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Execução Fiscal
- Súmula 558/STJ: Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o
argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada.
A Lei do Processo Eletrônico (nº. 11.419/2006) estabelece em seu art. 15 que “salvo
impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte deverá informar, ao
distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o número no cadastro de pessoas
físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da Receita Federal”.
O art. 6º da LEF, no entanto, não exige que o exequente faça essa indicação, bastando
que o exequente informe na petição inicial “o juiz a quem é dirigida”, “o pedido” e “o
requerimento para a citação”.
Diante da diferença entre esses dispositivos, o STJ decidiu que deveria prevalecer a LEF,
já que se trata de norma especial, que deve se sobrepor a norma geral.
Ademais, o art. 15 da Lei do Processo Eletrônico não criou um requisito processual para
a formulação da petição inicial, mas apenas estabeleceu uma orientação procedimental
voltada para facilitar a identificação das partes, sendo que apenas a LEF pode trazer os
requisitos formais para composição da petição inicial do processo fiscal.
O NCPC estabelece que a petição inicial indicará o CPF/CNPJ, mas que, caso não
disponha dessas informações, o autor pode requerer diligências para a sua obtenção e,
não bastasse, “a petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações
a que se refere o inciso II [qualificação da parte], for possível a citação do réu” (art. 319,
II e §§ 1º e 2º).
- Justiça gratuita x garantia da execução fiscal para oposição de embargos: o art. 98, § 1º, do
CPC, que prevê a assistência judiciária gratuita, é cláusula genérica, abstrata, e visa à isenção de
despesas de natureza processual, não havendo previsão legal de isenção de garantia do juízo
para embargar. Assim, em conformidade com o princípio da especialidade das leis, o disposto
no art. 16, § 1º, da LEF deve prevalecer sobre o art. 98, § 1º, do CPC, sendo necessária a garantia
do juízo mesmo que o executado seja beneficiário da justiça gratuita.
No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente dispensada de forma
expressa pelo juiz competente – inexistindo, ainda que parcialmente, a prestação de
qualquer garantia (penhora, fiança, depósito, seguro-garantia) –, o prazo para oferecer
embargos à execução deverá ter início na data da intimação da decisão que dispensou
a apresentação de garantia, não havendo a necessidade, na intimação dessa dispensa,
de se informar expressamente o prazo para embargar.
- Art. 9º, II, da LEF, incluído em 2014: a Lei nº. 13.043/2014 incluiu no rol de possibilidades do
executado de garantir o juízo o oferecimento de fiança bancária ou seguro garantia. O STJ
decidiu que essa norma tem natureza processual, de modo que possui aplicabilidade imediata
aos processos em curso.
- Substituição do bem penhorado a pedido da Fazenda Pública: o art. 15, II, da LEF, estabelece
que “em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz à Fazenda Pública, a substituição dos
bens penhorados por outros, independentemente da ordem enumerada no artigo 11, bem
como o reforço da penhora insuficiente”. No entanto, essa regra não é absoluta e deve ser
interpretada com temperamento, tendo em conta sobretudo o princípio da menor onerosidade
(CPC, art. 805), segundo o qual, quando por vários meios o credor possa promover a execução,
o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso.
- Prazo inicial dos embargos: o prazo para os embargos é contado da data em que o devedor foi
intimado da penhora e não da juntada aos autos do mandado cumprido (STJ).
- Penhora x potencial iliquidez do bem: para o STJ, na ação de execução fiscal, frustradas as
diligências para localização de outros bens em nome do devedor e obedecida a ordem legal de
nomeação de bens à penhora, não cabe ao magistrado recusar a constrição de bens nomeados
pelo credor fundamentando a decisão apenas na assertiva de que a potencial iliquidez deles
poderia conduzir à inutilidade da penhora. Isso porque, nos termos do art. 797 do CPC, a
execução é realizada no interesse do credor que adquire, pela penhora, o direito de preferência
sobre os bens indicados. Ademais, conforme preceitua o art. 789 do CPC, todo o patrimônio
presente e futuro do devedor pode ser utilizado para pagamento de débitos.
- Não há mais competência delegada para execuções fiscais: a partir da Lei nº. 13.043/2014, se
a União, suas autarquias e fundações ajuizarem execução fiscal, elas serão sempre processadas
e julgadas pela Justiça Federal, mesmo que o executado more em uma comarca do interior onde
não funcione vara da Justiça Federal. A revogação não alterou a competência das execuções
fiscais em trâmite, sendo aplicada apenas para aquelas propostas a partir de 14.11.2014.
É importante notar que a Constituição Federal autorizou em seu art. 109, § 3º, que as
causas envolvendo a União, suas autarquias, fundações e empresas públicas e uma
pessoa que more em cidade na qual não haja Justiça Federal sejam julgadas pela Justiça
Estadual, desde que exista uma lei prevendo expressamente essa hipótese. Atualmente,
não há mais essa lei para execuções fiscais.
- Súmula 515/STJ: A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui faculdade
do juiz. O art. 28 da LEF permite que o juiz, a requerimento das partes, poderá ordenar a reunião
de processos contra o mesmo devedor. Surgiu a tese de que esse "poderá" seria na verdade
"deverá", na medida em que a cumulação de execuções atende aos princípios da celeridade e
economia processuais. No entanto, o STJ sumulou entendimento no sentido de que a decisão
de reunir ou não as execuções fiscais é faculdade do juiz. Esse entendimento se justifica, na
medida em que, em determinadas hipóteses, é inadequada a reunião dos processos, sobretudo
nos casos em que uma das execuções já está suspensa pela oposição de embargos enquanto
que outra já se encontra na fase de expropriação, por exemplo.
Os sócios, como regra geral, não respondem pessoalmente (com seu patrimônio
pessoal) pelas dívidas da sociedade empresária, em razão do princípio da autonomia
jurídica da pessoa jurídica em relação a seus sócios. No entanto, se o sócio praticar atos
com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (CTN, art. 135,
III), caracteriza-se o abuso ou fraude da personalidade jurídica, podendo ser
responsabilizado pessoalmente pelos débitos.
Súmula 430/STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera,
por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.
Uma das situações mais comuns em que ocorre o redirecionamento da execução fiscal
se dá quando a empresa é dissolvida irregularmente. Quando isso ocorre, a
jurisprudência entende que houve infração à lei (CTN, art. 135), pois descumprido o
procedimento legal previsto para extinção de sociedades empresárias.
Presunção de dissolução irregular: se a empresa deixa de funcionar no seu domicílio
fiscal e não comunica aos órgãos competentes, presume-se que foi dissolvida
irregularmente, o que enseja o redirecionamento da execução fiscal.
Súmula 435/STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de
funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes,
legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.
É possível o redirecionamento para o sócio-gerente que era o administrador no
momento da dissolução irregular, mas não era o gerente no momento do fato gerador
do tributo?
1ª Turma STJ: NÃO. Para o redirecionamento exige-se que a pessoa exerça gerência no
momento do fato gerador e, simultaneamente, exerça gerência no instante em que
houve a dissolução irregular.
2ª Turma STJ: SIM. É possível redirecionar a execução fiscal contra sócio-gerente que
exercia a gerência por ocasião da dissolução irregular, independentemente do
momento da ocorrência do fato gerador do tributo. O que desencadeia a
responsabilidade pessoal é a infração da lei e não o fato gerador do tributo.
Redirecionamento não substitui o polo passivo, mas sim acrescenta: nos casos de
dissolução irregular, o redirecionamento não constitui causa de exclusão da
responsabilidade tributária da pessoa jurídica, pois a responsabilidade é solidária
(embora a lei diga “pessoal”).
Redirecionamento cabe em relação a dívidas tributárias e não-tributárias!
- Ausência de impugnação aos embargos não gera preclusão: não implica preclusão da falta de
imediata impugnação pela Fazenda Pública da alegação deduzida em embargos à execução fiscal
de que o crédito tributário foi extinto pelo pagamento integral. A preclusão consiste na simples
perda de uma faculdade processual. Nos casos relacionados a direitos materiais indisponíveis da
Fazenda Pública, a falta de manifestação não autoriza concluir automaticamente que são
verdadeiros os fatos alegados pela parte contrária. Em razão da indisponibilidade do direito
controvertido e do princípio do livre convencimento, nada impede, inclusive, que o juiz examine
esse tema.