progressivamente um


complemento de renda da empresa e não a sua única fonte de renda. É imprescindível
realizar uma análise de risco para participar de processos de licitação com êxito, com
uma margem de segurança que garanta efetivamente rentabilidade.

Não se preparou adequadamente para participar de uma licitação, utilizando, por


exemplo, uma análise de risco. Na preparação das propostas, o Sr. Francisco não
realizou uma análise de risco consistente. Isso foi tão sério que o levou a ter prejuízo
na venda para a prefeitura.

A análise de risco é o que garante que a participação da MPE no processo licitatório


possa resultar numa alternativa de melhoramento do seu negócio. Não procurou
trabalhar com licitações de menor porte.

Essas atividades permitem concluir que não basta fornecer para a Administração
Pública. É necessário estar preparado para atuar neste segmento.

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MÓDULO 1
CONCLUSÃO

Nessa unidade, você conheceu mais sobre o fornecimento para a Administração


Pública. Entendeu que a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) favorece
estas no processo de licitação, criando-se assim um novo paradigma para as compras
governamentais. São vários benefícios que as MPEs têm em relação às outras empresas,
viabilizando, portanto, novas formas de negócios.

Não podemos nos esquecer do caso da Papelaria São Francisco. O Sr. Francisco nos
deixou várias lições, não é mesmo? Relembremos alguns dos erros cometidos por ele.

• Decidiu participar de uma licitação acima de sua capacidade financeira (sem capital
de giro para suportar eventualidades).

• Utilizou matéria-prima de outros clientes para a entrega do pedido da licitação,


sem considerar os custos e os impactos do tempo de reposição para esses clientes.

• Mudou o preço por impulso antes da licitação. Tentou ganhá-la a “qualquer custo”
com uma margem muito baixa.

• Desconsiderou a realidade de seus clientes tradicionais.

• Ignorou que a participação em licitações deverá ser, progressivamente, um


complemento de renda da empresa e não a única fonte de renda.

• Não se preparou adequadamente para participar de uma licitação, utilizando, por


exemplo, uma análise de risco.

• Não procurou trabalhar com licitações de menor porte.

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MÓDULO 1
UNIDADE 2
Fornecer para a Administração Pública:
uma Nova Oportunidade para o seu Negócio

INTRODUÇÃO

Dando prosseguimento à primeira unidade, acompanhe agora a Unidade 2 – Fornecer


para a Administração Pública: uma Nova Oportunidade para o seu Negócio. Vamos
iniciá-la!

Nesta etapa do curso, você conseguirá esclarecer algumas perguntas, veja quais são.

• É possível fornecer para a Administração Pública sem risco?


• Quem compõe a Administração Pública?
• Quais são as bases legais para o fornecimento para a Administração Pública?
• Como proceder para fornecer para a Administração Pública com êxito?

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MÓDULO 1
UNIDADE 2
O que é fornecer para a Administração Pública?

Você sabe o que é fornecer para a Administração Pública? É a forma de prover a


Administração Pública de produtos e serviços para a execução de suas atividades.

Quem regulamenta o fornecimento?

A União disciplina regras gerais que deverão ser obedecidas por todos os demais
entes da federação – estados, Distrito Federal e municípios –, mesmo quando não há
uma regulamentação local.

Os estados, o Distrito Federal e os municípios precisam definir os procedimentos


próprios para licitar, mas todos devem seguir as mesmas diretrizes, orientações e
princípios básicos já delimitados pela Administração Pública. Caso não haja legislação
local mais favorável para as MPEs, deverá ser seguida a legislação federal.

Como os órgãos públicos adquirem produtos ou serviços?

Por meio de licitação, dispensa ou inexigibilidade de licitação.

O que é licitação?

É um procedimento administrativo para adquirir bens e serviços que


possibilita à Administração Pública: tornar transparente a utilização
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26 Governamentais

MÓDULO 1
dos recursos públicos e escolher a opção mais vantajosa para atender suas
necessidades.

Quem precisa fazer licitação?

Os órgãos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, nas suas
respectivas Administrações Diretas e Indiretas, e também as entidades que recebem
recursos públicos.

Principais Leis

Existem algumas leis que devem ser observadas sempre que o assunto tratado
envolver compras governamentais. Veja as principais:

Lei nº 8.666/1993 – Lei de Licitações e Contratos.

Lei nº 10.520/2002 – Lei do Pregão.

Lei nº 123/2006 – Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas – MPE (Capítulo cinco –
do Acesso aos Mercados).

A Lei nº 8.666/1993 é a Lei de Licitações. É ela quem define as normas gerais de


licitação pública e alguns procedimentos específicos.

Essa lei é válida para a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.


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MÓDULO 1
Vale ressaltar que há situações específicas que podem ser regulamentadas pelo
Distrito Federal, pelos estados e pelos municípios.

A Lei nº 10.520/2002 criou o Pregão e o autorizou para estados e municípios.

Antes dessa lei, o Pregão só existia como uma modalidade permitida para a
Administração Pública Federal e era regulamentado em sucessivas medidas provisórias.

O Pregão é um tipo de leilão reverso no qual o Estado compra do licitante que oferecer
o menor preço.

Os fornecedores apresentam suas propostas em oito dias e, no dia e hora marcados,


há o momento da realização de lances sucessivos por parte do licitante até se chegar
ao menor preço a ser contratado.

É uma forma de licitação utilizada apenas para aquisição de bens e serviços comuns.

O pregão também traz muitas vantagens, tanto para quem compra quanto para quem
vende.

Permite a redução do tempo de compra. O processo anda mais rápido. Permite a


negociação do valor.

Após a apresentação da proposta formal, os fornecedores concorrem uns com os


outros, reduzindo os valores. Existe a inversão da fase de habilitação.

Assim, somente são verificados os documentos dos fornecedores que vencerem o


procedimento licitatório.

Existem duas formas de realização do Pregão, ele pode ser realizado na forma
presencial ou eletrônica (nesse caso, com a apresentação de propostas e lances pela
internet, por meio de diferentes sistemas eletrônicos de compras).

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MÓDULO 1
A Lei Complementar nº 123/2006 é a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa.

Essa lei, em seu capítulo V – Do Acesso aos Mercados, cria um conjunto de


procedimentos e benefícios exclusivos para as Micro e Pequenas Empresas. Ou seja,
hoje, em qualquer processo de licitação, a Administração Pública deverá levar em
conta os benefícios para as MPEs e descrevê-los no edital, sob pena de impugnação.
Acórdão 702 – TCU, acórdão 1.785/2008 TCU, acórdão 2.153/2008 TCU.

As compras de bens e serviços de até 80 mil reais são obrigatórias e exclusivas para
as MPEs em todas as licitações. Isso deve ser verificado por item. Ou seja, em uma
licitação com vários itens, os que forem até 80 mil reais deverão ser exclusivos para
as MPEs.

É obrigatória a realização de cotas de 25% para todas as aquisições de bens divisíveis,


nas licitações realizadas por todos os compradores públicos. Também poderão ser
exigidas subcontratações obrigatórias de MPE para obras e serviços.

Essas ações são imediatas, obrigatórias e não dependem de regulamentação, podendo


ser utilizada diretamente a legislação federal.

Quais as formas de fornecer para a Administração Pública?

Dispensa ou inexigibilidade de licitação.

São circunstâncias descritas na lei que autoriza a Administração Pública a


não realizar o procedimento licitatório para adquirir um bem ou
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um serviço.

Ainda sobre dispensa ou inexigibilidade de licitação, temos o quesito valores, de


acordo com o artigo 24 da Lei nº 8.666/1993.

Considera-se Administração Direta: bens e serviços comuns de até R$ 8.000,00.


Obras e serviços de engenharia de até R$ 15.000,00, de acordo com os incisos I e II
do artigo 24.

E considera-se agências executivas, consórcios e outros como: bens e serviços


comuns de até R$ 16.000,00. Obras e serviços de engenharia de até R$ 30.000,00
(§ 1º, artigo 24).

Licitações: valores

As licitações estabelecem valores predefinidos para bens e serviços. Na modalidade


Convite, o valor é de até R$ 80.000,00. Para Tomada de Preços, o valor varia de
R$ 80.000,01 até R$ 650.000,00. E a Concorrência é para valores acima de R$
650.000,00.

Considerando obras e serviços de engenharia, temos: para Convite, o valor é até R$


150.000,00.

Para Tomada de Preços, a faixa de valor varia de R$ 150.000,01 até R$ 1.500.000,00.


Para Concorrência, são valores acima de R$ 1.500.000,00.
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MÓDULO 1
Construindo um novo canal de negócios

• Primeiro: Dispensas Eletrônicas/Cotações Eletrônicas (Portal de Compras


governamentais do Governo Federal, etc.).

As Dispensas Eletrônicas/Cotações Eletrônicas são registradas no Portal de Compras


governamentais do Governo Federal.

Cadastro simples e rápido – praticam valores pequenos de até R$ 8.000,00 para a


Administração Direta, e até R$16.000,00 para a Administração Indireta.

Não existe contrato; permite entrega pelo correio. O prazo para o recebimento do
pagamento é de até 5 dias úteis.

• Segundo: Dispensas, Convites e Licitações exclusivas para MPE.

Nos Convites, terá a chance de fazer uma nova proposta caso tenha ficado em segundo
lugar (desde que tenha perdido para uma grande empresa). Seu preço poderá estar
até 10% acima que terá chance de desempatar.

Convites possuem as seguintes características: Os valores máximos são até R$


80.000,00.

Existem procedimentos simplificados e favorecidos para as MPEs. Em alguns


casos, a licitação pode dispensar o contrato para bens de entrega
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imediata.
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MÓDULO 1
O Decreto nº 6.204/2007

O Decreto nº 6.204/2007 estabelece que Entidades contratantes da Administração


Pública Federal deverão realizar processo licitatório destinado exclusivamente à
participação de MPE nas contratações de até R$ 80.000,00 (artigo 6º).

• Terceiro: Concorrendo em itens de Pregões Presenciais e Eletrônicos.

Você pode criar um novo canal de negócio concorrendo em itens de Pregões presenciais
e eletrônicos. Sabe como? Na internet podem ser encontrados itens exclusivos para
MPE.

Você pode participar com poucos itens enquanto aprende a usar a ferramenta e, com
isso, diminui o risco.

Esta participação garante oportunidade de aprender como funcionam os processos


de Pregão presencial e eletrônico sem se comprometer com a entrega de grandes
valores. Ao final, terá direito ao desempate se estiver com até 5% acima do valor do
menor lance de uma grande empresa.

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MÓDULO 1
ENCERRAMENTO - MÓDULO 1

Parabéns!

Você concluiu o Módulo 1, Licitação: Uma Nova Oportunidade para seu Negócio.

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